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CAPÍTULO I – TEOR PROTÉICO E VALOR DE DIGESTIBILIDADE PROTÉICA DA

3.2 FARINHA DE PENAS (100% FRANGO)

No processo de produção, fazendo uso de penas de frango o TP (Tabela A4) mais elevado foi de 83,44%, onde o tempo de hidrólise foi de 40 min. á uma pressão de 2 kgf.cm-2. Considerando a variável tempo, os resultados obtidos nas pressões de 2,0, 2,5 e 3,0 kgf.cm-2 não diferiram significativamente (p<0,05) entre si nos tempos de 10 e 60 min. Acredita-se que esse fato esteja relacionado com a temperatura dentro do digestor, sendo que, com um tempo de 10 minutos não ocorreu um processo de hidrólise completo e com um tempo de 60 min., houve uma desnaturação protéica. Esta situação também foi observada por Wang e Parson (1997), onde relatam que o processamento excessivo pode ocasionar a perda de aa essenciais e menor tempo de processo resulta em baixo TP. Os autores observaram ainda que os

parâmetros de processamento, envolvendo pressão e tempo de hidrólise nas farinhas de penas, são fatores primários para a qualidade protéica do produto e que o aspecto negativo do processo térmico é a degradação dos aa, resultando na redução da qualidade da farinha de penas.

Analisando as tabelas A4 e A5, verifica-se que a elevação na variável pressão (considerando 2 kgf.cm-2 e 4,5 kgf.cm-2) , exceto para o tempo de 10 min., acarretou na redução significativa (p<0,05) dos TP e VD. Os resultados demonstraram que a pressão teve uma grande influência no processo de obtenção de farinha de penas. Assim como para os resultados da farinha mista, acredita-se que a redução do TP e do VD esteja relacionada ao aumento de temperatura que é diretamente proporcional a pressão. Isso também foi observado por Holanda (2009), onde este afirma que o aparecimento da lantionina, aa formado a partir da cistina, pelo excesso de cozimento das penas, está presente na farinha de penas hidrolisadas em torno de 20% a 30% do valor total de cistina, e que a presença deste aa provoca uma queda no TP e no VD dos outros aa, afetando o balanço ideal. Wang e Parson (1997) também verificaram que, com o aumento da pressão, ocorreu diminuição da cistina e elevação da solubilidade do nitrogênio.

Tabela A4 – Teor protéico da farinha de frango.

Pressão (kgf.cm-2) Tempo (minutos) 10 20 30 40 50 60 2,0 76,76aA ±0,01 77,93cA±0,51 80,29bD±0,01 83,44dC±0,44 80,58bC±0,51 76,46aC±0,51 2,5 75,88aAB ±0,01 79,11cB±0,51 82,05eE±0,01 80,87dB±0,51 77,64bB±0,01 76,17aC±0,51 3,0 74,70aB ±1,02 77,64bcA±0,01 78,81cdAB±0,51 79,41dA±0,01 76,76bB±0,01 74,11aB±0,01 3,5 76,76cA ±0,01 78,52acAB±0,01 79,41aB±0,01 78,81aA±0,51 74,11bA±1,03 73,23bAB±0,01 4,0 76,46aA ±0,51 77,64abA±0,01 78,52bcA±0,01 79,41cA±0,01 74,40eA±1,02 72,35dA±0,01 4,5 75,88aAB ±0,00 76,46abC±0,51 77,34bC±0,51 78,81eA±0,51 73,23dA±0,01 71,17cD±0,51 Todos os resultados são apresentados em % e representam os valores médios referentes a três determinações. Médias indicadas por letras iguais (minúsculas) não diferem entre si (p<0,05), pelo Tukey, na comparação de diferentes tempos de hidrólise (linha). Médias indicadas por letras iguais (maiúsculas) não diferem entre si (p<0,05) pelo Tukey, na comparação de diferentes pressões (coluna).

Assim como na farinha mista é possível observar (Tabela A4) na farinha com 100% penas de frango que as variáveis pressão e tempo de hidrólise possuem comportamentos proporcionais relacionados à intensidade de hidrólise, aumentando o TP até um determinado valor, podendo, no entanto, causar a desnaturação das proteínas quando este valor for excedido. Diante destas observações, Shirley e Parson (2000) avaliaram que as condições de processamento submetido à baixa

pressão podem requerer longo tempo de hidrólise e vice e versa. Os autores acrescentam que no caso de ocorrer um processamento excessivo das farinhas de penas, haverá redução na concentração dos aa, principalmente pela perda dos aa sulfurados.

