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II

EVOLUÇÃO POLÍTICA DA TAILÂNDIA NO SÉCULO XX

No final do século XIX, o Sião181 era o único reino do Sudeste Asiático que não era uma colónia. Cercado a Norte pelo império britânico (presente na Birmânia e na Península Malaia), e a Sul pelo império francês da Indochina, lutava contra as tentativas expansionistas das potências europeias, cujo poder na região aumentava secundado por uma supremacia militar incontestável. Neste sentido, o governo siamês vai, a partir de 1855, encetar um conjunto de medidas reformadoras que, num primeiro momento, não vão mais que ao encontro dos desejos expressos pelos governos ocidentais, mas que se revelam mais tarde como o único meio para a conservação da soberania siamesa e o fortalecimento da presença siamesa na cena internacional.

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Os últimos anos do absolutismo - Reformas políticas no Reino do Sião (1851-1910)

O processo de modernização do reino é iniciado por Mongkut182, mas a forma final do projeto de reforma vai ser desenvolvida e aplicada pelo governo de Chulalongkorn183, seu sucessor, que ao eliminar a antiga ordem siamesa, permite ao Sião estabelecer novas regras para as suas relações externas, resultando no fim da submissão do reino à ordem colonial europeia, e preparando o Sião para o reordenamento da ordem mundial do pós-guerra.

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Para o nome oficial de Reino do Sião, considerámos o período até 1939, por ser esta a denominação oficial do reino para este período, aparecendo assim descrita nos documentos da época. Após 1939, passamos a referir-nos apenas a Tailândia, embora por vezes utilizemos o termos siameses para designar a sua população. Nos documentos citados neste texto, de 1939 e anos seguintes, surge por vezes a antiga designação de Sião, que optamos por manter na sua grafia original, quando transcritos.

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Mongkut - Rama IV (1851-1868). 183

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Em todo o caso, por volta de 1855 o Sião iria enfrentar a pressão de um poder económico e político com o qual não podia competir. Empenhado no seu próprio plano expansionista, de unificação dos povos Tai num único reino sob o governo de Banguecoque, torna-se assim concorrente das duas maiores potências imperiais que se encontravam presentes e em disputa pela região. O reino concorria então aos mesmos territórios desejados pela França e a Grã-Bretanha. Como reino que permanecera independente, retomava agora uma nova fase de expansão, mas ameaçava os interesses imperiais britânicos e franceses184. Deste modo, Mongkut vai deparar-se com a necessidade de conciliar os projetos imperialistas siameses com o avanço dos impérios ocidentais sobre as suas fronteiras.

Cedo se revelará a impossibilidade de tal pretensão, pois a Inglaterra, secundada pelo grande poder naval e militar que detinha, daria início a negociações com Banguecoque, que depressa culminariam com a assinatura de um tratado comercial, permitindo a abertura do Sião ao comércio estrangeiro, enquanto que a Inglaterra acedia, ao mesmo tempo, a uma via para a salvaguarda do seu comércio asiático.

Perante a presença britânica e francesa nas suas fronteiras, Mongkut encontra-se sem alternativa ao que estava para ser imposto ao seu governo; para evitar a absorção do reino pelos impérios europeus, vai permitir a execução do tratado britânico. Em 1855 o Tratado Bowring é assinado, determinando taxas restritivas a 3%; posse de terras para estrangeiros, direitos de extraterritorialidade, abolição dos principais monopólios de produtos e rotas da coroa siamesa, que sustentavam as finanças185, saldando-se no final por uma série de cláusulas unilaterais que ameaçavam a soberania do reino e o submetiam a condições humilhantes perante os grandes impérios coloniais ocidentais.

