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Factores sociobiográficos dos profissionais em interacção com o exercício de

4. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

4.3. V ERIFICAÇÃO DAS H IPÓTESES DE I NVESTIGAÇÃO

4.3.2. Factores sociobiográficos dos profissionais em interacção com o exercício de

Na medida em que na hipótese anterior se observaram diferenças de satisfação entre os profissionais que exercem funções em USF e CS, procurou-se verificar se os factores sociobiográficos interferem nessas mesmas diferenças, com recurso ao teste de independência do Qui-Quadrado.

Como se pode observar na Tabela 35, existem diferenças estatisticamente significativas entre os dois tipos de unidade relativamente ao tipo de horário (p <0,05) e ao tipo de vínculo (p <0,001).

Tabela 35: Caracterização dos profissionais em estudo por tipo de unidade, de acordo

com os dados profissionais

USF CS

n % n % p χ2

Horário de Trabalho

Menos de 35 horas semanais 3 1,7 2 0,9

* * 35 horas semanais 167 96,0 212 99,1 40 horas semanais 4 2,3 0 0 Tipo de horário Fixo 87 50,9 135 63,7 0,016 5,852 Por turnos 84 49,1 77 36,3 Tipo de vínculo Funcionário público 80 46,2 138 64,5 <0,001 21,777 Contrato de trabalho sem termo 15 8,7 28 13,1

Contrato de trabalho a termo resolutivo,

certo ou incerto 77 44,5 48 22,4

Contrato em comissão de serviço ** 1 0,6 0 0 Funções de gestão Sim 44 25,7 52 24,5 0,880 0,023 Não 127 74,3 160 75,5 Especialidade Com especialidade 36 20,9 53 25,2 0,385 0,756 Sem especialidade 136 79,1 157 74,8 Tempo de serviço ≤ 5 anos 174 100,0 84 39,2 * * ] 5-10] anos 0 0,0 59 27,6 ] 10-15] anos 0 0,0 32 15,0 ] 15-20] anos 0 0,0 17 7,9 > 20 anos 0 0,0 22 10,3

Vera Ferreira, 2011 85 No que diz respeito ao tipo de horário, observa-se uma maior percentagem de profissionais com horário fixo nos CS (63,7%), comparativamente às USF (50,9%). Por outro lado, nas USF constata-se uma maior percentagem de profissionais com horário por turnos (49,1%), face aos CS (36,3%).

Relativamente ao tipo de vínculo, pode-se verificar uma maior percentagem de funcionários públicos nos CS (64,5%), em comparação às USF (46,2%). Os profissionais com contrato de trabalho sem termo encontram-se em maior percentagem nos CS (13,1%), comparativamente às USF (8,7%). Por fim, regista-se uma maior percentagem de inquiridos com contrato de trabalho a termo resolutivo, certo ou incerto, nas USF (44,5%), face aos CS (22,4%). No entanto, não se observam diferenças estatisticamente significativas entre USF e CS em relação aos profissionais com funções de gestão e com especialidade (p> 0,05).

Quanto aos dados pessoais, conforme a Tabela 36, não se verificam diferenças estatisticamente significativas entre USF e CS (p> 0,05).

Tabela 36: Caracterização dos profissionais em estudo por tipo de unidade, de acordo

com os dados pessoais

USF CS

n % n % p χ2

Habilitações académicas

Curso de enfermagem geral 11 6,3 8 3,7

0,182 6,234

Bacharelato 3 1,7 11 5,2

Licenciatura 117 67,3 132 61,7

Licenciatura com pós-graduação 39 22,4 54 25,2 Licenciatura com mestrado 4 2,3 9 4,2 Sexo Feminino 152 87,9 195 91,5 0,305 1,052 Masculino 21 12,1 18 8,5 Idade ≤ 35 anos 114 65,9 116 54,4 0,055 5,794 ]35-45] 39 22,5 70 32,9 > 45 anos 20 11,6 27 12,7 Situação familiar Solteiro 51 29,5 44 20,7 0,078 3,099 Casado/União de facto 117 67,6 158 74,2 Divorciado/Separado ** 3 1,7 8 3,7 Viúvo ** 2 1,2 3 1,4

Vera Ferreira, 2011 86 Assim, para avaliar se o tipo de horário e o tipo de vínculo tiveram um efeito estatisticamente significativo sobre as diferenças de satisfação entre os tipos de unidade, recorreu-se à análise de variância multivariada (MANOVA). Neste ponto, apenas se irá analisar as interacções entre o tipo de unidade, e os factores tipo de horário e tipo de vínculo, uma vez que os efeitos principais dos mesmos já foram analisados na hipótese anterior.

A análise da Tabela 37 permite-nos concluir que a interacção entre o tipo de unidade e o tipo de horário não teve um efeito estatisticamente significativo sobre as diferenças de satisfação dos profissionais entre os dois tipos de unidade (p> 0,05).

