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Exercício físico e as adaptações musculoesqueléticas e funcionais

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DE LITERATURA

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.3 EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA IDOSOS

2.3.1 Exercício físico e as adaptações musculoesqueléticas e funcionais

Uma das maneiras primordiais de prevenir, reduzir e/ou reverter a prevalência as alterações físicas e fisiológicas, bem como as doenças crônicas que, constantemente acompanham o idoso, é a prática regular de exercícios físicos, comprovando que ela está permanentemente relacionada a melhora significativa nas condições de saúde (CHODZKO-ZAJKO et al., 2009; CIPRIANI et al., 2010; RODRIGUES et al., 2017). De acordo com a Organização Mundial de Saúde a inatividade física foi considerada o quarto fator de risco de mortalidade global, sendo responsável por 6% das mortes ao redor do mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010). Deste modo, a prática regular de exercícios físicos mostra-se como uma importante ferramenta para a promoção da saúde ao longo da vida, influenciando de maneira positiva o processo de envelhecimento e proporcionando uma

melhor percepção da qualidade de vida que contempla aspectos multifatoriais das facetas físicas, psicológicas, sociais e ambientais (SONATI et al., 2014).

Estudos têm indicado recomendações globais para a prática de exercícios físicos para benefícios à saúde de idosos aparentemente saudáveis, com o intuito de melhorar a capacidade cardiorrespiratória e muscular, bem como reduzir o numero de doenças crônicas não transmissíveis, depressão, declínio cognitivo, entre outros. Estas recomendações indicam que os idosos precisam realizar pelo menos 150 minutos de atividades aeróbias de moderada intensidade por semana ou 75 minutos de atividades de vigorosa intensidade por semana (CHODZKO-ZAJKO et al., 2009; GARBER et al., 2011; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010, 2011b). De maneira conjunta, estudos tem recomendações de exercícios físicos para idosos frágeis e pré-frágeis com intensidade leve a moderada, incluindo fortalecimento muscular, caminhada e exercícios que simulem atividades diárias, com frequência semanal de duas a três vezes, e duração de 45 a 60 minutos por sessão (BRAY et al., 2016;

FORSTER; LAMBLEY; YOUNG, 2010; GARBER et al., 2011; WEENING-DIJKSTERHUIS et al., 2011).

Considerando estas informações, diferentes modalidades de exercícios físicos têm sido propostas para a população de idosos, saudáveis, independentes que vivem na comunidade. A literatura científica revela que diversos estudos estão preocupados em evidenciar os benefícios de diferentes práticas de exercícios físicos em idosos em relação a prevenção de riscos de quedas, manutenção da independência funcional e mobilidade (BORGES; MOREIRA, 2009;

CHODZKO-ZAJKO et al., 2009; CIPRIANI et al., 2010; MOREIRA; TEIXEIRA; NOVAES, 2014). De maneira conjunta, são registrados os benefícios dos exercícios físicos sobre a melhora na densidade óssea e no estado funcional como um todo, além de melhorar o equilíbrio e a força muscular, reduzindo assim a incapacidade funcional, podendo desta forma atenuar ou reconfigurar a fragilidade no idoso (JERÔNIMO; SOUZA; RAMOS, 2011).

Ainda, destaca-se a capacidade de adaptação do sistema musculoesquelético do idoso em relação ao treinamento de força (COFFEY, 2005; HÄKKINEN et al., 2001; HAWLEY et al., 2014; HORTOBÁGYI et al., 2001; LN et al., 2009; VI et al., 2005; WANG, 2011), treinamento multicomponente (COFFEY, 2005; HAWLEY et al., 2014; MARQUES et al., 2009; SHUMWAY-COOK et al., 2007; WANG, 2011); exercícios aquáticos (BENTO et al., 2015) e realidade virtual (HOWES et al., 2018; MOLINA et al., 2014; RODRIGUES et al., 2014; SINGH et al., 2013).

Estudos também têm demonstrado os efeitos positivos dos exercícios de potência muscular em idosos da comunidade, evidenciando o aumento da força muscular com melhora

relevante da funcionalidade e capacidade funcional, avaliada por meio de testes físicos e escalas funcionais que envolvem as valências físicas, como a potência e força muscular, e as AVDs, como os cuidados com higiene pessoal e locomoção independente do idoso (LOPES et al., 2016; ORR et al., 2006).

Além disso, diversos estudos apontam para efeitos positivos em relação as adaptações musculoesqueléticas em diversas modalidades de exercícios físicos para idosos pré-frágeis e frágeis. O treinamento de força tem se mostrado eficaz na melhora da força muscular (BINDER et al., 2005; CADORE et al., 2014) e composição corporal de idosos frágeis (BINDER et al., 2005). Programas de exercícios de moderada intensidade baseados no equilíbrio e força muscular foram efetivos para a melhora da funcionalidade e redução do risco de quedas em idosos pré-frágeis (FABER et al., 2006) e frágeis (GINÉ-GARRIGA et al., 2010; GINE; UNNITHAN, 2013). Exercícios de equilíbrio e condicionamento baseados em AVDs tem se mostrado eficazes para a melhora física em idosos frágeis (GILL et al., 2003). Evidências apontam os exercícios multicomponentes para a melhora da função física em idosos frágeis (CADORE et al., 2013; FAIRHALL et al., 2014; FERREIRA et al., 2018;

MATSUDA; SHUMWAY-COOK; CIOL, 2010). Vale enfatizar que os exercícios multicomponentes, compostos por potência e fortalecimento muscular, equilíbrio, marcha, flexibilidade e exercícios aeróbios, tem sido indicados para a melhora da função física (ex.

força, velocidade da marcha e capacidade física) em idosos frágeis e pré frágeis (JADCZAK et al., 2018; RODRIGUES et al., 2017). Contudo, ainda não existe um consenso sobre o melhor exercício a ser escolhido para esta população. Apesar da variedade de programas de exercícios existentes e os benefícios advindos da prática regular de exercícios físicos, seus efeitos ainda não estão totalmente esclarecidos (BEAUCHET et al., 2011; JADCZAK et al., 2018; RODRIGUES et al., 2017; STUDENSKI et al., 2010).

De maneira conjunta, existem informações importantes a serem destacadas. A fragilidade não é uma contraindicação para a prática de exercícios físicos, muito pelo contrário, os idosos que apresentam tal condição devem ser incentivados a participar de atividades que envolvam componentes físicos (RODRIGUES et al., 2017). Além disso, tem sido enfatizado que os programas de exercício físico, independente da modalidade escolhida, apresentam maior potencial na melhora da função física e funcional de idosos pré-frágeis quando comparados a idosos frágeis (FABER et al., 2006; GILL et al., 2003). Deste modo, torna-se evidente a necessidade da implementação de programas em condições de pré fragilidade, devolvendo ao idoso às condições mais próximas do envelhecimento normal, evitando a evolução da fragilidade (FRIED et al., 2004).

Sendo assim, a prática regular de exercícios fisicos apresenta-se como um dos componentes mais importantes para a adoção de um estilo de vida saudável e melhor qualidade de vida (CHODZKO-ZAJKO et al., 2009; SINGH, 2004), prevenindo condições de fragilidade do idoso (FABER et al., 2006; FRIED et al., 2004). No entanto, ao revisar a literatura pode se observar que poucos estudos avaliaram a efetividade de programas de exercícios físicos especialmente planejados para idosos pré-frágeis e que consideraram os aspectos mentais e cognitivos dos idosos. Neste contexto, este tema será descrito no próximo tópico.

No documento 6 Sem nenhum esforço 7 (páginas 34-37)

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