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Fácies de Média a Alta Intensidade de Deformação

CAPÍTULO 4- GEOLOGIA DO SIENOGRANITO BROCO

4.3. GEOLOGIA DO GRANITÓIDE BROCO

4.3.2. Fácies de Média a Alta Intensidade de Deformação

Essa Fácies é a de maior área de ocorrência tendo sido amostrados afloramentos nos pontos 03 (Amostras 03B, 03C), 04 (Amostras TB-04A e TB-04B) e TD-12 (Amostras TD-12A e TD-12B). Os afloramentos encontrados estão sob forma de lajedos, com um grau de intemperismo de baixa intensidade associada a um solo de coloração bege.

Em escala mesoscópica a rocha apresenta uma coloração esbranquiçada e nota-se a presença de uma proeminente foliação marcada pela presença de grãos estirados de feldspatos e quartzo e pela orientação da biotita (Foto 4.5).

Apesar de predominar a facies de média a alta intensidade de deformação, nota-se também que em um mesmo ponto existe a coexistência da fácies com baixa e com média a alta intensidade de deformação, ou seja, domínios de menor intensidade de deformação podem ocorrer isolados e contornados por domínios onde a foliação é muito bem desenvolvida, formando Poods de deformação. Essa particularidade indica que a deformação foi progressiva, particionada e heterogênea.

O estudo microscópico dessa fácies demonstrou a presença de texturas ígneas reliquiares do protólito ígneo tais como: porfirítica (revelada pela presença de fenocristais de feldspato alcalino), poiquilitica (presença de inclusões de xenocristais de biotita e de grãos de apatita em quartzo e feldspato), granofírica (presença inclusões de grãos vermiformes de quartzo no k-feldspato (Fotomicrografia 4.8) e mimerquítica). Entretanto, nas amostras analisadas predominam as texturas deformacionais (Fotomicrografia 4.9), tais como inequigranular bimodal; granoblástica (revelada pela presença de agregados poligonais de feldspatos e quartzo); porfiroclástica, milonítica e núcleo manto, marcadas pela presença de agregados poligonais de quartzo e feldspatos em torno de porfiroclastos; lepidoblástica (evidenciada pela orientação de biotita e muscovita); reações (sugeridas pela transformação do K-feldspato em mica branca e do plagioclásio em mica branca e epídoto). Ribbons de quartzo foram encontrados (Fotomicrografia 4.10). A presença de agregados poligonais em torno de porfiroclastos indica a presença de processo de recristalização sintectônica à formação da foliação da rocha. (Fotomicrografias 4.9 e 4.11)

Em geral, os grãos são subidioblásticos, com os contatos entre os minerais predominantemente curvos, interlobados a suturados. A análise modal revelou a presença de quartzo, K-feldspato, plagioclásio, biotita, hornblenda, epídoto, apatita, muscovita e opacos (Tabela 4.2).

Foto 4.5- Aspecto macroscópico da fácies de alta intensidade de deformação com foliação marcada pelo estiramento do quartzo e da biotita. Vista de planta ponto TC-18 (8415468/799718)

Tabela 4.2-Composição mineralógica modal da fácies de média à alta deformação do granito Broco

Amostra TB- 03B TB-03C TB-04A TB-04B TD-12A TD-12B

Coordenadas 8416716/ 811293 8416716/ 811293 8415070/ 796215 8415070/ 796215 8404020/ 797016 8404020/ 797016 K-feldspato 38% 42% 35% 40% 40% 32% Quartzo 34% 40% 25% 35% 30% 28% Plagioclásio 15% 05% 08% 05% 05% 05% Biotita 06 05% 05% 10% 20% 08% Granada 0% 0% 08% 0% 0% 0% Moscovita 04% 04% 05% 05% 0% 0% Epídoto 02% 02% 04% 03% 03% 08% Apatita 01% 01% 02% 01% 02% 01% Minerais Opacos 0% 01% 01% 01% 0% 02% Hornblenda 0% 0% 0% 0% 0% 13% Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% Nome da rocha

Sienogranito Sienogranito Sienogranito Sienogranito Sienogranito Sienogranito

K-Feldspato- Apresenta-se tabular, subidioblástico, formando porfiroclastos e agregados de grãos poligonais, denotando uma textura inequigranular bimodal. Nos porfiroclastos a granulometria atinge 22,0 mm ao passo que nos agregados poligonais varia entre 0,04 e 0,8 mm. Em geral, o contato entre os minerais de K-feldspato é curvo a interlobado, podendo ser suturado. Com o quartzo e com o plagioclásio o contato é interlobado a reto, ao passo que com biotita é reto. Os grãos apresentam extinção normal à levemente ondulante. Em virtude da microestrutura granoblástica há uma diminuição do tamanho dos grãos por processos relacionados com recristalização tectônica (Fotomicrografia 4.9). Notou-se a presença de geminação Albita-Periclina, sugerindo que tratarem-se de microclina. A substituição desse mineral para a mica branca sugere feição de alteração metamórfica (Fotomicrografias 4.10 e 4.11).

Fotomicrografia 4.8 - Microestrutura granofiríca reliquiar. Qtz- Quartzo, Kfs- K-feldspato. Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.9 – Microestruturas grano- blástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Nicóis cru- zados.

Fotomicrografia 4.10 - Detalhe da moscovita (Ms) associada com a microclina (Mi). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.11 - Grão de moscovita (Ms) associado com K-feldspato (Kfs). Nicóis cruzados.