Tabela 37: A influência do tipo de horário sobre a satisfação dos profissionais que

exercem funções em USF e CS

Dimensões da satisfação

Tipo de unidade

(USF/CS) Tipo de horário

Tipo de unidade * Tipo de horário

F p F p F p

Faceta: Superior hierárquico 5,577 0,019 0,471 0,493 0,792 0,374 Faceta: Local de trabalho e equipamento 28,271 <0,001 0,142 0,706 0,630 0,428 Faceta: Recursos humanos 86,967 <0,001 0,251 0,617 1,001 0,318 Faceta: Vencimento 59,825 <0,001 0,099 0,753 1,734 0,189 Faceta: Órgãos de gestão 67,440 <0,001 2,289 0,131 0,164 0,686 Faceta: Características laborais 25,988 <0,001 3,357 0,068 0,627 0,429 Escala: Qualidade na prestação dos cuidados 73,343 <0,001 1,889 0,170 0,101 0,718 Escala: Melhoria contínua da qualidade 97,595 <0,001 1,025 0,312 0,517 0,473

Satisfação global 43,071 <0,001 3,207 0,074 0,002 0,966

Intenção de turnover 21,280 <0,001 1,570 0,211 0,051 0,821

Por outro lado, a MANOVA revelou que a interacção entre o tipo de unidade e o tipo de vínculo teve um efeito estatisticamente significativo sobre as diferenças de satisfação dos profissionais a exercer funções em USF e CS, ao nível da faceta Recursos Humanos e das escalas Qualidade na Prestação dos Cuidados e Melhoria Contínua da Qualidade (p <0,05), conforme a Tabela 38.

Vera Ferreira, 2011 87

Tabela 38: A influência do tipo de vínculo sobre a satisfação dos profissionais que

exercem funções em USF e CS

Dimensões da satisfação

Tipo de unidade

(USF/CS) Tipo de vínculo

Tipo de unidade * Tipo de vínculo

F p F p F p

Faceta: Superior hierárquico 2,844 0,093 1,148 0,318 0,242 0,785 Faceta: Local de trabalho e equipamento 25,616 <0,001 0,345 0,709 1,290 0,276 Faceta: Recursos humanos 75,175 <0,001 2,852 0,059 3,049 0,049

Faceta: Vencimento 31,930 <0,001 2,368 0,095 0,383 0,682 Faceta: Órgãos de gestão 54,346 <0,001 1,587 0,206 1,756 0,174 Faceta: Características laborais 24,222 <0,001 2,632 0,073 1,812 0,165 Escala: Qualidade na prestação dos cuidados 72,498 <0,001 1,271 0,282 4,593 0,011

Escala: Melhoria contínua da qualidade 84,017 <0,001 1,738 0,177 3,341 0,036

Satisfação global 22,908 <0,001 1,857 0,158 0,726 0,485

Intenção de turnover 16,980 <0,001 0,046 0,955 0,129 0,879

Relativamente à faceta Recursos Humanos, como se pode observar no Gráfico 1, confirma-se que os profissionais a exercer funções em USF apresentam valores de satisfação mais elevados do que aqueles a trabalhar em CS.

Gráfico 1: Satisfação dos profissionais que exercem funções em USF e CS na faceta Recursos Humanos, de acordo com o tipo de vínculo

Funcionário público

Contrato de trabalho sem termo

Vera Ferreira, 2011 88 Nas USF, qualquer que seja o tipo de vínculo dos profissionais os valores de satisfação são elevados e semelhantes, enquanto nos CS distinguem-se os profissionais com contrato de trabalho sem termo, registando valores de satisfação mais baixos que os profissionais com outros tipos de vínculo.

No que diz respeito à escala Qualidade na Prestação dos Cuidados, também se verifica que os profissionais a exercer funções em USF apresentam valores de satisfação mais elevados do que aqueles a trabalhar em CS (Gráfico 2).

Gráfico 2: Satisfação dos profissionais que exercem funções em USF e CS na escala Qualidade na Prestação dos Cuidados, de acordo com o tipo de vínculo

Funcionário público

Contrato de trabalho sem termo

Contrato de trabalho a termo resolutivo, certo ou incerto

A interacção entre o tipo de unidade e o tipo de vínculo observa-se pelo facto dos profissionais com contrato de trabalho sem termo apresentarem um comportamento diferente, i.e., o aumento de satisfação dos profissionais com este tipo de vínculo é mais acentuado, quando comparado com os profissionais com outros tipos de vínculo.

Como se pode verificar, os inquiridos que referiram ter contrato de trabalho sem termo foram, por um lado, os que registaram os valores de satisfação mais baixos nos CS e, por outro lado, aqueles que apresentaram valores de satisfação mais elevados nas USF.

Vera Ferreira, 2011 89 Tal como na faceta Recursos Humanos e na escala Qualidade na Prestação dos Cuidados, também na escala Melhoria Contínua da Qualidade se confirma que os profissionais a exercer funções em USF registam valores de satisfação mais elevados do que aqueles a trabalhar em CS, conforme o Gráfico 3.

Como se pode constatar, os profissionais com contrato de trabalho sem termo distinguem-se dos restantes profissionais, na medida em que apresentam um comportamento diferente, ou seja, assim como na escala Qualidade na Prestação dos Cuidados, o aumento de satisfação dos profissionais com este tipo de vínculo é mais acentuado, em comparação com os profissionais com outros tipos de vínculo.

Observa-se que foram os profissionais com contrato de trabalho sem termo os que apresentaram os valores de satisfação mais baixos nos CS, enquanto nas USF foram aqueles que registaram os valores de satisfação mais elevados.

Gráfico 3: Satisfação dos profissionais que exercem funções em USF e CS na escala Melhoria Contínua da Qualidade, de acordo com o tipo de vínculo

Funcionário público

Contrato de trabalho sem termo

Vera Ferreira, 2011 90

4.3.3. Papel preditor da satisfação profissional na satisfação global e na intenção de

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