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II. Revisão de Literatura

2.7. Exercício físico e o bem-estar metal

A aceitação do exercício físico regular tem aumentado, tal como os seus efeitos benéficos tem adquirido mais importância (Martins F. R. & Santos J. R., 2004). Com mudanças referentes aos hábitos e valores em relação a saúde, independentemente da idade, as pessoas descobrem que envelhecer com qualidade de vida é o caminho para a longevidade (Oliveira L. L., 2005).

Ao deparar-se com alguma tarefa a nível físico o corpo humano responde através de uma série de modificações integradas, que envolvem a maioria, se não todos, os sistemas fisiológicos (Väänänen I., 2004 citando U.S. Department of Health And Human Services, 1996), dai serem vários os benefícios positivos da prática de exercício físico. Como por exemplo a melhora da capacidade cardiovascular, redução dos factores de risco da doença da artéria coronária, diminuição da morbilidade e mortalidade, diminuição da ansiedade e depressão, melhora da condição física e independência de pessoas mais velhas, melhora de sentimentos de bem-estar, melhora da performance no trabalho, tal como em actividades físicas, entre outros (ACSM, 2006).

A realidade é que, embora muitas pessoas concordem com o facto de o exercício físico trazer benefícios a nível de prevenção e tratamento de problemas de saúde, a maioria das pessoas no mundo desenvolvido continua a não praticar actividade física ou exercício, sendo este o motivo para milhares de mortes nos U.S.A. (McKay H. A. et al,

Revisão de Literatura 2003). As razões pelas quais os indivíduos se dedicavam a pratica de actividade física mudou do colectivo para o individual, tendo como objectivo melhorar ou manter a sua própria saúde e bem-estar (Lindwall, 2004). Todos os dias encontramos, um pouco por todo o lado, a mensagem: “o exercício físico é bom para si”, sendo divulgada pelos

mass- média e utilizada por marcas associadas ao desporto e actividade física.

A actividade física deve ser reconhecida, não só pelas pessoas, mas também pelo governo como algo essencial ao bem-estar humano, sendo necessário um aumento da criação de programas e do investimento económico na mesma (Booth F.W., Gordon S.E., Carlson C.J., et al, 2000).

Segundo Scully, Kremer J. et al (1998), a relação entre o exercício físico e o bem-estar metal tem suscitado a investigação e estudos. O exercício físico é visto assim, como uma forma de prevenção e possível forma de tratamento para varias doenças tanto a nível mental como físico. Apesar disso, ao nível de prescrição física encontramos poucas recomendações publicadas, não existindo uma indicação concreta do tipo, intensidade ou frequência do exercício (Dimeo F., Bauer M., Varahram I., Proest G., Halter U., 2001).

McAuley (1994) identifica uma correlação positiva entre o exercício físico e a auto-estima, auto-eficacia, bem-estar psicológico e funcionamento cognitivo, e uma correlação negativa entre o exercício e a ansiedade, stress e depressão (International Society of Sport Psycology, 1992).

Segundo Martinsen (1990), os indivíduos que sofrem de depressão tendem a ser sedentários e a sua capacidade de trabalho é reduzida. Estas características dificultam a utilização da actividade física no tratamento da mesma. Embora seja apreciado, a utilização de exercício físico, pelos pacientes que já o pratiquem como forma de terapia ( Martinsen, 1990).

Quanto aos casos de ansiedade, é possível afirmar que existe uma relação entre o exercício e a redução da ansiedade. A explicação das varáveis que medeiam esta relação é problematica (Scully, Kremer J. et al, 1998). Tal como no caso da depressão não existe consenso quanto a intensidade e duração do exercício físico.

O stress é sem duvida muito mais vulgar nos dias que hoje correm. A vida das pessoas engloba cada vez mais elementos e factores que pesam em todas as decisões que são tomadas diariamente. A melhora da condição física facilita a forma de lidar com o stress, mas o seu papel tem um carácter preventivo mais que correctivo (Scully, Kremer J. et al, 1998).

Revisão de Literatura Segundo Folkins CH. (1976), existe uma melhoria no estado de humor em pessoas saudáveis após a participação em programas de actividade física, mas é necessário ter cuidado ao aplicar este achado a pessoas com desordens afectivas. Não havendo variações nos resultados quer devido ao género, idade, estado de saúde (North et al, 1990). Mas quanto a participação em actividades não competitivas, como aerobica, e outras com o objectivo de manter a forma, existe uma maior probabilidade da participação de mulheres (Tomlinson A.,1995) que pode servir para reforçar o culto de magreza e do feminino (Scully DM, Clarke J., 1997).

Segundo McAuley (1994) existe uma relação positiva entre o exercício e a auto-estima, principalmente para aqueles que possuem uma baixa auto-auto-estima, isto independentemente do tipo de actividade física (Sonstroem, 1984).

Segundo Sonstroem (1994) as mulheres tem tendência, mesmo as que praticam exercício físico, embora tenham avaliações positivas da sua condição física, têm avaliações negativas dos seus corpos.

O exercício pode ser associado com descontentamento com o físico, perturbações alimentares e controle de peso. Praticas alimentares desordenadas e o caminho para a magreza são muitas vezes acompanhadas por consequências psicopatologicas observáveis em sintomas depressivos com o baixa energia e franca auto-estima (Willcox M. & Sattler DN., 1996). Dai ser necessário ter cuidado ao recomendar exercício físico, que eventualmente possa levar a estas desordens.

Como já foi referido anteriormente o exercício físico proporciona uma melhoria a nível da saúde, mas possui também um potencial para tornar-se uma obsessão danificadora com consequências negativas, desde problemas psicológicos a problemas a nível relacional entre outros (Bamber D., Cockerill I. M., Rodgers S., Carroll D. 2000). Já foram realizadas analogias entre características dos indivíduos com dependência de jogo e estupefacientes e indivíduos com dependência pelo exercício físico. Davis et al (1995), encontrou uma relação significante entre dependência pelo exercício, preocupações com o peso e traços de uma personalidade obsessiva – compulsiva em mulheres com perturbações alimentares. Muitas vezes são confundidos os indivíduos dedicados ou aplicados a actividade física e os dependentes da mesma (Bamber D., Cockerill I. M., Rodgers S., Carroll D. 2000). Quer o mecanismo da suposta dependência do exercício físico é baseado em factores psicológicos; como tipo de

Revisão de Literatura personalidade, ou mecanismos fisiológicos, como dependência pela endormofina, ou uma interligação entre as duas esta ainda por ser estabelecida.

Segundo Morgan e tal (1996) existe uma grande possibilidade que o término da actividade física possa resultar num estado disfórico, como por exemplo ansiedade crescente, depressão, nervosismo e até culpa.

É importante a utilização de estratégias cognitivo-comportamentais, de educação e modificação comportamental, tendo como objectivo o aumento da prática do exercício físico regular e intenso (Dishman & Sallis, 1994).

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