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EXEMPLOS DE SÍMBOLOS MÍSTICOS HEINRICH KHUNRATH,

No documento AMORC_-_Introdução_à_Simbologia (páginas 181-191)

Exemplos de símbolos místicos são encontrados nas obras de Rosacruzes do século dezessete, como Heinrich Khunrath, Robert Fludd e Michael Maier. Todos são símbolos de origem cultural, que usam princípios da filosofia Hermética, da Cabala Judaica, e da alquimia transcendental.

Estes símbolos indicam a ordem, a harmonia e a unidade do universo, do homem e do Cósmico ou Deus. Mostram a hierarquia da Criação e são baseados no axioma Hermético, "assim como é em cima é em baixo", e no conceito de macrocosmo e microcosmo, que será estudado no Capítulo final desta série.

Representando a unidade das esferas ou dos reinos da Criação, eles simbolizam a relação que existe entre esses reinos, e sua harmonia e similaridade. Mediante real simbolismo ou por implicação, representam a relação do homem para com o resto do universo e o Cósmico.

À maneira da verdadeira filosofia cabalística, simbolizam a criação e emanação das esferas que constituem os atributos de Deus. O símbolo de Khunrath representa a unidade de todo o Ser em função das correspondências da filosofia Hermética e do cabalismo. Um reino corresponde a outro; assim, as partes individuais dessas esferas também se correspondem.

"Anfiteatro da Sabedoria Eterna", obra de Khunrath publicada no começo do século dezessete, contém várias estampas na frente do livro. Uma delas é um símbolo que consiste em cinco círculos concêntricos. Este símbolo é mostrado adiante, na Figura 1 da página 186.

O círculo externo contém os Dez Mandamentos do Velho Testamento. E apresenta a Hierarquia Celestial, na base dos Mandamentos. Na parte superior, dividindo o primeiro e o último Mandamentos vê-se um triângulo apontando para cima, com o nome de Deus num tetragrama. A citação logo abaixo do círculo dos Mandamentos é a seguinte: "Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração, toda a

tua alma, toda a tua fortaleza, e toda a tua mente, e o teu próximo como a ti mesmo".

Segue-se o alfabeto hebraico, começando por Aleph, na ponta inferior direita do triângulo, e prosseguindo no sentido horário. Cabe lembrar que as letras hebraicas também representam números.

O terceiro círculo contém os sephiroth (ou esferas) cabalísticos, que são os atributos de Deus. Estes sephiroth estão distribuídos em pares, de modo que formam um pentagrama com a ponta principal em baixo. A esfera escura na parte superior deste círculo tem a palavra hebraica para Ain Soph, que significa o Infinito, o Deus oculto; e a esfera clara, na parte inferior do mesmo círculo, contém a palavra para Verdade. Dentro do terceiro círculo vê-se um quarto círculo, de fogo, com cinco chamas mais longas contendo as letras Yod, He, Shin, Vau, e He. Estas formam um outro pentagrama, com a ponta principal em cima. Neste círculo de fogo há ainda os dez nomes de Deus conforme o Velho Testamento.

O círculo interno final, de luz, contém as inscrições: "Por este sinal

vencereis", e "Ele foi o verdadeiro filho de Deus". A figura no centro, portanto, é

Jesus, o Mestre. A seus pés vê-se a figura da lendária Fênix, a ave que renascia de suas próprias cinzas.

O triângulo simboliza Deus; o círculo escuro abaixo do triângulo, Ain Soph, representa o oculto, o imanifesto, o incognoscível. O círculo claro, Verdade, é portanto a manifestação da Divindade.

Há uma correspondência entre as quatro séries de dez:

1. Os Mandamentos 2. A Hierarquia Celestial 3. Os Sephiroth

4. Os Nomes de Deus

Os cinco pares de sephiroth também correspondem às letras Yod, He, Shin, Vau, He.

