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4.1 Expressªo da adolescŒncia no Rorschach

Descrevemos, de acordo com a literatura como o Rorschach permite revelar as especificidades do funcionamento mental dos adolescentes, que Ø marcado por uma grande diversidade e riqueza. A anÆlise do Rorschach dos adolescentes que queremos apresentar ( Marques, 1993 e Traubenberg, 1993) assenta num modelo em que Ø atribudo um peso especifico ao jogo entre a realid ade interna e a realidade externa e s vicissitudes neste perodo tªo particular.

O modelo interpretativo do Rorschach para o estudo dos adolescentes Ø descrito por Marques (1991), (...) aquele que confere adolescŒncia o estatuto de perodo do desenvolvimento marcado por alteraıes e transforma ıes importantes, perodo marcado pela necessidade de negociar tendŒncias diferentes, opostas, mesmo contraditrias (Marques, 1991, p.204).

O adolescente para se distinguir e diferenciar do outro, tem de conseguir lidar com aquilo que lhe Ø estranho e vulnerÆvel (muito associado a um corpo em transformaªo). Dependentemente do sexo do adolesce nte e sua idade, verifica-se que eles utilizam estratØgias diferentes para lidarem com as suas vulnerabilidade, logo a expressªo no Rorschach possui caractersticas difer entes, neles e nelas.

Apesar de se mostrar os mesmos cartıes aos adolesce ntes independentemente do sexo, verifica-se que cada cartªo Ø sentido de modo diferente tendo em consideraªo o sexo e a idade.

Uma vez que existem diferentes formas de expressªo, face a cada cartªo, de acordo com o sexo e idade do adolescente, torna-se importante descrever aquilo a que remete cada cartªo.

Cartªo I

O contacto com o cartªo I pode causar um certo mal estar, uma vez que o sujeito se estÆ a confrontar com uma situaªo estranha e de sconhecida, que por vezes Ø compensada pelo recurso a uma actividade intelectual, vinculada ao sociocultural.

Neste cartªo Ø frequente um impacto ansiogØnico ao negro, o que revela uma possvel falha ao nvel da integridade corporal.

O primeiro cartªo pode reenviar imagem maternal p rØ-genital, ou entªo, tendo em consideraªo a sua forma, pode reenviar imagem do corpo.

Normalmente os adolescentes, independentemente do sexo, tendem a dar uma resposta unitÆria, global, o que atesta a projecªo de uma imagem de corpo integrado, mas hÆ diferenas. O grupo dos prØ-adolescentes mostra uma grande dominncia G, quando comparados com os mais velhos, nªo havendo n ecessidade de analisar tªo intensamente o estmulo. Esta conduta deve-se ao im pacto ansiogØnico do cartªo, mas tambØm s falhas de integridade corporal, jÆ que o Dbl aparece integrado no G. Quanto ao grupo das prØ-adolescentes e dos adolescentes, estes expressam menos inquietaıes ao nvel da integridade corporal, podendo haver ent ªo maior exploraªo do estimulo, com um julgamento adequado. HÆ, porØm, uma particularidade no grupo das prØ- adolescentes, onde aparecem imagens que atestam a projecªo de si valorizada, mesmo omnipotente (Marques, 1990)

Perante este cartªo, hÆ uma certa ambivalŒncia entre a realidade perceptiva, que se quer adaptada e ,por outro lado, hÆ uma vulnerabilidade corporal narcisista mais ou menos patente.

Perante uma reacªo disfrica, as raparigas vivem-n as e transmitem-nas de um modo passivo, ou mesmo depressivo, em que a expressªo das pulsıes agressivas sªo muito controladas e reprimidas.

Nos rapazes, a expressªo da impotŒncia e o atentado a uma imagem corporal podem estar ligados. Uma tonalidade fbica, atØ mes mo persecutria, pode estar encoberta pela escolha de atributos agressivos. A sensibilidade mutilaªo e ao atingido variam na projecªo atravØs das imagens de temas de grande potŒncia ou de representaıes narcisicas negativas. Esta vulnerabi lidade surge atravØs do recurso a conteœdos como casca, mascara, o que mostra u ma necessidade de protecªo.

