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1 INTRODUÇÃO

5.7 EXAME ECOCARDIOGRÁFICO

O exame ecocardiográfico foi realizado no ecocardiógrafo portátil modelo Vivid-I (General Electric Co.- GE) provido de software para realização dos modos de imagem: Doppler tecidual pulsado e colorido, strain, strain rate, tissue tracking, transdutor setorial matricial 1,5 a 4 MHz e transdutor setorial de 3 a 8 MHz. Os animais, livres de sedação e/ou tranquilização, foram posicionados em decúbito lateral esquerdo com o transdutor (setorial de 3 a 8 MHz) sobre o tórax, para a obtenção das imagens através da janela paraesternal direita e paraesternal

esquerda cranial e caudal. Quando necessário e autorizado pelo proprietário, realizou-se a tricotomia da região torácica em toda sua extensão, entre o bordo esternal e a articulação costocondral. Uma camada de gel foi aplicada entre o transdutor e a parede torácica do animal, com a finalidade de diminuir a interferência do ar que se interpõe entre os mesmos.

O exame ecocardiográfico foi realizado conforme recomendações da Echocardiography Committee of the Specialty of Cardiology – American College of Veterinary Internal Medicine (THOMAS et al., 1993) e American Society of Echocardiography (ASE) (BOON, 2011) quanto ao posicionamento, janelas e cortes, bem como à determinação de medidas e valores nos diferentes modos (bidimensional, modo M, e Doppler pulsado, contínuo e colorido) (OYAMA, 2004; BOON, 2011; CHETBOUL et al., 2012). Durante todo o exame ecocardiográfico, fez- se o monitoramento eletrocardiográfico simultâneo (em derivação bipolar DII) para facilitar a identificação das fases do ciclo cardíaco e para auxiliar na obtenção das medidas ecocardiográficas.

Foram realizadas, no mínimo, três determinações de cada parâmetro ecocardiográfico avaliado nas diferentes fases do ciclo cardíaco, considerando-se a média dos valores obtidos, minimizando-se, desta forma, as interferências causadas pela respiração, pela movimentação do coração dentro do tórax e pelas mudanças no enchimento cardíaco (BOON, 2011; CHETBOUL et al., 2012).

As imagens para a mensuração do ventrículo esquerdo (VE) foram adquiridas por meio da janela paraesternal direita, corte transversal (ou eixo curto), na altura da inserção das cordoalhas tendíneas em músculos papilares (CHETBOUL et al., 2012). Para a mensuração das estruturas, utilizou-se o método do modo M, a partir do corte transversal. Foram avaliados, segundo Boon (2011), os seguintes parâmetros em modo M do ventrículo esquerdo:

- frequência cardíaca (FC);

- espessura do septo interventricular no final da diástole (SIVd);

-espessura da parede livre do ventrículo esquerdo no final da diástole (PVEd); - diâmetro diastólico final da cavidade do ventrículo esquerdo (DVEd);

- diâmetro sistólico final da cavidade do ventrículo esquerdo (DVEs); - espessura do septo interventricular no final da sístole (SIVs);

- espessura da parede livre do ventrículo esquerdo no final da sístole (PVEs); - relação septo-parede na diástole (SIVd/PVEd);

- fração de encurtamento (FS);

- fração de ejeção (método de Teichholz) (Fej).

De acordo com Sampedrano et al. (2009) e Chetboul et al. (2012), a presença de hipertrofia miocárdica foi definida quando a espessura diastólica do septo interventricular (SIVd) e/ou da parede livre de ventrículo esquerdo (PVEd) era superior a 0,6 cm. Os animais com espessuras diastólicas menores que 0,5 cm foram considerados normais; e os gatos com valores de espessuras diastólicas entre 0,5 e 0,6 cm foram considerados normais, porém suspeitos para a CMH. A hipertrofia concêntrica foi considerada simétrica quando a relação SIVd/PVEd estava entre 0,7 e 1,3 (SAMPEDRANO et al., 2009; CHETBOUL et al, 2012).

Considerou-se hipertrofia miocárdica assimétrica quando a relação SIVd/PVEd se encontrava menor ou igual a 0,7 ou maior que 1,3, de acordo com Sampedrano et al. (2009). Na presença de hipertrofia miocárdica assimétrica, fez-se a mensuração da área de hipertrofia segmentar por meio do modo bidimensional (mensurando-se a área de maior espessura, na fase da diástole). De acordo com Chetboul et al. (2012), a mensuração da região basal do septo interventricular (em região de via de saída do ventrículo esquerdo; SIVAo) foi realizada em todos os animais por meio do modo bidimensional.

Realizou-se, também, a avaliação em modo M na janela paraesternal direita, corte transversal (ou eixo curto), na altura do anel mitral, com o objetivo de investigar a presença de movimento anterior sistólico (MAS) do folheto anterior da valva mitral.

