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Fase da avaliação operacional

No documento Dissertacao Pedro Campos (23) (páginas 60-63)

2. AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO ESTRUTURAL DE PONTES

3.3. Paradigma de Reconhecimento Estatístico de Padrões

3.3.1. Fase da avaliação operacional

A avaliação operacional tenta configurar uma visão global prévia de todo o processo de SHM. De uma forma geral, esta fase tenta responder a quatro questões relativas à implementação de um sistema de SHM:

i) Quais são as questões de segurança e/ou económicas para implementar um sistema de SHM?

ii) Como se define o que é dano para o sistema que está a ser monitorizado e quais são os danos mais críticos?

iii) Quais são as condições operacionais e ambientais em que o sistema a ser monitorizado irá funcionar?

iv) Quais são as limitações na recolha de dados em ambiente operacional?

3.3.1.1. Viabilidade económica de implementação de um sistema de SHM

As questões económicas e de segurança são as principais motivações por detrás da implementação e desenvolvimento da tecnologia de SHM. Hoje em dia, todas as indústrias querem detetar danos nos seus produtos ou nas suas infraestruturas o mais precocemente possível. Para que tal aconteça, é necessário que essas indústrias implementem alguma forma de SHM; no entanto, a viabilidade económica da sua implementação deve ser levada em consideração. Por exemplo, ao considerar a implementação da tecnologia de SHM numa ponte, algumas questões precisam de ser levantadas, tais como: são os custos diretos da realização de inspeções preventivas, além dos custos indiretos associados ao encerramento temporário do tráfego, motivos suficientes para preferir a implementação de um sistema de SHM? É possível realizar uma inspeção minuciosa, quando alguns elementos são inacessíveis, sem desmontar algumas secções ou componentes da ponte? Na maioria dos casos, a longo prazo, a tecnologia de SHM oferece uma abordagem mais económica, bem como uma maior segurança para os utentes [44].

Atualmente, muitas infraestruturas estão a aproximar-se, ou já excedem, a sua vida útil inicial. No entanto, devido a problemas económicos, essas infraestruturas ainda estão a ser usadas independentemente do seu envelhecimento. A Federal Highway Administration estima que cerca de 35% das pontes atualmente em serviço nos EUA

encontram-se num estado estruturalmente deficiente. Além disso, o custo de reparação dessas estruturas pode atingir um bilião de dólares. Esse custo poderia ser drasticamente reduzido, caso tivessem sido implementados sistemas de SHM adequados [37].

É importante fazer notar que, os benefícios económicos e de segurança trazidos pela tecnologia de SHM só serão efetivos se o sistema de monitorização der um alerta com antecedência suficiente para que ações possam ser tomadas antes que o dano evolua para níveis irreversíveis ou mesmo para o colapso da estrutura.

3.3.1.2. Definição de dano

Há muitas maneiras pelas quais o dano pode ser definido. A mais comum entre os investigadores na área de SHM consiste na definição de dano como mudanças nas propriedades materiais e/ou geométricas de um sistema, incluindo alterações nas condições fronteira e nas ligações do sistema. A existência de dano não implica a perda total da funcionalidade do sistema, mas sim que o desempenho atual ou futuro do sistema foi comprometido e não está a funcionar de forma ótima. Normalmente, o dano atinge progressivamente proporções maiores até chegar a um ponto vulgarmente conhecido como falha. Neste ponto, o dano é tão grave que afeta a operação do sistema, deixando de ser aceitável a sua utilização. Note-se que nesta definição, o colapso é o extremo da situação de falha. O dano pode ser induzido num sistema de várias formas, nomeadamente: através da acumulação durante longos períodos de tempo, como por exemplo, dano por fadiga ou por corrosão; pode ser o resultado de eventos programados, por ex. vibrações causadas pela passagem do metropolitano; ou mesmo eventos não programados, tais como impactos de veículos ou ocorrência de terramotos. Implícito na definição de dano está o conceito de que “dano” não tem sentido se não existir uma comparação entre dois estados diferentes de um sistema. Portanto, é essencial termos informação sobre o estado inicial do sistema para que a existência de dano possa ser verificada [44].

3.3.1.3. Restrições provocadas por condições ambientais e operacionais

Os efeitos ambientais e operacionais também influenciam a resposta dinâmica medida de uma estrutura. Essas variações, por vezes, podem ocultar pequenas mudanças nas frequências de vibração de uma estrutura que são, na realidade, provocadas por danos.

Uma vez que a deteção de dano se baseia na premissa de que o dano provoca alterações nas frequências próprias de vibração medidas, é essencial considerar os efeitos da mudança das condições ambientais e operacionais. As condições operacionais incluem o peso e velocidade de veículos e as pessoas, enquanto as condições ambientais incluem temperatura, vento, humidade, precipitação, neve, etc [3].

Os efeitos da variabilidade da temperatura, como a expansão térmica, não só podem produzir mudanças nos materiais e na rigidez global, mas também podem alterar as condições de fronteira de um sistema (juntas de dilatação, encontros, ligações da estrutura ao exterior). Se a estrutura for incapaz de expandir ou contrair, as tensões que daí resultam podem produzir alterações semelhantes, ou mesmo maiores, nas frequências naturais do que o próprio dano [3].

As variações operacionais também podem causar mudanças severas no comportamento dinâmico das pontes. Ao estudar os efeitos produzidos pela massa dos veículos nas frequências de vibração, Kim et al. [45] concluiu que, “…embora para pontes com vãos de extensão média a longa as mudanças sejam pouco notáveis, para pontes com vãos pequenos, cuja massa é comparativamente pequena quando comparada à massa do tráfego, as mudanças tornam-se bastante visíveis.”

Conclui-se então que, a implantação de sistemas de SHM deve ser acompanhada por técnicas de tratamento de dados robustas, de forma a filtrar da resposta estrutural os efeitos das condições ambientais e operacionais.

3.3.1.4. Gestão dos dados recolhidos

A implantação de um sistema de SHM deve ter em conta algumas considerações quanto à gestão de dados. Os sistemas de aquisição, sensores e os sistemas de armazenamento de dados precisam de ser protegidos da influência das condições ambientais e da interferência humana. Este último geralmente é ignorado ao implementar um sistema de SHM, mesmo que os furtos dos equipamentos instalados sejam um fator importante que deve ser levado em consideração. Dependendo das condições ambientais que o sistema enfrenta, os dispositivos de aquisição de dados, os sensores e a unidade de armazenamento podem precisar ser protegidos na tentativa de atrasar a sua eventual deterioração e posterior substituição. Há também a possibilidade de ocorrerem falhas de energia, pelo que fonte alternativa de energia deve ser instalada e todo o sistema deve ser

programado para reiniciar automaticamente. O dispositivo de aquisição de dados e a unidade de armazenamento também precisam ter memória RAM suficiente e espaço na unidade de disco rígido para acumular os dados recolhidos.

No documento Dissertacao Pedro Campos (23) (páginas 60-63)