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2. METODOLOGIA

4.2 ANÁLISE SETORIAL DA RENTABILIDADE CORRENTE DA PRODUÇÃO

4.2.3 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel – C 17

De acordo com Montebello e Bacha (2013) o setor de fabricação de celulose, papel e produtos de papel é concentrado, em que quatro empresas do ramo respondiam por 64,8% da produção total de polpas de madeira no Brasil em 2008– celulose e pastas de alto rendimento (Aracruz, Suzano, Votorantim e Klabin). Ainda segundo estes autores, 56,2% desta produção foi direcionada ao mercado externo, e desta a maior parte vai para a Europa 51,6%. Assim, a indústria de celulose é mais concentrada, com produção voltada tanto para o mercado doméstico quanto para exportação, já a indústria de papel e produtos do papel é voltada mais para o mercado interno, com uma importante característica: as principais empresas são verticalizadas (MONTEBELLO e BACHA, 2013).

De acordo com a classificação nacional das atividades econômicas, esta divisão é composta por quatro grupos de industrias: 17.1 fabricação de celulose e outras pastas para fabricação de papel; 17.2 fabricação de papel, cartolina e papel cartão; 17.3 fabricação de embalagens de papel, cartolina, papel-cartão e papel ondulado; 17.4 fabricação de produtos diversos do papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado. Destes, o setor que teve o maior crescimento no período, em termos de excedente líquido foi o de fabricação de celulose e outras pastas de papel, na ordem de 118,38%, que é também o setor mais concentrado (fechou

2015 com apenas 26 empresas atuando no ramo, enquanto em 2007 eram 42 empresas). Além isso, os outros grupos, como o 17.2 e 17.4 tiveram redução de, respectivamente, 39,47% e 29,65% no excedente líquido, conforme pode ser visualizado no gráfico 7.

Gráfico 7 - Excedente Líquido do setor de fabricação de celulose, papel e produtos de papel C 17 para o período de 2007 a 2015 – dados deflacionados com base no ano de 2015.

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da PIA-Empresa/IBGE, 2017.

O excedente líquido deste setor apresentou uma variação de aumento de 6,22%, comparando 2007 com 2015. A divisão que apresentou a maior variação foi o 17.1 Fabricação de celulose e outras pastas para fabricação de papel, que teve aumento de 118,38% no período. Em 2007 este setor possuía o menor EL e passou em 2015 para o maior EL (saiu de um excedente de 5,4 bilhões para 11,7 bilhões). O Valor da Transformação Industrial no período sofreu um aumento de 5,51%, ao passo que os Gastos com Pessoal variaram 3,84% e o Salário do Pessoal ligado a produção 11,57%.

Se analisarmos 2009, ano em que o excedente líquido alcançou seu menor patamar, temos que ele é 21,83% menor que o de 2015, em que apenas o grupo 17.4 apresentou aumento do excedente em relação ao ano anterior. Entretanto, exte setor teve o pior resultado nos anos de 2011 (7,7 bilhões), 2012 (em que alcançou um excedente de 3,3 bilhões), 2014 (4,8 bilhões) e 2015 (3,9 bilhões). Ele teve uma recuperação em 2013, mas nos anos seguintes sua margem de acumulação voltou a cair.

A divisão 17.2 teve um recuo no EL de 39,47% no período, enquanto o subsetor 17.4 teve uma redução de 29,65%. Isto se reflete na Margem líquida, que na série teve recuo,

chegando a 0,6470 em 2012, mas voltou a crescer nos anos seguintes, chegando a 0,7071 (ou 70,71% do valor da transformação industrial e convertido em excedente).

Tabela 14 - Margem Líquida do Excedente do setor de fabricação de celulose, papel e produtos de papel - C 17 para o período de 2007 a 2015.

MLE - Margem Líquida do Excedente

Setores e subsetores 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

17 Fabricação de celulose, papel e

produtos de papel 0,7024 0,6938 0,6520 0,6752 0,6775 0,6470 0,6947 0,6826 0,7071

17.1 Fabricação de celulose e outras pastas para a fabricação de papel

0,8348 0,8371 0,7401 0,7935 0,8006 0,8045 0,8249 0,8119 0,8473

17.2 Fabricação de papel, cartolina

e papel-cartão 0,7130 0,7257 0,6618 0,6892 0,6893 0,6841 0,7076 0,6398 0,6313

17.3 Fabricação de embalagens de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado

0,6613 0,6304 0,6207 0,6313 0,6485 0,6228 0,6307 0,6330 0,6481

17.4 Fabricação de produtos diversos de papel, cartolina, papel- cartão e papelão ondulado

0,6329 0,6004 0,6002 0,6083 0,5942 0,4765 0,6468 0,6078 0,5897

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da PIA-Empresa/IBGE, 2017.

