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3. Contextos: A realidade como dados de pesquisa

3.1. LEdoC-UnB e Comunicação e Tecnologias da Informação (CTI)

3.1.5. Experiências com AVA Moodle

Dentre as várias atividades realizadas no escopo de CTI, na LEdoC- UnB, utilizando o ciberespaço, propusemos a utilização de um Ambiente Virtual de Aprendizagem. Esta proposta tinha triplo objetivo: que os alunos conhecessem novas formas de comunicação pedagógica pautadas pelo uso da Internet; perscrutar novas possibilidades de comunicação pedagógica que pudessem colaborar nos processos de Alternância; construir um espaço online para o registro e disponibilização de tudo o que fosse possível dos processos de construção de conhecimentos realizados na presencialidade do Tempo Escola de modo tal que em qualquer tempo e local (com acesso a Internet), educandos e educadores pudessem ter acesso aos conteúdos, agindo sobre eles, dialogando entre si.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) escolhido foi o Modular

Object-Oriented Dynamic Learning (Moodle), por algumas razões: os

educadores de CTI estavam habituados a lidar com este AVA e a própria Universidade de Brasília já o utiliza há algum tempo. Deste modo, se as experiências de inserção do Moodle na comunicação pedagógica na relação entre Tempo Comunidade e Tempo Escola tivessem sido completamente exitosas já haveria um espaço institucionalizado para a efetivação desta nova forma de lidar com a relação entre professores, alunos e o conhecimento.

As experiências com Moodle foram realizadas de duas formas: na primeira todo o conteúdo de alguns períodos de nossas aulas eram também inseridos no AVA Moodle com o esforço de transportar para este ambiente todos os materiais disponíveis para leitura (apresentações de slides, vídeos, textos, fotos, etc.) e realizar diálogos online sobre os temas, tratados ao longo das semanas seguintes à aula presencial. Com isto, nossa ideia era ampliar o tempo de contato dos educandos com nossa área de conhecimento para além das 8 horas da carga horária preestabelecida no currículo inicial da LEdoC-UnB e mais que isso: podermos nos comunicar pedagogicamente com estes sujeitos para além da presencialidade da sala de aula tradicional. Esta experiência funcionou parcialmente com a participação dos estudantes no ambiente de modo mais ou menos frequente durante o Tempo Escola. Quando os educandos retornavam às suas comunidades de origem a interação rareava

84 quase à inexistência. Os argumentos de justificativa dos educandos para o afastamento da interatividade no Moodle eram os mais diversos, mas os principais eram não ter acesso a Internet em sua casa e nem na região, excesso de trabalho na agropecuária; perda de senha e login; distância entre sua residência e o computador mais próximo. Conforme podemos entender, os dados coletados na entrevista sobre as dificuldades de acesso a computadores com Internet se confirmam aqui, também. Ou seja, a distância física entre os sujeitos e os recursos computacionais aqui destacados, é fator de exclusão.

A segunda forma de experiência com Moodle consistiu em ampliar o espaço de aula presencial de uma determinada disciplina da LEdoC-UnB para o AVA Moodle. Essa ideia surgiu de nossos diálogos com alguns professores do Curso que eventualmente desejassem utilizar tecnologias de Educação a Distância (EaD) no sentido de ampliar o alcance de suas áreas de conhecimento para além da presencialidade restrita às cargas horárias predefinidas e para além do Tempo Escola buscando novas formas de relação e acompanhamento do/no Tempo Comunidade. Chamamos isso de Projeto Piloto de Educação Online na LEdoC-UnB. Geramos um protocolo de construção da área de conhecimento para a transposição para o Moodle onde: o professor da área de conhecimento nos disponibilizava os materiais didáticos utilizados na aula presencial (apresentações de slides, vídeos, textos, fotos, etc) e nós os inserimos no Moodle; criamos os fóruns de diálogos entre o docente e o educando; cadastramos todos os educandos no ambiente; fizemos a formação inicial dos educandos para uso do Moodle; fizemos uma formação rápida com o docente da área e a primeira aula era concomitantemente presencial e online. Em resumo, o ambiente era entregue estruturado ao educador da área restando-lhe dialogar com os educandos por meio dos recursos de fóruns, chats, mensagens privadas do Moodle.

Todavia, não funcionou. O docente, justificando como razões de não ter se integrado ao processo, a escassez de tempo para fazer os diálogos pedagógicos necessários ao andamento dos conteúdos propostos, abandonou a experiência. Por outro lado, sem isso, os educandos também não participaram dos diálogos pedagógicos por não terem um guia orientador (o educador da área) e pelos mesmos motivos alegados na primeira experiência relatada aqui.

85 A avaliação que fizemos foi de que o educador da área de conhecimento desejava uma estratégia de ação pedagógica que lhe poupasse tempo, que reduzisse sua carga de trabalho, que automatizasse os processos pedagógicos de seu campo de atuação. A utilização de recursos da informática na educação não tem a finalidade de reduzir trabalho, mas de ampliar possibilidades, enriquecer os processos, oferecer recursos multimídia como suporte pedagógico aos alunos, flexibilizar a relação tempo-espaço.

De toda maneira, sempre utilizamos o Moodle em nossas aulas e os educandos sempre reconheceram o potencial desta ferramenta, pois conseguíamos tecer ricos diálogos educativos utilizando o Moodle como local virtual de nossa relação pedagógica. Em muitas aulas as atividades de pesquisa, interação, produção, realização e entrega de atividades foram feitas via Moodle. Ainda que tenhamos enfrentado muitas dificuldades, esta experiência nos permite afirmar que é possível avançar na inserção dos educandos da Educação do Campo em ambientes alternativos de produção do conhecimento amparados pelas redes digitais.

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