• Nenhum resultado encontrado

Fabulações imagéticas na educação: o movimento das infâncias

No documento Artes visuais na educação infantil (páginas 59-63)

Neste momento da nossa aula gostaria de trazer para a relexão três experiências de pesquisas e criação que envolvem fotograias com as crianças, produção de pequenos ilmes, câmeras nas mãos das crianças em diferentes contextos, trabalhos ‘acadêmicos’ que buscam encontrar os olhares das crianças e suas possíveis representações através das imagens para seus cotidia- nos e mundos.

A primeira é de duas importantes pesquisadoras da educação infantil e da infância brasileira, Daniela Finco (docente da UNIFESP) e Marcia Gobbi (docente da USP), ambas pesquisadoras do GEPEDISC (Grupo de Estudos e Pesquisas em Diferenciação Sócio Cultural – culturas in- fantis da FE Unicamp), que trazem experiências de fotograia com crianças em assentamentos rurais da região metropolitana de São Paulo. Buscando uma interlocução da sociologia da imagem com a sociologia da infância, as pesquisadoras evidenciam na pesquisa e no indica- tivo de um grande volume de fotos produzidas pelas crianças, enfatizando as questões que norteiam estas imagens:

Quem são essas crianças, como representam e constroem esses diferentes espaços vividos em tantas experiências diariamente? Quais suas percepções e suas contri- buições como sujeitos que são na construção de outros mundos, em especial na luta e conquista pela terra e por uma outra coniguração da sociedade brasileira e do ser humano? Como as lutas sociais são por elas representadas nas fotos? (GOBBI; FINCO, p. 19, 2011).

A segunda experiência é dos “minutos lumière” desenvolvidos no CINEAD - Cinema para

Aprender e Desaprender desenvolvido no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, no contexto da pesquisa Currículo e linguagem cinematográica na Educação Básica do Programa de Pós-graduação em Educação da UFRJ coordenado pela Profa. Dra. Adriana Fresquet. O processo contou com a consultoria de Alain Bergala (importante pes- quisador francês da área de cinema e educação) para pensar a formação dos professores, as atividades iniciais e a produção dos materiais didáticos. O projeto incluiu duas escolas muni- cipais, duas estaduais e duas federais e articularam atividades de ensino, pesquisa e extensão envolvendo professores e pesquisadores da educação e dos estudos de cinema, proissionais e técnicos, estudantes universitários. Os estudantes e professores das escolas contempladas também participam diariamente renovando escolhas e contribuindo na produção de ensaios audiovisuais e do currículo escolar.

Para saber mais: http://www.cinead.org/

A terceira referencia de pesquisa com fotograia e ilmagens com as crianças, inclusive as bem pequenas na creche é a coordenada pelo prof. Cesar Leite da UNESP Rio Claro. Trata-se de uma ‘pesquisa-experiência’, conforme denomina seu coordenador, onde a experiência é pos- sibilitar a produção de imagens com as crianças e que pode ser visto através do vídeo “O que

pode a imagem?”, disponível no youtube, conforme no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=lYR6xRpJbdE

Atividade 5:

Objetivo: Apreciação estética de uma importante referência cinematográica contemporânea com foco nas relações entre cinema, infância e educação.

Descrição:

Visualize o curta 11 de setembro, de Samira Makhmalbalf, 2002 – uma de nossas cineastas referencias nesta aula, tendo como desaio ver, apreciar e escrever sobre o ilme, destacando o processo que as crianças como protagonistas evidenciam de representações de suas infâncias e as compreensões do mundo expressas pelas crianças, assim como a beleza estética do curta, observando os aspectos documentais do ilme. Após a visualização, escreva um relato de até duas páginas com sua apreciação e poste-o no formato de arquivo único.

No fechamento da aula, destacamos como principais pontos:

A linguagem cinematográica que se iniciou com a invenção dos

irmãos Lumière e destacou seu processo de desenvolvimento com foco na questão da montagem.

Montar, esculpir: o tempo/espaço é nossa matéria: as contri- buições de cineastas-artistas, como Andrei Tarkoviski, Federico Fellini, François Trufault.

Poéticas do cotidiano e a estética da infância no cinema: a con- dição social e histórica de ser criança pelas lentes do cinema iraniano, interlocuções estéticas, éticas e politicas.

Fabulações fotográicas: infâncias em movimento através de fotógrafos sensíveis e comprometidos com as crianças, suas in- fâncias e os desaios de seus respectivos tempos históricos. Pes- quisas de produção de imagens com as crianças.

SAIBA MAIS

Montagem dialética - A forma do ilme de S. Eiseintein.

Fruição estética relexiva e contemplativa – Esculpir o tempo de A. Tarkoviski.

Fabulações: conceito e possibilidades - Conexões: Deleuze e Vida e Fabulação e... Antonio Carlos Amorim/Davina Marques/Susana Oliveira Dias (orgs.). Editora ALB FE UNICAMP.

http://alb.com.br/conexoes-deleuze-e-vida-e-fabulacao-e

François Trufaut

(6/2/1932-21/10/1984), nasceu em Paris, ilho de operários, e logo icou órfão. É criado num reformatório e tem uma infância problemática. Frequenta o cinema já aos 7 anos e lê muito, mas com 14 anos abandona a escola para trabalhar numa fábrica. Aos 15 anos, em um cineclube, encontra o crítico André Bazin, que se torna seu protetor. A experiência da infância difícil é revisitada em vários de seus ilmes, como Os Incompreendi- dos (1959), seu primeiro longa metragem, cujo protagonista é de certa forma uma rememoração de si mesmo, ou da forma que acha que foi quando criança, adolescente.

Referências da aula

ALMEIDA, Milton J. Cinema Arte da Memória. Campinas: Autores Associados, 1999.

GOBBI, Marcia; FINCO, Daniela. Tod@s na foto: meninos e meninas fotografam o cotidiano no assentamento dom tomás balduíno. São Paulo, Revista Trama Interdisciplinar, v. 2, n. 2, 2011.

FELLINI, Federico. Fare um ilm. Per l’Autobiograia di uno spettatore di Italo Calvino. Tori- no. Editore Einaudi, 1980.

KIAROSTAMI, Abbas. Duas ou três coisas que sei de mim. O real, cara e coroa de Yossef Ishagpour. São Paulo. Editora Cosac & Naify; Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, 2004.

KEMP, Philip. Tudo sobre o cinema. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.

MOYA, de Álvaro. História da História em Quadrinhos. São Paulo. Brasiliense, 1996 SALGADO, S.; SMITH, W. Eugene; DOISNEAU, R.; SEYMOUR, D.; McCURRY, Steve. Coleção FOLHA GRANDES FOTOGRAFOS – INFÂNCIA , São Paulo: Editora Sol 90 Ltda, 2009

SILVA, Adriana A. (2014) A Estética da Infância no Cinema: poéticas e culturas infantis. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, UNICAMP, Campinas, 2014.

TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o Tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro; LARROSA, Jorge, José Miguel (orgs) A Infância vai ao cinema. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

TRUFFAUT, François. Relexões sobre as crianças e o cinema In O prazer dos olhos: textos sobre o cinema. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

XAVIER, Ismail. A experiência do Cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1983. Filmograia

O violonista e o rolo compressor, Andrei Tarkovski, 1960. Onde ica a casa do meu amigo, Abbas Kiarostami,1987. A Maça, Samira Makhmalbalf,1998.

A lousa negra, Samira Makmalbalf, 2000. 11 de Setembro, Samira Makmalbalf, 2002.

AULA 5

No documento Artes visuais na educação infantil (páginas 59-63)