O triângulo, não só representa a Divindade, mas, se é colocado na forma de uma tetractys pictagórica, significa que o Ser é número, como acreditavam os Pitagóricos, e mostra a relação que existe entre a unidade e a multiplicidade.

O conjunto de letras, Yod, He, Shin, Vau, He, simboliza o nome de Jesus e foi obtido acrescentando Shin ao nome inefável de Deus.

A figura no centro representa o Espírito Crístico e, portanto, o Mestre ou o Iniciado. Sua associação com a Fênix simboliza renascimento espiritual e união mística.

A figura inteira pode ser aplicada à rosa na Rosa-Cruz, e encerra apenas um significado simbólico da rosa com suas pétalas.

A montanha é usada duas vezes nas estampas de Khunrath. Uma delas mostra a montanha como uma caverna com degraus que levam ao Portal do Anfiteatro da Sabedoria Eterna, dentro da montanha ou através dela.

A outra montanha tem a inscrição, em latim e alemão, da famosa Placa ou Tábua de Esmeralda atribuída a Hermes Trismegistus. Essa placa expressava parte do fundamento filosófico dos escritos de Hermes e da alquimia. A versão de Khunrath pode ser assim traduzida:

"Verdadeiramente, sem falsidade, com toda certeza e em absoluta verdade, o que existe em baixo (ou é inferior) é como o que existe em cima (ou é superior), e o que existe em cima é como o que existe em baixo, para que se realize a maravilha da unidade. Como todas as coisas são criadas (ou restauradas) de uma única, pela vontade e o comando do Ser Unificado que a criou, assim todas as coisas nascem (ou emanam) dessa coisa única, por dispensação e união (ou adaptação). Seu pai é o Sol, sua mãe é a Lua, o vento a carrega em seu ventre, sua irmã é a Terra. Este é o pai de toda perfeição neste mundo. Seu poder é perfeito quando é convertido em terra; portanto, deveis separar a terra do fogo, e o sutil do grosseiro ou denso, mas amorosamente, com grande compreensão e discrição. Ele ascende da terra para o céu e desce novamente do céu para a terra, e recebe de novo o poder de Cima e de Baixo. Assim tereis o esplendor de todo o mundo. De todos os poderes, este é o maior, pois, pode superar toda sutileza e penetrar tudo o que é sólido. Assim foi o todo criado. Assim foram originadas muitas raras combinações, e maravilhas foram realizadas, para as quais esta é a maneira de trabalhar. E assim eu sou chamado de Hermes

Trismegistus, porque tenho as três partes da sabedoria de todo o mundo. Tudo o que eu disse quanto ao trabalho do Sol está cumprido."

Nos símbolos de Fludd, as esferas, a balança e o corpo, representam a unidade da Criação, bem como a harmonia e as correspondências entre suas partes. Simbolizam o princípio de que "assim como é em cima é em baixo", da Tábua de Esmeralda.

Sua "Meteorológica Cósmica" contém uma estampa simbólica que combina a filosofia da Cabala judaica e conceitos cristãos. Ela consiste em cinco esferas dispostas numa linha vertical, com a menor em cima, seguida das demais na ordem crescente dos tamanhos. Por sugestão, cada esfera contém as outras. A primeira esfera tem a letra hebraica Yod e uma coroa. A coroa refere-se ao mais alto sephira da Cabala, Kether, ou a Coroa. A segunda, ligeiramente maior, tem a letra He; a terceira, Vau; a quarta consiste num círculo de luz rodeado de nuvens, contendo a letra He; e a quinta e última esfera representa a Terra central e a água que a circunda. (Vide Figura 2.)

As esferas têm citações bíblicas ao lado, aqui traduzidas do latim de Robert Fludd. A primeira citação, no alto, é: "Deus habita o céu de antigos céus". A segunda é: "Deus faz a luz maravilhosamente, das montanhas eternas".

Ao lado da segunda esfera, lêem-se as seguintes palavras: "Não está

Deus no alto do céu? E vede a altura das estrelas, como são elevadas!" "Aquele que se cobre de luz como uma veste".

