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Experiência das organizações da sociedade civil no credenciamento/seleção

4 A EXPERIÊNCIA DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL NO

4.3 Experiência das organizações da sociedade civil no credenciamento/seleção

Identificado na óptica dos vários agentes sociais envolvidos na implementação do PEQ/CE como aspecto importante e decisivo para aprimoramento desse Plano e para o seu reconhecimento nacional, o credenciamento/seleção de entidades executoras do PEQ/CE teve destaque na fala dos diversos sujeitos da pesquisa, mais especificamente nos depoimentos dos dirigentes das organizações da sociedade civil.

Tendo esse processo representado um portal de acesso através do qual as organizações da sociedade civil lograram a sua participação no Plano Estadual de Qualificação, procuramos investigar junto aos dirigentes dessas organizações o que representou para elas essa experiência, que contemplou momentos de tensões, e, por vezes, um clima de competição exacerbada entre as entidades participantes, uma vez que se tratava de um processo seletivo de caráter eliminatório, fundamentado na Lei de Licitação n° 3.666 e suas alterações.

Mesmo considerando o seu caráter eliminatório, o relato dos dirigentes das organizações da sociedade civil sobre as experiências por elas vivenciadas no credenciamento/seleção assinalou a sua positividade. Na percepção desses dirigentes, os principais aspectos que conferiram legitimidade a esse processo e que modelaram as experiências das organizações que dele participaram estão relacionados à democratização no acesso às informações, através dos editais divulgados nos meios de comunicação de massa; a transparência das ações da Secretaria do Trabalho e o rigor por ela adotado na condução desse processo; e a igualdade de condições na participação das entidades, como explicita um dos dirigentes:

[...] essa seleção do PEQ para as organizações comunitárias pequenas como a nossa, foi uma coisa de extrema importância e muito gratificante, primeiro porque nós concorremos com grandes entidades [...] também porque tivemos oportunidade de mostrar nosso potencial. (DIRIGENTE DA AACC).

Como integrante da equipe de apoio à gestão do PEQ/CE e da Comissão Intersetorial de Credenciamento e Seleção – CICS, tivemos oportunidade de acompanhar a participação dessas organizações na implementação do PEQ/CE, desde o credenciamento/seleção. Dessa forma, consideramos importante registrar a participação efetiva dessas organizações no decorrer das diversas etapas. Por ocasião da fase de habilitação jurídica fiscal e previdenciária, apesar de ser considerada facultativa a presença das entidades participantes nas sessões públicas realizadas para a conferência e validação da documentação

exigida, essas organizações compareciam a estas sessões assumindo uma função de acompanhamento e fiscalização dos procedimentos jurídicos adotados. Essa participação foi ressaltada por seus dirigentes como fato relevante:

[...] olha, nós achamos que essa seleção através de edital é uma coisa boa, porque não discrimina [...] a participação, a transparência de chamar o representante dos trabalhadores no momento da abertura dos envelopes, é uma coisa que nós sempre elogiamos, o que sempre deixou a desejar para nós, foram os recursos. (DIRIGENTE DO CAA).

Também nos foi possível acompanhar a evolução e o aprimoramento desse credenciamento e a credibilidade por ele obtida, tanto junto às instituições participantes quanto a órgãos do Estado, principalmente as secretarias setoriais representadas na Comissão Intersetorial de Credenciamento e Seleção – CICS e os setores das universidades, cujos professores prestavam assessoramento a esta Comissão, quando da análise técnica dos projetos de qualificação profissional apresentados pelas entidades.

Por meio desses projetos, elaborados de acordo com roteiro preestabelecido e divulgado no edital de credenciamento, as entidades participantes submetiam a aprovação do PEQ/CE os seus projetos de qualificação profissional, formulados com base nas demandas do seu público/população-alvo. Os projetos aprovados passavam a compor a programação anual desse Plano.

A participação das organizações no credenciamento, de acordo com depoimentos dos seus dirigentes, contribuiu para o fortalecimento institucional dessas organizações, habilitando-as para participação e aprovação em outros concursos públicos, propiciando a ampliação e a consolidação do seu trabalho. A exemplo, pode ser citado o Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza – CDVHS, que desenvolveu projetos de qualificação profissional na área da economia solidária, com utilização de tecnologias sociais inovadoras, posteriormente transferidas para o projeto Organização de Territórios Solidários37, executado por essa organização, em 2003, no âmbito do Plano Territorial de Qualificação do Ceará - PlanTeQ/CE, na sede 11 municípios do Estado, congregando um total de 55 municípios, em articulação com o Programa Ceará Empreendedor, da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo.

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Essa ação congrega em média 5 municípios/localidades circunvizinhas, e tem como fundamento os princípios da economia solidária. Compreende pesquisa das principais atividades produtivas da área, levantamento das alternativas de crédito e das cadeias produtivas locais. A qualificação culmina com a realização de uma grande feira, integrando os produtores da região e visando a consolidação das cadeias produtivas. (AZEVEDO, 1996, p.58).

O CDVHS também foi indicado em 2003, pelo Ministério de Trabalho e Emprego, como “entidade-âncora” do Programa Consórcio Social da Juventude, no Município de Fortaleza e na RMF; a Fundação Marcos de Bruin passou a compor o Conselho Gestor do referido Consórcio, também participando da execução de ações de qualificação profissional, assim como a Associação de Cegos do Estado do Ceará – ACEC.

Olha, para nós foi muito importante participar do PEQ, pois trouxe muitas coisas que as pessoas não costumam quantificar [...] por causa das exigências do edital de credenciamento a entidade ganhou muito em saber elaborar os seus projetos, isso nos levou a interagir e encaminhar projetos a outras instituições. O CDVHS, só teve a ganhar com a sua participação no PEQ. (DIRIGENTE DO CDVHS).

4.4 Atuação das organizações da sociedade civil na implementação do PEQ/CE –