No inicio do período o MLE estava em 0,7024, passando para 0,6520 em 2009, aumentando novamente nos anos seguintes, 0,7775 em 2011, e alcançando o menor patamar em 2012, 0,6470. Encerra 2015 novamente com uma margem de 0,7071. Se analisarmos separadamente cada divisão desta indústria, temos que o setor com a maior margem é o de fabricação de celulose e outras pastas para fabricação de papel (17.1), que em quase todos os anos esteve acima de 80%. Ponto importante é frisar é que esta margem é em todo o período, mesmo antes de assumir a liderança em termos de produção de excedente.

Tabela 15 - Margem Operacional do setor de fabricação de celulose, papel e produtos de papel - C 17 para o período de 2007 a 2015.

MOE - Margem Operacional do Excedente

Setores e subsetores 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

17 Fabricação de celulose, papel e

produtos de papel 0,3345 0,3254 0,3038 0,3181 0,3271 0,3082 0,3348 0,3229 0,3542

17.1 Fabricação de celulose e outras pastas para a fabricação de papel

0,5376 0,5138 0,4246 0,4935 0,4795 0,4575 0,4664 0,4484 0,5232

17.2 Fabricação de papel, cartolina

e papel-cartão 0,3317 0,3394 0,2964 0,3173 0,3223 0,3228 0,3433 0,2831 0,2787

17.3 Fabricação de embalagens de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado

0,2950 0,2698 0,2799 0,2780 0,2981 0,2964 0,2861 0,2812 0,3146

17.4 Fabricação de produtos diversos de papel, cartolina, papel- cartão e papelão ondulado

0,2762 0,2602 0,2594 0,2598 0,2700 0,1994 0,2958 0,2739 0,2496

Entretanto, este grupo emprega 12,68% do pessoal ocupado desta divisão, em 2015, e aumentou o seu volume de empregados de 8.356 em 2007 para 23.883 pessoas em 2015 (aumento de 185,82%). O grupo com a maior quantidade de mão de obra empregada é o 17.3 fabricação de embalagens de papel, cartolina, papel-cartão e papel ondulado – com 68.885 empregados em 2015.

A margem operacional desta divisão teve aumento no período, principalmente influenciado pelo grupo fabricação de celulose (17.1) e fabricação de embalagens (17.3), que alcançaram 2015 com margens superiores a 2007. Os outros dois grupos tiveram desempenho inferiores, com redução na margem de 3 p.p. ou mais no período.

Acompanhando os resultados apresentados pelo MOE e MLE, o mark-up da divisão 17.1 é o mais elevado, atingindo em 2007 o seu maior patamar: uma rentabilidade de 258% em relação Valor Bruto da Produção Industrial - VP.

Tabela 16 - Mark-up adaptado da divisão de fabricação de celulose, papel e produtos de papel e seus grupos para o período.

Mark-up adaptado

Setores e subsetores 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

17 Fabricação de celulose, papel e

produtos de papel 1,5026 1,4825 1,4364 1,4664 1,4862 1,4455 1,5034 1,4769 1,5485

17.1 Fabricação de celulose e outras pastas para a fabricação de papel

2,1625 2,0566 1,7379 1,9742 1,9212 1,8434 1,8740 1,8129 2,0974

17.2 Fabricação de papel, cartolina

e papel-cartão 1,4964 1,5137 1,4213 1,4648 1,4756 1,4767 1,5227 1,3948 1,3864

17.3 Fabricação de embalagens de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado

1,4185 1,3696 1,3886 1,3850 1,4246 1,4213 1,4008 1,3911 1,4591

17.4 Fabricação de produtos diversos de papel, cartolina, papel- cartão e papelão ondulado

1,3816 1,3517 1,3503 1,3510 1,3699 1,2490 1,4201 1,3773 1,3326

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da PIA-Empresa/IBGE, 2017.

Esta divisão, que é responsável por 2,34% do pessoal ocupado da indústria de transformação, tem rentabilidade acima da média da indústria de transformação (que possui mark-up de 1,34 em 2015). O grupo que mais se destaca em termos de mark-up adaptado é o de fabricação de celulose e outras pastas para fabricação de papel, que chega a uma rentabilidade 116,25%, ou seja, mark-up de 216,25 em 2007.

Entretanto, o restante dos grupos apresenta para a maioria do período rentabilidade abaixo de 1,5, mas acima da média da indústria de transformação. Como é o caso do grupo 17.3 que responde por 24,09% do valor agregado da indústria, mas sua rentabilidade foi

afetada diretamente pela crise de 2007/2008, em que no período de 2008 a 2010 sua margem foi abaixo de 1,40.

Assim, os bons resultados em termos de rentabilidade dessa divisão são advindas do pulsante grupo de fabricação de pastas de papel, que tem por fim, grande parte do seu mercado direcionado para exportação e, deste modo, sua estrutura é influenciada diretamente pela conjuntura internacional.

4.2.4 Fabricação de coque, de produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis –

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