As duas citações ao lado da terceira esfera são: "Deus colocou seu

tabernáculo no Sol", e "O Sol, iluminando o universo, prossegue no circuito do espírito".

E, ao lado da quarta esfera: "Deus faz das nuvens sua carruagem", e "As

espessas nuvens são o esconderijo de Deus, para que Ele não nos veja e siga vagando pelos caminhos do céu".

Finalmente, ao lado da última esfera: "O espírito de Jeová preencheu o

globo terrestre", e "Vosso corpo é o Templo do Espírito Santo que em vós reside, e que recebestes de Deus".

As citações do lado direito da estampa são: "Deus está por toda parte no

céu, nas regiões infernais, nos mais longínquos mares, na noite e nas trevas", e

"Sabei então, e considerai isto em vossa alma, que Jeová Deus vive no céu superno

e na terra infernal, e não há nenhum outro".

E as do lado esquerdo: "A Ti, Senhor, pertencem a magnificência, o

poder, a glória, a imortalidade, e a majestade; pois, tudo o que existe no céu e na terra é Teu; Teu é o reino, ó Senhor, e És exaltado como Aquele que está acima de tudo".

Uma outra estampa simbólica de Fludd representa a esfera de luz no alto, contendo a letra Yod e uma mão que sai da esfera e sustenta uma balança. A parte que a mão segura é rotulada com Vau. O travessão que sustenta os dois pratos é o eixo do mundo ou axis mundanus. O prato mais alto é o céu empíreo, leve e ígneo. Trata-se do He superior, e sua ligação com o travessão tem inscrito um He claro e a palavra aquilo, Norte. O prato inferior é o céu elementar, pesado, a Terra. Sua ligação com o travessão é o He inferior, meridies ou Sul, com a inscrição de um He

preto. Abaixo do travessão, paralelamente ao mesmo e entre os dois pratos, lêem-se as palavras: "Caelum Aethereum" ou Céu Etéreo, peso médio. (Vide Figura 3.)

Temos portanto o superior e o inferior, ou o "em Cima" e o "em Baixo", e as quatro letras do nome de Deus, associadas aos quatro reinos: Yod, à Luz do Reino Divino; o He superior, ao céu empíreo; Vau, ao céu etéreo; e o He final ao reino terrenal.

Fludd associa o corpo humano aos reinos empíreo, etéreo, e elementar. A cabeça, naturalmente, corresponde ao reino mais elevado ou empíreo. As três seções do crânio são associadas a mens, mente, no topo; intellectus ou intelecto, a seguir; e, finalmente, ratio, ou razão. Estas seções correspondem, também, à esfera de Deus ou da Luz incriada, e à esfera do espírito ou do empíreo. O tórax corresponde à esfera etérea, enquanto o abdômen corresponde ao reino elementar, que é dividido em níveis correspondentes a fogo, ar, terra e água, e aos quatro humores da medicina antiga.

ROBERT FLUDD, E MICHAEL MAIER

"Deus habita o céu "Deus faz a luz das montanhas eternas."

de antigos céus.” maravilhosamente.

"Não está Deus no altura das estrelas, "Aquele que

se cobre veste."

alto do céu? E vede a como são elevadas!”

de luz como uma

"Deus colocou seu "O Sol, iluminando no circuito do espírito."

tabernáculo do Sol.” O universo, prossegue

"Deus faz das nuvens "As espessas nuvens são

Deus, para que Ele não vagando pelos caminhos

sua carruagem.” o esconderijos de

nos veja e siga do céu.”

"O espírito de Jeová terrestre." "Vosso corpo é o Templo

em vós reside, e que

preencheu o globo do Espírito Santo que recebeste de Deus.”

CAPÍTULO XVII: MICHAEL MAIER E O SIMBOLISMO

No documento AMORC_-_Introdução_à_Simbologia (páginas 181-191)