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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.4 Experimentos avaliados no Ano 3 2018

Na Figura 4 ao observar as condições meteorológicas para o experimento avaliado no Ano 3 - 2018, pode-se constatar que houve irregularidade na ocorrência de precipitação ao longo do período de condução do experimento, com precipitação pluviométrica total de 148,90 mm e as temperaturas máxima e mínima foram de 36 oC e 19 ºC, respectivamente.

Figura 4. Dados de precipitação pluvial (mm)1 e temperaturas máxima e mínima (ºC)2 nos meses referentes ao experimento no Ano 3 - 2018. São Gabriel do Oeste-MS/2019.

1Dados coletados na Estação Experimental em São Gabriel do Oeste-MS; 2Dados coletados na Estação

Meteorológica do Somar Meteorologia em São Gabriel do Oeste-MS.

Verificou-se que não houve diferença significativa entre os bioestimulantes para o acúmulo de massa seca da parte aérea e massa seca total (Tabela 23). A massa seca de raiz do tratamento com adição de N e Zn via TS (Tratamento 6), substâncias húmicas provenientes de Leonardita via TS (Tratamento 9) e Mo, Zn e extrato de algas (Tratamento 4) foram de 14,53 g planta-1, 12,50 g planta-1 e 12,49 g planta-1, respectivamente. Eyheraguibel et al. (2008) empregaram substâncias húmicas via solo e obtiveram aumento na MSR na cultura do milho. Os mesmos autores averiguaram que tais benefícios foram resultados da maior eficiência no uso da água pelas plantas, passando de 5,9 para 7,4 g de matéria seca produzida por litro de água consumida, ou seja, aumentou a eficiência em 25%.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Tem peratu ra ( °C) Precip itação (m m )

Prec Temp_Max Temp_Min

V8

V4 R1

V3

Tabela 23. Massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca de raiz (MSR) e massa seca total

(MST) de plantas de milho no estádio V6, submetidas a tratamentos com bioestimulantes na safra do Ano 3 - 2018. São Gabriel do Oeste-MS/2019.

MSPA MSR MST

Tratamentos ---g planta-1 ---

1. Controle 65,27 6,49 b 71,76

2. Trichoderma e Bacillus methilotrophicus 56,52 8,26 b 64,78

3. Mo e extrato de algas (A. nodosum) 61,95 10,81 a 72,76

4. Mo, Zn e extrato de algas (E. máxima) 70,79 12,49 a 83,28

5. Cinetina, ácido indol-butírico e ácido giberélico 67,44 9,41 b 76,85

6. N e Zn 76,13 14,53 a 90,66

7. Acetado de Zn amoniacal 76,92 11,44 a 88,36

8. Ácidos húmicos e fúlvicos (Turfa) 55,02 9,04 b 64,06

9. Ácidos húmicos e fúlvicos (Leonardita) 65,73 12,50 a 78,23

10. Macros, micros, ácidos húmicos e fúlvicos 67,54 10,77 a 78,31

11. Mo e extrato de algas (A. nodosum) - TS + AF 57,53 8,40 b 65,93

12. Ácidos húmicos e fúlvicos (Turfa) - TS + AF 70,67 9,55b 80,22

13. Ácidos húmicos e fúlvicos (Leonardita) - TS + AF 77,69 7,14 b 84,84

CV (%) 17,20 22,58 16,07

F 1,75 ns 4,12** 1,88ns

**significativo ao nível de 1% de probabilidade; ns: não significativo. Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott (P<0,05).TS: Tratamento de sementes. TS + AF: Tratamento de sementes + aplicação foliar em V4.

A condutância estomática em plantas de milho submetidas ao tratamento com bioestimulantes apresentou uma alta variabilidade entre os tratamentos avaliados (Tabela 24), fato que pode ser explicado pela interação de fatores que atuam sobre os estômatos, como radiação, déficit de saturação de vapor e temperatura.