Cartªo II

O sujeito ao defrontar-se com este cartªo, depara-s e com uma situaªo nova pelo aparecimento da cor vermelha e de um espao branco central. Neste cartªo, a carga emocional Ø vivenciada de um modo bastante intenso, no sentido de uma mal estar, de uma excitaªo positiva ou de uma reacªo negativa. A solicitaªo simblica Ø diferente se provŒm do conjunto desta situaªo muito carregad a (negro, vermelho, branco) ou de

uma abordagem mais circunscrita das manchas vermelhas, do branco ou do negro. O cartªo II Ø bissexuado nas suas formas, o que pode desencadear respostas especificas.

Normalmente, o vermelho Ø o elemento sensorial mais interpretado, mais associado a uma mutilaªo do que a uma pulsªo agres siva. Verifica-se que o detalhe branco Ø muito utilizado, mais como suporte da representaªo no total, do que como um espao vazio. Neste cartªo, normalmente os conteœdo s centram-se sobre o interior do corpo, os pormenores anatmicos e o sangue, princip almente nas raparigas mais novas (Raush de Traubenberg, 1993).

A temÆtica mais abordada pelos adolescentes neste cartªo Ø o interior do corpo e a bissexualidade.

Nas raparigas, as respostas anatmicas com caracter sexual estªo associadas a problemÆticas onde o corpo Ø um objecto passvel de ser agredido. Apesar de surgirem frequentemente respostas sangue, verifica-se que sªo dadas isoladamente, externamente dimensªo agressiva.

O Dbl neste cartªo Ø tratado como o lugar de representaªo simblica da potŒncia e com valor defensivo, na maioria das respostas dadas pelos adolescentes do sexo feminino. A aceitaªo do feminino e a reivindi caªo fÆlica provoca um conflito nas raparigas.

Os rapazes perante o cartªo II tendem a fazer assoc iaıes projectivas e movimentos defensivos. No entanto, tambØm apresentam respostas fragmentadas, demonstrando sensibilidade ameaa da imagem corpo ral, podendo integrar essa fragmentaªo num cenÆrio libdinal ou agressivo.

De acordo com Marques (1993), O recurso banalidade predomina nas raparigas comparativamente aos rapazes. Esse domni o pode revelar uma luta pela neutralizaªo pulsional, que pode mesmo ser acompa nhada pelo recurso ao isolamento. (Marques, 1993, p.49).

Neste cartªo encontra-se uma particularidade na sig nificaªo dos prØ- adolescentes: o aparecimento de diversas imagens fortes e atØ mesmo opostas na significaªo. Sªo imagens que vªo de poas de sang ue a dois chineses a lutar, com o rosto coberto por um pano vermelho e estªo sentados , passando para um horizonte com um sol alaranjado de um vermelho estranho. Sªo imagens que mostram bem o impacto deste cartªo, que se traduz por imagens dom inadas pelo investimento nos contrÆrios: actividade/passividade, fragmentaªo/gl obalidade, cujas experiŒncias de

Este cartªo possui uma grande conotaªo bissexual, reenviando os adolescentes a uma representaªo simblica de um corpo maternal, uma vez que se trata do corpo do outro. Os rapazes podem estabelecer a mesma relaªo com o objecto materno prØ- genital podem renovar essa relaªo, enquanto as ra parigas tŒm de se confrontar com a representaªo do seu corpo e com a representaªo do corpo da sua mªe. As imagens humanas neste cartªo, revelam dificuldades em lidar com o pulsional.

Cartªo III

Neste cartªo surgem as mesmas cores do que no cartª o anterior. A relaªo emocional Ø geralmente positiva, o cartªo permite uma certa descontracªo pela sua estrutura menos centrada e menos pesada. O prazer pode ser evocado, excepto quando a relaªo das personagens Ø problemÆtica, ou quando estas personagens pertencem a um mundo irreal malØfico, ou ainda quando sªo desvitalizadas.

