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Existência de um espaço criado intencionalmente para a exploração da

Capítulo V – Metodologia

1. Formação sobre a abordagem à escrita

2.6. Existência de um espaço criado intencionalmente para a exploração da

De acordo com o Ministério da Educação (1997, p. 37), «os espaços de educação pré-escolar podem ser diversos, mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como estão dispostos condicionam, em grande medida, o que as crianças podem fazer e aprender».

Neste sentido, 11 das educadoras (39,3%) afirmam que na sua sala existe um espaço que foi criado intencionalmente para a exploração da linguagem escrita, enquanto que 17 inquiridas (60,7%) referem que nas suas salas não existe um espaço

151 que tenha sido criado intencionalmente para a exploração da linguagem escrita, como o Gráfico 5 no-lo mostra.

Gráfico 5

Existência de um espaço para a exploração da linguagem escrita

N = 28

2.6.1. Justificação para a criação desse espaço

Para as 11 educadoras que referem ter criado intencionalmente, na sua sala de actividades, um espaço para a exploração da linguagem escrita, a justificação apresentada para a criação do mesmo, é variável, como podemos verificar pela análise do Quadro 13.

Assim, «o espaço da biblioteca para contacto com o livro e aquisição do prazer da escrita e da leitura» (27,27%), o «interesse do grupo pela exploração da linguagem escrita» (18,18%) e «o contacto com diferentes suportes de escrita» (18,18%), são as justificações de frequências mais elevadas.

11 17

Sim Não

152

Quadro 13

Justificação da criação do espaço da linguagem escrita

Traços caracterizadores Frequência %

Interesse do grupo pela exploração da linguagem escrita. 2 18,18%

Valorização da escrita espontânea da criança. 1 9,09%

Contacto com diferentes suportes de escrita. 2 18,18%

O espaço da biblioteca para contacto com o livro e aquisição do prazer da escrita e da leitura.

3 27,27%

O espaço do consultório médico onde as crianças escreviam receitas. 1 9,09%

Conferir ênfase à linguagem escrita. 1 9,09%

O espaço do computador que é propício à exploração da linguagem escrita.

1 9,09%

Total 11 100,00

N = 14

Tendo presentes estas respostas, justifica-se afirmar que a nossa concepção de espaço criado intencionalmente para a exploração da linguagem escrita, se refere a um espaço apropriado em que a criança, na sala de actividades, tenha

«a oportunidade de “imitar” a escrita e a leitura da vida corrente [e que] pode fazer parte do material de faz de conta, onde as crianças poderão dispor de folhas, cadernos, agendas ou blocos, de uma lista telefónica, de revistas ou jornais» (Ministério da Educação, 1997, p. 69).

Neste sentido, questionamo-nos sobre a intencionalidade educativa da criação do espaço da biblioteca, uma vez que, tal como referem as educadoras, este foi criado para o contacto com o livro e aquisição do prazer da escrita e da leitura. Apesar de o considerarem como propício à aquisição do prazer da escrita, pela nossa experiência enquanto supervisora da prática pedagógica da formação inicial de educadores de infância e pela possibilidade que temos, nesse âmbito, de contactar com diferentes contextos educativos, nunca tivemos oportunidade de verificar a existência de material de produção de escrita no espaço da biblioteca, não menosprezando, contudo, o manuseamento do livro como forma de contacto com a linguagem escrita.

153 Assim, uma questão se nos coloca: será que as educadoras consideram a diferença existente entre a produção de escrita (escrita livre) e a leitura (de imagens e/ou textos) por parte das crianças de idade pré-escolar?

Continuando, o «interesse do grupo pela exploração da linguagem escrita» é também outra das justificações apresentadas pelas educadoras (18,18%). A investigadora Riley (2004, p. 49) reforça esta ideia quando explica que «o estimulante ambiente do jardim de infância (…) proporciona uma série de oportunidades para o adulto modelar o uso da linguagem escrita à medida que ela surge, de forma natural» e acrescenta ainda que «todas as salas de actividades deviam conter um espaço especialmente destinado ao ensino da literacia».

A razão apresentada por uma educadora, ao afirmar que o «espaço do computador é propício à exploração da linguagem escrita» (9,09%), leva-nos a reflectir sobre se este espaço terá sido criado intencionalmente para a exploração da linguagem escrita ou se, tal como a própria sugere, a utilização do computador propicia a exploração da linguagem escrita por parte das crianças.

Uma das educadoras fundamenta a criação do espaço para a exploração da linguagem escrita, na sua sala, com a intencionalidade de «conferir ênfase à linguagem escrita» (9,09%). Outra, por seu lado, refere que no espaço do consultório médico as crianças exploravam a linguagem escrita ao “passar” receitas.

Esta forma de exploração da linguagem escrita é, aliás, salientada por Estevens (2002, p. 228), quando a autora afirma que o educador, na sua prática pedagógica, «deve valorizar o lúdico e todas as outras formas de expressão, se encararmos a alfabetização como um acto criativo e construtivo, intimamente ligado à leitura do mundo pela qual a criança se apropria através da expressão e representação».

154

2.6.2. Materiais existentes no espaço

No que aos materiais existentes no espaço criado para a exploração da linguagem escrita diz respeito, através da análise do Quadro 14, verificamos que os que surgem com mais frequência são os de produção de escrita (25%), tais como «canetas, lápis de cor, lápis de vários tipos, marcadores e tintas». O material de suporte da escrita surge, a seguir, como o elemento mais presente neste espaço, a saber: «folhas de vários tipos, blocos de folhas e agendas» (19,44% das referências).

Quadro 14

Materiais existentes no espaço

Traços caracterizadores Frequência %

Cadernos individuais. 1 2,78

Canetas, lápis de cor, lápis de vários tipos, marcadores, tintas.

9 25,00

Cartões com o nome das crianças. 1 2,78

Folhas de vários tipos, blocos de folhas, agendas. 7 19,44

Jornais e revistas. 5 13,89

Réguas, agrafador, colas, tesouras, borrachas. 4 11,11

Livros. 5 13,89

Ficheiros de imagens e palavras. 2 5,56

Tecidos, cartão, material reciclado. 1 2,78

Computador. 1 2,78

Total 36 100,00

N = 11

A leitura destes dados sugere-nos que as educadoras, através do recurso a este material, permitem que as crianças explorem a escrita livremente. Então, porque será esta actividade menos valorizada, em termos de registos expostos, como se verifica pela análise do Quadro 12, se tivermos em conta que Riley (2004, p. 49) salienta que no espaço destinado à literacia se deve criar «uma área de escrita (…) com todos os tipos de instrumentos e de materiais para escrever e rabiscar, canetas, lápis, papéis, envelopes, cartões e livrinhos em branco já prontos, onde as crianças possam escrever»?

155 Outros materiais são igualmente apresentados pelas educadoras como fazendo parte do espaço criado intencionalmente para a exploração da escrita: «cadernos individuais» (2,78%), «cartões com o nome das crianças» (2,78%), «jornais e revistas» (13,89%), «réguas, agrafador, colas, tesouras e borrachas» (11,11%), «livros» (13,89%), «ficheiros de imagens e de palavras» (5,56%), «tecidos, cartão e material reciclado» (12,78%) e o «computador» (2,78%).

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