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Família Myrtaceae

No documento UEA MANAUS (páginas 33-36)

3.7 Principais componentes ativos encontrados nas famílias das espécies vegetais utilizadas para a obtenção dos extratos

3.7.3 Família Myrtaceae

A família Myrtaceae, que concentra os elementos voláteis nas folhas, contém cerca de 100 gêneros e 3.000 a 3.500 espécies distribuídas por todos os continentes, com exceção da Antártida e com predominância nas regiões tropicais e subtropicais da América e Austrália. Os principais gêneros pertencentes à essa família Myrtaceae são:

Eucalyptus; Melaleuca, Eugenea e Psidium (exemplos: eucalipto; tea tree ; azeitona e

goiaba, respectivamente). São cultivados no Brasil devido a várias finalidades, principalmente por apresentarem frutos comestíveis, serem fonte de madeira e lenha, conterem óleos essenciais e pela aparência de algumas espécies, são utilizadas como ornamentais (Andrade, 2005).

Frutas dessa família são fontes de compostos fenólicos, incluindo flavonóides e antocianos e de carotenóides. Essas substâncias possuem um amplo espectro de

atividades bioquímicas, como antioxidante, antimutagênica e anticarcinogênica e, ainda, a habilidade de modificar a expressão gênica. Outros componentes importantes encontrados nas sementes dessas frutas são os ácidos graxos. Entre estes, estão os essenciais linoléico e linolênico, que possuem grande relevância na dieta por contribuírem na regulação de diversas funções no organismo, incluindo pressão sangüínea, viscosidade do sangue e respostas imune e inflamatória (Andrade, 2005).

Eucalyptus é um importante gênero pertencente à família Myrtaceae, composto

por aproximadamente 600 a 700 espécies, sendo a maioria nativa do continente australiano e de algumas ilhas ao norte, tendo sido introduzidas espécies em mais de 90 países desde 1850. Devido ao grande número de espécies, este gênero foi dividido em subgêneros, sendo os principais: Corymbia (30 espécies), Monocalyptus (80 espécies) e

Symphomyrtus (250 espécies). O gênero Eucalyptus foi introduzido no Brasil em 1865,

inicialmente com a espécie Eucalyptus globulus Labillardiere, da qual utilizam-se as folhas pecioladas e lanceoladas para extração de óleo essencial. A maioria das cinco farmacopéias descreve espécies de Eucalyptus produtoras de óleo essencial, constituído de uma mistura de terpenos com 70 a 80% de 1,8-cineol, e baixo teor de felandreno (abaixo de 5%), podendo a composição e o rendimento variar de acordo com a genética, idade das folhas e ambiente. Além de óleo essencial, as folhas de eucalipto contêm outros compostos, tais como: taninos, ácidos gálico, glicólico e glicérrico, princípios amargos, compostos flavônicos, derivados da cumarina, cera e resina. Por apresentar esta diversidade de componentes químicos, pode ser utilizado na área farmacêutica pelas propriedades antifúngica, anti-séptica, adstringente, antiinflamatória, antibacteriana, cicatrizante, desinfetante, expectorante e carminativa (Andrade, 2005).

Provavelmente o gênero Eugenia é um dos maiores da família Myrtaceae, com mais de 500 espécies, das quais cerca de 400 encontram-se no Brasil e assumem destaque especial por serem utilizadas como plantas medicinais. Dentro deste gênero tem-se a Eugenia uniflora L. (pitangueira), que cresce na Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. É cultivada na América Central, Antilhas, Flórida, Califórnia, Havaí, China Meridional, Ceilão, Argélia, Tunísia, Sul da França, face sua grande capacidade de adaptação. No Brasil ocorre desde o Estado de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul. Essa espécie foi introduzida na medicina empírica pelos índios Guaranis no século XV e é utilizada como fármaco anti-hipertensivo, diurético, adstringente, antipirético e para o

tratamento de desordens digestivas. Na Ilha da Madeira suas folhas são utilizadas no tratamento de bronquites, gripes e problemas intestinais e na Nigéria, como um febrífugo. Segundo Schapoval et al. (1994), as folhas da E. uniflora são ricas em óleos essenciais contendo citronelol, geraniol, cineol e sesquiterpenos, os quais têm demonstrado possuir atividade antimicrobiana. Nas folhas e frutos são encontrados jambosina, taninos, sais de cálcio e ferro e vitamina C. O chá das folhas é anti-reumático, antidesintérico, febrífugo e contra diabetes. Estes autores observaram que a infusão das suas folhas produziu um aumento significativo no tempo de sono induzido pelo pentobarbital e eles correlacionaram esses achados com a composição química, especialmente monoterpenos, os quais podem interferir com a distribuição do pentobarbital nos tecidos (Fiuza et al., 2008).

O jambolão (Eugenia cumini L.), espécie do mesmo gênero da pitangueira, possui nas cascas da sua árvore, folhas e sementes, eugenol, jambosina, antimelina, limoneno, cariofileno, homuleno, ácido gálico e taninos. O chá das folhas ou cascas da árvore serve para desinteria, hemorragia e quiluria. O chá das sementes torradas e pulverizadas ou da casca da árvore serve para diabetes (Ballve, 1995).

Fiuza et al. (2008) identificaram os ácidos graxos presentes no óleo das sementes de guabiju (Myrcianthes pungens O. Berg), araçá amarelo (Psidium

cattleyanum var. lucidum), araçá vermelho (Psidium cattleyanum Sabine) pitanga

(Eugenia uniflora L.) e feijoa (Feijoa sellowiana O. Berg), espécies da família Myrtaceae, nativas do Rio Grande do Sul. Os óleos das espécies analisadas demonstraram alto teor de ácidos graxos insaturados, inclusive os essenciais (linoléico, linolênico), e, em menor escala, ácidos saturados, o que evidencia a importância do aproveitamento desses óleos na dieta humana, considerando as diversas atividades benéficas ao organismo (Andrade, 2005).

A espécie Campomanesia adamantium, popularmente conhecida por gabiroba ou guabiroba apresenta em seus frutos monoterpenos e sesquiterpenos e contém componentes comuns aos dos óleos extraídos das folhas de algumas espécies de

Campomanesia, com potencial farmacológico citado na literatura e que contribuem para

o aroma dos frutos. A utilização dos frutos de C. xanthocarpa mostra-se promissora como complemento nutricional na dieta de vertebrados, devido ao seu teor de lipídios,

carboidratos totais, fibra alimentar, vitamina C e de minerais essenciais (Andrade, 2005).

O cravinho da índia (Caryophyllus aromaticus L.) é uma árvore mediana, bastante ramificada, folhas simples, originária da Malásia. Seus botões florais secos contêm cariofileno, furfurol, eugenol, taninos, ácidos galactânico, eugênico e salicílico. O chá é tônico estomáquico, carminativo, antisséptico e sudorífico (Ballve, 1995). Outra espécie da mesma famíla é a goiabeira (Psidium guayava L.), que possui em seus frutos, folhas e cascas, taninos, guavina, piridoxina, niacina, mirceno, borneol, a-pineno, sais minerais e vitaminas, principalmente C. O chá das cascas e folhas novas serve contra diarréias, tosse, bronquite e hemorragias.

A pedra ume (Myrcia sphaerocarpa D.C.), planta arbustiva, bastante ramificada, de caule e ramos tortuosos, castanho-claro, comum na Amazônia, apresenta em suas folhas e cascas, mircina e taninos. O chá das folhas e da casca serve para diarréias e diabetes (Ballve, 1995).

No documento UEA MANAUS (páginas 33-36)

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