A solicitaªo simblica dominante resulta da dispos iªo espacial das silhuetas humanas que, aqui, se impıem. A necessidade de repr esentaªo de si face ao outro e o tipo de relaªo convergente ou divergente, pode tam bØm ser expresso.

A interpretaªo das representaıes humanas, pode in duzir a necessidade da representaªo de si e do outro, apelando para o mod o relacional.

Quando o cartªo Ø colocado em posiªo inversa a ima gem humana reenvia, para o irreal poderoso e ameaador.

De acordo com Rausch de Traubenberg (1993) (...) as referŒncias identificatrias jogam-se de formas diferentes de a cordo com o sexo: os rapazes dªo imagens femininas, insistindo nos atributos femininos, enquanto as raparigas percebem essencialmente personagens indeterminadas, annimas , nªo se prendendo em detalhes narcsicos ou sexuais. Mas Ø neste cartªo que se co ncentra no mÆximo a expressªo pulsional. Uma vez que as relaıes nas raparigas sª o essencialmente neutras, procurando uma carga socializada sem pulsıes agress ivas ou libdinais , os rapazes encontram-se em desvantagem na sua posiªo e dªo im agens carregadas de angustia (Rausch de Traubenberg, 1993, p.18).

muito frequente neste cartªo a utilizaªo de D o que mostra uma grande necessidade de exploraªo. notrio, no grupo dos adolescentes um aumento significativo do modo de apreensªo D. Esta insistŒncia nos detalhes veicula importantes

preocupaıes hipocondracas, atravØs das respostas com conteœdos Anatomia, respostas que podem ser compreendidas como um refugio, face ao impulso relacional sugerido pelo cartªo (Marques, 1993).

Os vermelhos sªo focos de atenªo por parte dos a dolescentes. O vermelho central tratado isoladamente permite a integraªo d a Cor/Forma numa resposta banal, mas por outro lado este detalhe vermelho pode levar atravØs das suas significaıes projecªo de fragmentos corporais ou de representa ıes de mutilaıes. Por vezes os adolescentes ao defrontarem-se com o impacto da cor vermelha, recorrem intelectualizaªo, dando cor um valor simblico p rincipalmente as raparigas. Nos rapazes, o efeito de uma intelectualizaªo, pode ca muflar um pensamento confuso, onde os temas reenviam perda de limites e confusªo e ntre o externo e o interno.

Perante os vermelhos laterais, as raparigas tendem a dar respostas mais objectivas e concretas, enquanto os rapazes sªo mai s pessoais, mais subjectivos, onde a projecªo Ø mais evidente.

O negro central, provoca um maior impacto sobre as raparigas, que dªo respostas com conteœdos variados, do que nos rapazes, que utilizam um menor numero de conteœdos e que de certa forma traduzem a angustia centrada na atenªo corporal.

Neste cartªo, as cinestØsias sªo solicitadas com muita facilidade. Nos rapazes verifica-se que existe como que, uma hiper mobilizaªo, espelhando de certa forma uma defensividade, em oposiªo, as raparigas preservam mais os movimentos de contenªo e de imobilidade. A necessidade que os rapazes sentem em dar respostas associadas a um movimento, esta ligado com o facto deles evocarem na maior parte do tempo, a imagem feminina de duas mulheres tribais, objecto que pelo que reenvia pode trazer ao de cima uma inquietaªo ao nvel da identidade.

Os adolescentes ao confrontarem-se com os cartıes II e III tem reacıes diferentes tendo em consideraªo o seu sexo, as rap arigas sªo mais reactivas e frÆgeis ao se confrontarem com o cartªo II e reorganizam-se de uma forma mais distante no cartªo III, de um modo contrastado, os rapazes no cartªo I II por vezes, reactivam dificuldades ao nvel da separaªo individuaªo, reenviando pe rda dos limites, levando destruturaªo da imagem corporal, (Rausch de Traube nberg, 1993).

