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2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 A etiologia da obesidade

EXTRAÇÃO E METILAÇÃO

COMPOSIÇÃO CENTESIMAL (Área %)

Para estudo da dieta hiperlipidica foram analisadas 100 gramas sendo verificado em duplicata o que se constituíram em duas amostras. Em ambas foram verificadas a presença de ácidos graxos saturados e insaturados. Entre as duas amostras, a predominância dos ácidos graxos saturados era esperada, uma vez que os produtos que compõem a matéria prima da dieta, chocolate ao leite, amendoim e biscoito de maisena, têm em sua composição elevados níveis de ácido graxo saturado. Dentre os ácidos graxos saturados considerados hiperlipidêmicos e hipercolesterolêmicos, o láurico (C12:0) foi encontrado nas duas amostras (amostra 1=15,9% e amostra 2=10,4%). O mirístico (C14:0) considerado o mais efetivo ácido graxo na elevação da colesterolemia, não difere muito entre as amostras(amostra 1=7,5% e amostra 2=9,6%) . O Palmítico (C16:0), que tem como fonte o cacau, um dos constituinte da dieta, potencialmente elevou a

concentração plasmática de colesterol e de LDL-C, tendo sido o mais abundante nas duas amostras (em uma amostra foi de 14,8% e na outra amostra foi de 19,5%).

Quanto aos monoinsaturados houve predominância do acido oléico (C18:1) nas amostras estudadas (uma amostra foi de 46,3% e na outra amostra foi de 37,8%), o que é benéfico, uma vez que ele reduz a concentração plasmática de LDL-C, além de induzir menor síntese endógena de colesterol, quando comparado a ácidos graxos poli- insaturados. A densidade calórica dessa dieta foi de 4,8 kcal/100g (24,5% de lipídeos) em comparação com a dieta que apresentou 2,7 kcal/100g (4% de lipídeos).

Tabela 1. Análise cromatográfica

ÉSTER CONCENTRAÇÃO (%) 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA C4:0 0,0 0,0 C6:0 0,0 0,0 C8:0 0,0 0,0 C10:0 0,0 3,6 C11:0 0,0 0,9 C12:0 15,9 10,4 C14:0 7,5 9,6 C14:1 0,0 0,0 C15:0 0,0 0,0 C16:0 14,8 19,5 C16:1 0,0 1,4 C17:0 0,0 1,9 C18:0 5,1 4,7 C18:1 46,3 37,8 C18:2 10,4 7,3 C18:3 0,0 3,0 TOTAIS 100,0 100,0

DISCUSSÃO

Diversos estudos têm discutido os efeitos do consumo de dietas hiperlipídicas sobre a adiposidade visceral e a sua relação com o desenvolvimento de obesidade e as doenças crônicas não transmissíveis19-22. Os efeitos dessas dietas sobre o peso corporal e o consumo alimentar apresentam resultados controversos na literatura, principalmente devido ao tempo de administração, como pode ser observado em diversos estudos 4,16,23-

25

.

Dietas ricas em gordura reduzem a eficiência alimentar e aumentam a eficiência metabólica, o que pode explicar porque a dieta hiperlipídica não apresentou resultados sobre o ganho de peso (Figura 1), esses dados também foram encontrados em outro estudo25. Além disso, os animais alimentados com dieta hiperlipídica apresentaram aumento na adiposidade central, referente ao acúmulo de tecido adiposo retroperitoneal e visceral, quando comparados com o grupo alimentado com dieta padrão4.

Ressalta-se que a adiposidade central refere-se ao acúmulo de tecido adiposo retroperitoneal e a adiposidade visceral ao acúmulo dos tecidos adiposos epididimal e visceral (Figura 2), como demonstrado em diversos estudos 16,24,25,26. Comprovando a ineficiência da dieta hiperlipídica em gerar a obesidade exógena em ratos. Entretanto, estes efeitos foram atenuados pelo treinamento físico, mas, estes valores não foram normalizados em decorrência do treinamento físico moderado. Esses dados são compatíveis aos encontrados por Estadella et al 4.

O treinamento físico desempenha ação benéfica no combate ao desenvolvimento da obesidade exógena. Estudos prévios evidenciaram que o treinamento físico aumenta a capacidade de mobilização da gordura existente. Sabe-se também que a predominância da utilização dos substratos de fonte lipídica está fortemente regulada pelo tipo, duração e intensidade do exercício, assim como pela ação hormonal e dieta ingerida, resultados semelhantes foram encontrados em outros estudos realizados27,28.

Quanto ao perfil lipídico, o consumo excessivo de gordura está relacionado com o desenvolvimento de dislipidemias, entretanto, a dieta hiperlipídica não aumentou as concentrações séricas de Ct e de G, porém, o aumento foi verificado nos níveis de TG

(Figura 3). Esses resultados reforçam o papel da dieta hiperlipídica como modelo experimental de desenvolvimento de obesidade e de tendência a desencadear a síndrome metabólica como verificado em outros achados29-31

O estudo realizado por Schrauwen e Westerterp24, destacou que o consumo prolongado de dietas hiperlipídicas associado ao treinamento, promoveram diminuição da glicemia. Em relação aos lipídios diversos autores não demonstraram elevação no ganho de peso em ratos alimentados com dietas ricas em lipídios 32,33.

