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2.1 Oligopticon-Maps

2.1.2 Expansão da Complexidade da Rede

Antes da composição dos OM, tentou-se realizar mapas de visualização das re- lações na rede. Posteriormente denominados de mapas de Expansão da Complexidade da Rede, após a leitura de Venturini et al (2015).

Tentou-se construir mapas que demonstrassem todas as conexões visualizáveis nos momentos estudados. Essa rede acabou se tornando imensamente complicada de ler e navegar. Avaliando as falhas e com as leituras de Venturini et al (2015), compreendeu-se que essa forma de demonstração da rede era complexa demais, mas se inseria na etapa de 37 O artigo perpassa três tipos de movimentos de caminhar entre complexidade para simplicidade, focou- -se no primeiro movimento. Os outros trazem opções de trabalhar narrativas e explorações com partici-

expansão da complexidade da rede, antes que uma simplificação e as lentes fossem apli- cadas. Elas entraram como uma etapa de expansão, após críticas e discussões de bancas e GEPETEC, como um mecanismo interno de avaliação para os pesquisadores. Não para explanação dos movimentos para os leitores.

Essas redes constam de várias relações mapeadas, não só das que trataram das controvérsias que envolvem a CdA como um todo. A intenção era expandir ao máximo a complexidade da rede, adicionando as controvérsias e relações travadas sem distinção.

Foi utilizada pelos pesquisadores (a autora e Lima (2016)) envolvidos para ten- tar mapear e visualizar quais eram as relações principais para os objetivos de análise de cada um.

Dividiu-se o mapeamento dos dados nos seguintes períodos temporais:

• Rede 1: de Maio a Julho de 2014: abarcando o primeiro contato e Festival de Inverno;

• Rede 2: Agosto a Setembro de 2014: abarcando as primeiras visitas técnicas às casas das artesãs;

• Rede 3: Outubro de 2014 a Março de 2015: abarcando as últimas visitas técni- cas e a oficina de materiais do primeiro projeto;

• Rede 4: Abril a Maio de 2015: abarcando a oficina de Criatividade em Artesa- nato, objeto da presente pesquisa;

• Rede 5: Maio a Junho de 2015: abarcando a oficina de Comunicação em vendas de artesanato, da dissertação de Lima (2016);

• Rede 6: Julho a Setembro de 2015: abarcando o encerramento e fechamento das incursões.

Após a divisão das redes, foram retrabalhados os conteúdos dos cadernos de campo, visitas técnicas e fotos e selecionados nós para serem inseridos em cada rede. Cada nó sendo um ator. Não houve restrição para atores, e não se considera as distâncias nem quantidades de conexões entre cada nó como símbolo de intensidade de agência. Esses mapas de expansão não são considerados sociogramas, sendo demonstrações da complexidade das relações presentes nos momentos indicados, sem a gama de significado que os sociogramas trabalham.

O interesse foi de demonstrar como atores surgem e somem conforme os momentos da rede e como nem sempre quantidade de conexões é sinônimo de intensidade de agência.

Para demonstrar intensidade cada nó tem uma dimensão que varia de 2 cm para 5 cm, com variantes de meio centímetro, tendo então as possibilidades de 2 cm; 2,5 cm; 3 cm; 3,5 cm; 4 cm; 4,5 cm e 5 cm.

As páginas das redes estão organizadas sequencialmente, para ser possível uma sobreposição das seis camadas (imprimiu-se as redes em papel vegetal, para que essa sobreposição pudesse ocorrer fisicamente, inclusive permitindo sobreposições de vários momentos da rede). Como a quantidade de nós chega a ser grande, também foi estipulada uma paleta de cores conforme o tamanho e número da rede, assim, conforme os nós so- mem ou aparecem e relações são travadas ou deixam de o ser, é possível visualizar mais facilmente.

Houve uma preocupação referente à acessibilidade de leitura com a paleta de co- res selecionada, foram escolhidas seis cores com base na paleta Color Universal Design (CUD) (Design de Cores Universal) desenvolvida por Okabe e Ito (2008). São cores que funcionam para três tipos de daltonismo diferentes.

Na Figura 2 podem ser visualizadas as cores, os nomes seguem os nomes origi- nais da paleta de Okabe e Ito (2008), e os círculos para demonstrar intensidade. Quanto maior o círculo, maior o nível de agência do nó naquele momento.

