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2- FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PESQUISA

2.6 Família

Com a família acontecem às primeiras relações sociais da criança. É a família que contribui para o seu desenvolvimento e crescimento, principalmente quando se trata de crianças com deficiência, as quais necessitam de cuidados específicos.

Ao nascer uma criança com deficiência, a descoberta de uma doença degenerativa em um jovem, a lesão catastrófica de um dos pais, ou qualquer outra deficiência que atinja qualquer membro de uma família pode ter um impacto tão intenso e de tão longo alcance nas outras pessoas quanto na pessoa que apresenta o problema. Todos vivenciam o choque e o medo com relação ao evento ou ao reconhecimento da deficiência, bem como a dor e a ansiedade de imaginar as implicações futuras. A deficiência de uma pessoa pode alterar o estilo de vida dos membros da família, tanto ou mais do que o da pessoa deficiente: horários, obrigações, plano e papéis – tudo muda. Todos experienciam a perda (VASH, 1988).

Amaral (1995) diz que o impacto da deficiência na família reveste-se de tonalidade muito semelhante, uma vez que os sentimentos gerados pela sua ocorrência oscilam entre polaridades muito fortes – amor e ódio, alegria e sofrimento – e as reações concomitantes oscilam entre aceitação e rejeição, euforia e depressão.

O nascimento de uma criança com deficiência traz nova realidade à família. Brunhara e Petan (1999) investigaram um grupo de mães e as reações, sentimentos e expectativas que expressaram frente à notícia da deficiência do filho. As mães, ao receberem a notícia, ficaram chocadas, manifestaram sentimentos de negação, tristeza, resignação e revolta. Explicaram a problemática cientificamente e por crendices populares, negaram a deficiência e apresentaram expectativas quanto à cura. É evidente que, independentemente da problemática, a notícia choca. Além disso, há uma grande dificuldade de aceitar o diagnóstico e a constante busca de cura.

Nenhuma família espera que uma criança, ao nascer, apresente algum tipo de deficiência. Em geral, quando isso acontece, pais, irmãos e demais familiares vivem um momento de conflito e medo. Muitas vezes mãe e pai se culpam pelo filho que nasceu diferentemente do esperado. É como se eles fossem apresentar ao mundo uma criança não perfeita. É desse modo que D’ Antino (1988, p.31) descreve essa idéia:

[...] sabe-se que, ao conceber e gestar um filho concebe-se e gesta-se também, a idéia do filho sadio, belo, inteligente, forte. Idealiza-se o filho como um ser capaz de fazer e/ou refazer tudo quanto não foi possível ser realizado pelos pais.

Quando o bebê tem uma deficiência, toda a dificuldade comum nos primeiros meses é aumentada, já que exige cuidados ainda mais intensivos. Além disso, a família tem que suportar toda a sobrecarga emocional: o choque da descoberta, o desespero, o desapontamento, e, talvez a sensação mais forte, ou seja, o medo de um futuro desconhecido e não programado (GLAT, 1997).

Para Agustinelli (2008), o nascimento de uma criança com deficiência pode gerar diversos sentimentos, emoções e alterações no meio familiar. São diversos os conflitos que a crise gerada pelo nascimento dessa criança e o luto pela “morte” da criança desejada podem ocasionar. Tendo em vista a possibilidade de que a família vivencie um momento de crise pelo nascimento de uma criança diferente da desejada e o conseqüente luto pela mesma, há que se esperar que a família tenha que se adaptar a essa nova situação. Amaral (1995) refere-se ao luto como um estado psíquico vivido pela família em decorrência de perda, de morte mesmo. “Morte” do filho desejado e idealizado. Assim, para que se torne possível receber o filho real, é preciso viver o processo de luto daquele filho “perdido”. A autora ressalta que a cada momento significativo do processo de desenvolvimento do filho, ou a cada uma das situações críticas previsíveis, corresponderá sempre, em maior ou menor grau, certo nível de sofrimento psicológico e de elaboração de luto: a aquisição da linguagem, a autonomia motora, a entrada na escola, a adolescência, o casamento, e assim por diante.

Glat (1997) aponta um aspecto que deve ser constantemente trabalhado com os familiares de indivíduos com deficiência, e cuja compreensão é pré- requisito para a integração familiar; a autora refere-se à armadilha de atribuir à deficiência a causa de todos os problemas ou das situações críticas que o sujeito ou demais membros da família atravessam.

Percebe-se, pois, que os pais de crianças com deficiência vivem um longo e difícil caminho de aquisições de aprendizagem de como lidar com os filhos, e enfrentam uma série de preocupações e sentimentos. Isso significa uma reestruturação da família em aprender a conviver com a criança e buscar recursos que possam contribuir para o seu desenvolvimento, estando, entre esses recursos, a escola.

Nesse cenário, a escola passa a exercer uma função social da educação, além de centrar-se no ensino de temas acadêmicos e na promoção do desenvolvimento intelectual da criança. Cabe às instituições de educação preparar-se para acolher e interagir com as diferentes estruturas familiares que constituem a sociedade nos dias atuais (BARROS, 2008).

Neste sentido, faz-se necessário um novo olhar sobre a educação escolar, um olhar que preze cada parte que os envolvidos têm para contribuir. Chechia e Andrade (2005) investigaram as percepções de pais sobre o desempenho escolar dos seus filhos, e seus resultados permitiram evidenciar que a família deve promover a valorização da escola e auxiliá-la em suas tarefas, bem como a escola precisa rever os seus valores e procedimentos em relação ao aluno e à família.

2.7 ESCOLA E A RELAÇÃO ENTRE PAIS E PROFESSORES NO

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