Considerando todas as pressões, quando as penas foram processadas com um tempo de 30 e 40 min. houve uma elevação significativa (p<0,05) obtendo os maiores TP e VD das farinhas, porém, quando submetidas a tempo de hidrólise menor e maior ocorreu uma redução significativa (p<0,05) dos valores das variáveis. Esse fato acontece, pois um processamento excessivo pode resultar em destruição dos aa, enquanto que, uma hidrólise incompleta acarreta no comprometimento, do ponto de vista nutricional, tanto do VD quanto do TP. Neste mesmo contexto, Albino (1992) avaliou o efeito das variáveis pressão e tempo de hidrólise sobre a qualidade da proteína da farinha de penas, onde foi verificada uma redução no TP e no VD conforme houve o aumento da pressão no digestor, os resultados não foram mencionados.

A influência do tempo de hidrólise no VD dos aa foi observada por Naber et al. (1961) e Papadopoulos et al. (1985), citados por Scapim (2003), segundo esses autores, o tratamento térmico altera a estrutura das proteínas e favorece diferentes tipos de ligações entre proteínas e substâncias como gorduras e carboidratos presentes nas farinhas, e essas novas ligações químicas podem comprometer a disponibilidade dos aminoácidos.

Considerando o uso de penas de frango para obtenção de farinhas, observa-se na Tabela A5 que o maior resultado do VD foi de 43,72%, obtido com um tempo de 40 min. de hidrólise e 2 kgf.cm-2 de pressão.

Tabela A5 – Valor de digestibilidade da farinha de frango.

Pressão (kgf.cm-2) 10 20 30 Tempo (minutos) 40 50 60 2,0 31,67bA ±0,08 37,73dABC±0,41 41,45aB±0,42 43,72eC±0,54 41,05aF±0,09 33,47cB±0,08 2,5 32,75aC ±0,05 38,48dD±0,33 42,59bC±0,70 41,67bB±0,30 37,34cE±0,05 32,58aD±0,02 3,0 32,32aB ±0,07 37,96bBCD±0,01 38,24cA±0,05 38,16bcA±0,17 32,13aA±0,06 33,57dB±0,08 3,5 37,16cD ±0,05 38,17eCD±0,04 38,74fA±0,03 37,60dA±0,04 32,82bD±0,06 32,16aC±0,05 4,0 32,49aB ±0,09 37,50cAB±0,01 38,39eA±0,03 37,88dA±0,03 32,50aC±0,02 32,92bA±0,04 4,5 31,60aA ±0,06 37,18dA±0,06 38,01fA±0,10 37,49eA±0,05 32,32bB±0,04 32,94cA±0,04 Todos os resultados são apresentados em % e representam os valores médios referentes a três determinações Médias indicadas por letras iguais (minúsculas) não diferem entre si (p<0,05), pelo Tukey, na comparação de diferentes tempos de hidrólise (linha). Médias indicadas por letras iguais (maiúsculas) não diferem entre si (p<0,05) pelo Tukey, na comparação de diferentes pressões (coluna).

Todos os resultados de VD, obtidos com tempo de hidrólise de até 30 min., diferiram significativamente (p<0,05) entre si. Com a elevação do tempo de hidrólise (exceto para 3,5 e 4,5 kgf.cm-2) alguns resultados não apresentaram diferença significativa entre si (p<0,05). Observa-se que houve grandes variações nos valores de digestibilidade, comprovando assim que a diferença nos tempos de hidrólise influenciou o VD dos aa. Neste mesmo contexto, Naber et al. (1961), citado por Scapim (2003), estudando a disponibilidade dos aa da farinha de penas, afirmaram que os métodos de processamento causaram variações significativas no valor nutritivo das farinhas de penas, e que o processo de cozimento das penas, embora aumentasse a disponibilidade de alguns aa, destruíam outros.

Com relação à variável pressão, percebe-se uma influência diferenciada entre os tempos avaliados (Tabela A5). Sendo que, para o tempo de 50 min., todas as pressões apresentaram diferença significativa (p<0,05) entre os valores obtidos, enquanto que, para as pressões de 3,0 até 4,5 kgf.cm-2 para os tempos de 30 e 40 min. não houve diferença significativa (p<0,05%) entre os resultados. Para os tempos de hidrólise de 10 e 20 min. o comportamento do VD se mostrou bem diferenciado, sendo que, para o tempo de 10 min., nas pressões de 2,5, 3,0 e 3,5 kgf.cm-2,obteve- se diferenças significativas (p<0,05) entre os resultados, enquanto que, para o tempo de 20 min., nas mesmas condições de pressão, os resultados não diferiram significativamente (p<0,05) entre si. Acredita-se que essas diferenças de VD estejam relacionadas ao aumento do tempo de hidrólise de até 50 min. na qual, o aumento da pressão, resultou em expressiva variação do VD, enquanto que no tempo de 60 min. esta diferença não foi tão acentuada.

De acordo com Rocha e Silva (2004), variações nos VD nas diferentes amostras de farinhas de penas, ressaltam a importância da padronização das variáveis de processo tempo e pressão. Sendo que, tanto uma subestimação quanto uma superestimação dos valores de digestibilidade protéica, podem resultar em uma redução no desempenho (peso/tamanho) das aves alimentadas com rações contendo essas farinhas.

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