Figura 2. Paleta de cores utilizada na construção das redes da etapa Expansão da Complexidade, estão na ordem de utilização de cima para baixo (preto: rede 1, laranja: rede 2, etc.) e os círculos

indicando a diferença de tamanho dos nós e a intensidade de cores respectivas.

Após a seleção de quais nós apareceriam em cada rede, se listou e selecionou a dimensão de cada nó e que conexões possuía na rede em questão. A intenção foi tentar manter ao máximo os nós no mesmo lugar conforme aparecessem novamente, porém, devido à limitação de uma bidimensionalidade e tamanho, em algumas redes isso se torna impossível, devido à quantidade e tamanho de alguns nós.

Como essa dificuldade em listar as conexões e os nós era premente, foram esti- pulados números identificativos para cada nó. Os números não possuem outro significado além do de simples identificação. E novamente frisa-se que a posição, distanciamento entre nós também não implicam nada além de uma disposição para visualização.

Os nomes das artesãs e atores envolvidos não foram expostos e quando uma em- presa ou instituição é citada, não é ela como ator e sim como a visão dos atores sobre ela. A seguir, demonstra-se a compilação das redes realizadas (Figuras 3 a 8), mas não se aprofundará na descrição das mesmas, já que o foco de análise está no Capítulo 3 com a utilização dos OM e esses mapas são construídos para uso interno dos pesquisado- res. As redes em tamanho maior encontram-se no Apêndice E.

Figura 3. Rede 1 abarcando o primeiro período relacionado ao Festival de Inverno e suas movimentações.

Figura 4. Rede 2 abarcando o período de inserção, constando das entrevistas com as artesãs e coleta de dados, é desse momento que as informações sobre o histórico e pontos de vista são coletadas.

Fonte: Autora (2015).

Figura 5. Rede 3 abarcando o fim da inserção dos pesquisadores externos à pesquisa e o fim das entrevistas.

Figura 6. Rede 4 abarcando especificamente a Oficina sobre Criatividade em Artesanato, fruto dessa dissertação, de abril a maio de 2015.

Fonte: Autora (2015).

Figura 7. Rede 5 abarcando o momento da Oficina de Lima (2016), de maio a junho de 2015.

Figura 8. Rede 6 abarcando o período de pós-inserção dos pesquisadores na rede, o fechamento do campo.

Fonte: Autora (2015).

Esse momento de expansão demonstrado nas redes dessa etapa são complicados de ler e requerem um conhecimento prévio profundo do campo estudado. São elemen- tos demais e alguns envolvendo controvérsias passadas e muitas caixas-pretas. Torna-se complexa demais a exposição desses dados devido à sua grande quantidade e limitação de exposição impressa.

Foi necessário um processo de simplificação e foco nos objetivos de análise na rede, que constam da segunda e terceira etapas apresentadas na Figura 1. Simplificando os nós e concentrando as controvérsias relevantes para a análise, cria-se uma fluidez me- lhorada. A expansão da complexidade auxilia no que a própria ANT e a CC propõem de coletar o máximo de informações possível para tentar visualizar essa complexidade da rede. Criando mapas de visão oligóptica, com menos dados, mas com profundidade de qualidade.

2.1.3 Oligopticon-Maps

Os OM foram construídos após essas avaliações das falhas dos mapas de expan- são da complexidade, são as simplificações oligópticas desses primeiros mapas.

Organizou-se os OM no formato de Tomos (grupos de mapas), cada Tomo pode ser organizado em um Atlas representativo. E os mapas não podem ser utilizados ou de- monstrados sem uma descrição que os acompanha.

• Movimentos em Cristalização (MC): seguem a premissa apresentada anterior- mente, são os movimentos que ainda reverberam mas estão rumando para a estabilidade, essa reverberação é mantida vida pelas relações dos atores ativos naquele instante da rede;

• Estados Magmáticos (EM): são os movimentos de conflito instaurado, aberto; • Atratores38 (AT): os movimentos atratores são aqueles que possuem atores me-

diando relações, mas que não geram conflito. Esses movimentos podem, ou não, atrair intermediários ou gerar futuras controvérsias (apenas se sabe se um intermediário foi atraído quando a rede se fecha e a observação notou isso).