A redução da condutância estomática pode ser explicada devido ao baixo potencial de água no solo. Essa variável não foi mensurada neste experimento, entretanto vale destacar que nos sete dias que precederam as avaliações fisiológicas (realizadas em 9 de junho de 2018) não houve atividade pluviométrica. Outro fator importante é a quantidade de precipitação acumulada até o dia da avaliação de condutância estomática, que foi de 50,75 mm (Figura 4), valor que é considerado baixo para o bom desenvolvimento do milho, o que leva a inferir que o potencial de água no solo encontrava-se baixo. Nessa situação de estresse hídrico, inicialmente as plantas fecham estômatos, reduzindo as suas atividades fotossintéticas, seguindo-se de uma redução ou até completa paralisação do crescimento (Flexas, 2006). Esse efeito é a resposta fisiológica da planta visando limitar a perda de água (Fioreze et al., 2013).

Assim como no experimento anterior (Ano 2 - 2017/2), para o milho safrinha de 2018, não foi verificado efeito significativo para fluorescência inicial (Fo), fluorescência máxima (Fm) e eficiência quântica máxima do fotossistema II (razão Fv/Fm).

A fluorescência da clorofila é considerada uma ferramenta para determinação de estresse em plantas, pois indica que a energia da radiação solar não está sendo utilizada de forma eficiente (Maxwell e Johnson, 2000). Sendo assim, de acordo com os resultados, foi possível observar que as plantas buscaram uma dissipação de energia em função do déficit hídrico.

Tabela 24. Condutância estomática (Gs), fluorescência inicial (Fo), fluorescência máxima (Fm)

e eficiência fotoquímica do PSII (Fv/Fm) em plantas de milho submetidas a tratamentos com bioestimulantes na safra do Ano 3 - 2018. São Gabriel do Oeste- MS/2019.

Tratamentos mmol msGs -1 Fo Fm Fv/Fm

1. Controle 69,28 b 0,07 0,27 0,73

2. Trichoderma e Bacillus methilotrophicus 64,78 b 0,08 0,30 0,72

3. Mo e extrato de algas (A. nodosum) 62,90 b 0,07 0,28 0,73

4. Mo, Zn e extrato de algas (E. máxima) 68,33 b 0,08 0,29 0,72

5. Cinetina, ácido indol-butírico e ácido giberélico 69,00 b 0,07 0,26 0,72

6. N e Zn 52,25 c 0,08 0,31 0,73

7. Acetado de Zn amoniacal 31,00 d 0,08 0,29 0,73

8. Ácidos húmicos e fúlvicos (Turfa) 52,38 c 0,08 0,30 0,73

9. Ácidos húmicos e fúlvicos (Leonardita) 50,87 c 0,08 0,29 0,73

10. N, Fe, Zn e Ni 42,73 c 0,08 0,29 0,73

11. Mo e extrato de algas (A. nodosum) - TS + AF 63,13 b 0,07 0,28 0,72

12. Ácidos húmicos e fúlvicos (Turfa) - TS + AF 33,77 d 0,08 0,28 0,73

13. Ácidos húmicos e fúlvicos (Leonardita) - TS + AF 265,00 a 0,08 0,28 0,73

CV (%) 14,61 9,61 10,69 1,44

F 131,65** 1,14 ns 0,92 ns 1,15ns

**significativo ao nível de 1% de probabilidade; ns: não significativo. Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott (P<0,05).TS: Tratamento de sementes. TS + AF: Tratamento de sementes + aplicação foliar em V4.

Os resultados dos teores de nutrientes presentes nas folhas de plantas de milho submetidas aos tratamentos com bioestimulantes encontram-se na Tabela 25. Por meio da comparação entres os tratamentos através do teste de Scott Knott ao nível de 5% de probabilidade, o teor dos macronutrientes N, P, Mg e S não apresentaram diferenças significativas. Os teores de N e P foliar em todos os tratamentos avaliados estão abaixo da faixa

de suficiência para a cultura do milho (Oliveira, 2004). Esses resultados de redução dos teores de N e P provavelmente estão relacionados ao déficit hídrico, o qual limitou o desenvolvimento das plantas.

