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Enquanto responsável pelo Serviço de Informática e Tecnologias de Informação do CHVNG, fui o chefe de projecto designado para gerir do lado do CHVNG o desenvolvimento do caderno de encargos para o SIH, coordenando e envolvendo a equipa de key-users designados para o efeito e a relação com os consultores contratados para este projecto, e chefiados pelo Eng Manuel Sousa.

O caderno de encargos foi construído ao longo de 2009, tendo por base trabalho já desenvolvido pelos consultores em trabalhos anteriores, e depois muito enriquecido pela experiencia e conhecimento que os key-users do CHVNG transferiram para o documento, ao longo das varias iterações e versões que o mesmo foi tendo.

O CHVNG formalizou em 2008 uma equipa de key-users com a missão de acompanharem e contribuírem para o desenvolvimento da arquitectura do SI do CHVNG. Esta equipa surgiu naturalmente a partir dos utilizadores mais envolvidos em projectos TIC em 2007.

Embora centrados sobre a componente de visão do caderno de encargos (especificação de necessidades e características a que o SIH deve dar resposta) acrescentaram muito valor ao caderno técnico acrescentando-lhe muitos detalhes neste domínio. Embora de acordo com a revisão bibliográfica as frases/declarações acrescentadas se situem no domínio da visão, o que é facto e que podem a esse nível ser muito detalhadas, não se ficando, como os autores consultados sugerem, num máximo típico a rondar as 50 declarações.

O facto do projecto se ter desenvolvido ao longo de um ano, permitiu também que a equipa se tenha sentido confortável com o resultado final, em termos de sentir que o ganho marginal que poderia resultar em aguardar mais tempo poderia não ser relevante.

No que respeita aos requisitos ditos não funcionais, atributos do sistema como a segurança e atributos do contexto onde o sistema vai correr, como a interoperabilidade aplicativa com outras aplicações que não fazem parte do SIH em concurso, essa reflexão ficou naturalmente do meu lado e do lado dos consultores. Os key-users participaram pouco nela.

Também aqui as especificações produzidas se situem mais no domínio das características a respeitar, do que a especificação mais técnica própria do domínio da especificação de software. Um bom exemplo disso mesmo, é a preocupação que tivemos em clarificar que o CHVNG pode decidir optar por manter as suas aplicações de prescrição medicamentosa e de MCDTs, dado a grau de integração que já possuem com a Logistica e as aplicações que suportam a produção dos vários RIS (Radiology Information Systems) e LIS (Laboratory Information System), e que ficou refletida no 2º paragrafo da capitulo 4.5 do caderno de encargos.

A reflexão que deu origem a este paragrafo preocupou-se também em assegurar que no caso do CHVNG decidir manter as aplicações, há que garantir ao utilizador uma experiencia de continuidade na navegação entre aplicações, sem no entanto especificar tecnicamente de que modo tal sera possível de obter, embora o capitulo 3.8 estabeleça alguns constrangimentos para a implementação da interoperabilidade aplicativa.

Um outro requisito de contexto que entendemos documentar, é o desenho da ‘arquitectura’ entendida como um conjunto de componentes maioritariamente de natureza funcional que ajuda a limitar as fronteiras, o domínio interno do caderno de encargos e das conexoes mais relevantes dos vários componentes. Este ‘boneco’ que surge no capitulo 2.2 do caderno de encargos articulado com a matriz de integração entre as aplicações ajuda a contextualizar o âmbito do

Domingos Pereira – Requisitos técnicos de cadernos de encargos destinados a sistemas de informação hospitalares. Outubro 2011 | Resultados

31 trabalho a desenvolver e a planear e coordenar o mesmo, quer da componente técnica do caderno de encargos, quer mais tarde da própria elaboração da proposta do lado do fornecedor. Foi esta visão sintética do âmbito do projecto que nos facilitou já em 2010 realizar a ultima alteração ao caderno de encargos. Numa reunião com um representante da Oracle responsável pela Europa do Sul, e depois de lhe explicarmos o que pretendíamos fazer com este caderno de encargos, o senhor falou-nos nas soluções que conhecia em termos europeus e dos estados unidos, e reforçou o nosso sentimento que se pudéssemos fazer conviver a nova solução com uma solução oferecida pela Tutela para assegurar os requisitos de facturaçao do serviço nacional da saúde, das estatísticas legais a que o hospital está obrigado, isso seria muito útil, dado que nem sempre é fácil aos fornecedores acompanharem com a velocidade necessária as alterações impostas pela Tutela neste domínio. A experiencia que conhecia em França, o senhor é francês, tinha sido esta.

Esta conversa levou-nos a constituir um sub-lote a que chamamos ‘sonho reduzido’ que preferencialmente seria satisfeito pela ACSS no quadro da sua actualização do Sonho actual e com a qual a restante solução terá de interagir no quadro de referencia dos mecanismos de interoperabilidade identificados. Se tal não acontecer ao fim do primeiro ano de projecto, o adjudicante terá de o instalar no CHVNG também.

Também este requisito se situa no domínio da necessidade a satisfazer e não no domínio da especificação de software, ou seja na perspectiva do ‘owner’ e da sua capacidade de especificar utilizando linguagem do seu negócio e não os modelos e técnicas que o analista funcional, ‘designer’ na perspectiva do ‘framework’ Zachman, conhece e tem à sua disposição.

Apos o desenvolvimento da componente técnica do caderno de encargos a enviar ao mercado, designado como ‘Cláusulas Técnicas Especiais do Caderno de Encargos’ houve duas preocupações que nos ocuparam:

• Como iriamos evitar que nos surgissem propostas de fornecedores sem experiencia e capacidade financeira para aguentar um projecto desta natureza ?

• Como iriamos conseguir tomar conhecimento, sentir as soluções propostas em cada caso, em matérias tão áridas em termos de discurso escrito, como usabilidade ou detalhes específicos do modo como o produto executa as operações.

No primeiro caso decidimos adoptar a figura de concurso internacional com previa qualificação. Dos cerca de seis fornecedores que conhecíamos com soluções SIH a operar no mercado nacional, 4 foram qualificados, e mais tarde o 5º que inicialmente foi excluído, ganhou a acção que interpôs em tribunal.

O 6º foi excluído, por razoes exclusivamente de forma.

Relativamente ao segundo risco, incluímos no artigo 17º – proposta, na alínea g), a obrigatoriedade do fornecedor nos facultar uma visita a um hospital que tenha a sua solução a trabalhar e na alínea h) a possibilidade de exigirmos outro tipo de documentação que o júri entenda necessária para a sua avaliação, o que pode incluir demonstrações dirigidas da solução. Um elemento que deverá contribuir para esclarecer os fornecedores do modo como pretendemos que a solução funcione no CHVNG, serão com certeza as respostas aos pedidos de esclarecimentos colocados

Neste momento o concurso está suspendo a aguardar a autorização da titula conjunta do ministério da saúde e das finanças para o retomar, dado que o investimento previsto ultrapassa

Domingos Pereira – Requisitos técnicos de cadernos de encargos destinados a sistemas de informação hospitalares. Outubro 2011 | Resultados

32 os 5% do capital social do CHVNG, e no actual contexto económico de Portugal, tais investimentos públicos necessitam ver a sua autorização ratificada de novo.

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