A dieta hiperlipidica e o treinamento de natação melhoraram o perfil lipídico dos animais, quando comparado com o grupo H, pois promoveram aumento dos TG e aumento do HDL-c (Figura 3). Esse aumento nos TG circulantes pode estar relacionado ao tipo de treinamento, uma vez que a demanda energética neste caso é maior, sendo necessárias adaptações para a manutenção dos estoques de glicogênio para a próxima sessão de exercício, esses achados coincidem com os verificados por Bernardes et al 25 .

Dentre as formas de intervenção que visam a reduzir os efeitos adversos da dieta hiperlipidica e do sedentarismo, está a associação de uma dieta balanceada à prática regular de exercício físico, que têm sido amplamente estudados. Entretanto, as adaptações metabólicas dependem da intensidade, da freqüência e da duração do exercício, esses parâmetros foram encontrados em outros estudos4,23 ..

O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACMS) e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estipularam que o acúmulo de 30 minutos ou mais de atividade física moderada durante o decorrer do dia, todos os dias da semana, gera promoção de saúde e prevenção de doenças. No entanto, outros estudos reportam que essa recomendação seria insuficiente para prevenir o ganho de peso e sugerem o acúmulo de 60 minutos pode ser necessário para maximizar a perda de peso, prevenindo o ganho de peso e o desenvolvimento da obesidade 34.

Diversos estudos experimentais reportam que a prática regular de exercício físico é um componente importante para o controle do peso corporal. Assim, níveis adequados de atividade devem ser prescritos para combater a epidemia da obesidade e favorecer a

manutenção do peso corporal. O exercício de intensidade moderada promove redução no peso corporal e na adiposidade, além de melhorar o perfil lipídico16,25,29.

Como já amplamente conhecido, as alterações no perfil lipídico (Ct e TG) podem resultar em diversas doenças, entre elas as doenças cardiovasculares, promovendo a formação da placa de ateroma, hiperlipidemia, hipertensão arteriais, resistência insulínica, dislipidemias, diabetes mellitus, entre outras35

. O principal achado desse estudo é que a dieta hiperlipidêmica, também conhecida como “dieta de cafeteria”, resulta em um aumento nos níveis séricos tanto de Ct quanto de TG, tal como foi elucidado por alguns autores36,37.

De acordo com os achados de diversos autores38-40, dietas hipercalóricas, ricas em lipídeos, são freqüentemente utilizadas em ensaios experimentais para induzir distúrbios metabólicos comuns em humanos e em roedores. No entanto, não há consenso relativo ao teor e à composição de ácidos graxos, saturados ou insaturados, utilizados nessas intervenções.

Sabe-se que, durante exercícios a partir de 30 minutos de duração e de intensidade leve a moderada, o percentual de reesterificação dos ácidos graxos livres reduz de 70% a aproximadamente 25%. Essa diminuição associada ao aumento (3 vezes) na liberação dos ácidos graxos livres advindos da hidrólise dos triacilgliceróis, resulta em um aumento de 6 vezes na disponibilidade de AGL para a oxidação. Além disso, o transporte dos AGL do tecido adiposo para o tecido muscular ativo durante o exercício, também aumenta, corroborando com outros resultados verificados 41.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a dieta hiperlipídica foi eficiente na indução de obesidade central (RET) e visceral (EPI) em ratos. O treinamento físico moderado por sua vez, reduziu este efeito. No plasma dos animais, quanto aos níveis das dosagens bioquímicas foi verificado que dieta hiperlipídica associada a treinamento físico não foram eficazes, para reduzir os níveis de triglicerídeos séricos, sugerindo a importância em longo prazo de treinamento físico para o controle do balanço energético.

Assim, a melhor forma de intervenção para o controle da obesidade exógena é a prática de exercícios associados à dieta balanceada, pois essa combinação parece promover manutenção do peso corporal, diminuição da adiposidade, do percentual de gordura do tecido visceral, melhora no perfil lipídico e combate aos efeitos deletérios da obesidade. No entanto, novos estudos são necessários para elucidar os mecanismos em resposta ao exercício físico e alterações na dieta, em seus aspectos celulares, moleculares e fisiológicos.

COLABORADORES

S.M.M.S. PORTO participou de todas as etapas do projeto de pesquisa.

KMFERREIRA E SILVA colaborou com o desenvolvimento da pesquisa e a análise dos resultados.

RR DA SILVA colaboraram com o projeto e a análise dos resultados.

SC MELO FILHO foi responsável pelos processos de extração e metilação

ARP SCHULER foi responsável pela análise cromatográfica

NB GUERRA colaborou com a análise dos resultados.

CMMB DE CASTRO orientou o projeto de pesquisa