O nitrogênio é necessário para a síntese de clorofila, em condições de deficiência ocorre redução no processo fotossintético, consequentemente a planta reduz a absorção de nutrientes, formação de vitaminas e aminoácidos, podendo ocasionar redução de 10 a 22% no rendimento de grãos (Repke et al., 2013). Observa-se que os teores de Mg e S situaram-se próximos ao limite inferior da faixa suficiência variando de 1,2 a 1,7 e 1,4 a 1,7 mg kg -1, respectivamente para Mg e S (Tabela 25).

Tabela 25. Concentração foliar de macro e micronutrientes de plantas de milho submetidas ao tratamento com bioestimulantes na safra do Ano 3 - 2018. São Gabriel do Oeste-MS/2019.

Tratamentos N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

---g kg-1 --- ---mg kg-1 ---

1. Controle 21,7 1,1 19,5 b 2,9 b 1,4 1,5 12,6 a 7,8 b 142,4 b 15,9 b 17,0

2. Trichoderma e Bacillus methilotrophicus 23,7 1,4 18,0 b 2,9 b 1,2 1,6 9,0 b 8,1 a 175,1 a 19,1 b 17,6 3. Mo e extrato de algas (A. nodosum) 22,0 1,2 19,8 b 3,2 a 1,4 1,5 10,8 a 7,7 b 135,7 b 18,4 b 17,6 4. Mo, Zn e extrato de algas (E. maxima) 20,8 1,2 19,3 b 2,9 b 1,2 1,5 11,4 a 7,1 b 115,2 b 19,8 a 20,2 5. Cinetina, ácido indol-butírico e ácido giberélico 21,5 1,2 19,3 b 2,7 b 1,3 1,4 8,7 b 7,7 b 151,7 b 16,0 b 19,4

6. N e Zn 22,8 1,4 22,0 a 3,0 a 1,5 1,6 11,3 a 8,4 a 186,4 a 21,0 a 17,5

7. Acetado de Zn amoniacal 23,3 1,2 18,9 b 3,0 a 1,4 1,5 11,1 a 7,5 b 137,7 b 17,8 b 19,7 8. Ácidos húmicos e fúlvicos (Turfa) 21,7 1,2 17,5 b 3,2 a 1,5 1,5 9,0 b 7,7b 130,1 b 18,8 b 18,2 9. Ácidos húmicos e fúlvicos (Leonardita) 22,1 1,3 21,5 a 3,2 a 1,5 1,6 10,9 a 7,7 b 139,5 b 18,5 b 18,7

10. N, Fe, Zn e Ni 23,2 1,2 17,9 b 3,3 a 1,6 1,5 11,3 a 7,6 b 129,0 b 17,7 b 17,4

11. Mo e extrato de algas (A. nodosum) - TS + AF 21,8 1,3 19,1 b 3,1 a 1,4 1,6 11,7 a 8,8 a 179,5 a 20,9 a 19,7 12. Ácidos húmicos e fúlvicos (Turfa) - TS + AF 23,6 1,4 21,7 a 3,6 a 1,7 1,7 10,2 b 7,8 b 142,1 b 22,2 a 19,1 13. Ácidos húmicos e fúlvicos (Leonardita) - TS + AF 22,3 1,4 21,5 a 3,2 a 1,4 1,6 13,3 a 8,5 a 163,7 a 21,3 a 18,1 CV (%) 6,83 12,88 9,55 8,26 13,67 5,81 16,17 7,79 17,98 13,88 8,65

F 1,37 ns 1,37 ns 2,68** 2,89** 1,92 2,00ns 2,43** 2,23* 2,63** 2,20* 1,71 ns

*significativo ao nível de 5% de probabilidade; **significativo ao nível de 1% de probabilidade; ns: não significativo. Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott (P<0,05). TS: Tratamento de sementes. TS + AF: Tratamento de sementes + aplicação foliar em V4.

