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5.1 Farrodes Peters

O gênero Farrodes tem distribuição panamericana, sendo encontrado desde a Argentina até o sudoeste dos EUA (Dominguez et al. 2004; McCafferty 2007a, b). Para a América do Sul foram descritas quatorze espécies sendo que três delas (Farrodes carioca Domínguez, Molineri & Peters, F. ochraceous Domínguez, Molineri & Peters e F. xingu Domínguez, Molineri & Peters) são registradas para o Brasil e apresentam até o momento distribuição restrita ao território nacional. As espécies F. ochraceous e F. xingu, têm como área de distribuição a região Norte do Brasil (AM e PA), enquanto F. carioca fica restrita à região Sudeste.

5.1.1 Farrodes carioca Domínguez, Molineri & Peters

Distribuição prévia: Brasil: RJ

Registros novos: MG, municípios de Bom Jesus do Galho, Caratinga, Córrego Novo, Dionísio, Jaguaraçu, Marliéria e Timóteo.

Aspectos biológicos: As ninfas de F. carioca foram encontradas colonizando uma grande diversidade de meso-hábitats (Tabela 4) como também observado por Da-Silva (2002) para espécimes procedentes de diversos córregos do Estado do Rio de Janeiro. As subimagos de F.

carioca foram coletadas entre 18:00 h e 20:00 h e realizaram a emergência imaginal na manhã

do dia seguinte da coleta entre 5:00 h e 6:00 h. Esse padrão de emergência também foi observado por Domínguez & Savage (1987) para uma espécie do gênero na Argentina.

Comentários: Pela primeira vez é feito o registro da espécie para o Estado de Minas Gerais estendendo a distribuição da espécie na Região Sudeste do Brasil.

5.2 Hermanella Needham & Murphy

Gênero de distribuição Neotropical, existindo quatro espécies registradas para o Brasil. Nenhuma espécie nominal está registrada para Minas Gerais (Salles et al. 2004b), apesar de o gênero ter sido encontrado no estado (Goulart & Callisto 2005ab).

5.2.1 Hermanella sp.

Ocorrência na região estudada: MG, municípios de Marliéria e Timóteo.

Aspectos biológicos: As ninfas da foram encontradas somente no Rio Belém e em pontos próximos dentro do PERD, em área preservada de mata nativa principalmente no folhiço de correnteza, apesar de outras espécies do gênero terem sido encontradas habitando substratos rochosos [eg. Hermanella (Hermanella) thelma Needham & Murphy, Hermanella (Guayakia)

froehlichi Ferreira & Domínguez (Domínguez & Flowers 1989; Ferreira & Domínguez

1992)].

Comentários: As ninfas coletadas no presente trabalho são de uma nova espécie, e sua descrição encontra-se em fase inicial de preparação (Salles em preparação).

5.3 Hylister Domínguez & Flowers

Gênero monotípico de distribuição restrita a Região Neotropical, sendo exclusivamente encontrado nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (Salles et al. 2004b).

Distribuição prévia: Brasil: PR, SC; MG, RJ Registro adicional: MG, Município de Marliéria.

Aspectos biológicos: A espécie foi coletada em um único ponto estudado, um córrego de primeira ordem sendo que as ninfas foram encontradas em raízes aderidas a pedras em área de correnteza moderada.

Comentários: Estendemos à nordeste a distribuição da espécie no Estado de Minas Gerais e no Brasil.

5.4 Massartella Lestage

Gênero Neotropical, com cinco espécies descritas para a América do Sul (Brasil e Venezuela) sendo duas registradas para o Brasil [M. alegrette Ulmer e M. brieni (Lestage)]. A distribuição destas espécies está restrita às regiões Sul e Sudeste do Brasil (Salles et al. 2004b), porém somente M. brieni está registrada para o Estado de Minas Gerais.

5.4.1 Massartella brieni (Lestage)

Distribuição prévia: Brasil: PR, RS; MG, RJ, SP

Registros adicionais: MG, municípios de Jaguaraçu, Marliéria e Timóteo.