Quartzo- Ocorre como porfiroclastos e como grãos poligonais, em geral, granulares (Fotomicrografias 4.12 e 4.13). Os grãos são subidioblásticos, de granulometria atingindo valores de 24 mm, para os porfiroclastos e 0,04 a 1,6 mm para os grãos poligonais. O contato quartzo-quartzo é predominantemente suturado a interlobado, com alguns casos amebóides, com outros minerais são predominantemente curvos a interlobados. Com a biotita é reto. O quartzo ocorre em associação com K-feldspato, plagioclásio e biotita, em agregados poligonais ou como grãos vermiformes hospedados em plagioclásio. Apresenta extinção de leve à fortemente ondulante. Observaram-se inclusões de cristais de biotita e apatita.

Qtz Kfs Mi Qtz Ms Kfs Ms Mi Ms 0-0,8mm 0-0,5mm 0-0,8mm 0-1,0mm

Fotomicrografia 4.12–Microestruturas grano- blástica poligonal associada com a presença de microclina (Mi) e quartzo (Qtz). Notar a presença

de ribbons de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.13 – Microestrutura pórfiro- clástica, núcleo-manto e milonítica envolvendo porfiroclasto de quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Plagioclásio- Ocorre tabular, subidioblásticos, com granulometria variando entre 0,05-35mm. Os minerais apresentam-se como porfiroclastos ou como agregados de grãos poligonais na matriz, nesse caso associado com o quartzo e com o K-feldspato (Fotomicrografia 4.14). O seu contato com os outros minerais é curvos a interlobado, a exceção da biotita, com a qual faz contato reto. Em geral, apresentam extinção normal à moderadamente ondulante. Os grãos apresentam geminação do tipo albita, mas devido ao grau de alteração deste mineral e deformação não foi possível determinar o tipo de plagioclásio pela metodologia de Michel Levy. Em alguns exemplares é possível verificar a sua transformação para mica branca e epídoto, sugerindo processo de saussuritização.

Fotomicrografia 4.14 – Microestruturas grano- blástica poligonal associada com a presença de plagioclásio (Pl) e quartzo (Qtz). Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.15.- Agregado de xenocristais de biotita (Bt) em contato com K-feldspato (Kfs). Luz plana. Mi Qtz Qtz Pl Qtz Qt Bt Kfs 0-0,5mm 0-0,5mm 0-0,8mm 0-1,0mm

Biotita- Ocorre placóide, com o pleocroísmo variando do castanho claro ao castanho escuro, avermelhado. Apresenta-se isolada na matriz ou formando agregados com a granada (Fotomicrografia 4.15). Seus grãos são de idioblásticos a subidioblásticos, com granulometria variando entre 0,04 e 2,2 mm. Em geral, o seu contato com os demais minerais é reto. Pode ocorrer associada a grãos de epídoto, moscovita e minerais opacos (Fotomicrografia 4.16). A extinção moderadamente ondulante e pode ocorrer fraturada.

Fotomicrografia 4.16 - Detalhe da biotita (Bt) associada com o mineral opaco (Mo) Luz plana.

Fotomicrografia 4.17- Grão de hornblenda (Hb) associado com biotita (Bt). Luz plana.

Hornblenda- Ocorre tabular, com pleocroísmo, variando do verde claro ao escuro (Fotomicrografia 4.17). Mineral subidioblástico, sem orientação preferencial, com granulometria variando entre 0,05 a 15 mm. O contato com outros minerais ocorre de forma reta, estando associado a grãos de biotita, epídoto e K-feldspato. Apresenta extinção normal.

Moscovita- Mineral placóide com uma alta birrefringência, associado aos grãos de biotita. Em geral, em lamelas de geminação dos grãos de K-feldspato e plagioclásio. Nesse caso possivelmente é o produto da alteração destes minerais em processo de hidratação (Fotomicrografia 4.10 e 4.11).

Epídoto- Ocorre incolor ou com cor verde pálido, com alta birrefrigência, granular e associado aos cristais de biotita e plagioclásio, sendo este último alterado em processo de saussuritização. Uma variedade, a alanita, ocorre coloração acastanhada e forma granular foi encontra. (Fotomicrografias 4.18 e 4.19)

Hb Bt

Bt Mo

Fotomicrografia 4.18 - Xenocristal de biotita em contato com epídoto (Ep) e K-feldspato (Kfs) sericitizado. Qtz- Quartzo. Nicóis cruzados.

Fotomicrografia 4.19 - Grão de alanita (Al) associado com biotita (Bt). Nicóis cruzados.

Apatita- Mineral de alto relevo, aparecendo como acessório, junto com o epídoto e moscovita. Tem forma prismática e ocorre na matriz ou está incluso nos grãos de K-feldspato.

Minerais opacos- Ocorre formando grãos associados aos grãos de biotita, como inclusões ou nas bordas daquele mineral. Em geral são granulares, com tamanho variando entre (Fotomicrografias 4.16 e 4.17).

Segundo o Diagrama QAP de Streckeisen (1976), o protólito das rochas pode ser classificado como biotita sienogranito com epídoto e hornblenda (Fig. 4.5). A partir das observações de lâmina, no que tange a presença de feições de recristalização sintectônica, e considerando o protólito, a rocha foi classificada como Meta biotita sienogranito milonítico com epídoto e hornblenda.

Al Bt Bt Kfs Ep 0-0,8mm 0-0,8mm

Figura 4.5- Composição modal da fácies de média à alta deformação. Campos e nomenclatura segundo Streckeisen (1976).

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