QUADRO 2
Creches comunitárias em Uberlândia (1981–8)73
ANO BAIRRO ENDEREÇO OBSERVAÇÃO
1981 Luizote de Freitas I
(Tia Marta)
Rua C53 n. 1.200
1982 Jardim Brasília I Rua Netuno 339
1982 Pres. Roosevelt I Rua Angelino Pavan 104
1983 Jardim Brasília II Av. Constelação 93
1983 Lagoinha Rua Bento Faria 194
1983 Segismundo Pereira R. Jaime R. da Luz 1.995
1983 Pres. Roosevelt II R. Rodrigo P. Júnior s. n. Transferiu-se para rua Judith Moreira 76
1983 Jaraguá Rua Cerejeiras 310
1983 Tubalina I R. Maria A. Costa 1.439 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na rua São Francisco de Assis s/n
1983 Tubalina II (Santa Rita) Av. Carlos Gomes 54
1984 Patrimônio I R. Augusto dos Anjos 16
1984 Martins Rua Carmo Gifoni 831 Relação de creches comunitárias de 1989 a
situa na av. Engenheiro Diniz 811
1984 Santa Luzia Rua Z n. 122
1984 Cruzeiro do Sul Rua Alvacas 278 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na rua André Luiz, 80.
1984 Tibery I Av. Europa 175 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na av. Noruega, 287.
1984 Tancredo Neves Rua 1 n. 497 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na rua 5 n. 516.
1984 Luizote de Freitas II Rua C67 n. 67
1984 Maravilha Rua Paulo de Tarso 78 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na rua Tiago 286.
1984 Nossa Senhora das
Graças
Av. Siqueira Campos 173 Relação de creches comunitárias de 1989 a situa na rua Davi Canabarros, 128.
1984 Jardim Brasília III Rua Plutão 920
1984 Ipanema Rua Ocidental 419 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na rua 19 n. 115.
1985 Aclimação Rua 28 n. 115 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na av. 5 n. 400 (Igreja S. J. Batista)
1985 Tibery II Rua Petrópolis 610 Relação de creches comunitárias de 1989 a
situa na rua Euclides da Cunha 480
1985 Brasil Rua Rio Grande do Sul
866 Relação de creches comunitárias de 1989 a situa na rua Santa Catarina 969.
1985 Jardim das Palmeiras Rua dos Cisnes 67 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na rua dos Cisnes 842.
1985 Liberdade (excepcionais) Av. Rondônia 226 Não consta na lista de 1989.
1985 Osvaldo Rua Ângelo Testa 125 Relação de creches comunitárias de 1989 a
situa na rua Cambuquira, 879
1985 Pampulha R. Bernardo Vasconcelos
430 Relação de creches comunitárias de 1989 a situa na rua Prof. Inácio Castilho, 385.
1985 Patrimônio II Rua Cruzeiro 1 Em 1989, consta uma creche comunitária no
bairro Patrimônio, e não duas: uma criada em 1984, outra em 1985 — talvez uma tenha sido extinta após 1985.
1985 Tia Lia Av. Aspirante Mega 2.640 Não consta o bairro.
1986 Alvorada Rua 10 n. 159 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na rua 10 n. 129.
1986 Aura Celeste
(Presidente Roosevelt)
R. Osmar Sales Monteiro 458
73 As creches do Marta Helena, Custódio Pereira e Esperança não estão nessa lista; também não localizamos o ano
de constituição, mas estão na lista de instituições subvencionadas pela lei 4.591, de 1º de dezembro de 1987, o que confirma a existência delas antes de 1988.
1986 Dona Zulmira Rua Diábase 388 Relação de creches comunitárias de 1989 a situa na rua do Ouro 55.
1986 Creche da Escola José
Ignácio de Sousa
Não consta endereço
1986 Santa Mônica Rua 17 n. 403 Relação de creches comunitárias de 1989
a situa na rua Nelson Oliveira 428.
1986 Santa Rosa II* Rua Manaus 304 Relação de creches comunitárias de 1989 a
situa na rua Florianópolis 544 e lista a creche
Santa Rosa I (rua Rondônia 266), mas o
relatório “Estruturação administrativa” de 1988 não lista.
1986 Creche dos servidores
públicos municipais (incluída na categoria creche comunitária); não consta o bairro.
Não consta endereço Relatório “Estruturação administrativa” de
1988 diz que foi extinta.
1987 Presidente Roosevelt R. João J. Fernandes 319 Houve junção das creches I e II nesta, construída
com recursos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
1987 Tocantins Rua 14, 666
1987 Lagoinha (centro de
bairro) R. São F. de Assis 1.070
1987 Dona Aurora Rua Coronel Severiano
303
1988 Brasil II (creche
Esperança) Rua Belém, 413
1988 Creche Comunitária
da Igreja Presb. Unida
Av. João Naves de Ávila 4.155
1988 Bom Jesus Rua Mauá, 349
1988 Finotti Av. João Naves de Ávila
1.303
1988 Tibery (Santino) R. Frederico Tibery 1.061
Fontes: UBERLÂNDIA, 1987c, 1988a, 1989.
1.5 À guisa de síntese
Eis algumas questões basilares para se compreender como foi institucionalizada historicamente a infância e como o contexto social, político, econômico, as ações de sujeitos distintos e as legislações abarcaram a demanda por instituições para atendimento à criança, sobretudo à desfavorecida socialmente. Vimos que a criança, percebida como ser distinto dos adultos, aos poucos se tornou objeto de atenção especial no meio familiar — daí o surgimento das escolas. Mas esse atendimento foi diferenciado para diversas classes sociais. Ora,
[...] enquanto os filhos das camadas médias e dominantes eram vistos como necessitando de um atendimento estimulador de seu desenvolvimento afetivo e cognitivo, às crianças mais pobres era proposto um cuidado mais voltado para a satisfação de necessidades de guarda, higiene e alimentação.74
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A trajetória e configuração do atendimento à infância no Brasil tiveram influência de segmentos distintos, tais como o médico-higienista, o jurídico-policial e o religioso.75 Tal influência incidiu nas políticas públicas educacionais, em especial naquelas voltadas a crianças com idade inferior a 6 anos. Mas vimos que as políticas para a infância socialmente desfavorecida foram omissas e lhe negligenciaram a garantia de educação por muito tempo.
No contexto histórico da década de 1980, houve ações para institucionalização da educação infantil nos municípios, como em Uberlândia, onde o PMDB local propôs, ao menos em
tese, respaldar a abertura de instituições para crianças de 0 a 6 anos de idade — sobretudo creches comunitárias. Essa proposta foi relevante para boa parte da população, pois permitiu que segmentos populares se organizassem e constituíssem uma quantidade relevante de creches nos bairros periféricos, como no início do decênio de 1980. A evolução quantitativa, porém, não se traduziu em atendimento de qualidade, acima de tudo por causa da escassez de recursos, que fragilizou as relações entre as comunidade das creches e o poder público municipal. Por isso, compreender mais amplamente a realidade educacional da infância uberlandense e as lutas pró- creches comunitárias na gestão Democracia Participativa (1983–8) supõe analisar o contexto político, social e econômico de 1964 a 1985 no Brasil. Assim podemos apreender como foi, em Uberlândia, o período em que segmentos da população periférica manifestaram, por intermédio da Igreja e de outras instâncias representativas, suas necessidades imediatas.
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Capítulo 2
LIMITES E CONTRADIÇÕES DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA