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Expressão Dramática e Intervenção Artística

Capítulo II – Expressão Dramática

2. Expressão Dramática

2.1. Expressão Dramática e Intervenção Artística

Neste tópico queremos analisar e referenciar o que existe de mais positivo e pertinente na ED, enquanto parte da intervenção artística, uma vez que é através dela que atuamos e chegamos ao grupo da ação. A Intervenção artística deve ser promotora entre outras atividades inspiradoras de criatividade, autonomia, espírito de equipa, plasticidade.

A intervenção artística procura atuar de forma objetiva e ajustada com o indivíduo ou/ com o grupo, permitindo dar “asas” à imaginação, fortalecendo o auto – conhecimento e a compreensão dos outros. Esta área deve estar presente em todos os ciclos de estudo, pois os alunos podem explorar atividades quer no âmbito da ED e da EP e/ou na interação de ambas, num projeto aliciante onde prevalecem todos os conceitos em que assenta a intervenção artística.

Considera-se ainda que a ED é um fator estruturante da aprendizagem onde a expressão é a origem, o objeto e o objetivo da aprendizagem, que atendem sobretudo ao processo e não ao produto final enquanto espetáculo para audiência. Neste sentido é relevante que na intervenção artística sejam mais uma vez enfatizados o jogo dramático,

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as atividades lúdicas e experiências e se possível, criar projetos onde haja interação também com a EP. Estas experiências são pois motivadoras e impulsionadoras de criatividade e imaginação.

O que acabámos de referir acontece na Expressão Artística, disciplina lecionada em muitos espaços educativos, inclusive no PIEF e que proporciona por conseguinte a intervenção artística. Nesta área curricular necessitamos de uma prática e de um contacto direto com as matérias e com o vivido. Nesse sentido pode dizer-se que são as atividades dramáticas e o que com elas se relaciona os fatores principais para a realização e envolvimento com a arte. É a partir do que se vive e como surge a intervenção artística que se adquire conhecimento e se inicia o processo de domínio da linguagem plástica e dramática.

Outro princípio fundamental é a constatação de que é possível comunicar através da arte e que essa consciencialização deve estar presente quando abordamos a educação artística.

Através da EP é possível comunicar-se com o meio envolvente e passar uma mensagem sobre o seu significado. Além disso, esta é uma área pertinente nos projetos de ED pelo seu ato de comunicar visualmente, completando a expressividade do corpo e as palavras de quem explora o jogo dramático.

A interação das diferentes componentes de uma intervenção artística pertinente é fundamental para enriquecer o processo de criação quer ao nível da plasticidade quer ao nível da dramatização e de tudo o que o envolve. Estamos certos que a ED é algo excecionalmente para o sentimento de partilha de vivência do ser humano que pela sua prática assimila informação pertinente para o seu desenvolvimento.

Também as palavras de Azevedo, referente ao percurso docente universitário, pode ser o aplicar ao que abordamos até agora. Acreditamos que a maior ferramenta da ED esta área de sua intervenção é a pessoa.

Instintivamente, fizemos dos olhos, das mãos, das palavras e da presença nossas ferramentas (…)

A Animação Sociocultural, Expressão Dramática e Inclusão Social

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Esta prática que desde já defendemos de atividades de ED é para todos e não comporta a exclusão nem mesmo pessoas menos capazes. Morales (2012: 191) é uma prova viva do que afirmamos, uma vez, que o seu trabalho é produtivo e alcançável. Ao realizar projetos teatrais com pessoas com necessidades educativas especiais, alerta-nos que neste caso específico é necessário observar o contexto, o meio e os destinatários

para planificar a ação no processo de intervenção. Acrescenta ainda, que é muito

importante se tomar consciência das capacidades do grupo.

Tal como Morales, atrevemo-nos a pensar na sua aplicação da ED a todos os grupos de trabalho. Defendemos que cada grupo tem as suas particularidades e individualidade. Devemos pois observar o seu contexto e preparar as práticas dramáticas, plásticas e de intervenção, de acordo com os interesses dos envolvidos.

Deste modo acreditamos que as crianças e os jovens que mais frequentam a escolaridade podem e devem ter maior acessibilidade a estas práticas, desde que a escola as proporcione. A escola deve ser impulsionadora de originalidade, criatividade, dinâmica, responsabilidade, entusiasmo, etc. Muitos são os adjetivos que poderíamos enunciar para serem tidos em conta pela escola enquanto formadora de indivíduos que terão um papel importante numa sociedade que avança a passos largos na direção da tecnologia, da ciência e da arte.

Interessa também então referir que o professor tem um papel preponderante tal como em todo o processo escolar nas práticas de ED. No entanto, no que toca a intervenção artística a sua sensibilidade às necessidades dos intervenientes deve estar à “flor da pele”, atuando com precisão mas promovendo liberdade suficiente para que cada aluno construa a sua aprendizagem. O professor deve igualmente disponibilizar-se à partilha e também para a aquisição de novas aprendizagens. Neste sentido, concordamos com Azevedo.

Como professores de teatro e de expressão dramática temos oportunidade de desenvolver, nas nossas aulas, áreas relacionadas com o ato de partilhar o que fazemos. Contudo, tentamos sempre que os alunos se sintam alegres nas sessões de trabalho e que o seu ato de partilha seja uma dávida (…)

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Todos os seus professores na sua prática em contexto de ED deveriam estar à vontade para que

Instintivamente, procuramos momentos de criação na sala de aula. Momento de criação de novas memórias para todos. Procuramos que a nossa presença não seja constrangedora mas que seja aceite por todos e que transmita a sensação de companheirismo. Instintivamente, usamos verbos como ouvir, confiar, fazer e partilhar e fazemos deles objetivos tão importantes como o programa das unidades curriculares.

(Azevedo, 2012: 90) A intervenção artística é uma necessidade em todos os espaços educativos. Visa estratégias para que crianças e jovens, oriundos de grupos excluídos da sociedade possam encontrar a harmonia nas palavras, nos gestos e no contacto com o outro, numa dialética de verdadeira aprendizagem a partir da vivência de experiências no âmbito de ED.

Relativamente à intervenção artística, esta é mais do que uma componente letiva. Contribui para a formação integral de todos os alunos, é a janela para a arte e para a intervenção, para o encontro com o lúdico e com o teatro, nas suas formas de expressão que pode ser mesmo um dos olhares mais interessantes da vida.

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