Após a assinatura do tratado Bowring, e para evitar o estabelecimento de uma relação comercial em regime de monopólio com a Grã-Bretanha, Mongkut vai proceder à consumação de uma série de tratados com as restantes potências ocidentais com interesse em estabelecer relações comerciais com o Sião, processo que se estenderá por toda a década de 80186. Ao consumar esta série de tratados comerciais, e ao abrir o comércio siamês ao ocidente, Mongkut assegurou a manutenção da soberania, uma vez que os tratados garantiam, pelo menos formalmente, a soberania territorial. Contudo, permitiam do mesmo modo que os governos das potências europeias, ao abrigo de

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WYATT, David. Thailand: a short history. Yale University Press, 1984, p.183. 185

Exceto o ópio, que permanece em regime de monopólio oficial da coroa. 186

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cláusulas nem sempre recíprocas, determinassem e continuassem a usufruir de taxas alfandegárias deliberadamente baixas, o que, entre outras dificuldades, trouxe um decréscimo nos ingressos, privando o governo siamês das usuais fontes de rendimento.

Do mesmo modo, os monopólios que haviam estado sob o domínio do governo siamês são negociados e deixam de ser um exclusivo do monarca e da sua rede clientelar. Esta rede de influentes, príncipes e famílias da nobreza com grande poder nas regiões que governavam, tinham no comércio e nos monopólios a base da sua sustentação, e dependiam da manutenção da estrutura económica para prolongar a sua influência. Por outro lado, o monarca dependia do nível de cooperação destas redes clientelares para legitimar o seu próprio poder. Uma vez ameaçados os privilégios existentes, o poder do rei vai enfraquecer. Assim, ainda que mantendo uma soberania relativa no domínio territorial, o governo siamês assiste ao domínio progressivo das potências ocidentais na estrutura comercial, o que altera a antiga ordem de privilégios e, consequentemente, afasta o monarca daqueles que o elevaram ao trono187.

Neste contexto, o reino vê modificadas as bases do seu poder efetivo. Mongkut é elevado sem o apoio da rede clientelar necessária para legitimar o seu poder e as recompensas para os que o elevaram ao trono são concentradas em membros de uma única família, que ganha poder frente aos restantes nobres siameses, tornando-se predominante no governo. A administração das províncias passaria a depender de três ministros: o Mahatai, no Norte; o Khalahom, no Sul, e o Prakhlang para as províncias do litoral. Estes ministros estavam encarregados do governo local e dos tribunais, e procediam igualmente à coleta de impostos e ao recrutamento de tropas e de mão-de- obra.

Esta estratégia de nomeação para os cargos do governo, aliada à progressiva centralização de poder na corte em Banguecoque, vai permitir a Mongkut eliminar a oposição interna que se fazia sentir no reino. Não obstante, vai tornar-se mais tarde num impeditivo para as reformas que pretendia levar a cabo, ao esbarrar contra o poder que detinham estas famílias opositoras, caracterizadas pela forte recusa das influências estrangeiras. Estas famílias, por transmitirem o seu poder às gerações seguintes, acabariam por privar Mongkut do espaço de negociação necessário, quando este teve que orientar a sua política para as relações externas, impedindo o governo de executar qualquer programa de reforma em prol do desenvolvimento exigido pelo ocidente188.

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Ibidem, p.182. 188

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Mongkut vai poder apenas lançar o seu programa de reformas, sem nunca encontrar a oportunidade necessária para a sua execução, consciente da limitação do seu poder, a par das condições políticas e sociais que se viviam no Sião, que o obrigam a postergar o que poderia ter sido um conjunto de medidas significativas da sua regência. Este iria ficar caracterizado, sobretudo, pelo retomar das relações com o ocidente, mas seria o seu sucessor, Chulalongkorn, a estabelecer as condições necessárias para efetivar uma mudança já desenhada.

O Sião entra em processo de modernização em finais do século XIX, despoletado pela pressão que vinha sendo exercida pela presença das potências imperiais europeias no território. Durante o reinado de Chulalongkorn, uma série de reformas vai refletir a orientação do governo para uma mudança sem precedentes, contudo sempre feitas com a condicionante de que podiam enfraquecer o reino face aos impérios ocidentais. E, de facto, é quando começa a modernização do reino que se fazem sentir as maiores pressões ocidentais.

