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A formalização do MEI teve início em julho de 2009 e tem sido considerada exitosa na medida em que foram registrados, até 2013, 3.659.781 Microempreendedores Individuais no país 11. A taxa média de crescimento do quantitativo do MEI no ano de 2013 foi de 37,3%, com

nove estados apresentando taxas superiores à média nacional. Os três estados que mais cresceram foram Ceará (45,1%), Paraná (41,5%) e Minas Gerais (41,5%). Segundo estudo do SEBRAE (2013), na análise setorial da distribuição do MEI verifica-se que o Comércio (39,3%)

11 Dados disponíveis na pesquisa Perfil do Microempreendedor Individual 2013. Série Estudos e Pesquisas

concentra a maior proporção de microempreendedores individuais, seguido dos Serviços (35,8%), Indústria (15,2%) e Construção Civil (8,5%).

O detalhamento da distribuição setorial a partir das atividades mais frequentes entre os microempreendedores individuais demonstra que as vinte atividades com maior presença respondem por 58,0% do total. Os MEIs se concentram em atividades que, em geral, tem valor agregado menor. As três atividades com maior número de MEIs são “Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios”, com 12,2% do total, “Cabelereiros”, com 8,7% e “Obras de alvenaria” com 4,3% (Tabela 15). Das vinte atividades com maior percentual de participação no MEI, oito são de Serviços, seis do Comércio, três da Indústria e três da Construção Civil. As atividades de serviços, de modo geral, requerem menos investimentos iniciais que as do comércio. Vale ressaltar que as principais atividades dos setores da indústria e da construção civil entre os MEIs também estão associadas a menores investimentos iniciais (fornecimento de alimentos preparados para consumo domiciliar; confecção, sob medida, de peças do vestuário; obras de alvenaria; instalação e manutenção elétrica; e, serviços de pintura de edifícios em geral).

Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total

1 Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios 122.868 397.734 520.602 5,6 19,1 12,2 23,6 76,4 100,0

2 Cabeleireiros 77.864 293.581 371.445 3,5 14,1 8,7 21,0 79,0 100,0

3 Obras de alvenaria 176.843 5.914 182.757 8,0 0,3 4,3 96,8 3,2 100,0

4 Lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares 59.834 78.618 138.452 2,7 3,8 3,2 43,2 56,8 100,0 5 Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de

produtos alimentícios - minimercados, mercearias e armazéns 61.533 56.673 118.206 2,8 2,7 2,8 52,1 47,9 100,0 6 Outras atividades de tratamento de beleza 3.795 106.772 110.567 0,2 5,1 2,6 3,4 96,6 100,0 7 Bares e outros estabelecimentos especializados em servir bebidas 57.216 48.839 106.055 2,6 2,3 2,5 53,9 46,1 100,0 8 Instalação e manutenção elétrica 88.423 8.203 96.626 4,0 0,4 2,3 91,5 8,5 100,0 9 Fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para

consumo domiciliar 23.742 72.129 95.871 1,1 3,5 2,2 24,8 75,2 100,0

10 Comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene

pessoal 22.779 63.085 85.864 1,0 3,0 2,0 26,5 73,5 100,0

11 Serviços ambulantes de alimentação 45.185 37.350 82.535 2,1 1,8 1,9 54,7 45,3 100,0

12 Comércio varejista de bebidas 47.331 30.239 77.570 2,2 1,5 1,8 61,0 39,0 100,0

13 Serviços de pintura de edifícios em geral 67.840 3.604 71.444 3,1 0,2 1,7 95,0 5,0 100,0 14 Serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas 33.517 35.919 69.436 1,5 1,7 1,6 48,3 51,7 100,0

