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Experiências de avaliação do manejo de unidades de conservação

Aqui referendamos a preocupação global em avaliar o manejo das unidades de conservação abordando algumas iniciativas de avaliação que utilizam aspectos metodológicos diversos.

Brunner et al. (2001) avaliaram a integridade e o grau de implementação de 93 unidades de conservação em 22 países tropicais ao redor do mundo comparando a situação dos ecossistemas naturais de dentro e no entorno das mesmas, num raio de 10 km.

Um projeto de pesquisa do WWF/Banco Mundial em dez países, ao avaliar o manejo das unidades de conservação, concluiu que ¼ estavam afetadas por degradação do solo e 1% poderia considerar-se totalmente seguras (ARBOVITAE, 2000).

No Brasil, alguns estudos foram feitos para avaliar a efetividade de manejo das unidades de conservação. Um deles foi o do WWF (1999) que avaliou o grau de implementação das unidades de conservação federais de uso indireto, e constatou que estas unidades de conservação (parques nacionais, reservas ecológicas e biológicas e estações ecológicas) estavam abandonadas, em situação precária de implementação e vulneráveis à ação do homem. Os resultados demonstraram que as regiões com pior desempenho na implementação de suas unidades foram o Norte, Sul e Nordeste, e que das 86 Unidades pesquisadas, 47 nunca foram implementadas, outras 32 foram consideradas minimamente implementadas e somente 7 obtiveram pontuação que as classificou com grau razoável de implantação.

No Pará, as unidades de conservação federais e estaduais existentes no Estado foram incluídas nos estudos de referência que compõem o ZEE11, que classificou-as quanto às classes predominantes de vulnerabilidade e estabilidade natural e quanto as potencialidades e restrições sociais em suas respectivas zonas de influência (PARÁ, 2005).

O grau de implementação de 13 unidades de conservação da Ilha de Santa Catarina foi avaliado com o objetivo de diagnosticar a implementação, caracterizar a efetividade da proteção, gerar subsídios para orientação de políticas públicas e apoiar a gestão. Concluiu-se que as unidades analisadas alcançaram só 52,98% do índice de avaliação ótimo esperado, necessitando de ações mais efetivas no manejo (QUEIROZ et al.(2002).

Mesquita (2002) avaliou a efetividade de manejo em 04 Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPN’s em diferentes Estados do Brasil adaptando a metodologia

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De acordo com o Zoneamento Ecológico Econômico(ZEE), a vulnerabilidade e estabilidade naturais foram determinadas com base no conceito de ecodinâmica e na reinterpretação de dados temáticos pré- existentes com a utilização de imagens de satélite; a vulnerabilidade das unidades de paisagem foi estabelecida por meio de uma escala de valores analisando-se a geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, uso da terra e clima. As potencialidades e restrições sociais foram determinadas por meio de síntese dos dados socioeconômicos municipais, ajustados para as mesmas unidades hidrográficas identificadas no mapa de vulnerabilidade natural.

proposta por Cifuentes et al. (2000), e considerou-a como uma ferramenta viável e de baixo custo relativo, facilitando o monitoramento das condições de manejo de cada reserva.

O Instituto Florestal de São Paulo (2004) avaliou a efetividade de manejo de 32 unidades de conservação adotando a metodologia de Avaliação Rápida e Priorização do Manejo de Unidades de Conservação - RAPPAM, considerando que a proteção da biodiversidade foi o quesito melhor pontuado na avaliação do manejo, indicando que os objetivos das unidades estavam condizentes com o planejamento e as ações executadas.

Foram realizadas outras três avaliações no Estado de São Paulo, executadas por um mesmo pesquisador. Na primeira, Faria (1997) ao para analisar a situação de oito unidades de conservação de proteção integral de São Paulo, concluiu que somente o Parque Estadual de Campos do Jordão apresentou nível satisfatório de manejo, três unidades exibiram nível de satisfação médio e quatro unidades, nível pouco satisfatório. Já em 2002, 03 unidades de conservação de São Paulo (Parque Estadual da Ilha do Cardoso, Parque Estadual Carlos Botelho e Parque Estadual Morro do Diabo) foram estudadas por Faria (2002) tendo como objetivo conhecer o estado e o nível de eficácia de gestão das mesmas. Na terceira, Faria (2004) avaliou a eficácia de gestão de 59 unidades de conservação gerenciadas pelo Instituto Florestal do Estado de São Paulo adaptando a metodologia de Cifuentes et al. (2000) e considerando-a como uma importante ferramenta de suporte à gestão das unidades de conservação.