Em relação ao teor de micronutrientes, nota-se que o Mn teve seu teor elevado em resposta a adição de bioestimulantes, sendo que os Tratamentos 12 e 13 ambos, referentes a aplicação de ácidos húmicos e fúlvicos provenientes de turfa e leonardita, respectivamente, obtiveram incremento de 40% (Tratamento 13) e 34% (Tratamento 12) em relação ao controle.

Os menores valores de B no tecido vegetal foram encontrados nas plantas que receberam os Tratamentos 2 (Trichoderma e Bacillus), 5 (Biorregulador) e 8 (Ácidos húmicos e fúlvicos provenientes de turfa). Nos demais tratamentos o teor de B manteve-se dentro da faixa de suficiência. O Boro tem importante função na translocação de açúcares e no metabolismo de carboidratos, desempenha também papel importante no florescimento, no crescimento do tubo polínico, nos processos de frutificação, no metabolismo do nitrogênio e na atividade de hormônios. Sabe-se ainda que períodos de déficit hídrico severos reduzem o teor de B assimilável, uma vez que a mineralização da matéria orgânica é dificultada (Malavolta et al., 1997).

Os teores de Fe nas folhas foram mais elevados nos tratamentos 2, 5, 11 e 13, entretanto todos os tratamentos se encontram dentro da faixa de suficiência. Para o Zn, não foi encontrada diferença significativa e os teores foliares situaram-se dentro da faixa de suficiência mencionada por Oliveira (2004).

As plantas respondem a aplicação de produtos à base de ácidos húmicos por haver aumento da disponibilidade de micronutrientes do solo para as plantas (para aplicações via solo). O ferro e o zinco, em especial, neste caso por meio da complexação ou da formação de complexos destes materiais com as substancias húmicas, facilitando assim, o transporte e sua disponibilidade para as plantas (Chen et al., 2004).

O efeito dos tratamentos utilizados não se mostrou significativo sobre os componentes de rendimento comprimento da espiga, número de fileiras por espiga, massa de grãos por espiga e massa de mil grãos (Tabela 26), ou seja, tratamentos com bioestimulantes não proporcionaram ganhos nestas variáveis. Igna e Marchioro (2010) trabalhando com aplicação de extrato de algas

A. nodosum aplicados em doses e épocas, verificaram que a aplicação do extrato proporcionou

número de espigas por metro linear e produtividade de grãos de trigo significativamente superior ao tratamento testemunha.

Tabela 26. Produtividade (PROD), comprimento da espiga (CE), número de fileiras de grãos

(NFG), número de grãos por fileira (NGF), massa de grãos por espiga (MGE) e massa de mil grãos (MMG) de híbridos de milho tratados com bioestimulantes na safra do Ano 3 - 2018. São Gabriel do Oeste-MS/2019.

Tratamento PROD CE NFG NGF MGE MMG

kg ha-1 cm g g

1. Controle 3.130 b 14,13 15,83 26,00 87,34 213,33

2. Trichoderma e Bacillus methilotrophicus 4.502 a 13,92 16,00 26,87 84,25 195,84

3. Mo e extrato de algas (A. nodosum) 3.993 b 14,25 16,83 23,51 83,00 209,59

4. Mo, Zn e extrato de algas (E. máxima) 3.615 b 14,67 15,75 26,66 89,00 211,67

5. Cinetina, ácido indol-butírico e ácido giberélico 4.208 a 14,75 15,75 29,71 90,89 195,56

6. N e Zn 3.656 b 14,90 16,33 28,05 92,17 208,34

7. Acetado de Zn amoniacal 4.646 a 14,42 16,54 25,71 89,56 211,67

8. Ácidos húmicos e fúlvicos (Turfa) 4.569 a 13,98 15,50 25,68 80,13 201,25

9. Ácidos húmicos e fúlvicos (Leonardita) 4.484 a 14,54 15,84 26,11 85,00 204,58

10. N, Fe, Zn e Ni 4.963 a 14,09 14,75 26,34 79,75 206,25

11. Mo e extrato de algas (A. nodosum) - TS + AF 4.829 a 14,46 16,67 25,07 89,67 214,17

12. Ácidos húmicos e fúlvicos (Turfa) - TS + AF 3.714 b 14,28 16,45 25,78 88,89 210,00

