As experiências sempre estiveram no centro do entretenimento (Loureiro, 2014) e são
cada vez mais solicitadas por turistas que procuram atividades de lazer e turismo
atraentes, únicas e memoráveis.
As experiências de consumo são multidimensionais e incluem dimensões hedónicas,
como sentimentos, fantasias e diversão (Holbrook & Hirschman, 1982). Grande parte da
literatura sobre experiências de consumo estudou propósitos hedónicos que ocorrem
durante e após o consumo de, por exemplo, produtos patrimoniais (Brakus, Schmitt, &
Zarantonello, 2009).
De acordo com a Teoria de Processamento de Informação (Bettman, Payne, & Staelin,
1986; Gabbott & Hogg, 1994) que considera uma série de etapas racionais no processo
de decisão de comportamento do consumidor (Chen, 1997), a experiência turística
também pode ser considerada como tendo três etapas principais (Seabra, Abrantes, &
Kastenholz, 2014): i) a pré-experiência quando o turista prepara e planeia a viagem; ii) a
experiência turística, ou seja, o momento em que os turistas estão no seu destino e
usufruem de todos os produtos que fazem parte de sua viagem; e iii) a pós-experiência
que é a fase em que os turistas voltam para casa e avaliam a viagem.
No que respeita à experiência de consumo, esta pode ser direta, quando há um contato
físico entre o consumidor e o produto (Hoch & Ha, 1986), ou indireta, quando um
determinado produto é apresentado de forma virtual ou através de publicidade (Hoch &
Ha, 1986; Kempf & Smith, 1998). De qualquer forma, esta experiência deve estimular as
conexões multissensoriais para que os consumidores sintam, aprendam, sejam e façam
(Mehmetoglu & Engen, 2011).
31
turísticos nomeadamente pela oferta variada de informação sobre produtos e serviços,
para a construção da imagem e da marca do destino e para a comunicação entre os turistas
e os destinos, antes, durante e após a visita (Zhang, Fu, Cai, & Lu, 2014). Neste sentido,
assume-se que as plataformas online, através dos seus conteúdos, proporcionam aos
turistas uma pré-experiência turística (Zhang, Xu, Lu, & Lei, 2015).
Um dos modelos que avalia a pré-experiência turística através de plataformas online, é o
desenvolvido no estudo de Zhang, Gordon, Buhalis & Ding (2018). Estes autores dividem
a experiência em cinco dimensões: estética, utilidade, facilidade, confiança e
interatividade, considerando que estas dimensões são determinantes na escolha do
destino.
A experiência turística está relacionada com o efeito visual ou estético que o próprio
design da interface da plataforma proporciona. Uma representação estética do destino
permite sentir a beleza do lugar mesmo que esta esteja a ser promovida em ambiente
virtual. As dimensões da utilidade e facilidade da gestão da informação nas plataformas
online têm mais a ver com o utilizador e as suas competências de adaptação e utilização
da informação disponível, mas são também parte do constructo da experiência turística,
sendo também determinante a escolha do destino. A confiança, sendo o elemento chave
em ambiente online, influência significativamente a imagem que o potencial turista tem
do destino porque o liga a sentimentos de honestidade, benevolência e integridade
(Etemad-Sajadi, 2016; Grefen & Straub, 2004). Por último, a experiência interativa que
se refere às recomendações e sugestões de produtos, serviços e atividades turísticas
personalizadas que vão ao encontro das necessidades e desejos dos turistas permitindo
um pré-encontro entre o destino e o turista e mesmo entre turistas (Stromer-Galley, 2004).
Estas cinco dimensões da pré-experiência turística proporcionada pelos conteúdos das
plataformas online dos destinos turísticos são de natureza cognitiva (Zhang et al., 2018).
Ainda no âmbito das experiências turísticas proporcionadas em plataformas online, outro
dos modelos é aquele que caracteriza a experiência em duas dimensões - cognitiva e
afetiva – e que considera que as descrições textuais do destino turístico e que são mais
sensoriais, juntamente com as imagens do destino, ativam no potencial turista uma
representação mais cognitiva do destino e, por isso, uma pré-experiência que vai ser
determinante na escolha do mesmo ( (Lee, Gretzel, & Law, 2010; Lee & Gretzel, 2012;
Lee & Jeong, 2014).
32
turismo é o modelo dos "4 E's" de Oh, Fiore & Jeoung (2007), que a categoriza em quatro
dimensões: Education, Entertainment, Esthetics e Escapist. Embora o modelo tenha sido
criado para o enoturismo, pode facilmente alargar-se a outros sectores e/ou experiências
turísticas e dele aferir-se que, por exemplo no caso da dimensão “educação” a experiência
irá contribuir para o aprimoramento dos conhecimentos e habilidades do turista. No caso
do “entertenimento”, os turistas são envolvidos por performers ou em performances que
contribuem para o enriquecimento da experiência. Já na experiência “escapista” os
turistas são chamados a participar de forma ativa, envolvendo-se e/ou criando novas
dinâmicas. Por fim, a experiência estética pretende-se mais sensorial, os turistas são
cativados pelo despertar dos sentidos (Quadri-Felitti & Fiore, 2013).
Ainda a respeito do modelo dos “4 E’s” Pine and Gilmore são da opinião de que as
experiências que incorporam essas quatro dimensões - Education, Entertainment,
Esthetics e Escapist - geram memórias mais fortes e consequentemente avaliações mais
positivas (Gilmore & Pine, 2002).
Na opinião de Schmitt (1999), as experiências turísticas podem ser classificadas em cinco
categorias: (1) Act, (2) Feel, (3) Relate, (4) Sense, e (5) Think. A dimensão “act” é sobre
a criação de experiências físicas que visam o desenvolvimento físico do consumidor e
mostrar-lhe formas alternativas de fazer algo, experimentando estilos de vida e interações
alternativos. O “feel” está relacionado com a criação de sentimentos e emoções, como
alegria, felicidade e orgulho. O “relate” engloba aspectos das dimensões remanescentes
e está essencialmente relacionada com a identidade social e cultural do “eu”. A dimensão
“sense” refere-se ao uso dos nossos sentidos para criar experiências sensoriais que
ajudarão a agregar valor aos produtos. E, por fim, o “think” implica a inteligência dos
consumidores na criação de experiências cognitivas que os envolvam de maneira criativa,
pois pretende gerar pensamento, surpresa e provocação/inquietação.
No documento
O Storytelling no Turismo Cultural - Estudo dos Centros Históricos Património Mundial em Portugal Continental
(páginas 32-34)