15 Promoção de vendas 38.587 30.744 69.331 1,8 1,5 1,6 55,7 44,3 100,0

16 Reparação e manutenção de computadores e de equipamentos

periféricos 58.182 7.998 66.180 2,6 0,4 1,5 87,9 12,1 100,0

17 Confecção, sob medida, de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 6.484 54.720 61.204 0,3 2,6 1,4 10,6 89,4 100,0 18 Serviços de manutenção e reparação mecânica de veículos

automotores 48.960 5.565 54.525 2,2 0,3 1,3 89,8 10,2 100,0

19 Comércio varejista de produtos alimentícios em geral ou especializado

em produtos alimentícios não especificados anteriormente 25.326 26.614 51.940 1,2 1,3 1,2 48,8 51,2 100,0 20 Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas e as

confeccionadas sob medida 8.833 42.172 51.005 0,4 2,0 1,2 17,3 82,7 100,0

Total das 20 principais CNAEs 1.075.142 1.406.473 2.481.615 48,9 67,6 58,0 43,3 56,7 100,0

2.198.025 2.080.986 4.279.011 100,0 100,0 100,0 51,4 48,6 100,0

Fonte: Portal do Empreendedor - Estatísticas do MEI.

Tabela 15

Ranking Classe CNAE 2.0 Optantes MEI

Total de Optantes

Distribuição (%) por sexo

Brasil - Até 2014

Distribuição (%) por sexo

Considerando a distribuição do MEI para as vinte atividades com maior participação de mulheres (Tabela 15), fica evidente a presença mais expressiva nos setores de Serviços e Comércio. O grupo dessas vinte atividades somava um total de 2.481.615 registros de MEI, das quais 1.406.473 eram do sexo feminino (56,7% do total) e 1.075.142 do masculino (43,3%).

A participação do sexo feminino na atividade “Outras atividades de tratamento de beleza” representava 96,6% do total de MEI desse segmento, até 2014. Em seguida “Confecção, sob medida, de peças do vestuário”, na qual 89,4% dos MEI são mulheres. Duas atividades tipicamente femininas.

Em relação aos setores com maior participação de MEI do sexo masculino, ficam evidentes as mudanças tanto nos percentuais de participação quanto nos segmentos de atividades econômica. Em atividades como “Obras de alvenaria”, os homens respondem por uma presença de 96,8%, enquanto as mulheres apresentam inclusive a mais baixa proporção no conjunto de suas participações, 3,2%. Na sequência, as atividades de “Serviços de pintura de edifícios em geral” e “Instalação e manutenção elétrica” eram exercidas em sua maioria por homens, 95,0% e 91,5%, respectivamente (Tabela 15).

A predominância masculina entre os inscritos no MEI é uma realidade em todos os estados da federação, o que pode estar refletindo a maior proporção de homens inseridos entre os trabalhadores por conta própria. Portanto, o público potencial é em sua maioria do sexo masculino.

Em relação à faixa etária do universo de microempreendedores, a partir dos dados de sua constituição a cada ano, em 2013, 50,1% dos MEIs constituídos neste ano tem de 25 a 39 anos, 35% encontravam-se no grupo de 40 ou mais e 14,8% até 24 anos. Entre 2011 e 2013, a partir dos dados da declaração anual dos MEI, observa-se uma participação cada vez maior de jovens até 24 anos inscritos e da participação decrescente daqueles acima de 40 anos (SEBRAE, 2013).

Na pesquisa amostral, realizada pelo SEBRAE (2013), os dados sobre a escolaridade dos MEIs mostram que a maioria tinha nível médio ou técnico completo (44,1%), seguida daqueles com até o ensino fundamental completo (37,0%) e pelo grupo com ensino superior completo correspondia a 9,8%. Considerando os resultados do Censo 2010, observa-se que os MEIs são mais escolarizados que a média nacional da população, uma vez que 50,2% tem, no máximo, o ensino fundamental (OLIVEIRA, 2013).

O MEI é o resultado da integração de ações de diferentes órgãos federais – Ministério da Previdência Social, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e a Secretaria da Receita Federal – e a convergência de interesses desses órgãos em uma determinada política pode ser um elemento que venha a contribuir com seu sucesso. Assim como, a facilidade do sistema de registro do MEI através do Portal do Empreendedor, a eliminação de entraves burocráticos decorrentes da isenção de determinados impostos federais (IR; PIS; Cofins; IPI e Contribuição sobre o Lucro Líquido) também são elementos que podem contribuir (COSTANZI; BARBOSA; RIBEIRO, 2011; OLIVEIRA, 2013).