13. Ácidos húmicos e fúlvicos (Leonardita) - TS + AF 4.102 b 14,44 15,50 28,40 88,83 218,75

CV (%) 10,80 7,12 5,75 13,22 14,75 7,37

F 6,19** 0,34 ns 1,57 ns 0,80 ns 0,39 ns 0,82 ns

**significativo ao nível de 1% de probabilidade; ns: não significativo. Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott (P<0,05).TS: Tratamento de sementes. TS + AF: Tratamento de semente + aplicação foliar em V4. 

  Na Tabela 27 observam-se os contrastes ortogonais comparando os grupos de bioestimulantes. A aplicação de micronutrientes (Y2) e substancias húmicas (Y3) não diferiram estatisticamente pelo teste de t (P<0,05).

Tabela 27. Estimativas dos contrastes ortogonais para produtividade de híbridos de milho

submetidos ao tratamento com bioestimulantes na safra do Ano 3 - 2018. São Gabriel do Oeste-MS/2019.

Contraste Estimatva do contraste kg ha -1 t

Y1: microrganismos bioativos (2) x Extrato de algas (3 e 4) 1.394 2,60*

Y2: microrganismos bioativos (2) x micronutrientes (6 , 7 e 10) 634 0,84

ns

Y3: microrganismos bioativos (2) x Substâncias húmicas TS (8 e 9) -444 0,83

ns

Y4: Extrato de algas (3 e 4) x Biorregulador (5) 807 1,51

ns

Y5: Extrato de algas (3 e 4) x Micronutrientes (6, 7 e 10) 2.915 2,43*

Y6: Substâncias húmicas (8 e 9) x Biorregulador (5) 1.031 1,93

ns

Y7: Extrato de algas TS (3 e 4) x Extrato de algas TS+AF (11) 2.049 3,83*

Y8: Substâncias húmicas TS (8 e 9) x Substância húmicas TS+AF (12 e 13) 1.631 3,73*

Y9: Substâncias húmicas TS (8 e 9) x extrato de algas TS (3 e 4) 1.838 4,20*

Y10: Substâncias húmicas TS (8 e 9) x Micronutrientes (6, 7 e 10) 2.600 2,17*

ns: não significativo; *Significativo ao nível de 5% de probabilidade. 1t-valor do teste de t para contrastes

ortogonais.

 

O contraste Y5 comparou o grupo de bioestimulantes com extrato de algas x bioestimulantes com micronutrientes, observa-se que o segundo grupo se sobressaiu com ganho médio de 2.915 kg ha-1 (Tabela 27).

O contraste Y7 (Tabela 27) comparou os modos de aplicação de bioestimulantes com fonte de extratos de algas, houve diferença significativa demonstrando que a aplicação de bioestimulantes com extrato de algas via tratamento de sementes + adubação foliar resultou em incrementos sobre a produtividade de milho (Tabela 27). Santos et al. (2013) e Borges (2018) observaram que a aplicação de bioestimulante a base de extrato de algas, no tratamento de

sementes em estádio V3, na cultura do milho, resultou em incrementos ao longo do tempo nas características fitotécnicas.

Os contrastes Y9 testaram extratos de algas x substancias húmicas, ambos aplicados via TS, e o ganho de produtividade do grupo formado com tratamentos com base em substâncias húmicas foi de 1.838 kg ha -1 (Tabela 27).

