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3. CARACTERÍSTICAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL NO BRASIL

3.2. Exportações Brasileiras: de 1991 a 2008

O gráfico 5 mostra a evolução das exportações no Brasil. Entre 1991 e 1995 o valor das exportações teve um crescimento acumulado de 47%, uma média anual de 10,1%. Entre 1995 e 2002, o crescimento foi modesto, 30% no total do período, média de 3,8% ao ano. A partir de 2002, o crescimento é bastante expressivo, igual a 127,9%, com média anual de 21,9%. Considerando todo o período, a inflação dos Estados Unidos foi de 63%, considerando o índice de preços ao atacado, uma média de 2,9% ao ano. Deste modo, pode-se afirmar que esses anos foram caracterizados por crescimento em termos reais das exportações.

Gráfico 5 – Evolução das Exportações do Brasil entre 1991 e 2008 (US$ Bilhões) Fonte: elaboração própria, a partir de dados do MDIC.

Com relação à quantidade em toneladas, gráfico 6, as exportações cresceram praticamente em todos os anos de 1991 a 2008, nesse último ano as exportações eram 82,5% maiores do que o nível inicial. Entre 1991 e 2000, o crescimento médio foi de 4,4% ao ano, aumentando para 7,8% entre 2000 e 2008.

Gráfico 6 – Evolução das Exportações do Brasil entre 1991 e 2008 (Bilhões de Toneladas) Fonte: elaboração própria, a partir de dados do MDIC.

Gráfico 7 – Evolução da Taxa de Câmbio entre 1995 e 2008 (R$/US$) Fonte: elaboração própria, a partir de dados do Boletim do Banco Central e IPEADATA.

Segundo Ribeiro e Pourchet (2004), a desvalorização cambial em 1999 foi determinante para o crescimento das exportações brasileiras. Com o câmbio depreciado, espera-se que as

exportações brasileiras se tornem mais competitivas, pois estão mais baratas no mercado internacional. O gráfico 7, no entanto, mostra que esse efeito não explica perfeitamente as oscilações nas exportações durante todo o período. A quantidade exportada começa a crescer de forma mais significativa a partir de 1999, quando o câmbio realmente se deprecia. Mas no período de 2003 a 2008, as exportações continuam crescendo apesar da apreciação observada nas taxas de câmbio real e nominal.

O gráfico 8 mostra a evolução do preço médio das exportações. Entre 1991 e 1997 o preço médio das exportações (medido como a razão entre o valor e o peso líquido) apresentou um crescimento de 33,2%, com média anual de 4,9%. Entre 1997 e 2002, observa-se uma redução do preço médio de 19,4%. O maior crescimento do preço foi observado entre 2002 e 2008, total de 106,4%, valor superior à taxa de inflação calculada para o período. Cabe destacar, que esse aumento de preço é compatível com um aumento da quantidade exportada, em um período de apreciação do câmbio.

Gráfico 8 – Evolução do Preço Médio das Exportações do Brasil entre 1991 e 2008 (US$ Mil/Toneladas)

Fonte: elaboração própria, a partir de dados do MDIC.

A composição das exportações em termos de fatores agregados pouco se alterou durante o período, conforme mostra o gráfico 9. Os bens industrializados corresponderam, em média, a aproximadamente 71%, enquanto os produtos básicos correspondem a 27% restantes. No entanto, a partir de 2006 observa-se uma redução da participação dos produtos industrializados, que corresponderam à aproximadamente 60,6% do total em 2008. Com relação à subdivisão dos bens industrializados, os manufaturados e os semimanufaturados, os primeiros correspondem a

aproximadamente 55,7% do total. O gráfico a seguir mostra, ainda, que a redução das exportações de bens industrializados pode ser explicada pela redução da participação dos bens manufaturados no total.

Gráfico 9 – Evolução da Composição das Exportações do Brasil por Fatores Agregados entre 1991 e 2008 (%)

Fonte: elaboração própria, a partir de dados do MDIC.

Gráfico 10– Evolução da Composição das Exportações do Brasil por Setores de Contas Nacionais entre 1999 e 2008 (%)

Com relação aos setores de contas nacionais, o período de 1999 a 2008 mostra certa estabilidade, conforme o gráfico 10. A maior participação é de bens intermediários, aproximadamente 57%. Ainda com relação a esta divisão, observa-se uma tendência de crescimento para combustíveis e lubrificantes, e, ainda, uma tendência de redução para os bens de consumo e de capital.

