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A Fase 8 teve por fim a transferência total da carga suportada pela ESP através dos calços e macacos sob o tabuleiro para a barra de olhal. Este procedimento ocorreu em duas etapas: a) abaixamento do tabuleiro com a transferência de 80% da carga para a barra de olhal e b) desmontagem das EAS, montagem de parte do tabuleiro e conclusão da transferência dos outros 20% restantes da carga. Com a conclusão desta etapa, iniciou-se um novo ciclo de suspensão da Ponte Hercílio Luz. Todas as movimentações executadas nesta fase foram realizadas pelo sistema hidráulico composto por 54 macacos de 50 e 100 toneladas, sendo 3 centrais sincronizadas e comandadas pela consola máster e 4 centrais convencionais, que foram encarregadas de trabalhar a pressão constante para suportar o peso das EAS, como se pode verificar abaixo na Figura 64.

Figura 63 - Esquema hidráulico para movimentação da ponte Hercílio Luz na Fase 8.

Fonte: Teixeira Duarte

4.4.1 Abaixamento da treliça até 80% da transferência de carga – Etapa A

Nesta etapa A, ocorreu a movimentação da treliça, realizando-se o procedimento inverso ao realizado no período de 9 a 14 de outubro de 2017, que consistia no abaixamento da treliça a meio vão de 445mm, correspondente à posição inicial do procedimento de transferência de carga realizado no primeiro dia do período acima mencionado (20% da transferência de carga). Este posicionamento do tabuleiro a meio vão corresponde a uma elevação média entre norte e sul de cerca de 80mm.

As tabelas foram responsáveis por registrar os pequenos ajustes devido aos reforços executados, pois, a partir deles, ocorreram variações de peso que foram introduzidas no período. Por alterações de peso, entendem-se as alterações das

barras de olhal, pinos, cabos pendurais, montantes e reforços pontuais na treliça do vão pênsil, acrescentando, assim, 120 toneladas de peso na estrutura da ponte.

Nesta fase foram realizadas 4 operações de deslocamento do tabuleiro da treliça, totalizando um deslocamento final do vão pênsil de 441mm do lado norte e 451mm do lado sul. A Figura 65 representa geometricamente a treliça durante a Fase 8 para o lado norte, onde a linha preta contínua é a posição inicial da treliça e a linha tracejada a posição final, sendo que as linhas cinza são as operações intermediárias.

Figura 64 - Geometria da corda inferior da treliça, lado norte, na Fase 8 A.

Fonte: Teixeira Duarte

Durante esta fase, a barra de olhal teve um aumento de sua carga axial de 4300Kn para 9860kn no lado norte e de 4000kn para 9680Kn no lado sul, sendo que as torres principais continuaram a se movimentar para o centro, até atingir sua posição original, totalizando, assim, um deslocamento de 65mm na T7 e 56mm na T8.

4.4.2 Desmontagem das EAS, montagem parcial do tabuleiro e conclusão da transferência de carga – Etapa B

A desmontagem das EAS foi realizada antes da conclusão do procedimento, por motivos de que estas estruturas estavam descarregando diretamente sobre a ESP, já que sua montagem foi realizada após ter sido iniciado o procedimento de transferência, em 11 de fevereiro de 2017.

Teve, ainda, a possibilidade de que até a conclusão da desmontagem das EAS, para que se garantisse o cumprimento do prazo de execução dos trabalhos, poderia ser iniciada a montagem de parte do tabuleiro da ponte, especificamente as placas ortotrópicas dos passeios entre os alinhamentos 0-16C e 16-0 e dos perfis transversais de apoio da grade e da grade entre os alinhamentos 16C e 16. Estas

estruturas, com seu peso de aproximadamente 360 toneladas, implicaram alterações à geometria final do tabuleiro, se comparada com a referência existente de maio de 2016.

Por fim, para concluir este procedimento de transferência de carga, efetuou- se o abaixamento do tabuleiro da ponte e a transmissão das forças dos apoios dos macacos para o sistema de suspensão, baixando, aproximadamente 107mm no lado norte e 103mm no lado sul, acrescido da componente do peso adicional no valor de 250mm e 308mm, totalizando, assim, 357mm no lado norte e 401mm no lado sul. A Figura 66 apresenta as posições iniciais (linha contínua) e finais (linha tracejada) desta etapa, sendo que as linhas cinza representam as operações intermediárias.

Figura 65 - Geometria da corda inferior da treliça, lado norte, na Fase 8 B.

Fonte: Teixeira Duarte

A movimentação do tabuleiro foi capaz de provocar o deslocamento dos pilones em direção ao centro em média 55mm. Ao final das operações, a carga da catenária chegou a ser de 14300Kn.

Então, assim que foi liberado o acesso para a execução, já realizado o procedimento de transferência de carga, foi possível começar a desmontagem de todas as estruturas auxiliares.

5 Considerações Finais

Por todo o trabalho realizado na obra de reabilitação da Ponte Hercílio Luz para que se chegasse ao tão sonhado e desejado fim, foi possível verificar que a parte maior e mais importante, quiçá crucial, para o bom desenvolvimento dos trabalhos, foi a transferência de carga. Entretanto, engana-se quem acredita que foi um trabalho simples. Pelo contrário, foi um processo árduo, exaustivo e demorado, o qual, por alguns motivos específicos e elencados no decorrer do trabalho, precisaram se estender noites adentro para que fosse possível finalizar as etapas em questão.

No presente trabalho foi dado enfoque na parte final do projeto de reabilitação, o qual resultou em trazer a Ponte Hercílio Luz ao seu estado original, porém, reabilitada e restaurada para que, além de continuar servindo como cartão postal, servisse também para auxiliar a desafogar o trânsito caótico na cidade de Florianópolis/SC.

Para isso ocorrer, muita coisa aconteceu nesse meio tempo. Porém, como dito, a transferência de cargas de toda sua estrutura para as estruturas auxiliares foi a mais importante desta etapa. Dessa forma os trabalhos foram subdivididos em fases muito bem estruturadas sequencialmente, cuidadosamente calculadas e minuciosamente observadas e analisadas pelas empresas e profissionais técnicos responsáveis pela obra.

Então, no momento seguinte à transferência de carga foi possível a execução dos serviços, em especial a troca das barras de olhal, pois era nesse momento que a tensão até então existente deixaria de existir, tornando o trabalho possível e seguro.

Após tudo feito, foi possível retomar seu sistema de sustentação para as novas barras de olhal e sua nova aparência moderna (mas sem perder a essência, pois se trata de um patrimônio histórico, artístico e arquitetônico de Florianópolis/SC), porém com mais facilidade de manutenção de sua estrutura.

Espera-se (me incluo aqui, pois como estagiário do então DEINFRA-SC na época das obras estive presente em grande parte da execução dos trabalhos) que os governantes continuem a dar o valor e importância que a Ponte Hercílio Luz possui e merece e que sigam realizando manutenções preventivas a fim de manter sua estrutura intacta por muitos e muitos anos.

6 Referências

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da ponte Hercílio Luz. 2017. 92 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil,

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