Na Tabela 28, encontram-se as estimativas das correlações de Pearson entre as características avaliadas. Aproximadamente 20% dos coeficientes de correlação linear entres os caracteres de plantas de milho foram significativos. A massa seca da parte aérea (MSPA) correlacionou-se positivamente, com seis das vinte e três variáveis analisadas, com estimativas de correlação entre 0,31 (MSPA x MGE) e 0,98 (MSPA x MST). Em relação aos nutrientes, o N correlacionou de forma positiva com os macronutrientes P (0,48), Ca (0,35), S (0,46) e com o micronutriente Zn (0,37). Indicando que o aumento nos teores desses nutrientes acarreta em aumento no teor de N foliar. Para P, Ca e S os resultados demonstram que as plantas bem nutridas em N são mais eficientes em absorver outros elementos devido ao maior crescimento do sistema radicular. Este raciocínio, porém, não se aplica ao caso do Mg. Altas concentrações de Ca2+, e sobretudo de K+ no meio, podem inibir competitivamente a absorção de Mg2+, causando, em algumas situações a deficiência desse nutriente (Malavolta et al., 1997).

Os teores de S e de P foram as variáveis que mais correlacionaram com as demais características. O teor de P correlacionou-se com maioria dos nutrientes, exceção para o teor de Mg e B que não apresentaram correlações significativas com este nutriente (Tabela 28).

O caractere produtividade de grãos correlacionou negativamente apenas com o teor de B foliar, mostrando que as plantas mais produtivas apresentaram menor teor de B (Tabela 28). A variável CE está fortemente correlacionada positivamente com NGF (0,47), MGE (0,55) e ainda, apresentou correlação significativa com o teor foliar de K (0,28). Essas estimativas apontam que o aumento do CE é diretamente proporcional ao incremento do NGF e do MGE. Sendo assim, à medida que número de grãos por fileira (NGF) e massa de grãos por espiga (MGE) aumentam, há aumento do comprimento da espiga (CE).

Tabela 28. Matriz de correlação de Pearson entre os parâmetros estudados em híbridos de milho tratados com bioestimulantes na safra do Ano 3 - 2018. São Gabriel do Oeste-MS.

MSPA MSR MST Gs Fo Fm Fv/Fm PROD CE NFG NGF MGE MMG N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

