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Existe associação significativa entre a fadiga e a qualidade de sono dos

participantes.

4.5 – POPULAÇÃO E AMOSTRA

Para FORTIN (1999, p. 202), “uma população é uma coleção de elementos ou sujeitos que partilham características comuns, definidas por um conjunto de critérios”. Ainda para a mesma autora, “a amostra é um subconjunto de uma população ou de um grupo de sujeitos que fazem parte de uma mesma população. (…) deve ser representativa da população visada, isto é, as características da população devem estar presentes na amostra selecionada.”

Assim torna-se importante delimitar uma população, selecionar uma amostra e definir quais os sujeitos a estudar.

Deste modo, para a realização deste estudo, tivemos necessidade de definir alguns critérios de inclusão, de forma a selecionar os indivíduos alvos da nossa pesquisa.

Os critérios de inclusão estabelecidos foram:

 Apenas os utentes internados nos serviços de Medicina e Unidade de Convalescença do Hospital de Seia;

 Utentes com capacidade de resposta verbal ou escrita;

 Utentes que realizaram programa de reabilitação.

Excluímos portanto deste estudo, todos os utentes que tivessem as suas capacidades cognitivas afetadas.

O método de amostragem por nós utilizado, é do tipo não probabilístico, intencional por conveniência.

A amostragem não probabilística é uma forma de seleção segundo a qual cada elemento da população não tem uma probabilidade igual de ser escolhido para formar a amostra. Tem o inconveniente de ser menos representativo da população alvo, do que a amostra probabilística, tendo como vantagens a conveniência e a economia (FORTIN, 2009).

Assim, de acordo com LOBIONDO-WOOD e HABER (2001, p.143), a amostragem de conveniência “é o uso das pessoas ou objetos mais prontamente acessíveis como sujeitos de pesquisa num estudo”, razão pela qual escolhemos este tipo de amostragem.

Concretizando, a amostra deste estudo é constituída por 60 utentes internados no serviço de Medicina e Unidade de Convalescença da U.L.S da Guarda-Hospital de Seia.

A maioria dos utentes são do sexo masculino, casados, na faixa etária acima dos 75 anos, com idade média a variar entre um mínimo de 49 anos e um máximo de 94 anos, a viverem com a família em meio rural e a maioria não sabem ler nem escrever.

4.6 – INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS

Um estudo implica um levantamento de dados junto das pessoas a serem estudadas. Estes dados podem ser colhidos de diversas formas, dependendo da natureza do estudo e das características da amostra.

Segundo FORTIN (2009, p.240), “os dados podem ser colhidos de diversas formas junto dos sujeitos. Cabe ao investigador determinar o tipo de instrumento de colheita de medida que melhor convém ao objetivo do estudo, às questões de investigação colocadas ou às hipóteses formuladas.”

Neste sentido, para a realização do presente trabalho, tornou-se imprescindível a elaboração do instrumento de colheita de dados. Este pode definir-se como técnica que o investigador utiliza para obter a informação necessária, válida, para realizar um trabalho de investigação.

Assim, perante o universo de instrumentos de medida, utilizámos como instrumento de colheita de dados um formulário que, para CERVO & BERVIAN (1983, p.160), “é uma lista informal, catalogo ou inventário destinado à coleta de dados resultantes quer da observação quer da interrogação, cujo preenchimento é feito pelo próprio investigador”. Os mesmos autores referem algumas vantagens deste método, nomeadamente, a assistência direta do investigador para o esclarecimento de perguntas mais complexas, a observação do nível de conhecimento e cooperação do entrevistado, a garantia da uniformidade na interpretação dos dados e dos critérios pelos quais são fornecidos e aplicabilidade a pessoas iletrada, ou com baixa escolaridade.

A escolha do formulário como método de colheita de dados deveu-se ao fato de estarmos perante uma população maioritariamente idosa, com graus académicos previsivelmente baixos. De referir de que todos os participantes foram informados da confidencialidade e anonimato das respostas dadas e do respeito de todos os princípios éticos na sua aplicação.

Deste modo, o formulário (cf. ANEXO I) é constituído por duas secções: a primeira é composta por um conjunto de perguntas elaboradas para o efeito pelo investigador. A segunda é constituída por escalas edificadas por outros investigadores e já traduzidas e testadas na população portuguesa.

Globalmente, o instrumento de colheita de dados inclui questões de caracterização sociodemográfica, clínica, de perceção dos utentes sobre o seu sono, escala de fadiga crónica e ainda, o índice de qualidade do sono de Pittsburg. O quadro resumo que a seguir se apresenta explica a estrutura do nosso formulário.