Em 1868, o reino do Sião era composto por uma população maioritariamente rural, a maioria excluída da educação, afastada da corte em Banguecoque e, consequentemente, apartada do centro das decisões e do processo político, o que punha em causa a própria criação de uma consciência política. Subordinada aos governadores das províncias, aceitava a ordem social que era tida como natural, o que inviabilizava a instauração de um sistema eleitoral189.

Chulalongkorn vai então experimentar mudanças que iriam afetar a ordem estabelecida. Dispensando o antigo governo ao moldar um governo mais jovem – que aceitará as suas mudanças, porque educado para tal –, não só consegue implementar o programa de reformas como também estabelece uma base de apoio entre os novos nomeados do governo. Concebendo uma administração completamente renovada, irá terminar com a oligarquia que se instalara nas províncias, e com a nomeação de novos ministros, educados no exterior, permite que novas ideias surjam nos ministérios. Esta base, este novo governo reformado, era condição indispensável para prosseguir com o plano de reformas que desejava executar, um plano de reformas que aproximaria o Sião do modelo europeu de organização de Estado – modelo desejado por Mongkut e que também iria ser perseguido pelo seu filho e sucessor, Chulalongkorn.

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Em meados do século XIX, a presença hostil da Inglaterra, França e Holanda crescia no Sudeste Asiático e, por conseguinte, ameaçava as fronteiras do reino do Sião. Esta situação faz com que o governo siamês conceba uma reorientação da sua política interna, numa primeira fase, com relação aos estados tributários (Chiang Mai a norte, acossada pelos britânicos, e Kedah, Perlis, Kelantan e Trangganu a sul, na região malaia). A pressão estrangeira tendia a aumentar, na medida em que os impérios se consolidavam na região, e o Sião enfrentava a possibilidade de invasões por parte da Grã-Bretanha e da França. Assim, e para evitar o confronto com estas potências, superiores no plano militar, novas políticas são iniciadas para garantir a segurança nas fronteiras, para integrar de modo inequívoco as províncias sob a administração siamesa e garantir uma relação mais forte entre os seus governadores e Banguecoque, afastando deste modo estes territórios dos projetos expansionistas europeus e garantindo, por conseguinte, a própria integridade territorial do reino siamês190.

Mas a falta de comunicação entre Banguecoque e as potências europeias era evidente, e as relações deterioravam-se. O governo britânico em Singapura e na Índia não via qualquer vantagem comercial ou política com a permanência do Sião como reino independente (pelo que os contatos com Banguecoque se vinham a fazer com Londres, desde a negociação do tratado Bowring). A França, pela sua parte, aumentava a sua presença na região a expensas do Sião, com o estabelecimento de um protetorado no Camboja, em 1867, e avanços no Mekong e no Laos191.

Em 1874, após ter viajado pelas possessões britânicas e holandesas no Sudeste Asiático, e inspirado pela organização moderna da sua administração, Chulalongkorn decide em seguida repensar o antigo sistema de justiça existente. O sistema judicial siamês tinha sido, desde sempre, apontado pelos ocidentais como ineficiente e desajustado. Essa crítica valera ao Sião a concessão de um regime de extraterritorialidade para cidadãos estrangeiros presentes no reino, que os colocava sob as leis do seu país de origem, subtraindo-os à justiça siamesa. Este regime, ao apartar parte considerável da população do Sião da alçada dos tribunais siameses, causava constrangimentos ao governo siamês, que era obrigado, mediante uma cláusula do tratado de 1856, a consentir que leis estrangeiras fossem aplicadas no reino.

Para contornar a ingerência europeia no domínio jurídico siamês, Chulalongkorn inicia o seu projeto de reforma com a publicação de decretos para os procedimentos

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judiciais, e reforça o sistema pela criação de um conselho com poderes legislativos. Esperava assim dotar o sistema legal de um modelo que se aproximasse ao ocidental, evitando as críticas europeias que acusavam o sistema legal de estar fundado no caos e na crueldade, e indo de encontro às reivindicações ocidentais, que exigiam a modernização do reino192.