Conforme é possível ver através do gráfico 11, o principal parceiro do Brasil é a União Européia destino de 23,4% do total exportado em 2008. Ainda pelo gráfico 11, nota-se a queda da participação dos Estados Unidos, que em 1999 era o segundo principal destino das exportações com 22,6% do total, passando para 13,97% em 2008, e o crescimento do comércio com a Ásia (aumento de 11,9% para 18,9%) o segundo maior parceiro comercial atualmente.

Gráfico 11 – Evolução da Participação dos Principais Blocos Econômicos de Destino das Exportações do Brasil entre 1999 e 2008 (%)

Fonte: elaboração própria, a partir de dados do MDIC.

Com relação ao desempenho das exportações da indústria de transformação, entre 1999 e 2008 o valor das exportações, medido em dólares americanos, apresentou variação positiva de 251%. Nesse período, o índice de preços ao atacado registrou uma inflação de 39% nos Estados Unidos. Deste modo, houve também ganhos em termos reais nas exportações da indústria de transformação brasileira mesmo em um período marcado por crises econômicas de repercussão mundial e mudança no regime de câmbio.

O gráfico 12 mostra a evolução das exportações por setores da indústria de transformação8 entre 1996 e 2008. Os setores da indústria de transformação com maior destaque neste período foram o de petróleo e álcool (crescimento nominal de 1148%) e transporte (1026%), que passaram a ter uma participação relevante na pauta de exportações. O setor de alimentos e bebidas também apresentou crescimento e consolidou-se como o principal setor da indústria de transformação em termos de exportações, apesar de ter apresentado um crescimento bem menos expressivo de 245%. O setor de metalurgia básica, o segundo mais importante, teve uma variação positiva, acima da média, de 217%. Outros setores que cresceram acima da média foram os de materiais elétricos e eletrônicos e comunicações, com variação de 330 e 399%. Em termos negativos, destacam-se o setor têxtil e o setor de couro e calçados, que apresentaram baixo crescimento em relação aos demais, com taxas de variação de 110% e 71%.

Gráfico 12– Exportações por setores da indústria de Transformação em 1996 e 2008 (US$ Milhões)

Fonte: elaboração própria, a partir de dados do FUNCEX.

Interessante notar que os setores com maior crescimento das exportações forma aqueles que apresentaram melhores resultados em termos de ganhos de produtividade, sendo eles: petróleo e álcool, transporte, alimentos e bebidas e metalurgia básica. E os setores de têxteis, e de

couro e calçados, cujo desempenho das exportações foi menos expressivo, apresentaram os piores resultados em termos de crescimento na produtividade.

A tabela 6 informa os vinte principais artigos da pauta de exportações brasileiras em 2008. Os vinte principais artigos correspondem a mais da metade do total do valor exportado, dentre eles destacam-se minérios de ferro (8,43%), petróleo (6,93%) e soja (5,54%). Percebe-se, também, a importância do setor de manufaturas, grande parte dos produtos da tabela passou por alguma transformação na indústria, como foi visto, a participação dos bens industrializados correspondeu à cerca de 60% do valor total exportado.

Tabela 6 – Exportações Segundo as Principais Mercadorias - Janeiro a Dezembro de 2008 (US$ 1.000 FOB)

NCM DESCRIÇÃO VALOR PART. %

1 2601 Minérios de ferro e seus concentrados 16.681.152 8,43

2 2709 Petróleo 13.718.644 6,93

3 1201 Soja mesmo triturada 10.951.278 5,54

4 207 Carnes de aves 6.007.445 3,04

5 1701 Açúcar 5.505.115 2,78

6 8802 Aeronaves 5.498.454 2,78

7 8703 Automóveis de passageiros e outros veículos 4.912.540 2,48

8 2710 Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos 4.785.305 2,42

9 2304 Farelo de soja 4.354.175 2,20

10 901 Café mesmo torrado ou descafeinado 4.167.658 2,11

11 4703 Celulose 3.773.513 1,91

12 7207 Prod. semimanufaturadas de ferro ou aços 3.738.330 1,89

13 202 Carnes bovinas congeladas 3.704.632 1,87

14 8708 Partes e acessórios dos veículos automóveis 3.477.973 1,76

15 7201 Ferro fundido bruto e ferro spiegel 3.144.587 1,59

16 2401 Fumo 2.685.534 1,36

17 1507 Óleo de soja 2.669.397 1,35

18 8517 Aparelhos elétricos p/telefonia ou telegrafia por fio 2.401.633 1,21

19 2207 Álcool etílico não desnaturado 2.391.149 1,21

20 7202 Ferroligas 2.304.786 1,16

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