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1. Quando o medo aparecer, encare-o

normalmente

Não; você não é o único que sente medo de falar em públi- co. Os maiores oradores, embora não demonstrem ou até mes- mo não confessem, de vez em quando são atacados pelo mes- mo inimigo.

Muitos deles, mesmo declarando que não sentem receio de falar em público, traem-se pelo empalidecer das faces, pelo tremor das mãos, pela movimentação desordenada das pernas e outros indicadores da presença do gigante negro. Portanto, não fique desesperado quando o medo aparecer. Ele é normal e com o tempo perderá a batalha para a sua experiência e tran- qüilidade. Acredite: muitas pessoas que hoje você admira en- frentaram as mesmas dificuldades.

* Discursos acadêmicos 1. Publicações da Academia Brasileira de Letras. Civilização Brasilei- ra, 1934.

2. Controle seu nervosismo

Ao se aproximar o momento de falar, seja numa solenida- de importante, diante de um auditório numeroso, seja numa reunião social, diante de alguns amigos, não alimente a chama do seu nervosismo.

Atitudes como fumar seguidamente, roer as unhas, cruzar de maneira descontrolada os braços e as pernas, andar sem rumo de um lado para outro são condenáveis, farão você ficar mais tenso e aumentarão sua intranqüilidade .

Procure deixar seu corpo em posição descontraída, solte os braços e as pernas, não fume muito e respire profundamen- te. Se você estiver muito agitado, esta descontração forçada poderá, no início, parecer um pouco desconfortável, mas, quan- do pronunciar as primeiras palavras de forma mais tranqüila e confiante, reconhecerá que seu pequeno esforço foi plenamen- te recompensado.

3. Tenha uma atitude correta

Renomados psicólogos estudaram profundamente o signi- ficado dos gestos* e hoje podemos conhecer com pequena mar- gem de erro o que as pessoas estão sentindo ou pretendendo, sem ouvirmos uma só palavra, isto é, apenas analisando a lin- guagem do corpo. Normalmente os nossos gestos são incons- cientes, mas, observados até por leigos neste campo da psicolo- gia, podem transmitir o que se passa em nosso íntimo.

Vigiar o comportamento do corpo é instruí-lo a não refletir os nossos receios, além de ser uma técnica correta de combatê-los.

Ao caminhar para a tribuna, demonstre pela sua postura um comportamento seguro e confiante; faça-o sem hesitar. O auditório ficará interessado em ouvir um orador que demonstra a atitude de alguém equilibrado.

* Interessante estudo sobre o assunto foi desenvolvido por Pierre Weil e Roland Tampakow no livro O corpo fala, editado pela Vozes.

Com o tempo, você estará tão acostumado a comandar seu corpo, que acabará agindo naturalmente, adquirindo e trans- mitindo sua confiança.

4. Antes de pensar como, saiba o que falar

O orador preparou a sua palestra com todo cuidado, efe- tuou completa pesquisa nos seus livros, arquivos e anotações. Não esqueceu um detalhe. Ao revisar o trabalho, concluiu que ali não caberia uma vírgula sequer, nada mais poderia ser acres- centado. Porém, ao apresentá-lo diante do auditório, verificou que estava enganado, faltava algo na sua exposição. Enquanto falava, lembrou-se de um fato que ilustraria o assunto de forma mais simples e objetiva.

Quadros como este que descrevemos são muito comuns. Quase sempre o orador complementa sua palestra com obser- vações feitas no próprio ambiente do auditório. Um simples gesto ou comentário dos ouvintes pode dar a quem fala a opor- tunidade de perceber aspectos que não poderia imaginar sozi- nho, afastado deste clima repleto de motivações.

Embora saiba, entretanto, que estes fatos são freqüentes, não

espere que a tribuna seja sua única fonte de inspiração.

Você controlará o medo de falar na frente das pessoas, se souber exatamente o que vai dizer. Apresentar um assunto que não foi convenientemente preparado é o mesmo que andar por um cam- po minado, temendo a cada passo encontrar uma bomba.

Se ocorrerem novas idéias enquanto estiver falando, óti- mo, transmita-as aos ouvintes. Agora, deixar de se preparar, esperando que elas apareçam diante da platéia, além de tirar sua tranqüilidade, é um risco que ninguém deve correr.

5. Não pinte o diabo mais feio do que é

Um estudante preparava um trabalho que deveria ser apre- sentado na sua próxima aula. Depois de pesquisar todos os livros da sua biblioteca, não conseguiu encontrar alguns dados que confir-

mariam as afirmações que fizera ao desenvolver o tema. Lem- brou-se, finalmente, que um colega possuía um livro que conti- nha as informações procuradas. O problema estava resolvido.

