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Exceções e situações particulares

LISTA DE ABREVIATURAS

II.1 IAS 8 – Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros

II.1.2 Análise da IAS 8 e cometários críticos

II.1.2.4 Exceções e situações particulares

Para que, perante situações semelhantes, não existam tratamentos diferenciados, o § 35 da IAS 8 prevê que, nos casos em que for difícil distinguir entre uma alteração de política contabilística e uma alteração numa estimativa, a alteração é tratada como alteração numa estimativa contabilística, devendo a mesma ser tratada prospetivamente.

Por outro lado, a aplicação de uma política contabilística relativa a situações que não ocorreram anteriormente ou que difiram em substância daquelas que ocorreram anteriormente, não são, de acordo com o § 16, consideradas alterações nas políticas contabilísticas.

Já as especificidades relacionadas com a adoção do modelo de revalorização determinam que, nos termos do § 17 da IAS 8, esta alteração de política contabilística deva ser tratada de acordo, ou com a IAS 16 - Ativos Fixos

Tangíveis, ou com a IAS 38 - Ativos Intangíveis.

II.1.2.5 Divulgações

No que respeita às divulgações, a IAS 8 é bastante desenvolvida quanto aos requisitos relacionados com alterações de políticas contabilísticas e, no nosso entender, diminuta no que se refere às divulgações relacionadas com as alterações nas estimativas e erros.

As divulgações obrigatórias relacionadas com alterações nas estimativas estão relacionadas, essencialmente, com a divulgação dos respetivos efeitos nas demonstrações financeiras presentes e futuras, bem como a sua natureza, devendo ser justificado quando os efeitos da alteração não forem quantificáveis (§§ 39 e 40).

Por outro lado, as divulgações obrigatórias relacionadas com erros estão essencialmente relacionadas com a divulgação dos correspondentes efeitos nas demonstrações financeiras passadas, assim como a descrição da natureza dos

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erros. Caso a reexpressão retrospetiva seja impraticável, deverão ser indicados os motivos da impraticabilidade, bem como uma descrição de como, e desde quando, o erro foi corrigido (§ 49).

Já as divulgações obrigatórias relativas a alterações nas políticas contabilísticas variam em função dos motivos que estão na sua origem, podendo estas estar relacionadas com a aplicação inicial de uma norma/interpretação ou com a alteração voluntária de políticas contabilísticas. Em ambas as situações, as divulgações exigidas estão relacionadas essencialmente com os efeitos nas demonstrações financeiras, a descrição da natureza da alteração e a indicação dos motivos quando a aplicação retrospetiva for impraticável.

Quando a alteração de política contabilística decorrer da aplicação inicial de uma norma, deverão ser ainda divulgados os elementos do novo normativo e os efeitos em períodos futuros. No caso da alteração voluntária de políticas contabilísticas, deverão ser divulgados os motivos pelos quais a alteração proporciona informação mais fiável e relevante (§§ 28 e 29).

Por último, nos §§ 30 e 31 da IAS 8 são estabelecidos os requisitos de divulgação quando uma entidade não tiver aplicado uma nova IFRS que tenha sido emitida, mas que ainda não esteja em vigor.

Comentários críticos

Da nossa experiência na análise de relatórios e contas de entidades que aplicam as IAS/IFRS, salientamos a dificuldade de identificação no Anexo das divulgações das matérias relacionadas com a IAS 8, constatando-se que, em alguns casos, não existe uma nota específica para o efeito. O mesmo não sucede, em geral, nas entidades que aplicam o Sistema de Normalização Contabilística (SNC), uma vez que estas, seguindo a compilação das divulgações das Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF) que se apresentam no modelo de Anexo do SNC, acabam por reservar uma nota específica para as matérias relacionadas com a NCRF 4 – Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e

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19 Considerando esta diferença de práticas de divulgação das matérias em apreciação, optámos, nos comentários críticos, por efetuar uma análise comparativa entre as praxes nacional e internacional.

Importa desde logo referir que, da comparação entre os referidos normativos, concretamente a IAS 8 e a NCRF 4, concluímos que as diferenças são inexpressivas. Com efeito, as principais diferenças estão relacionadas com a forma de apresentação das demonstrações financeiras, conforme procuramos explicar de seguida.

De acordo com o SNC, a apresentação das demonstrações financeiras segue uma orientação menos flexível, menos subjetiva. Tal facto resulta de, ao contrário do normativo IAS/IFRS, o SNC prever um modelo de Anexo às demonstrações financeiras cuja praxis tem interpretado como existindo uma nota para retratar especificamente situações relacionadas com políticas contabilísticas, alterações nas estimativas e erros, a qual, de acordo com as práticas mais comuns, é sequenciada no Anexo de acordo com a ordem numérica das NCRF.

Nas IAS/IFRS, apesar de não existirem modelos propostos de demonstrações financeiras, podemos verificar através da IAS 1 – Apresentação de

Demonstrações Financeiras, a existência de uma narrativa onde são

estabelecidos os requisitos globais para a apresentação de demonstrações financeiras, orientações para a sua estrutura e requisitos mínimos para o respetivo conteúdo. No entanto, não se encontram referências que indiquem que as divulgações relacionadas com a IAS 8 devem estar vertidas numa nota específica, ou ainda que devem ser enquadradas numa determinada sequência. Podemos considerar que a praxis nacional de preparação do Anexo apresenta algumas vantagens atendendo a que, por regra, podemos saber exatamente onde encontrar as situações relativas à temática em apreço, situação que, apesar de todas as salvaguardas da IAS 1, não se verifica quando analisamos o Anexo elaborado de acordo as IAS/IFRS. Nestes Anexos, a divulgação das matérias relacionadas com alterações nas políticas contabilísticas, alterações nas estimativas e erros pode ser diferente dependendo do emitente, sem uma

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referenciação cruzada para as demais demonstrações financeiras, situação que dificulta a perceção do utilizador da informação que procura especificamente aquelas divulgações.

Concluindo, e de acordo com a análise efetuada, quando no contexto nacional não seja identificada uma divulgação relativa à NCRF 4 na sequência esperada, tende a haver uma perceção de que aquelas matérias não são aplicáveis. Nas demonstrações financeiras elaboradas de acordo com as IAS/IFRS, esta convicção não se forma com a mesma facilidade.