CartªoIV

A mancha evoca uma imagem de fora e mesmo de auto ridade e devido ao seu aspecto massivo suscita reacıes negativas ou posi tivas face s posiıes de dominncia de potŒncia sentidas como fÆlicas. atravØs das imagens activas ou passivas que se podem afirmar os movimentos identificatrios. A per cepªo mais frequente da mancha Ø dada pela expressªo de uma construªo corporal hu mana, qual estªo associadas reacıes de angœstia, sensibilidade ansiosa e evide ncia depressiva.

Perante este cartªo Ø muito frequente, surgirem respostas globais, como tambØm as associaıes formais sªo dominantes sendo, no ent anto, mais controladas. No caso de existir uma dominncia global e formal, as capacida des de expressªo verbal e de elaboraªo sªo em si melhores do que nos cartıes an teriores. O recurso ao formal, e ao conhecido Ø dotado de uma sensibilidade que Ø pouco depressiva, sendo que as reacıes massivas sªo reparÆveis, especialmente nas raparigas (Rausch de Traubenberg, 1993).

Apesar de ser frequente, surgirem respostas em G, verifica-se que, G>D nas raparigas e que G<D nos rapazes (Marques, 1990).

De acordo com Rausch de Traubenberg (1993) Os conteœdos distribuem-se de uma forma muito diferente. As raparigas centram-se nos personagens irreais, nos conteœdos vegetais e nas imagens do corpo fragmentado, enquanto os rapazes nªo mostram esta polarizaªo. O conteœdo pele de anima l, que Ø dado como banal, estÆ ausente nas raparigas e aparece pouco nos rapazes (Rausch de Trauberberg, 1993, p.20).

Os adolescentes ao se confrontarem com este cartªo, tendo em consideraªo o seu sexo e idade, tem reacıes diferentes face Æ so licitaªo simblica do cartªo.

Nos rapazes prØ-adolescentes, assiste-se a uma extrema variabilidade de imagens: das Kob, s imagens que vªo dos A, aos Ad, que vªo das referŒncias restauradoras Bot, s imagens Fgt, que atestam uma vivŒncia depressiva importante. Esta diversidade dÆ conta de um extremo balanceamento entre imagens activas, pulsionais, restauradoras e imagens que denotam a fragilidade narcsica, a passividade. Quanto aos adolescentes masculinos, observa-se a participaªo das imagens marcadas pela passividade, atestando uma fragilidade importante, mas com menos possibilidade de recuperaªo (Marques, 1990).

Os rapazes, mais implicados, reconhecem fortemente a especificidade deste cartªo. Ele possibilita-lhes atribuir respostas con strutivas e elaboradas quando se

focalizam na representaªo humana, recorrendo a vÆr ios conteœdos. As respostas humanas e para humanas, determinam a importncia do movimento identificatrio que Ø suscitado.

Os rapazes sªo muito sensveis ao fascnio deste c artªo, que os reenvia a uma representaªo de si que se estabelece pela potŒncia fÆlica dotada de atributos perigosos e agressivos.

A confrontaªo identificatria nªo ocorre sem conf litos nem angœstia, verificando-se oscilaıes entre a idealizaªo, a de svalorizaªo e a depressªo narcsica. Por vezes esses movimentos sªo acompanhados por sen timentos homossexuais passivos e masoquistas.

Quando hÆ uma reactivaªo do conflito de identific aªo, normalmente Ø apaziguado pelas defesas de tipo narcsico, como a idealizaªo e o congelamento dos movimentos pulsionais.

Perante este cartªo, verifica-se que as raparigas investem fortemente esta imagem, manifestando movimentos conflituais de grande intensidade, onde a angustia esta presente, a qual parece estar ligada potŒncia da imagem viril representada. Elas podem tambØm manifestar reacıes fbicas de repulsa (verifica-se a existŒncia de um grande numero de Clob, quatro vezes superior em relaªo aos rapazes). Em outras situaıes elas defendem-se da dimensªo sexual do ca rtªo, atribuindo uma percepªo vegetal a representaªo humana, numa modalidade reg ressiva complexa onde a representaªo ansiogŒnica da potŒncia fÆlica vai ser transformada. A simbologia sexual Ø expressa de uma forma elaborada ou entªo de um modo sublimado, atravØs da utilizaªo de referencias do seu imaginÆrio infanti l ou cultural menos perigoso.