Apressou-se a ir até a casa do colega e pedir o livro em- prestado. Enquanto se vestia, recordou um fato que o entriste- ceu e quase não o deixa sair. Alguns meses atrás, este colega emprestara-lhe um livro para ler num final de semana e já na segunda-feira estava à sua porta pedindo a devolução do mes- mo. Esta atitude, pensou, demonstrava claramente que o "que- rido" colega não gostava de emprestar seus livros. Mesmo as- sim, criou coragem e partiu em busca do empréstimo. Enquan- to caminhava, previu algumas situações que o deixaram pertur- bado: o colega mal-humorado, recusando o livro, acusando-o de negligente por ficar algumas horas a mais com a obra ante- rior. Quase desistiu do empreendimento, mas, se agisse assim, poderia ser reprovado por não apresentar o trabalho comple- to. Aborrecido, irritado, humilhado, chegou finalmente ao seu destino. Apertou a campainha e esperou que a porta se abrisse. Quando foi atendido, estava tão angustiado que não conseguiu controlar-se, ergueu os braços e bradou: não preciso da dro-

ga do seu livro, fique com ele e faça-lhe bom proveito.

Não tire conclusões precipitadas. Enquanto estiver aguar- dando sua vez de falar, não imagine cenas pessimistas. Enga- nar-se na pronúncia de algumas palavras, perder-se durante a exposição ou trocar algum nome ou data são erros que podem ocorrer, mas isto normalmente não acontece quando o orador está bem preparado, e, se por ventura suceder, a mensagem sendo boa, a platéia será benevolente. Ficar demasiadamente preocupado com erros que ainda não cometeu, torná-lo-á inse- guro e propenso a cometê-los. Concentre-se no que os outros estão fazendo e afaste os maus pensamentos. Isto o tornará mais tranqüilo e confiante.

6. Não adquira vícios

Botões do paletó, bolsos, lápis, giz, folha de papel, fio do microfone não poderão oferecer-lhe segurança. Já observou

quantos oradores procuram acalmar-se, mexendo nos botões do paletó ou colocando as mãos nos bolsos? Pensar que agindo assim o nervosismo desaparece é um engano. Poderá tornar-se um péssimo vício (se é que existem bons) e arriscará a desviar a atenção do auditório, que durante todo o tempo precisa ficar concentrada nas suas palavras.

Acostume-se desde o início a não colocar os cotovelos so- bre a mesa ou sobre a tribuna, a não segurar objetos nas mãos, a não se apoiar, ora sobre uma perna, ora sobre a outra. Estas são fugas que só poderão atrapalhá-lo. Enfrentando conscien- temente e sem artifícios o problema do medo, você irá controlá- lo mais rapidamente.

Desde que não se transforme num vício, pouco antes de se dirigir à tribuna, descarregue o excesso de tensão, apertando as mãos. Mas faça isso apenas uma ou duas vezes, ou poderá che- gar diante do público com esta atitude, e demonstrando que está nervoso.

7. Chame sua voz com a respiração

Normalmente, a primeira indicação que recebemos sobre as alterações ocorridas no estado emocional de uma pessoa é através da voz. (Veja com detalhes informações sobre a voz, mais adiante.)

O nervosismo deixa a voz enrascada na garganta e cada frase é pronunciada com dificuldade, aumentando assim a intranqüilidade de quem fala. Tossir, pigarrear, além de ser de- sagradável aos ouvidos da platéia, não resolve o problema, ao contrário, poderá agravá-lo. Se ocorrer um desequilíbrio vocálico quando estiver falando, fique tranqüilo, respire profundamen-

te e em seguida provavelmente a voz voltará ao estado normal.

8. A prática irá proporcionar-lhe o reflexo

Lembra-se quando começou a aprender a dirigir automó- veis? Jamais nos esquecemos dessa façanha. Eram muitos deta-

lhes simultâneos. Para mudar a marcha não poderíamos esque- cer-nos de pisar o pedal da embreagem, ao mesmo tempo olhar para o espelho retrovisor, ligar a seta para indicar se iríamos entrar à esquerda ou à direita, pisar de leve os freios, segurar a direção com as duas mãos (Como era possível? Uma estava na alavanca de câmbio para mudar a marcha, a outra ligando a seta), e ainda tomar cuidado com os nossos "inimigos" motoris- tas, que pareciam ter vontade de dar uma batidinha no nosso carro. Ufa! Chegamos até a sentir inveja dos outros, que anda- vam com seus veículos despreocupadamente, como se todas aquelas manobras não existissem.

Com o passar do tempo, fomos superando esses deta- lhes. Começamos a agir com tanta naturalidade que às vezes esquecíamos que estávamos dirigindo. Mudar a marcha, ligar a seta, frear tornou-se uma brincadeira que fazíamos despreo- cupadamente.

Para falar em público, o processo é o mesmo. No início, você não saberá se deve gesticular com o braço direito, com o esquerdo, com os dois, se olha para o auditório, se pensa no que vai falar, ou se fala sem pensar. Nessa fase você estará agindo com a atenção concentrada em cada detalhe, timida- mente.

A partir do momento que as suas atitudes forem impulsio- nadas pelos reflexos adquiridos pela prática, você se sentirá como um velho motorista, despreocupado, natural, confiante.

Dificilmente descobrimos quando estamos vivendo esta transformação. De repente, nosso orador imaginado está robustecido, percebemos que o medo de falar já está controla- do e chegamos a rir, quando nos lembramos daqueles temores que durante boa parte da vida estiveram ao nosso lado.