Aspectos biológicos: As ninfas da espécie foram encontradas habitando substratos orgânicos como observado por Baptista et al. (1998) e Francischetti et al. (2004) em estudos feitos em córregos no Estado do Rio de Janeiro, apesar de Pescador & Peters (1990) afirmarem que normalmente as ninfas da espécie são encontradas sobre rochas em áreas de correnteza. Apesar de o gênero ser encontrado com mais freqüência em áreas de altitude relativamente

elevada (e.g. Pescador & Peters 1990; Derka 2002), algumas ninfas de M. brieni foram coletadas em pontos em áreas mais baixas.

Comentários: Estende-se à nordeste a distribuição da espécie no Estado de Minas Gerais e no território nacional.

5.5 Miroculis Edmunds

Gênero Neotropical, com 12 espécies descritas para a América do Sul sendo 8 registradas para o Brasil, porém somente uma delas é encontrada no Sudeste. M. Ommaethus

froehlichi está registrada para os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo (Salles et al. 2004b).

A espécie é de um subgênero diferente das espécies registradas para as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil.

5.5.1 Miroculis froehlichi Savage & Peters

Distribuição Prévia: Brasil, RJ, SP

Registros novos: MG, municípios de Dionísio e Marliéria.

Aspectos biológicos: As ninfas de Miroculis (Ommaethus) froehlichi Savage & Peters foram coletadas em folhiço depositado nas margens de duas lagoas com coberturas vegetais distintas (mata nativa e antiga área de cultivo de eucalipto) (Lagoa Carioca – PERD e Lagoa Palmeirinha – CAF), porém a espécie é normalmente encontrada em folhiço depositado em ambientes lóticos (eg. Francischetti et al. 2004). A descoberta de ninfas de M. (O) froehlichi habitando lagoas se constitui no primeiro registro do gênero para ambientes lênticos propriamente ditos, pois ela pode ser encontrada em ambientes semi-lóticos como represamentos de riachos.

Comentários: Primeiro registro da espécie para o Estado de Minas Gerais, estendendo a nordeste a distribuição no Brasil.

5.6 Simothraulopsis Demoulin

Gênero de distribuição Neotropical (Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela), possui até o momento somente uma espécie descrita, Simothraulopsis demerara (Traver), que está registrada para a Região Norte do Brasil (estados do Amazonas, Pará e Rondônia) (Domínguez et al. 1997).

5.6.1 Simothraulopsis sp.

Registro novo: MG, município de Marliéria.

Aspectos biológicos: As imagos de Simothraulopsis sp. foram coletadas entre 18:00h e 20:00 h próximo às margens do Rio Turvo no ponto 1, em área com cobertura vegetal nativa bem preservada dentro do PERD. Até o momento não foram encontradas ninfas do gênero na localidade onde foram coletadas as imagos.

Comentários: É o primeiro registro do gênero para a Região Sudeste e para o Estado de Minas Gerais. A espécie do gênero Simothraulopsis é nova, uma vez que não foi possível identificá-la a partir da descrição da única espécie conhecida, S. demerara (Domínguez et al. 1997).

Gênero de distribuição Neotropical, possui três espécies conhecidas, sendo uma descrita para a América do Sul. Apesar de ninfas do gênero já terem sido encontradas no Brasil (eg. Nolte et al. 1997), até o momento nenhuma espécie nominal está registrada para o território nacional. Os representantes do gênero, ao contrário dos demais Leptophlebiidae, estão bem adaptados para nadar. A forma geral do corpo das ninfas e a maneira como se locomovem dentro da água lembram muito as ninfas de Baetidae (Salles 2006).

5.7.1 Terpides sp.

Ocorrência na área estudada: MG, município de Córrego Novo.

Aspectos biológicos: A ninfa de Terpides coletada na região foi encontrada na vegetação marginal/barranco, substrato semelhante onde Goulart & Callisto (2005b) coletaram ninfas do mesmo gênero no Rio Cipó, na Bacia do Rio São Francisco, MG.

Comentários: Uma única ninfa do gênero foi encontrada em um dos pontos de coleta no Córrego Dadinho (P15), porém difere da única espécie atualmente conhecida para a América do Sul, T. guyanensis Demoulin do Suriname (Demoulin 1966).

5.8 Thraulodes Ulmer

Gênero de distribuição panamericana, apresenta maior diversidade na Região Neotropical (Traver & Edmunds 1967). São conhecidas 28 espécies para a América do Sul (Dominguez et al. 2004), sendo que 7 delas apresentam como área de distribuição as regiões Sul e Sudeste do Brasil (Salles et al. 2004b). Não existe nenhuma espécie nominal registrada para o Estado de Minas Gerais.