E são utilizadas telas para construção e mapeamento dos OM:

• O quê? – Do que se trata o mapa de controvérsias representado, qual o objetivo em retratar o momento específico, qual o título do momento.

• Quando? – A linha temporal que vai permear cada Tomo de mapas, para situar as mudanças de um mapa para outra e localizar temporalmente os movimentos.

• Quem? – Quem são os atores, humanos e não-humanos, envolvidos em cada momento da rede.

• Como? – Quais são as ações dos atores, se são actantes, intermediários, o nível de agência nessas relações, com quem estão relacionados. Essa lente é auxiliada pelos mapas anteriores da extensão da complexidade.

• Onde? – Onde acontecem os movimentos, situa os locais macro e os movimen- tos que acontecem advindos dessas mediações (MC, EM, AT).

A estrutura de construção dessas telas é descrita no wireframe estruturado na Figura 9.

38 Utiliza-se o termo atrator advindo da Física Matemática, “[...] in such systems, all initial states tend to

evolve towards a single final state, or perhaps a set of final states. These models contain what are known as attractors” (TAYLOR, 2005, p. 72), eles juntam conceitos da teoria do caos e da geometria fractal.

O comportamento de um atrator é possuir uma órbita que atrai um grupo de pontos (TAYLOR, 2005), os movimentos AT atraem intermediários que podem ou não gerar mediações ou controvérsias em outro momento da rede.

Figura 9. Wireframe da estrutura dos mapas, situando as telas mencionadas.

Fonte: Autora e Lima (2016).

A Figura 9 demonstra a estrutura dos mapas, organizando as telas intencionadas nos dois blocos de espaço, num formato A4 vertical.

2.1.3.1 Funcionamento das Telas – Especificações da construção dos Mapas

Para exemplificar o uso das telas e sua estruturação utiliza-se uma das redes construídas para essa pesquisa. A qual pode ser visualizada na Figura 10.

Figura 10. Exemplo de uma das redes executadas, para demonstração dos elementos que a compõem.

Fonte: Autora (2016).

A Figura 10 demonstra uma rede finalizada com todas as telas já configuradas. Cada tela possui suas especificações, como pode ser visto nas Figuras 11 a 14.

Figura 11. Demonstração do posicionamento e estrutura das telas ‘O quê’ e ‘Quando’.

Fonte: Autora (2016).

Na Figura 11 demonstra-se graficamente como ficam estruturadas as telas ‘O quê’ e ‘Quando’, elas ficam ao topo da estrutura do mapa, demonstrando o assunto e a linha temporal. Constam do título e podem variar conforme a especificação (cada título tendo a ver com o objetivo do mapa); e também da data (que pode variar conforme a necessidade de divisão em dias, meses, anos, etc.). Pretende-se criar uma sensação de percurso com a linha do tempo, então o espaço total da tela ‘Quando’ pode ser divido em seções, para ir sendo adicionado conforme o Tomo. Como pode ser visualizado na Figura 12.

Figura 12. Exemplo de uma continuação da tela ‘Quando’, se há a passagem de tempo e ela esteve presente em outras telas, elas aparecem indicadas pela linha pontilhada.

Fonte: Autora (2016).

No exemplo demonstrado na Figura 12, antes dessa rede 4, existem mais três redes antes dessa (as três divisões com linhas pontilhadas utilizadas). O que define a quantidade de seções é a quantidade de mapas existentes no Tomo em questão.

A terceira tela é a ‘Quem’, que pode ser visualizada na Figura 13.

Figura 13. Demonstração da tela ‘Quem’, logo abaixo das telas ‘O quê’ e ‘Quando’, listando os atores envolvidos e o pictograma referente.

A tela ‘Quem’, posicionada abaixo da ‘O quê’ e ‘Quando’ no wireframe, lista os atores envolvidos, separados entre humanos e não-humanos em duas colunas e com os respectivos pictogramas correspondentes.

Os não-humanos podem ser representados por variados pictogramas (a critério da pessoa que for compor os mapas, conforme a necessidade) utilizando apenas contornos e uma cor diferente se necessário (mas não obrigatório). Não se quis utilizar apenas um símbolo para demonstrar a pluralidade de atores não-humanos, permitir o espaço de voz destinado a eles de forma mais clara. E aproveitar a facilidade de identificação de cada um, por exemplo, ao utilizar um avental para representar a ação do mesmo.

