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Os seres humanos estão constantemente expostos a fontes de radiação ionizante, sejam estas fontes naturais, como, por exemplo, raios cósmicos e produtos de decaimento de elementos radioativos presentes em rochas e minérios (Radônio, por exemplo), ou fontes artificiais, como, por exemplo, raios – X em exames radiográficos.

A Figura 2.6 apresenta as contribuições na dose anual média devido a exposições de diversas naturezas. De acordo com a UNSCECAR, a maior parcela (99,6%) da dose anual média mundial (aproximadamente 3 mSv/ano) corresponde basicamente a exposições a fontes naturais e artificias de radiação em procedimentos médicos. Os outros 0,4% correspondem a contribuições na dose devido a testes com armas nucleares, acidente de Chernobyl, ciclo do combustível nuclear e exposição ocupacional (UNSCEAR, 2008).

Figura 2.6. Contribuições na dose anual média da população mundial correspondentes a

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A exposição ocupacional é dada pela exposição normal ou potencial de um indivíduo à radiação ionizante em decorrência de seu trabalho ou treinamento em situações de exposição planejada, de emergência ou existentes. Como mostrado na Figura 2.6, a exposição ocupacional não inclui exposição às radiações provenientes de fontes naturais, presentes no dia a dia, e artificiais devido a procedimentos médicos, bem como não inclui exposição à radiação natural do ambiente. Sendo assim, a monitoração individual dos IOEs não considera as outras fontes de radiação, que os indivíduos podem estar sujeitos ao longo do tempo, na avaliação das doses individuais. Embora, em algumas recomendações internacionais, a exposição a fontes naturais deva ser considerada como exposição ocupacional (situações de exposição existentes), como, por exemplo, no caso de tripulação de avião, que pode estar sujeita a uma maior exposição a fontes naturais em decorrência do seu trabalho (IAEA, 2014), ainda existem dificuldades em diferenciar o que é uma exposição ocupacional da exposição a fontes naturais de radiação presentes no dia a dia (HAMADA e FUJIMICHI, 2014; STIETKA et al., 2013; MORGAN e BAIR, 2013).

As diversas instalações radiativas ou os locais de trabalho com radiação ou material radioativo devem ter suas áreas classificadas, de forma que sejam identificados os locais de exposição ocupacional. Tais locais podem ser classificados como áreas controlada, supervisionada ou livre. Uma área deve ser classificada como área controlada quando for necessária a adoção de medidas específicas de proteção e segurança para garantir que as exposições ocupacionais normais estejam em conformidade com os requisitos de otimização e limitação de dose, bem como prevenir ou reduzir a magnitude das exposições potenciais (de natureza probabilística).

Já nas áreas classificadas como supervisionadas, embora não seja necessária a adoção de medidas específicas de proteção e segurança, devem ser feitas avaliações regulares das condições de exposições ocupacionais, com o objetivo de determinar se a classificação continua adequada.

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As áreas controladas devem estar sinalizadas com o símbolo internacional de radiação ionizante, acompanhando um texto descrevendo o tipo de material, equipamento ou uso relacionado à radiação ionizante (CNEN, 2014).

A delimitação física das áreas controladas considera a magnitude das exposições normais esperadas e potenciais, além dos requisitos de proteção e segurança necessários. A posição regulatória PR 3.01/004:2011 estabelece que uma área seja considerada controla quando as doses equivalentes efetivas anuais são iguais ou superiores a 3/10 do limite para trabalhadores ou/e houver risco de disseminação da contaminação durante as condições normais de operação do serviço ou instalação (CNEN, 2011a).

Independente da classificação das áreas, os limites de exposição ocupacional para indivíduos do público (aqueles que não estão sujeitos à exposição ocupacional) e IOEs são fixos (Tabela 2.3). As áreas não classificadas como controladas ou supervisionadas são denominadas áreas livres. Uma área pode ser denominada livre quando o nível de proteção para aqueles que trabalham no local é comparável com o nível de proteção requerido para exposições do público, ou seja, o risco de contaminação por materiais radioativos e a taxa de dose são baixos o suficiente de forma que o limite de dose para indivíduos do público (1 mSv/ano) ou fração deste, levando em conta o tempo de permanência, é respeitado (CNEN, 2011a).

As restrições de dose para IOEs e indivíduos do público levam em conta o princípio da otimização e não se aplicam no caso de exposições médicas e odontológicas e nem a radiação natural (ou ambiental), presente no dia a dia, como mencionado anteriormente. A Tabela 2.3 apresenta os limites de dose adotados no Brasil pela CNEN para a exposição ocupacional em situações planejadas e existentes e para indivíduos do público.

Os limites de dose introduzidos pela ICRP têm como principal objetivo evitar a ocorrência de efeitos determinísticos da radiação ionizante e minimizar a probabilidade de ocorrência dos efeitos estocásticos da radiação. Estes limites se baseiam em dados de estudos epidemiológicos, como por

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exemplo, de sobreviventes da bomba atômica, estudos biológicos e cálculos de estimativa de risco (ICRP, 2007).

Tabela 2.3. Limites de dose ocupacional e para indivíduo do público adotados na norma

CNEN NN 3.01 e na recomendação ICRP – 103 (CNEN, 2014; ICRP, 2007).

Grandeza IOEs Indivíduos do

público Dose Efetiva

(corpo inteiro) 20 mSv/ano

a 1 mSv/ano

Dose equivalente

(órgão ou tecido específico)

Cristalino 20 mSv/ano 15 mSv/ano

Pele 500 mSv/ano 50 mSv/ano

mãos e pés 500 mSv/ano ---

a

média aritmética em 5 anos consecutivos nunca deve ultrapassar 50mSv/ano

A implementação da monitoração individual dentro de um programa de proteção radiológica, além de cumprir requisitos legais, verificar a eficácia das práticas de controle de radiação no local de trabalho e fornecer informações no caso de exposição acidental, também pode ser utilizada para detectar alterações no local; confirmando ou complementando o monitoramento ambiental do local de trabalho. O controle de trabalhadores de áreas controladas deve ser executado através de monitoração individual, avaliação de doses e supervisão médica, e no caso do controle e monitoramento das áreas, deve ser feita a monitoração ambiental, resultando na avaliação final das exposições à radiação ionizante.

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