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FASE DE ELABORAÇÃO DO PLANEAMENTO DAS ESTRATÉGIAS

4. METODOLOGIA DE PROJETO

4.6 FASE DE ELABORAÇÃO DO PLANEAMENTO DAS ESTRATÉGIAS

Na fase de planeamento tive a preocupação de ter em conta os princípios mais relevantes para o sucesso da implementação de programas de intervenção descritos pela WHO (2001).

Com base nos pressupostos descritos pelo autor acima referido, na efetividade- eficácia tem-se em consideração três aspetos: a saúde (demonstrado uma diminuição quer da incidência como da prevalência da doença mental como resultado a melhoria da qualidade de vida), o social (um progresso no relacionamento interpessoal, escolar e profissional, acompanhados pela redução do estigma) e económico (diminuição de dias de absentismo em relação ao trabalho, à recorrência de internamento e outros custos).

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Os outros princípios são a aceitação pela comunidade, financiamento, meios técnicos e o seu benefício.

Ao ingressar numa equipa multidisciplinar, que iria desenvolver um projeto com incidência na adesão à terapêutica da pessoa com perturbação mental, obtive um fio condutor para o percurso estratégico a desenvolver ao longo do estágio. Por outro lado, pude ter a perceção do ponto de Aquiles, das preocupações sentidas e do combate diário da equipa multidisciplinar quanto à promoção da adesão à terapêutica dos utentes seguidos no conselho de Tavira.

Primeiramente, a meta delineada compreendeu-se na integração na equipa de saúde mental comunitária e compreender o seu funcionamento enquanto equipa. Simultaneamente também fui conhecendo a realidade dos utentes seguidos pela equipa e a sua interação/relação com o enfermeiro especialista.

O próximo passo, para executar o diagnóstico das necessidades, foi estabelecer uma relação terapêutica e de confiança com os utentes. Ao perceber as necessidades, ou seja, a executar uma avaliação de diagnóstico, a próxima etapa incidiu no planear das intervenções do enfermeiro ESMP e, seguidamente, desenvolvê-las no contexto clínico. Ou seja, comete-se um processo de raciocínio clínico com reconhecimento das necessidades e das dificuldades sentidas pelos utentes, a definição dos objetivos, a determinação de prioridades e de estratégias de intervenção para que se possam colocar em desenvolvimento.

Após serem delineados os objetivos e de se identificar as limitações encontradas para a execução da metodologia do projeto, iniciou-se uma procura exaustiva da literatura, da prática baseada a evidência (Anexo I) da intervenção psicoterapêutica proposta. A prática baseada na evidencia é a ponte entre a favorável pesquisa científica e a prática clínica. São usadas provas científicas atuais e disponíveis, possuidoras de uma positiva validade interna e externa com o propósito de aplicar os resultados obtidos na prática clínica (Atallah, 2004). A prática baseada na evidência, sustentado pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (2012) é ―método de resolução de problemas no âmbito da decisão clínica que incorpora uma pesquisa da melhor e mais recente evidência, experiência e avaliação clínica, bem como as preferências do utente no contexto do cuidar‖ (p.10).

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Para a execução deste trabalho teve-se em conta os aspetos éticos concernentes quer à instituição quer aos utentes seguidos pela equipa, pelo que foi solicitada autorização à comissão de ética à Direção de Enfermagem do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, conforme a Norma Hospitalar: Investigação da referida instituição.

Quanto há metodologia é necessária, segundo Colliére (1999), para

―clarificar a identidade dos cuidados de enfermagem, não só pelo perfil do que a enfermeira/o é, ou deve fazer, ou em que se deve tornar, nem em relação a um modelo teórico suscetível de a formar, mas a identificação da natureza, a razão de ser, a significação, a estimativa social e económica da prestação de cuidados oferecida aos utilizadores, parece ser a chave da evolução da profissão‖ (p.20).