Quadro 4 – Resumo estrutural do formulário

DOMÍNIOS EM ESTUDO GRUPO QUESTÕES

Caracterização Sociodemográfica I 1 a 6

Caracterização Clínica II 1 a 4

Perceção dos utentes sobre o seu sono III 1 a 7

Escala de Fadiga Crónica IV 1 a 10

Índice de Qualidade do Sono de Pittsburg V 1 a 11

I – Caracterização Sociodemográfica:

Com este grupo pretendemos adquirir dados de carácter pessoal, como: a idade, o sexo, a residência, o estado civil, o agregado familiar e as habilitações literárias. São seis questões, sendo a primeira do tipo aberta e as restantes do tipo fechado.

II – Caracterização Clínica:

Nesta secção foi nosso interesse caracterizar os elementos amostrais, relativamente a patologias e ao programa de reabilitação abordando questões como “Atualmente sofre de alguma doença?”, “Em que altura do dia realiza programa de reabilitação?”, “Sente-se apto diariamente para realizar o seu programa de reabilitação?” e, por fim, “Qual o tempo despendido no seu programa de reabilitação?” Este grupo é constituído por 4 perguntas, do tipo fechadas.

III – Perceção dos utentes sobre o seu sono:

A formulação deste grupo visa identificar a perceção dos utentes sobre algumas

determinantes circunstanciais do seu sono. É constituído por sete perguntas, sendo cinco fechadas, uma aberta e uma mista.

IV – Escala de Fadiga Crónica:

Nesta seção utilizámos a Escala da Fadiga Crónica que foi construída tendo como pontos de referência as escalas desenvolvidas em 1981 por Verhaegen e colaboradores, artigos científicos e consultas a peritos na matéria.

A escala de fadiga crónica é constituída por 10 itens, elaboradas em escala tipo Likert, sendo os itens “a”, “c”, “e”, “g” e “i” cotados inversamente. Foi traduzida e adaptada para a população portuguesa por SILVA, AZEVEDO & DIAS (1995). As afirmações que compõem

esta escala, dizem respeito ao modo como o indivíduo geralmente se sente, quando o cansaço ou energia, independentemente de ter dormido ou ter estado a trabalhar muito, o afeta. Refere ainda que algumas pessoas parecem “sofrer” de cansaço permanente, mesmo nos dias de descanso e férias, enquanto outras parecem ter uma energia ilimitada.

Segundo os mesmos autores, trata-se de uma escala unifatorial e pelo somatório das cotações de todos os itens, obtém-se um valor total que “quanto maior for, maior será a fadiga crónica”.

Os pontos de corte utilizados neste estudo foram os propostos por SILVA, AZEVEDO & DIAS (1995) que permite classificar a perceção da fadiga crónica, conforme a quadro n.º 5:

Quadro 5- Classificação da perceção da fadiga crónica

Pontuação Total Classificação

10 – 20 Sem fadiga crónica

21 – 30 Fadiga ligeira

31 – 40 Fadiga moderada

>= 41 Fadiga acentuada

Fonte: SILVA, Carlos, F.; AZEVEDO, Maria, H.; DIAS, Mário R. – Estudo padronizado do trabalho por turnos. Versão Portuguesa do SSI. Psychologica nº 13, 1995, p. 27-36.

V – Índice de Qualidade do Sono de Pittsburg

Em 1989, Buysse e colaboradores construíram o questionário de qualidade do sono de Pittsburg no intuito de disporem de um instrumento que analisasse a qualidade do sono e que pudesse utilizar-se em ensaios clínicos. Imediatamente este instrumento foi amplamente utilizado e adotado em inúmeros trabalhos de investigação.

O questionário de qualidade do sono de Pittsburg tem por referência o mês anterior, constituído por 19 itens que analisam os diferentes fatores da qualidade de sono que se agrupam para formar sete componentes: qualidade subjetiva do sono, latência do sono, duração do sono, eficiência habitual do sono, alterações do sono, uso de medicação para dormir e disfunção diurna (DUARTE, 2007).

A cada um dos componentes é atribuída uma pontuação que oscila entre 0 a 3 pontos. Uma pontuação de 0 pontos indica que não existe dificuldade em dormir enquanto uma pontuação de 3 indica uma severa dificuldade (cf. Anexo II).

Os sete componentes somam-se para obter uma pontuação global, que oscila entre zero (0) (não existe dificuldade) e vinte e um (21), (dificuldades severas em todas as áreas estudadas). O autor da escala propõe um ponto de corte de 5. Para índices iguais ou superiores a cinco os sujeitos terão um sono com pouca qualidade.