MSPA 1 MSR 0,36** 1 MST 0,98** 0,54** 1 Gs 0,17 -0,30* 0,09 1 Fo -0,08 0,23 -0,02 -0,04 1 Fm -0,09 0,24 -0,03 -0,05 0,93** 1 Fv/Fm -0,04 0,04 -0,03 -0,03 -0,21 0,13 1 PROD -0,24 -0,01 -0,22 -0,10 0,05 0,03 -0,09 1 CE 0,09 0,28* 0,14 0,07 0,01 0,10 0,21 0,09 1 NFG -0,06 0,09 -0,04 -0,12 -0,08 0,01 0,28* -0,09 0,10 1 NGF 0,40** 0,14 0,39** 0,18 0,07 0,08 -0,02 -0,04 0,47** -0,24 1 MGE 0,31* 0,25 0,34* 0,08 -0,01 0,07 0,19 -0,14 0,55** 0,30* 0,68** 1 MMG 0,04 0,08 0,06 0,24 0,08 0,14 0,12 -0,07 0,25 -0,09 -0,02 0,36** 1 N 0,02 -0,04 0,01 -0,09 0,06 0,12 0,19 0,06 -0,09 -0,02 0,00 0,07 0,16 1 P 0,08 0,08 0,09 0,13 0,08 0,13 0,12 -0,04 0,11 0,03 0,36** 0,44** 0,27 0,48** 1 K 0,32* 0,18 0,33* 0,21 -0,13 -0,04 0,21 -0,25 0,28* 0,04 0,26 0,31* 0,17 -0,09 0,56** 1 Ca 0,12 0,10 0,13 -0,01 -0,07 -0,02 0,16 0,18 0,03 0,23 -0,05 0,16 0,16 0,35* 0,40** 0,29* 1 Mg 0,02 0,19 0,06 -0,07 -0,11 -0,04 0,21 0,16 0,22 0,25 -0,02 0,16 0,08 0,10 0,20 0,28* 0,79** 1 S 0,23 0,13 0,24 0,21 0,12 0,15 0,05 -0,05 0,12 0,11 0,18 0,32* 0,27 0,46** 0,80** 0,61** 0,64** 0,38** 1 B 0,21 -0,04 0,18 0,32* 0,12 0,19 0,16 -0,28* 0,06 -0,09 -0,10 0,03 0,33* 0,10 -0,02 0,21 0,06 0,01 0,24 1 Cu 0,09 0,07 0,09 0,28* 0,16 0,20 0,06 0,02 0,16 0,07 0,25 0,37** 0,31* 0,14 0,45** 0,23 0,15 0,09 0,44** 0,29* 1 Fe 0,06 -0,14 0,02 0,15 0,04 0,07 -0,01 0,10 0,17 0,13 0,40** 0,41** 0,08 0,16 0,47** 0,24 0,09 0,01 0,32* 0,08 0,57** 1 Mn 0,20 0,25 0,23 0,17 0,25 0,32* 0,09 -0,07 0,18 0,02 0,22 0,25 0,14 0,20 0,54** 0,50** 0,37** 0,18 0,69** 0,30* 0,39** 0,27* 1, Zn 0,22 -0,08 0,18 0,46** 0,03 0,05 0,02 0,14 -0,05 -0,08 0,10 0,13 0,26 0,37** 0,52** 0,31* 0,41** 0,14 0,70** 0,30* 0,30* 0,25 0,54** 1

** significativo ao nível de 1% de probabilidade. * significativo ao nível de 5% de probabilidade. MSPA: massa seca da parte aérea; MSR: massa seca de raiz; MST: massa seca total; Gs: condutância estomática; Fo: fluorescência inicial; Fm: fluorescência máxima; Fv/Fm: eficiência fotoquímica do PSII; PROD: produtividade; CE: comprimento da espiga; NFG: número de fileiras de grãos; NGF: número de grãos por fileira; MGE: massa de grãos por espiga; MMG: massa de mil grãos.

A MGE apresentou moderada correlação positiva com os teores de P (0,44) e Fe (0,41) (Tabela 28), portanto quanto maior o teor de P foliar, maior será a produtividade de grãos de milho. O suprimento adequado de fósforo nos estádios iniciais de crescimento da planta está diretamente relacionado a produtividade (Grant et al., 2001). O teor de P correlacionou-se com a maioria dos nutrientes, exceção para o teor de Mg e B que não apresentaram correlações significativas com este nutriente.

O K correlacionou positivamente com o Ca, Mg, S, Mn e Zn (Tabela 28) e o efeito sinérgico entre K e Ca foi demonstrado pela maior correlação entre eles. Malavolta et al. (1997) comprovaram que o íon Ca2+, em concentrações não muito elevadas, aumenta a absorção de cátions e de ânions por seu papel na manutenção da integridade funcional da plasmalema. Segundo Oliveira (2004), as concentrações de Ca no tecido foliar neste experimento estão contidas dentro da faixa considerada adequada para o milho (2,5 a 10 g kg-1).

Houve correlação positiva do Mn com o Cu e o Zn (Tabela 28). O Mn tem propriedades químicas semelhantes às dos metais alcalinos terrosos, como Ca e o Mg, e de metais pesados, Fe e Zn, por exemplo, e, por isso, esses cátions podem inibir sua absorção e transporte. Por sua vez, o Mn inibe a absorção daqueles mencionados acima, principalmente do Fe. O zinco é um micronutriente de mobilidade intermediária no floema e sua maior ou menor translocação depende de sua disponibilidade na parte vegetativa pois, quando em maiores concentrações, apresenta-se complexado a compostos orgânicos de baixo peso molecular (Marschner, 1995). O Zn obteve correlação positiva com o teor de N, ou seja, quanto maior o teor de N, maior foi o teor de zinco. Segundo Jurkowska et al. (1990), quanto maior o teor deste micronutriente no tecido vegetativo, maior é a translocação e acúmulo nos grãos.