As reacıes perante este cartªo sªo muito intensas mas extremamente opostas: ou possuem uma integraªo dinmica e a potŒncia fÆl ica nos rapazes, ou a dificuldade em aceitÆ-lo como acontece nas raparigas (apesar do impacto visto como depressivo perante esta situaªo, sªo capazes de mobilizar est ratØgias defensivas variadas, mais adaptadas que os rapazes).

CartªoV

integridade pode corresponder integridade psquic a ou somÆtica. A tonalidade emocional Ø , em geral, neutra e pouco pronunciada, uma vez que o cartªo Ø o que estÆ mais prximo da realidade.

Normalmente a mancha Ø analisada na sua totalidade, pela forma e cerca de 85% dos sujeitos designam como conteœdo um animal alado (conteœdo dito banal).

O grupo feminino, normalmente perante este cartªo dÆ respostas em G, em oposiªo, o grupo masculino, dÆ mais respostas em D, devido ao aumento das respostas animais, parciais, mas tambØm inteiros. A par duma expressªo correcta ao nvel de imagens que dªo conta da integridade corporal, o gr upo masculino, e sobretudo o dos prØ-adolescentes, reage aos D com sugestªo agressiva, ou entªo reage atravØs de respostas de junªo. Estas respostas atestam a exis tŒncia de uma vivŒncia subjectiva muito particular, qual podemos dar esta formula ªo estou inteiro porque junto, o que mostra uma importante indiferenciaªo, face q ual hÆ a reacªo: as respostas agressivas, sustentadas pelo isolamento (Marques, 1990)

Os adolescentes normalmente dªo uma resposta banal e valorizam-na narcisicamente de um modo superficial. Nªo existe o utro conflito para alØm daquele que se inscreve numa dialØctica activo-passivo. Por vezes a banalidade dÆ lugar a outros conteœdos narcsicos. Em alguns casos extremos, a banalidade, percebida numa primeira aproximaªo, vai ser modificada tendo por base a mu tilaªo da imagem do corpo.

Os rapazes mostram-se mais produtivos, com escolhas de imagens mais variadas (agarram-se resposta banal, ou transformam-na em personagens potentes, mticas, com atributos compostos). O envolvimento Ø muito activo da parte dos rapazes, eles referem- se voluntariamente perante as representaıes concre tas de fora, num movimento de afirmaªo mobilizado pelo conhecimento narcsico de ste cartªo. Esses fundamentos slidos que se sustentam num real securizante podem marcar, em alguns casos, as associaıes, revelando um sentimento de fragilidade dos limites ou da representaªo de si.

CartªoVI

Neste cartªo bissexual, o simbolismo sexual estÆ muito patente, onde a dimensªo fÆlica Ø a mais utilizada. A transposiªo de um tema de potencial real ou simblico Ø muito frequente. A dinmica actividade/passividade permite a expressªo de um problemÆtica de castraªo, tal como a sensibilidade s posiıes passivas pode ter uma

conotaªo anal. A respostas ditas banais, de pele de animal significa o ressurgir de um recalcamento (Rausch de Traubenberg, 1993).

A abordagem perceptiva Ø diversa, o modo de apreensªo global limita-se a 47%, sendo os pequenos detalhes mais elevados. A expressªo formal Ø mais elevada atingindo os 81%, a sua qualidade Ø relativamente correcta. Nªo possui, tal como no cartªo V, a coerŒncia completa entre as componentes da resposta, pelo que as reacıes sªo mais diversificadas. De um grupo a outro, os domnios fo rmais sªo comparÆveis, sendo os temÆticos muito diferentes.