Muito embora o MEI tenha registrado importantes avanços no que diz respeito a formalização dos trabalhadores por conta própria alguns desafios precisam ser enfrentados, a saber: se a política do MEI pode estar sendo usada por empregadores para evitar encargos trabalhistas através da substituição de contratos de trabalho com empregados por contratos de prestação de serviços com supostos empreendedores individuais.

A partir dos dados das RAIS entre 2006 e 2010 e considerando o início da implantação da política de formalização do MEI, em 2009, observou-se que um percentual dos indivíduos que deixaram de ser empregados formais entre 2006 e 2008 (24,3% dos encontrados na Rais), estava na condição de desempregados ao ingressarem como MEI a partir de 2009. “Assim, pode-se afirmar que, para estes, a política foi responsável por reinseri-los no mundo formal, agora na condição de MEIs – inclusive, alguns deles, possivelmente, poderiam estar atuando como empreendedores informais” (OLIVEIRA, 2013).

Por outro lado, Oliveira (2013) indica que um grupo expressivo de indivíduos registrados como MEI e encontrados nos dados da Rais 2006 e 2010, segundo motivo do desligamento, havia sido demitido e feito a transição à condição de microempreendedor individual. Neste caso, a política pública para ampliar a formalização e cobertura previdenciária dos trabalhadores por conta própria parece estar sendo utilizada ou desvirtuada como processo de substituição de contratos trabalhistas por relações de prestações de serviços. Estudo realizado por Corseuil, Neri e Ulyssea (2013) também aponta na mesma direção.

Outro desafio relevante, em termos de simplificação, na evolução do MEI refere-se à necessidade de avançar na simplificação das obrigações impostas ao MEI, semelhantes aquelas impostas às demais pessoas jurídicas no Brasil. No que diz respeito ao processo de inscrição do MEI, houve simplificação via o Portal do Empreendedor, como o pagamento unificado dos impostos mensais (Previdência Social, ICMS e/ou ISS) que passou a ocorrer através da geração de uma guia única e integrada de DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional)

emitida no próprio site. No entanto, o fato do MEI ser uma pessoa jurídica, quando da contratação de um empregado, ele é obrigado a declarar GFIP, RAIS e o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), que pode envolver certa operacionalidade, exigindo a contratação de um contador e elevando o custo da formalização (COSTANZI; BARBOSA; RIBEIRO, 2011).

Um dos principais atrativos do MEI é seu baixo custo da formalização e de inserção na proteção previdenciária. Enquanto o Plano Simplificado de Previdência Social (PSPS), criado em 2006-2007, possibilita uma contribuição mensal de 11% do salário mínimo, a contribuição previdenciária do MEI é 5% do salário a partir de maio de 2011. Essas duas medidas são formas de inclusão previdenciária através de incentivos econômicos, o que significa que pessoas com mesmo direito, em termos de benefício previdenciário, possuem contribuições diferenciadas e isso pode estimular a migração de inscritos no Plano Simplificado para o MEI. Talvez, outro desafio a ser enfrentado (COSTANZI; BARBOSA; RIBEIRO, 2011).

Nesse sentido, um aspecto bastante relevante, é que a formalização sempre implica em deixar de pagar zero de impostos e taxas referentes à atividade por conta própria, tornando a concorrência com a informalidade muito difícil. Nesse contexto, “é fundamental não apenas uma carga tributária condizente com a capacidade contributiva desses trabalhadores por conta própria, mas que haja benefícios pela formalização” (COSTANZI; BARBOSA; RIBEIRO, 2011, p. 394), como a possibilidade de emitir nota fiscal, ampliando o acesso aos mercados, e as linhas especiais de crédito para o MEI.

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