• Nenhum resultado encontrado

Extração e purificação das enzimas PQQ-dependentes

3. Materiais e métodos

3.2. Transferência eletrônica direta

3.2.1. Extração e purificação das enzimas PQQ-dependentes

- Crescimento das células de Gluconobacter sp. 33

Durante todo o procedimento de inoculação e crescimento das células, toda vidraria e acessórios utilizados foram devidamente esterilizados utilizando procedimento padrão de autoclavagem.

Inicialmente, as células comerciais de Gluconobacter sp. 33 (DSM 3504) foram cultivadas anaerobicamente em 150 mL de um meio de cultura basal de D-mannitol 10 g L-1 contendo extrato de levedura (yeast extract, Sigma - Aldrich) 5 g L-1, (NH4)2HPO4 1 g L-1,

MgSO4 × 7H2O 2 g L-1 e 2 mL de CaCl2 10 mg L-1, pH 5,5. A solução foi mantida sob

agitação de 150 rpm a 30 ºC por 20 horas, na ausência de O2. Na Figura 24 é apresentada

uma foto da solução final após 20 horas de crescimento das células. Esta solução se mostrou estável por aproximadamente 2 meses quando mantida a 4 ºC.

Figura 24: Meio de cultura de D-mannitol contendo as células de Gluconobacter sp.

33 após 20 horas de crescimento anaeróbico.

Após a etapa de inoculação das células comerciais, seguiu-se com o procedimento de crescimento aeróbico das células de Gluconobacter sp. 33. Para tal, 9 mL da solução obtida após a inoculação das células foi adicionada a um frasco de fermentação de 5 L contendo 3 L de meio de cultura idêntico ao utilizado na etapa de inoculação das células. O frasco de

67 fermentação foi mantido por 24 horas a 30 ºC em uma câmara de incubação com agitação de 150 rpm, além de borbulhamento constante de O2 (Figura 25).

Figura 25: Meio de cultura de D-mannitol durante o crescimento aeróbico das

células de Gluconobacter sp. 33.

Após a etapa de crescimento, uma pasta contendo as células foi coletada via centrifugação a 5000 g durante 1 hora, e então lavada com solução de NaCl 0,9 % (Figura

26). Este extrato de células foi mantido a -20 ºC antes do uso.

68

- Lise das células

Devido ao fato das enzimas desidrogenases PQQ-dependentes de interesse estarem ligadas a membrana celular, se faz necessário uma etapa de rompimento da membrana para coleta das enzimas. Após o procedimento de crescimento e coleta das células, procedeu-se com a etapa de ruptura da membrana celular, e coleta das enzimas para posterior purificação das mesmas. Para o procedimento de lise, as células coletadas foram re-suspendidas com 50 mL de tampão fosfato 0,2 mol L-1 (pH 7,2) em um béquer de 100 mL; a seguir, adicionou-se

2,7 mL de uma solução 10 % de deoxicolato de sódio (Sigma-Aldrich), 20 mg de lisozima, e 10 mg de inibidor de protease. Essa solução foi incubada a 4 ºC durante 2 horas sob constante agitação. A seguir utilizou-se um homogeneizador Powermax AHS 200 para auxiliar no processo de rompimento da membrana celular. Finalmente, essa pasta celular foi centrifugada por 1 hora a 12000 g. Após a separação dos resíduos celulares das enzimas de interesse, realizou-se a troca (diálise) do tampão por 12 h a 4 ºC, utilizando uma solução tampão Tris+ 20 10-3 mol L-1, pH 7,2 contendo 1 10-3 mol L-1 de CaCl2 e 1 % de sacarose.

Após o processo de diálise do tampão, removeu-se um resíduo de precipitado sólido via centrifugação a 12000 g por 15 min, e a solução contendo a mistura de enzimas foi então purificada por duas etapas cromatográficas, ilustradas na Figura 27.

Figura 27: Esquema representativo do processo de purificação das enzimas PQQ-

69

- Cromatografia de troca iônica

O ponto isoelétrico (pH no qual a enzima possui carga líquida zero) da grande maioria das enzimas se encontra na faixa de 5 a 9 [99]; no caso das enzimas PQQ- dependentes ADH e AldDH derivadas de Gluconobacter sp. 33, o ponto isoelétrico teórico dessas proteínas são respectivamente 6,1 e 5,3 [118]. Deste modo, além garantir um pH no qual as enzimas mantenham atividade, quando o pH da solução tampão da cromatografia está acima do ponto isoelétrico das enzimas, as mesmas ficam negativamente carregadas, e resinas de troca aniônica são empregadas. Além disso, devido ao fato de ambas as enzimas PQQ- ADH e PQQ-AldDH estarem ligadas à membrana celular, a presença do detergente Triton-X 100 se faz necessário para solubilização das enzimas de interesse durante as diferentes etapas cromatográficas.

Após a etapa de rompimento da membrana celular, o extrato bruto contendo as enzimas PQQ-dependentes foi concentrado utilizando um Centriprep® com corte de massa molecular de 10 kDa (este peso molecular nunca deve ser maior do que a menor subunidade da enzima a ser purificada). A seguir, 50 mL do extrato bruto de enzimas foram aplicados em uma coluna de troca aniônica DEAE Toyo-Pearl 650M® (2,5 x 25 cm) que foi previamente equilibrada com o mesmo tampão da diálise (Tris+ 20 10-3 mol L-1, pH 7,2 contendo 1 10-3 mol L-1 de CaCl2 e 1 % de sacarose) [93, 119].

A coluna foi então lavada aplicando-se 200 mL de solução do mesmo tampão, e posteriormente com 200 mL de solução tampão Tris+ 75 10-3 mol L-1, pH 7,2 contendo 1 10-3 mol L-1 de CaCl2 e 1 % de sacarose. As frações de enzimas PQQ-dependentes (que possuem

uma coloração avermelhada típica) foram então eluídas com uma solução tampão Tris+ 75 10-

3 mol L-1, pH 7,2 contendo 0,2% de Triton X-100 (Sigma - Aldrich). O processo de eluição

das amostras foi feito por meio de acoplamento com um espectrofotômetro, de modo que o aumento em absorbância indica a saída das proteínas da coluna. A seguir, a amostra de

70 enzimas coletada foi concentrada para um volume total de 5 mL, seguido de uma troca de tampão via diálise utilizando uma solução de tampão fosfato 50 10-3 mol L-1, pH 7,2, contendo 1 10-3 mol L-1 de CaCl2 e 50 10-3 mol L-1 NaCl.

71

- Cromatografia de exclusão molecular

Para se conseguir uma melhor separação das enzimas obtidas após o processo de cromatografia de troca aniônica, 5 mL da solução de enzimas purificadas em tampão fosfato 50 10-3 mol L-1 pH 7,2, contendo 1 10-3 mol L-1 de CaCl2 e 50 10-3 mol L-1 NaCl, foram

aplicados em uma coluna de exclusão molecular Sephadex G-100 (2,5 x 30 cm). As frações de enzimas purificadas contendo ambas PQQ-ADH e PQQ-AldDH foram eluídas utilizando o mesmo tampão. Após a coleta das enzimas, as mesmas foram concentradas via Centriprep® para um volume final de 2 mL. Esta solução final de enzimas purificada apresenta uma coloração rosa típica (devido à presença dos grupos heme-c), e possui uma estabilidade de alguns dias quando mantida a 4 ºC e aproximadamente 30 dias quando mantida -20 ºC,

Figura 28.

Figura 28: Solução final das enzimas contendo ambas as enzimas PQQ-dependentes

72