Os atores humanos são sempre representados por um pictograma de humano (cabeça e tronco) com cores diferentes entre si para facilitar a diferenciação entre cada um, podem representar apenas um indivíduo ou grupos.

A cor de cada ator é mantida para que toda vez que ele aparecer no tomo corres- pondente se saiba que se refere ao mesmo. Essa tela funciona como uma legenda para as telas ‘Como’ e ‘Onde’, que utiliza apenas os símbolos dos atores.

Figura 14. Explicação da tela ‘Quem’, envolvendo os atores e os tipos de relação que podem ser travados, ou não travados no caso dos intermediários.

As telas ‘Como’ e ‘Onde’ aparecem abaixo da ‘Quem’. Na Figura 14, demons- tra-se um recorte de atores agindo na rede de exemplo. As linhas representam as relações, demonstram que um ator é mediador. A ausência de linhas representa que aquele ator é um intermediário que foi atraído pelas movimentações da rede.

Para não perder a possibilidade de demonstrar a intensidade de agência39 de cada

ator, se utilizou os anéis ao redor de cada mediador, que funcionam como um sonar. O máximo de anéis que se pode adicionar são três.

Figura 15. O nível de agência de cada ator é indicado pela quantidade de anéis que possui, mais anéis, maior a agência, menos anéis, menor a agência.

Fonte: Autora (2016).

Na Figura 15 são demonstrados os indicativos de agência, (representados nos mapas de expansão como o tamanho de cada nó) indicados pela quantidade de anéis pre- sente.

39 Se um ator tem mais agência que outro, significa que ele modifica mais a relação posta com outro ator. Eles deslocam mais ações, sugestionam, influenciam mais. “Por definição, ação é deslocada. Ação é emprestada, distribuída, sugerida, influenciada, dominada, traída, traduzida.” (LATOUR, 2005, p. 46, tra- dução nossa, grifo do autor). No original: “By definition, action is dislocated. Action is borrowed, distri-

Figura 16. Quanto à intensidade da relação, depende de onde a linha representando a toca, quanto mais perto do nó, mais intensa a relação, as de altíssima implicam em não se saber de qual ator

parte a ação, de tão intricada que é.

Fonte: Autora (2016).

Na Figura 16 representa-se a questão da intensidade de agência para cada ator, quanto mais externa a linha de relação toca, maior a intensidade que esse ator em questão recebe a ação. No caso dos atores com apenas dois anéis ou um anel, algumas das intensi- dades não se aplicam, por já serem intensas devido ao baixo nível de agência ou não haver um meio termo aplicável visualmente.

No caso das relações de nível altíssimo indicadas, ocorre quando um ator se rela- ciona tão fortemente com outro que com a ausência de um deles a ação não ocorre. As de nível altíssimo podem ocorrer com atores de qualquer nível, a representação é feita com os sonares se tocando até o limite de cada ator.40

Ao listar as relações de cada rede, deve-se levar em conta que é possível um ator ter uma relação de alto nível com outro, mas esse outro ter uma de nível médio com aquele, por exemplo. Como demonstrado na Figura 17.

40 É relevante lembrar que conforme já mencionado durante a construção do referencial teórico, que a própria palavra ator já implica que a ação não ocorre sozinha, como na metáfora do palco, um ator se relaciona com o palco, luzes, equipamentos, texto etc. Mas é possível visualizar as mudanças na rede que um ator causa em outros, e é referente à isso que pensa-se o nível de agência nessa pesquisa. Nas relações

Figura 17. Exemplo da possibilidade de relações diferentes entre dois atores envolvidos, um de alta intensidade e um de baixa.

Fonte: Autora (2016).

Na Figura 17, vê-se que o ator humano (amarelo) tem uma relação de alta inten- sidade com o não-humano (azul), porém, para o não-humano, essa relação entre os dois é de baixa intensidade. Quando o caso é esse, deve-se listar cada relação no momento de descrição. Quando não ocorre e a ação é simétrica, não há necessidade de adicionar a relação duas vezes.

Essa descrição é feita da seguinte forma:

• Listando a quantidade e especificando quais são as relações (quantas de nível alto, baixo, médio, etc.) com apoio do símbolo ‘→’:

o Essa lista ocorre indicando de onde parte a linha intencionada, exemplo: 1 relação de alta intensidade: Humano → Não-humano;

1 relação de baixa intensidade: Não-humano → Humano;

• listando os movimentos presentes na rede; • construindo um texto explicativo.

