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Iremos, agora, descrever o site de rede social Facebook, que provê os objetos de nosso estudo, as comunidades “Não é por 20 centavos, é por direitos ES” e “Movimento contra o Aumento ES (@protestoGV)”, realizando um levantamento histórico, demonstrando seu funcionamento e diferenciais.

Ressaltamos que o objetivo geral com nossa pesquisa é verificar as oportunidades de mobilização social no âmbito dos sites de redes sociais, como o Facebook. Não é intuito abordar fatores como as limitações e características técnicas dos algoritmos, que propiciam ao

Facebook definir qual sequência de informações é vista pelo usuário na timeline, ou as

consequências psíquicas aos seres humanos ao se manterem conectados aos sites de redes sociais digitais em demasia.

Lançado em 2004, o Facebook (originalmente, thefacebook) se tornou o maior site de rede social do planeta. O sistema idealizado pelo americano Mark Zuckerberg, junto com Dustin Moskovitz, Chris Hughes e o brasileiro Eduardo Saverin, em 2004, enquanto eram alunos da faculdade Harvard, reúne 1,19 bilhão de usuários ativos por mês – dados de 2014, do próprio Facebook, metade do número de pessoas com acesso a Internet no planeta. Num dos meios de comunicação mais poderosos de nossos tempos, 936 milhões acessam todos os dias suas páginas virtuais, sendo que, apenas no Brasil, são 59 milhões.

O Facebook surgiu da ideia de trocar informações entre os alunos que estavam saindo do secundário (High School, nos Estados Unidos) e aqueles que estavam entrando na universidade. A ideia inicial de Zuckerberg era gerar conteúdo para alunos que estavam concluindo o ensino secundário (High School, nos Estados Unidos) e para os calouros ingressantes na universidade. Ser membro de alguma das instituições reconhecidas era o pré- requisito.

Junto a este público, o Facebook contribuiu para que os jovens universitários promovessem vínculos sociais no momento que saíam da escola e ingressavam na universidade. Em muitos casos, nos Estados Unidos, o ingresso no curso superior representa uma mudança das cidades

onde moram ou nasceram os estudantes. Ou seja, a rede social digital seria um espaço de novos vínculos e socializações.

De acordo com a agência Reuters, no Brasil são 76 milhões de pessoas conectadas ao

Facebook, parcela considerável de uma população de 200 milhões de habitantes, segundo o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo relatório Digital Social e Mobile 2015, produzido pela agência We Are Social, os brasileiros passam 9 horas e 12 minutos por dia conectados à web. Desse tempo, 3 horas e 48 minutos, em dispositivos móveis como o celular ou tablete, e outras 5 horas e 24 minutos nos computadores de mesa. Outras 3 horas e 47 minutos é o tempo que o brasileiro está conectado diariamente em alguma rede social, como o Facebook, de acordo com o levantamento. O

Facebook, de acordo com dados da própria empresa, tem uma capacidade de armazenamento

de 300 milhões de gigabytes. Diariamente, são recebidos 600 mil gigabytes de quantidade de dados e cada usuário, gera, também por dia, 0,6 megabytes4.

No Espírito Santo, a rede social já conta com 1.740.000 usuários cadastrados, praticamente metade da população do Estado, estimada em 3.839.366 pessoas, segundo dados do IBGE. Os jovens, assim como ocorre em muitas partes do mundo, são a maioria, chegando a 760 mil usuários na faixa etária entre 19 e 30 anos5.

O Facebook, que funciona por intermédio de perfis e comunidades, de acordo com Recuero (2009), por possibilitar que apenas usuários façam parte da mesma rede e que possam ver os perfis uns dos outros, é considerado, muitas vezes, como mais privado do que outros sites de redes sociais. O site de rede social também inovou ao permitir que usuários pudessem gerar aplicativos para o sistema.

Os formatos do Facebook são perfil, página, fanpage e grupo (onde estão as Comunidades), que usaremos como estudo de caso em nossa pesquisa. De acordo com suas particularidades, o

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Cf. O Lado Negro do Facebook. Revista SuperInteressante, n. 348, junho de 2015.

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“Questionamentos realizados com estudantes mostram que um número considerável de jovens opta por conversar virtualmente do que frente a frente com seus interlocutores. Assim, verifica-se que os diálogos no ciberespaço cada vez mais vêm ocupando o espaço das conversas face a face” (RIBEIRO e QUENTAL, 2006, p. 6).

perfil é o mais usual, tratando-se da interface dos usuários comuns. Geralmente para celebridades e organizações com um número muito elevado de amigos, são utilizadas as páginas onde os visitantes se tornam fãs. A fanpage é considerada um perfil associado a organizações, e muitas vezes é utilizado para promoção de empresas, produtos e marcas.

As atualizações dos amigos ou “feed de notícias” surgem no centro da página inicial do

Facebook, com os itens dos quais podem ser comentados ou apenas clicar nos botões “curtir”

e “compartilhar”. Os usuários também têm a opção de escrever para os amigos no campo ''O que você está pensando''. De um modo geral, quanto mais um conteúdo for curtido ou comentado, mais aparecerá para as pessoas da própria rede.

Os grupos de comunidades, como é o caso do “Não é por 20 centavos, é por direitos ES”, interligam os usuários em torno de determinados temas ou interesses, para debater, compartilhar e divulgar ações, como foi o caso das mobilizações ocorridos em junho de 2013. Os grupos poderão ser abertos, fechados ou ainda secretos. De acordo com Lopes (2013), os recursos interativos mais utilizados são:

• Mural: no próprio perfil ou de amigos tem a opção de publicar textos, imagens e vídeos;

• Comentários: podem ser feitos em conteúdos públicos, e os usuários participantes recebem notificações na página;

• Curtir: uma das ferramentas mais interessantes, que substitui até mesmo comentários;

• Cutucadas: um meio de iniciar interação com outro indivíduo, com a opção de devolver a cutucada;

• Participação e publicação de eventos e grupos: essa opção permite a criação de grupos e eventos, onde usuários envolvidos podem gerar comentários e fazer publicações, e os participantes recebem notificações de determinado grupo sem a necessidade de serem amigos;

• Adicionando Amigos: pode ser feita a busca, adicionar e-mail e ainda importar contatos diretamente do servidor de e-mails, como o Hotmail;

• Chat e Mensagem Pessoal: com este recurso, o usuário pode enviar uma mensagem privada para outro usuário, se ambos estiverem on-line, podem iniciar uma conversação em tempo real;

• Notificações: o usuário é notificado quando suas publicações recebem comentários e “curtir”, também quando é marcado em outras publicações, ou sempre que há envolvimento;

• Marcações: possibilita que indivíduos sejam integrados em fotos, vídeos e comentários.

Cada site de redes sociais apresenta as suas peculiaridades organizacionais, mas o determinante é a apropriação e as formas de aceitação social da ferramenta. No nosso caso de estudo, interessa a apropriação para ação de contra-hegemonia. Assim, a seguir, uma análise teórica sobre essa potencialidade das redes sociais digitais.