De acordo com Rausch de Traubenberg (1993), os rapazes, utilizam vÆrios conteœdos, reflectindo uma actividade de representaªo adaptada e flexvel. O smbolismo sexual fÆlico do cartªo Ø interiorizado e lidado com liberdade, sem que as respostas sexuais surjam de modo cru e directo. Nªo encontramos muito referida a expressªo da angœstia de castraªo, uma vez que ela Ø evocada de uma forma muito reduzida pelo sujeito sendo repetida numa representaªo narcsica valorativa. As respostas permitem a expressªo de um dinamismo inte lectual modulado, integrado a diferentes nveis de simbolizaªo.

Nas raparigas, verifica-se que hÆ um escamoteamento do campo emocional. A banalidade Ø reconhecida mas caracteriza-se por uma especificaªo passiva, como tal, pode aparecer associada a uma conotaªo desvitaliza da de morte, ou uma sensibilidade agressividade que manifesta um atentado doloroso integridade do corpo, por exemplo uma pele de tigre a qual se retirou a vi da..

O simbolismo fÆlico deste cartªo, Ø tratado de uma forma especial, por parte das raparigas, por vezes recorrendo a uma dimensªo mais fbica, reflectida atravØs dos conteœdos que utilizam (escorpiıes, cabeas de serp ente, cabea de lobo).

Perante este cartªo verifica-se a nªo existŒncia de representaıes mais simblicas ou narcsicas valorizantes, em oposiªo aos rapazes, em que esta dimensªo Ø valorizada.

Particular Ø tambØm o movimento da problemÆtica de castraªo, o detalhe superior, que nos rapazes, Ø uma imagem bastante valorizada.

Os protocolos das raparigas sªo menos variados. Se numas encontramos a expressªo fÆlica, outras Ø o sentimento de ameaa que as faz recusar, colocando-se numa posiªo passiva.

CartªoVII

A importncia deste cartªo Ø o seu caracter aberto , sobre um fundo branco central. Este cartªo reenvia o sujeito imagem fem inina ou imagem materna, tendo em consideraªo a relaªo primitiva com a mªe (rela ªo securizante ou de tipo abandnica). A reacªo entre as figuras Ø colocada num registo de funcionamento evoludo, assim como o balanceamento entre figura/f undo, que Ø responsÆvel pelas reacıes de nvel arcaico.

A aproximaªo perceptiva Ø tambØm um pouco diversificada, tal como a referente ao cartªo VI. A configuraªo da mancha fa vorece uma abordagem em detalhes, verificando-se que as respostas em G sªo muito menos frequentes do que em D. Os adolescentes recorrem essencialmente ao modo externo, ao reconhecimento atravØs das respostas formais, mas exprimindo tambØm posiıes imaginÆrias pelos viØs das respostas cinestØsicas de diferentes nveis. Em alguns deles, Ø notÆvel a presena de representaıes elementares evocando a representaªo materna, num registo mais primitivo. desta forma que o conteœdo latente Ø t ratado nas respostas que se referem natureza (ilhas, grutas, baas), a partir do detalh e branco isolado ou combinado parcialmente com as figuras. As raparigas propıem d iferentes continentes, mostrando uma sensibilidade vida, ou paisagem. Os rapazes a presentam imagens variadas de objectos, que impliquem mesmo fora ou potŒncia, (Rausch de Traubenberg, 1993).

A seguir ao cartªo III, este Ø o cartªo que mobiliza um maior nœmero de cinestesias humanas.

Existe, por parte das raparigas, uma enorme dificuldade em utilizar o cartªo VII, como suporte identificatrio, o que poderÆ estar relacionado com a reactivaªo de uma problemÆtica de fusªo, o que evidencia uma relaªo dual, exemplo siameses. Essa relaªo dual Ø acompanhada de uma carga fantasmÆtica massiva, pois estamos num contexto arcaico onde se inscrevem os fantasmas de relaıes simbiticas.

Os rapazes captam facilmente as representaıes fem ininas, diversificam-nas e qualificam-nas. Interpretam o terceiro tero utiliz ando conteœdos variados e por vezes

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