• Nenhum resultado encontrado

Exame radiográfico

No documento Ferreira, Joana Freire (páginas 30-34)

II. Revisão Bibliográfica

1. Definição

6.6. Exame radiográfico

“O exame radiográfico é sem dúvida alguma um dos exames mais importantes,

pois através dele pode-se visualizar alterações impercetíveis.” (Guedes-Pinto, 2010, p. 713).

27

É recomendado por rotina várias projeções e angulações, mas o clínico deve adequar a necessidade das radiografias a cada caso individualmente, contudo por norma é uma radiografia oclusal e três radiografias periapicais da área traumatizada, que providenciam informação suficiente para a determinação da extensão do trauma (Andreasen et al., 2011; DiAngelis et al., 2012). As radiografias periapicais devem ter como angulação: 90º horizontal; lateral mesial e lateral distal (DiAngelis et al., 2012).

Estas radiografias irão dar informações tais como o grau de desenvolvimento radicular, tamanho da câmara pulpar, deslocamento do dente do alvéolo, presença de fratura radicular e eventual lesão dos gérmenes permanentes (Baj et al., 2012).

A radiografia panorâmica ou ortopantomografia tem também utilidade para uma ótima visão geral e para revelar fraturas mandibulares (Andreasen et al., 2011).

No caso de lesões dos tecidos moles impossíveis de avaliar clinicamente, está indicado uma radiografia para localizar um corpo estranho. Para isso coloca-se uma película entre o lábio e a arcada dentária, usando apenas 25% de tempo normal de exposição (Andreasen et al., 2011).

Por fim, um registo fotográfico deve ser efetuado, de forma a permitir a avaliação da evolução do(s) dente(s) traumatizado(s). Este tem ainda valor no plano de tratamento, em ações judiciais ou na pesquisa clínica (Baj et al., 2012).

6.7.Follow-up

Um bom follow-up é importante para prever e evitar complicações e difere consoante o tipo de traumatismo (Andreasen et al., 2011).

7. Dentição Decídua

As lesões traumáticas na dentição decídua constituem um dos principais motivos de consulta de odontopediatria e resultam muitas vezes na perda de substância ou deslocamento do dente decíduo (Andreasen et al., 2011; Boj et al., 2012).

Como referido anteriormente, a maioria das lesões na dentição decídua ocorre antes dos 3 anos de idade, o que coincide com a aquisição das capacidades motoras da criança, implicando uma maior probabilidade de quedas (Boj et al., 2012).

As lesões mais frequentes nesta fase são as luxações devido ao facto do osso ser mais esponjoso, atingindo as estruturas de suporte do dente (ligamento periodontal e osso alveolar) (Boj et al., 2012).

28

A aparência clínica do trauma na dentição decídua e definitiva é idêntica. Contudo, na dentição decídua a transmissão de forças resultante de uma luxação é um acontecimento provável, devido à proximidade existente entre o gérmen do dente definitivo e o ápex do dente decíduo (Andreasen et al., 2011; Boj et al., 2012).

A principal dificuldade em relação ao diagnóstico e tratamento destas lesões, devido a serem situações de urgência, é a idade reduzida da criança que pode limitar a colaboração desta, bem como dos seus progenitores (Needleman, 2011; Boj et al., 2012).

7.1. Tratamento

O principal objetivo do tratamento num dente decíduo que sofreu um traumatismo é recuperar e/ou manter a saúde periodontal e pulpar para que nenhuma lesão seja transmitida ao seu sucessor (Andreasen et al., 2011).

O tratamento difere da dentição permanente. Para decidir o tratamento ideal é necessário ter em conta três fatores de grande influência na dentição decídua: o período relativamente curto que estes dentes estão em função na boca da criança; a proximidade da raiz do dente decíduo com o seu sucessor permanente em desenvolvimento; e a dificuldade de conseguir a cooperação da criança (Andreasen et al., 2011).

Se o tratamento for complexo, com um prognóstico reservado e/ou a criança não cooperar e/ou tiver necessidades especiais (comportamentais e/ou médicas), a extração do dente envolvido deve ser considerada (Needleman, 2011).

Segundo as prioridades estabelecidas por Andreasen et al. (2011), o traumatismo da dentição decídua deve ser enquadrada no tratamento subagudo prioritário, ou seja, lesão em que o prognóstico não é provavelmente afetado se o tratamento for realizado até 24h após o traumatismo. No entanto, se existir uma interferência oclusal devido ao deslocamento do dente os sinais e sintomas devem ser aliviados.