       

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal desafio científico é entender a complexidade dos efeitos fisiológicos dos bioestimulantes nas culturas. Em termos gerais, os principais efeitos desses produtos são induzir respostas fisiológicas nas plantas. Muitas dessas respostas têm relação com o metabolismo primário, crescimento e desenvolvimento. Agir em tais processos biológicos é um desafio, inúmeras perguntas relacionadas aos mecanismos de ação ainda não estão esclarecidas, tornando o desenvolvimento, e principalmente a recomendação dos produtos, de forma empírica e generalizada. Ainda assim, diversas pesquisas mostram os benefícios dos bioestimulantes nas culturas agrícolas.

Os dados obtidos no presente estudo corroboram as ponderações expostas por Karnok (2000), salientando que, quando as plantas são cultivadas num ambiente favorável ao desenvolvimento, é mais difícil identificar os efeitos favoráveis dos bioestimulantes. Contudo, quando submetidas a condições de estresse, as plantas tratadas com estes produtos mostram um desempenho superior, pois desenvolvem um sistema de defesa, devido ao incremento do nível de enzimas antioxidantes.

Em razão das variações nas formas de registro e declaração da composição/garantia de produtos bioestimulantes no mercado brasileiro, torna difícil isolar os mecanismos de ação das substâncias contidas nos produtos. Além dos ingredientes ativos principais, há nutrientes e/ou microrganismos nos produtos ou mais de uma substância bioativa em um mesmo produto (Tabela 3), nem sempre declarados/garantidos. Produtos com microrganismos têm ou mais efeitos simultâneos, podendo, por exemplo, atuar como bioestimulantes e/ou exercer efeito como controle biológico. Tudo isso refletirá na produtividade e há grande dificuldade dos estudos em separar estes efeitos em condições de campo.

Por fim, através do levantamento bibliográfico realizado neste estudo, é possível estabelecer a diferença entre os termos biofertilizante e bioestimulante, sendo que o primeiro é encontrado na legislação brasileira referindo-se a produto natural bioativo com efeito estimulante, enquanto o segundo é um termo mais relacionado à literatura internacional e refere- se a produtos com bases em substancias naturais e/ou microrganismos que melhoram as qualidades dos cultivos. Na literatura brasileira este mesmo termo refere de forma genérica a mistura de dois ou mais reguladores vegetais. Fica o desafio para a comunidade científica: esclarecer, avaliar a eficiência agronômica e informar o agricultor.

6. CONCLUSÕES

1. O uso de bioestimulantes promove o incremento do crescimento de raiz e por consequência aumenta a produtividade das culturas, principalmente quando há estresses bióticos ou abióticos durante o ciclo da cultura;

2. De maneira geral, os bioestimulantes não influenciam o ganho das massas secas da parte aérea e total nas plantas de milho;

3. A aplicação de bioestimulante é mais eficiente quando utilizada no tratamento de sementes e em combinação com a aplicação foliar no estádio vegetativo, quando comparada a aplicação somente no tratamento de sementes;

4. Os bioestimulantes derivados de extratos de algas (Ascophyllum nodosum) contendo micronutrientes, quando aplicados em tratamento de sementes em combinação com foliar, proporcionam melhores ganhos em produtividade na cultura do milho;

5. Os efeitos favoráveis dos bioestimulantes são melhores identificados quando as plantas são cultivadas em ambiente desfavorável ao desenvolvimento (no caso destes experimentos ocorreu a limitação hídrica em três casos).

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