Figura 18. Existem três tipos de movimentos definidos, cada um com uma cor diferente, AT (amarelo), EM (vermelho) e MC (azul).

Fonte: Autora (2016).

Os movimentos já descritos anteriormente são retratados com três cores diferen- tes, como demonstrado na Figura 18: os MC são os movimentos identificados como um sonar azul; os EM, como vermelhos; e os AT, como amarelos. Não existem atores centrais nesses sonares, os movimentos surgem de mediações entre eles. E as reverberações são sentidas até onde o fim do sonar alcança. Os EM e MC tem títulos destinados a esclarecer o conflito ou movimento. Como pode ser visto no exemplo da Figura 19.

Figura 19. Exemplo dos sonares de movimentos posicionados, fruto das relações entre atores, e os títulos de MC e EM descritos.

Fonte: Autora (2016).

Os sonares se intercalarem, como pode ser visto na Figura 19 também significa interação, não fazendo diferença a posição de cada ator dentro do sonar, a ação dentro dos movimentos é simétrica em toda a extensão dos sonares.

Como um infográfico resultante do processo de construção dos mapas, apresen- ta-se a Figura 20.

Figura 20. Infográfico do processo de construção dos Oligopticon-Maps.

Com base na Figura 1 e nos processos de construção dos OM, tem-se uma re- estruturação para o método de construção dos OM visualizado na Figura 20. Inicia-se observando a complexidade, adentrando a caixa-preta do locus de pesquisa (em que se coleta os dados); estendendo a complexidade, observando ator por ator, controvérsia por controvérsia e construindo a construção dos mapas de extensão da complexidade; se- gue-se mapeando as coordenadas cartográficas e separando os dados pelas telas (O quê; Quando; Onde; Quem; Como); para então criar as narrativas visuais (os mapas) e textuais (as descrições), permitindo a navegabilidade pelas redes e divulgação os resultados.

Essa divulgação fica sujeita à análises e avaliação, e pode ocorrer um processo iterativo e contínuo de retrabalho conforme se julgue necessário (ou haja tempo para tal). Inclusive abrir para o público externo avaliar e analisar.

3 PESQUISA DE CAMPO – CASA DO ARTESÃO E MARIA DA FÉ

A pesquisa de campo dessa dissertação ocorreu entre julho de 2014 a setembro de 2015. A justificativa para o fechamento do campo reside em uma necessidade de haver um tempo hábil para a análise dos dados coletados e posterior construção dos mapas (tan- to os de expansão da complexidade quanto os OM).

Utiliza-se o termo artesãs quando se refere aos associados da CdA como um todo por conta de haver apenas 2 associados homens de 43 no total e de todas as entrevistadas e a grande maioria de associados ativos serem mulheres. Todas as artesãs entrevistadas e a maior parte das que frequentam as reuniões assinaram termos de cessão de imagem, áudio e nomes, mesmo assim, por escolha da autora, não são usados nenhum tipo de iden- tificação nominal voltado para as artesãs envolvidas.

A partir desse momento da pesquisa todos os elementos históricos sem refe- rência e opiniões sobre o andamento da loja, da associação e cidade (inclusive opiniões relacionadas ao funcionamento interno da CdA, comunicação informal e opiniões volta- das à prefeitura ou instituições de Maria da Fé) foram coletadas por meio das entrevistas, então são de responsabilidade dos atores entrevistados, e não emitem uma opinião dos pesquisadores ou autora dessa pesquisa. A análise perante essas opiniões e pontos de vista aparece em sessões específicas, para evitar confusão do leitor.

Utiliza-se o uso de primeira pessoa no momento de expressar a opinião direta da autora, a justificativa para isso reside em Latour (2005). Latour (2005) no momento de explicar o modo de descrever a rede utilizando a ANT afirma a necessidade de manter os relatos claros, transparentes, verdadeiros e sem desculpas de passar essa opinião por conta de restrições científicas (como, por exemplo, a rigidez de uma formatação ou uso da terceira pessoa no momento de escrever), ele indica que deveria-se explorar maneiras melhores de fazer o objeto resistir, falar com sua própria voz, ao invés de abafa-lo com

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