A metodologia definida para o desenvolvimento do projeto foi ao encontro de pesquisa bibliografia dos temas em questão e das intervenções planeadas; avaliação da adesão à terapêutica com recurso a instrumentos de avaliação preconizados para a população portuguesa, avaliação do estado mental e aplicação da técnica entrevista estruturada (entrevista motivacional).

Tornou-se pertinente, desenvolver e implementar intervenções terapêuticas à pessoa com perturbação mental em contexto comunitário, com a finalidade de promover a adesão ao regime terapêutico e, tendo como recurso psicoterapêutico, a entrevista motivacional. Existe a premência de se promover o crescimento dos saberes e da obtenção de competências por parte do utente, para capacitá-lo e, consequentemente, melhorar a sua qualidade de vida.

Em primeiro lugar foi planeada a consulta de enfermagem (Anexo II) e as respetivas intervenções: será executado o acolhimento do utente, promovida a informação do que se irá desenvolver no contexto clínico e fornecido o consentimento informado (Anexo III) e esclarecidas quaisquer dúvidas.

Continuamente será executado a intervenção exclusiva do EESMP: avaliação do estado mental (Anexo IV). Seguidamente são aplicados os instrumentos de avaliação propostos, a escala de Medição de Adesão ao Tratamento (Anexo V) e a Escala de Insight Marková e Berrios (Anexo VI). Foram delineados os critérios de seleção de inclusão e exclusão (Anexo VII).

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Posteriormente, é executada a intervenção psicoterapêutica proposta, entrevista motivacional aos utentes que preencham os critérios de seleção. Simultaneamente serão executadas intervenções psicoeducacionais acerca do tema: sessões grupais com recurso ao método expositivo e interativo ―Adesão à terapêutica e a sua gestão‖ (Anexo VIII) e a produção de um folheto (Anexo IX). É uma estratégia relevante para prover informação adequada ao utente acerca da sua doença e no reconhecer os sinais e sintomas, elevando a sua capacidade de juízo e senso critico. A psicoeducação eficiente possibilita o decrescimento de reinternamentos (Saraiva & Cerejeira, 2017).

Também é constatada a importância e relevância de integração de sessões formativas para os profissionais do DPSM – unidade de Faro acerca dos conteúdos: Avaliação do Estado Mental (Anexo X), ―Adesão à terapêutica na doença mental‖ (Anexo XI) e a ―Entrevista Motivacional em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica‖ (Anexo XII). É um ótimo recurso para contribuir para a melhoria da prática clínica em ESMP dos conteúdos supracitados. Serão traçadas sessões grupais, com método expositivo e interativo.

Contudo, nesta fase de planeamento, deparei-me com uma limitação, a nível institucional, relacionado com a autorização da comissão de ética, em que o seu aval positivo chegou muito tardiamente, impossibilitando-me de desenvolver o que tinha planeado em parceria com o enfermeiro orientador.

Assim, tracei um novo percurso e decidi elaborar uma proposta de protocolo para a consulta de enfermagem de saúde mental e psiquiátrica: entrevista motivacional, de modo a ser uniformizada a nível institucional e, posteriormente, implementada pelo enfermeiro especialista da equipa.

Dadas as considerações éticas a ter em conta, a execução da consulta de enfermagem, no que diz respeito à colheita de dados, no fornecimento do consentimento informado e à aplicação dos instrumentos de avaliação propostos, não será executado. Desta forma, a execução à posteriori da entrevista motivacional não foi executada. Foi executada a entrevista motivacional breve nas consultas de enfermagem programadas. As restantes intervenções mantiveram-se no planeamento.

Na próxima fase, embora não tenham sido executadas as intervenções, serão referidas para que haja um entendimento do que foi inicialmente construído

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mentalmente e, também, por, à posteriori, serem implementadas pelo enfermeiro especialista no âmbito do projeto que a equipa está a desenvolver.

4.7 FASE DE INTERVENÇÃO DAS ESTRATÉGIAS PLANEA-