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EXPORTAÇÕES TOTAIS DO NORDESTE BRASILEIRO POR ESTADO DE ORIGEM (VENDAS INTER-REGIONAIS, INTRA-REGIONAIS E INTERNACIONAIS)

4.4 – O Comércio Inter-Regional Realizado pelos Estados do Nordeste

EXPORTAÇÕES TOTAIS DO NORDESTE BRASILEIRO POR ESTADO DE ORIGEM (VENDAS INTER-REGIONAIS, INTRA-REGIONAIS E INTERNACIONAIS)

[Em % Percentual]

Elaborado pelo autor Base de Dados:

1943, 1947, 1961: IBGE. Anuários Estatísticos do Brasil. Rio de Janeiro. 1969: CEDEPLAR. Tabulações especiais da FIBGE realizadas pela UFMG. 1976 e 1980: SUDENE. Importações e Exportações do Nordeste do Brasil 1974-80.

1999: VASCONCELOS, José Romeu. Matrix do Fluxo de Comércio Interestadual de Bens e Serviços no Brasil - 2001. Exportações Internacionais para o ano de 1999 foram extraídas do Alice Web (MDIC) .

A representatividade das vendas totais realizadas pelo Estado de Pernambuco demonstra comportamento inversamente proporcional ao apresentado pela Bahia. Com exceção do intervalo entre os anos de 1980 a 1999, nos momentos em que o Estado da Bahia ganhava participação no mercado (representado pelo total das vendas nordestinas) o Estado de Pernambuco perdia e vice-versa. Cabe ressaltar, no resultado apresentado entre 1980 e 1999, que enquanto as participações de Pernambuco e Bahia, juntamente, apresentaram queda na representatividade total das vendas nordestinas, certamente, ocorreu um aumento da participação dos demais Estados nordestinos.

Os níveis de comércio apresentados pelas economias da Bahia e Pernambuco ao longo do século XX, apresentam, de maneira geral, correlação negativa. À medida que cresce a participação de um Estado, cai a do outro. Este fenômeno pode ser explicado, de certa forma, pela atividade do setor industrial. Notavelmente, as economias de Recife e Salvador apresentaram dois padrões de industrialização que se afastaram.

4.4.8 – Economias de Pernambuco x Bahia

Segundo Brandão (1985), historicamente, há uma explicação para as diferentes potencialidades das economias de Salvador e Recife. Pernambuco já tinha um histórico de industrialização desde a primeira metade do século XX, enquanto a Bahia somente veio a despontar com potencialidade industrial a partir da década 50/60. De certa forma, o passivo da história do início da industrialização “mal resolvida”, em Pernambuco, reflete-se sobre os seus níveis de comércio.

Em 1970, a economia industrial de Salvador era significativamente menos diversificada que a de Pernambuco. Excluindo o setor de petróleo e derivados, o tamanho da economia industrial de Salvador era muito menor. Todavia, havia uma diferença fundamental. Salvador apresentava maior intensidade de capital, maiores salários médios, inclusive com o pessoal ligado diretamente à produção, e maior produtividade média. No Recife, o peso das indústrias ligadas aos têxteis, fiação e tecelagem, e à alimentação e vestuário eram, em grande parte, herdeiras da “velha indústria”, apresentando uma característica de rebaixamento da força de trabalho, diminuindo a média geral dos salários, reduzindo assim, os efeitos multiplicadores dessas rendas na economia. Atualmente, isto é na segunda metade da década de 1990, segundo Sabóia (2004), a economia industrial do Estado da Bahia é a mais diversificada do Nordeste, com trabalhadores mais educados, maiores salários e, conseqüentemente, maiores níveis de produtividade.

Também na Bahia, o Estado demonstrou ser maior articulador político para o desenvolvimento e incentivo à atração desse novo processo de industrialização. Historicamente, a economia da Bahia sempre foi uma economia voltada para a exportação, desenvolvendo mais cedo o capital financeiro que se ampliava fora do Estado.

4.4.9 – Considerações Finais

Neste capítulo, foi efetuada uma análise das exportações inter-regionais realizadas pelos Estados da região Nordeste do Brasil, no contexto do comércio total, incluindo-se os comércios intra-regional e internacional, quando foi possível obter as seguintes conclusões.

No Nordeste, ocorre uma concentração da atividade comercial nos Estados da Bahia, Pernambuco e Ceará.

O Estado da Bahia é o principal exportador nordestino para o mercado inter-regional e internacional. A partir de meados da década de 50, começou a apresentar sucessivo crescimento em sua participação no total do comércio inter-regional nordestino, assumindo a posição de liderança a partir de 1961.

O Complexo Petroquímico de Camaçari constituiu-se, não apenas em uma alta densidade de capital investido, mas também, em níveis de rentabilidade muito superiores em relação, não apenas à economia da região, mas também aos demais setores industriais nacionais na época em que foi instalado. Além dos novos empregos criados, na extração e refino de petróleo, nos serviços de produção e na construção civil, a empresa estipulou salários muito elevados. Por esses motivos, é possível entender, de maneira mais clara, as severas alterações no perfil do comércio inter-regional da economia baiana a partir da década de 60.

O Estado de Pernambuco representa o principal distribuidor de bens e mercadorias para os demais Estados do Nordeste. Em todos os anos da amostra, figurou na primeira colocação de representatividade nas vendas intra-regionais, todavia, com perdas sucessivas de participação a partir de 1961. Esse fato pode ser explicado pois, segundo Lima, Sicsú e Padilha (2006), a economia de Pernambuco tem apresentado, ao longo da história, padrões diferenciados de desenvolvimento, passando por períodos de dinamismo e outros de estagnação.

Lima e Katz (1993) tentam explicar essa perda pernambucana pela redução na função tradicional de entreposto comercial do Estado dentro do processo de integração da economia brasileira. Desta forma, os demais Estados nordestinos passaram a comercializar suas mercadorias diretamente com a região Sudeste. Também as dificuldades de competitividade da agroindústria sulcroalcooleira representaram uma dificuldade para a economia pernambucana, ao contrário da Bahia e Ceará que buscaram a diversificação dos seus investimentos.

O Ceará vem apresentando, em sua História recente níveis significativos de crescimento em sua participação percentual no comércio inter-regional e intra-regional. Este crescimento pode ser explicado pela agressiva política de atração de empresas realizada pelo Estado. Assim, conseguiu atrair significativos investimentos, principalmente nos ramos têxtil e calçadista, melhorando os seus níveis de comércio, ao longo dos últimos anos da análise.

No comércio internacional se destaca a Bahia, pela força de sua indústria petroquímica e o Estado do Maranhão. Este último pode ser explicado pelo projeto da Companhia Vale do Rio Doce que efetuou elevados investimentos no setor de exploração de minério. Deve ser considerado ainda, o funcionamento do Corredor de Exportação Norte, em 1992, quando a maior parte da produção agrícola da região, principalmente da soja, passou a ser escoada por estradas de ferro operadas pela Vale do Rio Doce.

CAPÍTULO 5

5 –

ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA ESTRUTURA DO

COMÉRCIO INTER-REGIONAL DA REGIÃO NORDESTE DO