5.8.1 Thraulodes sp.

Ocorrência na área estudada: MG, municípios de Bom Jesus do Galho, Caratinga, Dionísio, Marliéria e Timóteo.

Aspectos biológicos: A maioria das ninfas de Thraulodes sp. foi coletada em folhiço de correnteza, sendo que as espécies do gênero têm como hábitat mais citado na literatura as áreas de correnteza (eg. Ferreira & Froehlich 1992, Baptista et al. 1998; Callisto & Goulart 2000; Lopes et al. 2003). As subimagos de Thraulodes sp.n. foram coletadas entre as 18:00 e 20:00 h, em pontos próximos de dois rios (P1 e P24), sendo confirmada a emergência para imago na tarde do dia seguinte à coleta entre 14:00h e 14:30h.

Comentários: As ninfas encontradas possuem o dentículo pré-apical da garra bem mais desenvolvido que os demais, característica não encontrada em nenhuma outra espécie do gênero até o momento descrita. Adultos da espécie foram associados às ninfas pelo mesmo padrão de coloração do abdome, sendo que as ninfas e os adultos associados foram coletados na mesma localidade. A nova espécie está em fase final de descrição.

5.9 Traverella Edmunds

Gênero de distribuição panamericana, sendo que na América do Sul são encontradas quatro espécies (Dominguez et al. 2004), uma registrada para o Brasil [Traverella bradleyi (Needham & Murphy)] (Salles et al. 2004b).

5.9.1 Traverella sp.

Aspectos biológicos: As ninfas de Traverella sp. foram encontradas habitando substratos rochosos em áreas de correnteza forte (laje) a moderada (pedra rolada), hábitat semelhante ao descrito por Edmunds et al. (1976) para as espécies do gênero.

Comentários: É possível que a ninfa encontrada seja da espécie T. bradleyi, contudo, como a referida espécie é conhecida apenas do material-tipo e apresenta uma genitália bastante distinta das demais espécies do gênero, é possível que essa espécie pertença de fato a outro gênero de Leptophlebiidae (F.F. Salles dados não publicados).

5.10 Ulmeritoides Traver

Gênero de distribuição neotropical, com sete espécies descritas para a América do Sul (Dominguez et al. 2004). Quatro espécies estão registradas para o Brasil, sendo que tem distribuição restrita a dois estados brasileiros, Santa Catarina na Região Sul [U. patagiatus (Thew) e U. uruguayensis (Traver)] e Rondônia na Região Norte (U. misionensis Domíguez e

U. oepa Lopes, Da-Silva & Py-Daniel) (Salles et al. 2004b).

5.10.1 Ulmeritoides sp.

Ocorrência na região estudada: MG, município de Marliéria.

Aspectos biológicos: As ninfas da nova espécie foram coletadas no folhiço depositado nas margens da Lagoa Carioca (P46), a qual se encontra em uma área preservada dentro dos limites do PERD. No ponto onde foram coletadas as ninfas, foram também coletadas subimagos do gênero, entre as 18:00h e 20:00h, que realizaram a emergência para imago na manhã do dia seguinte à coleta entre 5:00h e 6:00h. Apesar de existirem várias espécies

descritas para a América do Sul, não existem dados biológicos na literatura sobre o padrão de emergência dos adultos.

Comentários: Foram coletadas ninfas de uma única espécie do gênero, por isso acreditamos que os adultos coletados na mesma localidade possam ser desta nova espécie. A nova espécie está em fase de descrição (Salles & Domínguez em preparação).

5.11 Ulmeritus Traver

Gêneros de distribuição neotropical, sendo que para a America do Sul estão descritas cinco espécies, duas registradas para o Brasil [U. balteatus Thew e U. saopaulensis (Traver) (Da-Silva & Pereira 1992)].

5.11.1 Ulmeritus saopaulensis (Traver)

Distribuição prévia: Brasil: MG, SP

Registro adicional: MG, município de Marliéria.

Aspectos biológicos: As ninfas de U. saopaulensis foram coletadas em uma represa habitando a vegetação aquática, que era dominada por Typha sp. (Typhaceae).

Comentários: Estende-se a nordeste a distribuição da espécie no Estado de Minas Gerais e no Brasil.