As mensurações do diâmetro da raiz da aorta (Ao) e do diâmetro do átrio esquerdo (AE), bem como da relação átrio esquerdo/aorta (AE/Ao), foram realizadas pelo modo bidimensional (ABBOTT; MCLEAN, 2006; CHETBOUL et al., 2012; LINNEY et al., 2014). Para tanto, utilizou-se a janela paraesternal direita, corte transversal (ou eixo curto), em região de base cardíaca. O diâmetro interno da aorta foi medido ao longo da comissura entre as válvulas não coronariana e coronariana direita, no momento seguinte ao fechamento da valva aórtica; e o átrio esquerdo, no mesmo quadro, também em seu diâmetro interno, traçando-se uma linha paralela à comissura entre as válvulas não coronariana e coronariana esquerda. Considerou-se aumento de átrio esquerdo quando a relação AE/Ao (pelo modo bidimensional, eixo curto) foi superior a 1,5, de acordo com Wess, Sarkar e Hartmann (2010).

A modalidade Doppler (pulsado, contínuo e colorido) foi utilizada para avaliação dos fluxos transvalvares e para pesquisa de fluxos regurgitantes (insuficiências valvares) ou fluxos de obstrução (estenoses ou obstrução de via de saída). Os parâmetros avaliados pelo Doppler pulsado foram:

- fluxo aórtico (janela paraesternal esquerda caudal, corte apical 5 câmaras): mensuração da velocidade máxima (em m/s) e do gradiente de pressão (em mmHg) do fluxo sanguíneo através do aparelho valvar aórtico (volume de amostra posicionado junto aos folhetos aórticos na face voltada para a artéria aorta);

- fluxo pulmonar (janela paraesternal esquerda cranial, corte longitudinal da via de saída do ventrículo direito): mensuração da velocidade máxima (em m/s) e do gradiente de pressão (em mmHg) do fluxo sanguíneo através do aparelho valvar pulmonar (volume de amostra posicionado junto aos folhetos pulmonares na face voltada para a artéria pulmonar);

- fluxo mitral (janela paraesternal esquerda caudal, corte apical 4 câmaras): mensuração da velocidade máxima (em m/s) da onda de enchimento ventricular rápido (ou onda E) e da onda de enchimento ventricular lento/ contração atrial (ou onda A), bem como determinação da relação E/A e do tempo de desaceleração da onda E (em ms) (volume de amostra posicionado junto aos folhetos da valva mitral, no interior do ventrículo esquerdo);

- tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV) (janela paraesternal esquerda caudal, corte apical 5 câmaras): mensuração do intervalo de tempo (em ms) entre o final do fluxo sistólico na via de saída do ventrículo esquerdo (fluxo aórtico) e o início do fluxo diastólico mitral (onda E) (volume de amostra posicionado entre a via de saída do ventrículo esquerdo e o aparelho valvar mitral, no interior do ventrículo esquerdo).

As alterações no fluxo mitral decorrentes de alteração no relaxamento ventricular (comumente observadas na CMH) consideradas foram: redução na velocidade máxima de enchimento ventricular rápido (onda E), aumento no tempo de desaceleração da onda E, aumento na velocidade máxima de enchimento ventricular lento (onda A- contração atrial), redução na relação E/A e aumento no TRIV (NAGUEH et al., 2009; BOON, 2011; CHETBOUL et al., 2012). As alterações no fluxo mitral decorrentes de alteração na distensibilidade ventricular (padrão restritivo, também observado em fases de disfunção diastólica importante na CMH) consideradas foram: aumento na velocidade máxima de enchimento ventricular

rápido (onda E), diminuição no tempo de desaceleração da onda E, diminuição na velocidade máxima de enchimento ventricular lento (onda A- contração atrial), relação E/A superior a dois e diminuição no TRIV (NAGUEH et al., 2009).

Na presença de fluxos valvares regurgitantes, a insuficiência valvar foi classificada, qualitativamente, em grau discreto, moderado ou importante, de acordo com a área ocupada pela regurgitação (avaliação com Doppler colorido e Doppler pulsado). Utilizou-se o Doppler contínuo para avaliação de fluxos de alta velocidade (fluxos regurgitantes ou fluxos de obstrução), permitindo a obtenção de sua respectiva velocidade máxima (em m/s) e de seu gradiente de pressão (em mmHg). A velocidade e o gradiente sub-aórtico foram avaliados por meio do Doppler contínuo e a obstrução da via de saída de ventrículo esquerdo foi considerada presente quando o gradiente sub-aórtico era superior a 30 mmHg.

De acordo com a classificação realizada por Wess, Sarkar e Hartmann (2010), os gatos com CMH do presente projeto foram subclassificados, quanto ao grau da hipertrofia, em: CMH discreta (hipertrofia concêntrica focal ou generalizada com espessura diastólica de SIVd e/ou PVEd entre 0,60 e 0,65 cm e relação AE/Ao menor que 1,5); CMH moderada (hipertrofia concêntrica focal ou generalizada com espessura diastólica de SIVd e/ou PVEd entre 0,65 e 0,70 cm e relação AE/Ao menor que 1,8; ou hipertrofia concêntrica focal ou generalizada com espessura diastólica de SIVd e/ou PVEd entre 0,60 e 0,65 cm e relação AE/Ao entre 1,5 e 1,8); e CMH importante (hipertrofia concêntrica focal ou generalizada com espessura diastólica de SIVd e/ou PVEd maior que 0,70 cm; ou hipertrofia concêntrica focal ou generalizada com espessura diastólica de SIVd e/ou PVEd maior que 0,60 cm e relação AE/Ao maior que 1,8).