Como instrumento autoadministrado, o questionário da qualidade de sono de Pittsburgh oferece uma medida “estandardizada” e quantitativa da qualidade de sono que rapidamente identifica quem tem ou não problemas de sono, mas não proporciona um diagnóstico, embora oriente para áreas de sono mais deteriorada.

4.7- PROCEDIMENTOS PARA A RECOLHA DE DADOS

Na realização de qualquer pesquisa é fundamental não só delinear uma população mas também desenvolver um conjunto de ações, no sentido de alcançar os objetivos inicialmente propostos para o estudo. Assim, todos os procedimentos devem ser efetuados segundo uma rigorosa conduta ética respeitando os princípios da beneficência, da justiça e de um respeito integral pela dignidade humana.

Para a realização do nosso trabalho foi imprescindível a formulação de um pedido de autorização, contendo informação geral sobre o objetivo principal e o tipo de estudo que pretendíamos desenvolver. Foi então dirigido ao Exº Senhor Presidente do Conselho de Administração da U.L.S da Guarda, E.P.E, de forma a procedermos á sua aplicação aos utentes do serviço de Medicina e Unidade de Convalescença do Hospital de Seia (cf. ANEXO III)

Depois de ser dada a autorização procedeu-se à fase de recolha de dados que foi realizada durante os meses de Outubro e Dezembro de 2011.

Pese embora a importância da autorização referida, não esquecemos em momento algum de pedir individualmente, a cada utente, o seu consentimento informado para colaborar na pesquisa. Entendemos este requisito não só como um preceito legal, mas sobretudo um direito moral de todas as pessoas.

Tivemos sempre presente a importância de uma conduta pautada por princípios éticos e comprometemo-nos a salvaguardar o anonimato e confidencialidade sobre os dados obtidos.

4.8 – TRATAMENTO DOS DADOS

Após a colheita de dados, efetuamos uma primeira análise a todos os instrumentos de colheita de dados no intuito de eliminarmos aqueles que porventura se encontrassem fora dos critérios de inclusão, o que não se veio a verificar.

Posteriormente procedemos à sua codificação e tabulação de modo a realizarmos o tratamento estatístico. Todo o tratamento estatístico se processou através do programa informático SPSS (Statistical Package for the Social Scienses - versão 20.0 para Windows).

Recorremos à estatística descritiva, no sentido de apresentar e descrever os dados obtidos e a estatística inferencial para nos permitir realizar testes de hipóteses e assim infirmá- las ou não.

Em relação à estatística descritiva determinámos:

 Frequências absolutas (n) e percentuais (%);

 Médias ( ̅ ;

 Desvio padrão (Dp)

 Coeficiente de variação (CV%).

Para o coeficiente de variação selecionámos os seguintes graus de dispersão:

 CV < 15% - dispersão fraca;

 15% < CV<30% - dispersão média;

 CV > 30% - dispersão elevada.

Apresentamos os valores de referência para as medidas de simetria (Skewness) e de achatamento (Kurtosis).

Assim, para p=0,05, uma distribuição é, segundo PESTANA & GAGEIRO (2005):

 Simétrica – quando (Skewness/ std error) < 1,96, a mediana pertence ao intervalo de confiança a 95% ou está perto de um dos limites desse intervalo;

 Assimétrica – quando (Skewness/ stderror) > 1,96, a mediana não pertence ao intervalo de confiança nem está perto de um dos extremos do intervalo.

De igual forma, uma distribuição pode ser:

 Mesocúrtica quando (kurtosis/ Std error) < 1,96;

 Platicúrtica quando (kurtosis/ Std error) < - 1,96;

 Leptocúrtica quando (kurtosis/ Std error) > 1,9

Na análise estatística utilizamos os seguintes valores de significância:

 P < 0.01 – diferença estatística bastante significativa;  P < 0.001 – diferença estatística altamente significativa;  P > 0.05 – diferença estatística não significativa.

No que respeita à estatística inferencial utilizamos os testes não paramétricos:

O teste de qui-quadrado (x2) compara frequências observadas;

O teste de Mann-Whitney (U de M-W), compara o centro de localização de duas amostras independentes, com o fim de detetar diferenças entre duas populações respetivas;

O teste de Kruskal-Wallis, usado para testar a hipótese de igualdade no que se refere à localização, ou seja, a existência de um parâmetro comum de localização.

A apresentação dos resultados é feita através de tabelas onde estão descritos os dados mais importantes.

A descrição e análise dos dados serão feitas obedecendo à ordem por que foi elaborado o nosso instrumento de colheita dados.

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