Assim, conciliar ambas as suas políticas interna e externa, reformar a administração para poder aplicar as mudanças necessárias ao desenvolvimento do reino, de modo a evitar confrontos com os impérios circundantes, conservar quer o seu território fronteiriço, quer a estabilidade política e unidade do reino, era o desafio que se colocava a Chulalongkorn.

Logo após esta reforma judicial inicial, o rei depara-se com a oposição do seu próprio governo. Ministros e oficiais do reino, a antiga ordem conservada por Mongkut, contestam as mudanças, que se baseavam sobretudo na nomeação de jovens da família do rei, em lugar dos membros das famílias permanentemente no poder. Estas medidas sem precedentes atacavam a antiga ordem instalada; o rei passa a reclamar para si a nomeação para os cargos governativos, retirando a possibilidade às elites oligárquicas de se perpetuarem no poder. Embora tal movimento significasse uma evolução para o papel do monarca, uma vez que este saía fortalecido contra a hegemonia das grandes famílias, gerou a contestação das famílias no poder, e o reino vai enfrentar uma crise em 1875, com a oposição das províncias às medidas reformadoras. Esta crise é reveladora do poder que ainda detinham os governadores das províncias, e acabam por alertar o rei para o facto da existência de um forte poder político fora da corte em Banguecoque, que concorria com o poder do próprio monarca e com o seu projeto centralizador, assim como criavam entraves à aprovação e execução das medidas regeneradoras, mas que, ao mesmo tempo permitiam a coesão política nacional, e consequentemente, a sobrevivência do estado siamês193. Sem esta elite, sem a coesão que estes governadores tinham conseguido alcançar, questionado o seu poder e autoridade, o reino mergulharia na instabilidade, e a falta de equilíbrio interno dificultaria a resposta necessária aos desafios que lhe eram constantemente colocados, quer a nível interno, quer a nível externo.

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Décadas mais tarde, estas reformas iniciais iriam dar origem a uma remodelação completa do sistema jurídico, mas seria após um longo período de negociações com as potências europeias que o Sião se iria libertar dos antigos tratados de comércio, assinados numa época em que o governo siamês não tivera a oportunidade de negociar em igualdade com as outras partes. Assim, a revogação do sistema de extraterritorialidade aconteceria já em pleno século XX. Para mais, ver capítulo III.

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Chulalongkorn opta por manter intacta a coesão do reino e evitar o confronto com o poder local, o que o leva a retroceder com as medidas tomadas. Chulalongkorn apercebe-se de que para reformar o reino terá que começar por reformar a administração das províncias, retirando poder às elites locais no sentido de poder distribuí-lo a toda a corte em Banguecoque, e constituir uma classe de ministros renovada, com novas funções e, sobretudo, fiéis ao monarca. Seria este o objetivo definido para levar a cabo as reformas necessárias ao governo e à sociedade civil.

Esta situação vai apresentar-se favorável a Chulalongkorn a partir de 1880, e resultará na transição para um novo sistema de governo, em 1888, que permitirá ao governo em Banguecoque fortalecer o seu poder, quer contra o poder local, quer contra a ameaça externa das potências europeias.

Uma vez desaparecidos os oficiais nomeados durante o período de regência, entre 1882 e 1888 muitos dos cargos ficam sem sucessor, e a classe burocrática que dependia destes fica desprotegida. As vagas na administração das províncias aumentam e a geração de oficiais nomeados por Mongkut, e posteriormente por Suriyawong, o regente de Chulalongkorn, que prolongava a velha ordem que impedia o lançamento de reformas, acaba por enfraquecer. Isto porque Chulalongkorn decide empreender a mudança por um novo sistema de nomeações governamentais, para as quais a transmissão hierárquica de cargos fica afastada. Chulalongkorn começa por nomear a família da antiga nobreza que concorria com a família Bunnag instalada no poder; com estas nomeações (entre as quais se contavam igualmente os seus familiares), o rei pretendia conquistar o apoio político que lhe faltava, ao mesmo tempo que procedia a uma transferência de poder para si próprio194.

