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5. Métodos de diagnóstico direto

5.1. Exame coprológico

O exame coprológico continua a ser o método mais utilizado na prática clínica para o diagnóstico de diversas parasitoses gastrointestinais e pulmonares (Jacobs et al., 2016).

A recolha e a preservação das amostras fecais deve ser feita de forma correta. Se não existir possibilidade de observação das mesmas nas 24 horas seguintes à defecação, as amostras devem ser preservadas refrigeradas, uma vez que os ovos de determinadas espécies embrionam rapidamente em condições ótimas. Deve-se, sempre que possível, evitar congelar as amostras pois pode ocorrer alteração das formas parasitárias (Beugnet & Halos, 2015; Taylor et al., 2016).

5.1.1 Observação macroscópica

Após a recolha deve-se começar pela observação macroscópica das amostras. A caraterização das mesmas é importante devendo registar-se a data de recolha, o aspeto e consistência das fezes, presença ou ausência de sangue ou muco, assim como a observação cuidada para deteção de parasitas ou seus fragmentos, incluindo proglotes (Beugnet e Halos, 2015).

5.1.2 Esfregaço fecal

É um método simples que consiste na recolha e observação microscópica de uma amostra muito pequena de fezes à qual é adicionada diretamente uma quantidade semelhante de água ou de uma solução salina. Tem a vantagem de ser relativamente simples e rápido mas não cobre a totalidade da amostra e algumas estruturas parasitárias podem ficar ocultas pelos detritos fecais, fazendo com que a quantidade de falsos negativos seja bastante elevada e diminuindo assim a sua especificidade. Na maioria dos casos os resultados acabam por ser inconclusivos, sendo apenas diagnosticados animais altamente parasitados (Beugnet e Halos, 2015; Taylor et al., 2016). Este método também pode ser usado para a pesquisa de formas vegetativas de protozoários, incluindo Giardia.

26 5.1.3 Flutuação

Os métodos mais utilizados para o diagnóstico coprológico são aqueles que utilizam a técnica de flutuação. Esta técnica apoia-se no princípio da densidade específica das diferentes formas parasitárias. Ou seja, a amostra fecal é colocada numa solução com uma concentração específica que permite que os ovos, larvas e oocistos flutuem. Muitas das soluções usadas habitualmente resultam da adição acentuada de sal ou açúcar a uma determinada quantidade de água para atingir uma determinada densidade. As soluções de cloreto de sodio (NaCl) geralmente são utilizadas na deteção de ovos de nematodes e cestodes; por outro lado, soluções de cloreto de zinco (ZnCl2)

ou sulfato de zinco (ZnSO4) podem ser usadas para a pesquisa de ovos de trematodes,

uma vez que estes são mais pesados que os primeiros (Beugnet & Halos, 2015; Taylor

et al., 2016).

Independentemente da solução utilizada os ovos e outras formas parasitárias devem manter-se íntegras, sem alterações. É necessário ter em atenção que o tipo de alimentação e os hábitos do animal podem prejudicar a observação coprológica. A presença de gordura, sangue e muitos detritos dificulta a observação (Beugnet & Halos, 2015).

Uma das formas de efetuar esta técnica consiste na colocação de uma pequena quantidade de amostra fecal (cerca de duas a três gramas) em cerca de 10 mL de solução saturada e homogeneizar. Depois, a mistura é passada por um coador ou gaze para um tubo ou frasco até a preencher por inteiro e formar um menisco na sua superficie onde é, posteriormente, colocada uma lamela. Aguarda-se cerca de 15 minutos e num movimento preciso e vertical é retirada e colocada sobre uma lâmina e observada no microscópio de imediato (Beugnet e Halos, 2015; Taylor et al., 2016).

5.1.4 Sedimentação natural

Este método é usado para a deteção de ovos e oocistos mais pesados que, geralmente, não aparecem na técnica de flutuação convencional (por exemplo, ovos de trematodes). Para além disso pode ser utilizada para evitar a distorção de determinadas formas parasitárias. No entanto, não é tão específica para ovos de nematodes e cestodes como a flutuação. A observação tem de ser cuidada pois, muitas vezes, a elevada quantidade de detritos fecais dificulta a deteção das formas parasitárias (Beugnet e Halos, 2015). Pode ser associada uma técnica de centrifugação para aumentar a sensibilidade e a velocidade da análise (Jacobs et al., 2016).

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5.1.5 Técnica de Baermann modificada

Esta técnica usa o princípio da migração, ou seja, as larvas presentes nas fezes migram para a água onde estas estão mergulhadas (Jacobs et al., 2016). Nos gatos, esta técnica é utilizada para a deteção de larvas de vermes pulmonares. O sucesso deste método está dependente da capacidade da larva migrar até à água, sendo recolhidas no fundo do equipamento utilizado. Para a preparação deste método é necessário material específico que segure as fezes na água morna previamente colocada. Espera-se cerca de 8h, idealmente 24h, para dar tempo aos vermes para migrar até à água. No final deste tempo, recolhe-se o sedimento para um tubo de ensaio que será centrifugado. Descarta-se o sobrenadante e recolhe-se cerca de 2 gotas de sedimento, com uma pipeta de Pasteur e coloca-se numa lâmina, recobre-se com uma lamela e observa-se no microscópio. Antes da colocação da lamela pode ser aplicado uma gota de solução de Lugol de forma a imobilizar as larvas. Este método não altera a estrutura das larvas mas demora um certo tempo pois temos de aguardar que os vermes migrem (Beugnet e Halos, 2015).

5.1.6 Método do copo cónico

Este método é uma modificação da técnica de Baermann. É usado o princípio da migração mas os materiais usados diferem. Na técnica anterior, é usado o funil de Baermann por outro lado neste método é usado um copo cónico para colocar a água morna e as fezes envolvidas em gaze. O tempo de espera e a metodologia para a preparação das lâminas são semelhantes aqueles utilizados na técnica de Baermann modificada.

5.1.7 Método de McMaster, Wiscousin, Telemann-Rivas e FLOTAC

Estas técnicas são usadas para objetivos específicos.

O método de McMaster é um método quantitativo, que permite a contagem de ovos por grama de fezes (opg) usando a câmara de McMaster que possui uma grelha, ou reticulo que facilita a contagem.

O método de Wiscousin ou o método de Cornell-Wiscousin modificado permite a observação das formas parasitárias através de mais do que uma centrifugação e diluição, sendo mais complexa que as técnicas anteriormente faladas.

O método de Telemann-Rivas é geralmente utilizado quando as fezes têm um elevado teor de gordura, o que dificulta bastante a observação ao microscópio, como

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por exemplo as fezes de carnívoros. Esta técnica utiliza ácidos de forma a diluir a gordura e é mais complexa que as técnicas convencionais. Esta técnica apenas permite determinar a presença ou ausência de parasitas uma vez que se trata de um método qualitativo.

O método FLOTAC, usa o princípio da flutuação e é usado a câmara FLOTAC onde pode ser usada com apenas uma amostra fecal e duas soluções com densidades específicas diferentes ou usar duas amostras fecais diferentes e apenas uma solução concentrada. É um método quantitativo e de fácil leitura, mas exige materiais específicos e mais tempo do que outros métodos de flutuação convencionais (Beugnet e Halos, 2015).

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