A análise do nível de implementação de 14 unidades de conservação de proteção integral e 05 de uso sustentável do Estado de Mato Grosso concluiu que 63% possuíam nível inadequado de implementação e 37%, nível regular, e nenhuma unidade dispunha de nível médio ou satisfatório de implementação (BRITO, 2000).

A avaliação da gestão de 07 parques no Estado de Minas Gerais, adotando como metodologia um modelo de excelência em gestão pública com o objetivo de verificar o grau de aderência das práticas gerenciais em comparação a um modelo referencial de excelência, concluiu que todos os Parques apresentaram pontuações muito baixas demonstrando estágios muito preliminares de desenvolvimento de práticas

de gestão, estando em baixos patamares na escala de excelência gerencial (ARAÚJO et al., 2004).

A avaliação de 10 Parques Nacionais no cerrado brasileiro, utilizando a metodologia de teste de aleatorização com o objetivo de demonstrar as possibilidades de mensuração da eficiência de uma rede de unidades de conservação, concluiu que a rede de Parques Nacionais no cerrado é eficiente (RANGEL et al., 2004).

A análise da situação de manejo de 17 unidades de conservação do Estado do Espírito Santo através da aplicação de um conjunto de princípios, critérios e indicadores de sustentabilidade com o objetivo de identificar as reais condições do manejo das unidades de conservação e subsidiar as políticas e estratégias de manejo para as mesmas, concluiu que a garantia de conservação dos recursos naturais a médio e longo prazos das unidades estudadas estava comprometida pela falta de recursos humanos (PADOVAN & LEDERMAN, 2004).

A qualidade de manejo do Parque Estadual de Itaúnas no Estado do Espírito Santo foi avaliada utilizando-se agrupamentos de indicadores nos âmbitos social, econômico e ambiental, concluindo-se que suas condições de manejo estavam pouco satisfatórias e a sua sustentabilidade estava comprometida pela falta de regularização fundiária e pelos conflitos existentes com as comunidades em função do uso dos recursos naturais (PADOVAN et al., 2003).

A avaliação da efetividade de manejo de 11 unidades de conservação no Estado do Ceará com o objetivo de conhecer a representatividade dos ecossistemas protegidos e verificar a presença de instrumentos de funcionamento das unidades de conservação, como plano de manejo e monitoramento, concluiu que a situação das unidades estudadas reduzia a eficiência do sistema em preservar a biodiversidade em função de que 63% das unidades não seguiram critérios técnicos - científicos e nem realizaram estudos prévios dos recursos existentes para escolha da área a ser protegida, 91% delas não tinham planos de manejo e 82% não desenvolviam atividades de monitoramento ambiental (SILVA et al., 2004).

Analisando as propostas do Zoneamento Ecológico Econômico do Baixo Parnaíba, Pires et al. (2002) levantaram questionamentos sobre a possibilidade da proposição de novas unidades de conservação potencializar as dificuldades de gestão

do atual sistema de unidades de conservação da Paraíba, em função daquelas existentes enfrentarem dificuldades de gestão e fiscalização, pelo reduzido número de profissionais especializados, pela falta de recursos para ampliação de infra-estrutura e pela falta de parceria entre os gestores estaduais.

As unidades de proteção integral do Estado de São Paulo foram analisadas em relação a existência de plano de manejo, ao tamanho da área e ao bioma representado, concluindo-se que das 53 unidades avaliadas, 28 não possuíam plano de manejo e que a maior parte das unidades de conservação paulistas tinham tamanho reduzido, evidenciando que a manutenção a longo prazo da biodiversidade paulista não poderia depender unicamente das unidades de conservação (PIRES et al., 2000).

A análise de 48 unidades de conservação do Estado do Rio de Janeiro quanto à existência de sede administrativa, centro de visitantes, de plano de manejo e número de funcionários, concluiu que a maioria das unidades possuíam sérios problemas fundiários, má distribuição de funcionários e apenas 29% possuíam plano de manejo, evidenciando a precária situação dos espaços protegidos no Estado (PRIMO & PELLENS, 2000).

Tocantins & Almeida (2000), analisando cinco unidades de conservação federais do Estado do Mato Grosso, concluíram que as mesmas protegiam apenas 0,46% do território do estado e possuíam 14 funcionários, ou seja, um (01) funcionário para cada 30.000 hectares protegidos e nenhuma das unidades possuía plano de manejo.

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