O antigo sistema hierárquico, contudo, estava firmemente instalado, e anteviam- se dificuldades com a sua abolição. Para combater a ordem estabelecida, não bastavam novas nomeações; Chulalongkorn cria então, no sentido de dotar os novos cargos de uma orientação progressista, uma classe de ministros e oficiais de ideias renovadas, educados segundo o modelo ocidental. Com base numa educação europeia e num sistema de nomeações pelo mérito (e não pela pertença a determinada família), Chulalongkorn esperava assim construir a nova elite administrativa que levaria ao desenvolvimento do estado siamês, com base na aplicação das reformas previstas, que seriam agora, não mera sugestão do rei à elite local (sujeita à aprovação dos antigos

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oficiais com interesse na manutenção da velha ordem), mas que teriam no rei o seu principal executor, secundado pelos seus ministros195. Com a adaptação deste novo modelo de nomeações, a família real, que se mantinha afastada do poder pela elite local, apenas alcançado pela via do casamento com membros desta nobreza «detentora de cargos», surge entretanto habilitada para o governo, conseguindo chegar a cargos administrativos antes vedados, e adquirindo um novo papel como grupo detentor de funções na corte.

Contudo, Chulalongkorn debate-se desde o início com um problema que limitava esta nova orientação das nomeações para a administração: a falta de efetivos com formação para preencher os novos gabinetes. Desde o reinado de Mongkut que a educação europeia havia sido estimulada, mas entre as elites, a ideia de uma educação moderna, com base em elementos ocidentais, representava uma espécie de subserviência aos poderes imperiais ocidentais, a qual sempre contestaram e da qual se mantiveram afastados, permanecendo a educação das suas famílias na instrução tradicional siamesa. A família real, contudo, inicia cedo a sua instrução europeia, com a tutorização dos príncipes por instrutores britânicos, estabelecendo assim uma demarcação que Chulalongkorn viria a justificar, quando começou por nomear a sua família para os cargos administrativos deixados por ocupar, e quando precisou de dotar o governo de novas orientações políticas. A permanência da elite no modelo tradicional de instrução vai torná-la preterida para os cargos, abrindo caminho à família real e a toda uma geração educada para ser a alternativa ilustrada da sociedade siamesa. Mas, apesar de poder contar com vários elementos da sua família para os cargos nos novos ministérios e departamentos, a administração das províncias revelava-se mais difícil de penetrar, e como tal o rei projetava simultaneamente a remodelação do aparelho de estado.

Já em 1885, seria avançada outra forma de administração do território, desta vez sob a forma de ministérios, criados a partir do modelo europeu (após uma visita do ministro dos Negócios Estrangeiros a Londres). Estes ministérios terminariam com a antiga forma de administração das províncias, que compreendia três divisões administrativas regionais. A nomeação para os cargos governativos determina que a divisão detida pelo Prakhlang passe a compreender dois ministérios, o do Tesouro e o dos Negócios Estrangeiros, cada um com um ministro responsável, sendo as restantes divisões transformadas em ministérios da Economia, Guerra, Finanças, Agricultura e

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Exterior. A completar a reforma, novos departamentos são criados para responder aos novos desafios que se colocavam a este governo, encarnados nos ministérios de Obras Públicas, Educação, Justiça e Exército196. Chulalongkorn tentava, deste modo, fazer face às críticas dos governos europeus, que acusavam o governo de concentrar todos os poderes em torno do rei, não havendo uma separação clara de poderes entre o executivo, o legislativo e o judicial, segundo os moldes ocidentais.

É entretanto avançada a ideia de criação de uma monarquia constitucional sob a figura de um primeiro-ministro e um parlamento, mas o rei não subscreve a ideia de um sistema representativo, sob o pretexto de não acreditar que viesse a trazer ao estado a estabilidade política e social que ele entretanto procurava, e opta por experimentar outra via para as reformas políticas. É assim que, em 1888, se dá outro passo para a reestruturação do governo siamês, quando Chulalongkorn define os padrões de tomada de decisão que deveriam tomar forma a partir de então. Numa primeira fase são introduzidas as reuniões dos ministérios em conselho, que seria inaugurado em 1892, e

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