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Falsificação e adulteração intencional

5.2 Volatilidade tecnológica

5.3.3 Falsificação e adulteração intencional

A informação digital possui facilidades de modificação que comprometem a segurança de sua integridade. Mesmo dados armazenados em mídias não alteráveis, como CD-ROMs e CD-Rs, são passíveis de sofrerem adulterações nos processos de refrescamento e migração. Para garantir a preservação, é preciso criar mecanismos para que os artefatos não possam ser modificados ou suprimidos sem deixar evidências.

Para resolver esse problema, existe uma gama de mecanismos, derivados das técnicas de criptografia, que associam aos objetos digitais marcas e assinaturas que garantem sua autenticidade. Entretanto, faltam ainda normas e padrões bem difundidos para que o uso dessas técnicas seja efetivo, e não ameace as perspectivas de preservação do conteúdo dos dados a longo prazo [TFADI 96].

Tenenbaum descreve, detalhadamente, diversos esquemas de criptografia, baseados em chaves privadas e públicas, e como esses esquemas podem ser adequados para prover assinaturas digitais [TENENBAUM 96].

5.4 Conclusões do capítulo

São três as dimensões a considerar no planejamento para a preservação da informação digital: o desgaste dos suportes, a obsolescência da tecnologia e os fatores humanos/ambientais.

A primeira, embora não deva ser negligenciada, é provavelmente a menor das preocupações. Não só mídias cada vez mais longevas estão sendo propostas, quanto a mais simples das operações de preservação digital — o refrescamento entre mídias de mesma natureza — basta para combater os efeitos do desgaste.

PRESERVAÇÃO 102

A segunda dimensão é muito mais séria, uma vez que os suportes atuais comumente sobrevivem muitos anos a mais do que sua própria tecnologia. Soma-se a ela o fato de que não basta ter os dispositivos de leitura/gravação das mídias para garantir a sobrevivência da informação que elas contém: é preciso tornar o arquivo inteligível por seres humanos, o que em geral depende de delicados sistemas de hardware e software.

A dimensão de mais difícil previsibilidade, entretanto, continua sendo a humana. A freqüência com que são noticiadas violações de acesso em sistemas supostamente "à prova de falhas" provoca um certo ceticismo de que seja possível garantir, apenas através de medidas de controle, a segurança dos grandes repositórios de informação. Considerando ainda a possibilidade de desastres como incêndios, inundações, falhas de refrigeração, quebra de encanamentos e outros eventos capazes de arruinar em poucos minutos todo um acervo digital, a criação de réplicas (cópias de segurança) adeqüadamente mantidas e atualizadas, com uma cópia fora do edifício da instituição, e procedimentos bem documentados de resgate, parece ser a única alternativa realmente segura de se precaver contra esses fatores.

GESTÃO DOCUMENTAL E FLUXO DE TRABALHO 103

6 Gestão Documental e Fluxo de Trabalho

6.1 Metadados

O termo metadado significa, literalmente, dado acerca do dado, e é utilizado para denotar os atributos associados a um documento digital. Os metadados adicionam valor ao documento, fornecendo informações importantes acerca do seu conteúdo, formato e história administrativa (Tabela 6.1). Um definição ampla de metadado seria “qualquer conhecimento a respeito de um objeto de informação, em qualquer nível de agregação destes”. Nesse contexto, objeto de informação é qualquer artefato que possa ser manipulado por uma pessoa ou sistema como uma entidade discreta [GILL 98].

Além de terem um papel fundamental no acesso aos dados digitais, os metadados contribuem para sua preservação, registrando informações acerca do seu formato, contexto e dependências de software [BESSER 00].

Várias iniciativas têm procurado normalizar a descrição de metadados, de forma a permitir às instituições o compartilhamento das informações acerca dos seus acervos.

A mais antiga dessas iniciativas talvez seja o MARC, criado no final da década de 1960, para permitir a representação eletrônica dos catálogos de bibliotecas [TLOC 02a]. O MARC tornou-se um sistema complexo, com centenas de campos possíveis, englobando diversos tipos de metadados, entre descritivos, administrativos e de preservação.

No extremo oposto o DCMI — Dublin Core Metadata Initiative, procurou normalizar os metadados descritivos, pautando-se pela simplicidade. O Dublin Core é formado por um conjunto de apenas 15 metadados, que procuram capturar apenas os dados essenciais para a descrição de um objeto informacional. O DC foi concebido principalmente para o uso em recursos digitais e seus grandes repositórios [DCMI 03].

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Tabela 6.1: Categorias de metadados

Tipo Descrição Exemplos de Metadados

Administração Metadados usados na gerência e administração de recursos de informação

• Informação de aquisição

• Acompanhamento de direitos e reprodução • Documentação de requisitos legais para acesso • Informação sobre localização

• Critério de seleção para digitalização

• Controle de versões e diferenciação entre objetos de informação similares

• Auditorias criadas por sistemas de arquivamento Descritivo Metadata usados para descrever ou

identificar recursos de informação • Catálogos e registros de catálogos • Instrumentos de pesquisa • Índices especializados

• Relacionamento de hiperligação entre recursos • Anotações feitas por usuários

• Metadados para sistemas de arquivamento gerados pelos criadores dos artefatos

Preservação Metadadados relacionados à gestão de

preservação dos objetos de informação • Documentação das condições de conservação dos artefatos físicos • Documentação das ações tomadas para rpeservar

as versões digitais e físicas do recurso, e.g., referescamento e migrações

Técnico Metadados relacionados aos

comportamentos do sistema, incluindo suas funções e dados

• Documentação de hardware e software • Informações de digitalização, e.g., formatos,

compressão, processo de escaneamento • Acompanhamento do desempenho do sistema • Dados de atenticação e segurança, e.g., chaves de

criptografia, senhas Uso Metadados relacionados • Registro de exibições

• Acompanhamento de uso e usuários

• Informações sobre reúso de conteúdo e múltiplas versões information

FONTE — [GILL 98]

A experiência do projeto Making of America II revelou a importância dos metadados estruturais e de comportamento, em adição aos descritivos e administrativos. Baseado nas conclusões do trabalho, a Digital Library Federation promoveu uma especificação de como um conjunto completo de metadados pode ser descrito em um arquivo XML, para troca entre repositórios de informação. Esse esquema foi chamado de METS – padrão para codificação e transmissão de metadados [TLOC 02b].

Um outro padrão de metadados expresso em XML é o EAD — descrição arquivística codificada, criado especialmente para atender às demandas de descrição multinível da comunidade de Arquivos. O EAD, permite a representação dos instrumentos de pesquisa arquivísticos de forma padronizada, de forma a permitir seu compartilhamento [TLOC 03c] [TSAA 00a] [TSAA 00b].

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Para garantir que os metadados descritivos pudessem ser representados de forma adequada nos documentos da World Wide Web, o W3C promoveu um padrão denominado RDF — formato para descrição de recursos. O RDF usa um esquema extensível, permitindo a adição de novos tipos de metadados [MILLER 03].

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