O tratamento mais comum na dentição decídua é apenas a observação e exame, seguido de follow-up (Malmgren et al., 2012; Toprak et al., 2014).

8. Dentição definitiva

A maioria das lesões traumáticas dentárias ocorrem na infância e na adolescência. Desta forma, a perda de dentes definitivos em crianças e jovens traz consequências para as suas vidas (DiAngelis et al., 2012). Ao contrário da dentição

29

decídua, os dentes definitivos não são substituídos, tornando-se assim importante um correto diagnóstico e tratamento para um bom prognóstico (Needleman, 2011).

A grande diferença dos traumatismos na dentição definitiva, em comparação com a decídua, é que nesta são mais frequentes as fraturas dentárias em vez das luxações. Esta situação é favorecida pela menor proporção entre a coroa e a raiz e por uma maior densidade do osso alveolar (Boj et al., 2012).

Segundo Marinho et al. (2013), as principais lesões encontradas em adolescentes foram a crack de esmalte e/ou fratura de esmalte e, de seguida as fraturas de esmalte e dentina sem exposição pulpar.

8.1. Tratamento

O objetivo do tratamento para dentes que sofreram trauma dentário é recuperar a função e estética do mesmo (Bakland & Andreasen, 2004).

No tratamento de dentes definitivos deve-se ter em conta a maturidade do dente. Tendo em conta que um dente imaturo tem uma maior capacidade de regeneração, todos os esforços devem ser feitos para manter e preservar a vitalidade pulpar destes, de forma a assegurar a continuidade do desenvolvimento radicular (DiAngelis et al., 2012).

O tratamento mais frequente é apenas a observação e exame, seguido de follow- up. Isto pode ser explicado pelo facto de este procedimento ser o mais indicado em casos de infrações ou cracks no esmalte, fraturas não complicadas da coroa, concussão e de alguns tipos de subluxação (Toprak et al., 2014).

O prognóstico é condicionado, em alguns tipos de lesões, pelo correto diagnóstico, plano de tratamento e momento em que este é efetuado (devendo ser o mais breve possível) e follow-up após a lesão traumática (DiAngelis et al., 2012; Schuch et al., 2013; Toprak et al., 2014).

A baixa procura de um Médico Dentista em caso de traumatimo é preocupante, tanto na dentição definitiva, bem como na dentição decídua. Em qualquer tipo de lesão deve ser feito um exame clínico e radiográfico por um Médico Dentista, com monitorização de possíveis sequelas e complicações a longo-prazo. Assim, é importante que as pessoas que prestam o primeiro socorro como os pais, professores, professores de educação física, treinadores, profissionais de saúde, auxiliares escolares, entre outros, estejam informadas da importância de visitar o Médico Dentista após o trauma (Schuch

30

Apesar de estar convencionado que todo o tipo de traumatismo deve ser avaliado numa consulta de urgência para evitar complicações, podem ser estabelecidas prioridades (Andreasen et al., 2011).

1 – Tratamento Agudo Prioritário: lesões que beneficiem do tratamento dentro de poucas horas.

 Avulsão: existe uma forte correlação entre os resultados esperados e as condições e

tempo de armazenamento, e tem maior grau de urgência no caso de ainda não ter sido reimplantado.

 Fratura alveolar: reposicionamento imediato e ferulização é recomendado para alívio

da dor e desconforto devido a uma interferência oclusal.

 Luxação lateral, luxação extrusiva e fratura radicular: deve ser aliviada a dor devido

a interferência oclusal.

2 – Tratamento Subagudo Prioritário: lesões em que o tratamento se for até 24h após, o prognóstico não é provavelmente afetado.

 Luxação intrusiva: pode ser feito reposicionamento imediato (cirúrgico) ou

reposicionamento lento ortodôntico.

 Concussão, subluxação.

 Fratura da coroa com exposição pulpar: tratar o desconforto de uma exposição

pulpar.

3 – Tratamento Tardio Prioritário: lesões em que o atraso do tratamento por mais do que 24h é aceitável.

 Fratura da coroa sem exposição pulpar.

As guidelines são bastante úteis para os Médicos Dentistas e outros profissionais de saúde, para que se dê o melhor tratamento possível e da forma mais eficiente. (DiAngelis et al., 2012)

No documento Ferreira, Joana Freire (páginas 30-34)

Documentos relacionados