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3 MÉTODO

3.2 A ESCOLHA DA PESQUISA CONVERGENTE-ASSISTENCIAL

3.2.2 Fase de Instrumentação

Na fase de instrumentação, se refere à definição dos procedimentos metodológicos da pesquisa, definiu-se o espaço físico, os participantes e as técnicas para a coleta de dados.

3.2.2.1 Tipo de estudo

Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem qualitativa, embasada na proposta metodológica da Pesquisa Convergente-Assistencial (PCA), que tem como principal característica a convergência da pesquisa com a prática assistencial (TRENTINI; PAIM, 2004, 2014).

A pesquisa de campo pode ser utilizada por várias ciências, entre essas, a Enfermagem, visando a contribuir com estudos de indivíduos e grupos. Estabelece a perspectiva de conhecer e buscar respostas de um determinado problema, descobrir, ou mesmo, estabelecer relações entre fenômenos. Podem-se buscar as informações levantadas no próprio local onde acontecem os fenômenos (MARCONI; LAKATOS, 2010).

Com isso, a abordagem qualitativa foi escolhida devido às particularidades e subjetividades deste estudo, uma vez que esse princípio metodológico trabalha com o universo dos significados (motivos, aspirações, valores e atitudes), fatores estes essenciais para tentar compreender e explicar a dinâmica das relações humanas (MINAYO, 2014).

Nesta abordagem de pesquisa qualitativa, este estudo converge com o objetivo de conhecer a percepção dos participantes da pesquisa acerca da humanização no contexto do trabalho, compreendendo suas percepções, vivências e sentimentos. Além do mais, a utilização do método de PCA, consistiu em promover uma associação de pesquisa com a prática assistencial, convergindo com ações em conjunto com os trabalhadores da ESF para efetivar reflexões e propostas de melhorias no contexto do trabalho.

Para Paim et al. (2008), a efetivação deste método requer uma imersão do pesquisador no campo da prática, com intuito de aliar à pesquisa ao campo de atuação. No entanto, essa convergência de pesquisa e prática, não implica em atribuir idênticas características a estas duas atividades, sendo que cada uma delas é preservada.

Os autores Paim et al. (2008, p. 381-382) ainda afirmam que

[...] tanto a pesquisa quanto a assistência sustentam sua identidade própria, ou seja, cada uma tem suas fronteiras delimitadas no que se refere à tipificação de conhecimento a que se vincula em seus aspectos éticos, no rigor científico e na finalidade de suas respectivas atividades, tal como lhe é pertinente. Portanto, é forte a contribuição da PCA na humanização da assistência à saúde, pois ela se desenvolve durante a imersão do pesquisador na assistência o que a torna aliada ao processo de humanização [...].

Além do mais, este espaço de relações entre a pesquisa e a assistência restitui, simultaneamente, o trabalho vivo no campo da prática assistencial e no da investigação científica. Estes dois meios possuem pontos de convergência (elementos comuns), sendo um dos pontos em comum, a necessidade de dados para o desenvolvimento de ambos os processos. Esta convergência é intrínseca ao delineamento da PCA, constituindo uma contínua ação dialógica entre pontos de justaposição dos processos da prática assistencial com a pesquisa (TRENTINI; PAIM; SILVA, 2014).

3.2.2.2 Cenário do estudo

O cenário de pesquisa deste estudo foi uma Estratégia Saúde da Família, localizada em um município do interior do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Este cenário subsidiou a construção desta pesquisa, por ser o local de atuação profissional da pesquisadora. Destaca-se que foi realizado um levantamento prévio das problemáticas evidenciadas pela pesquisadora, juntamente com as pessoas envolvidas no âmbito da ESF.

Com o intuito de atender o conceito da imersibilidade, a atuação da pesquisadora enquanto enfermeira assistencial desta ESF corrobora para a imersão durante o processo investigativo, visando a construção de mudanças compartilhadas neste lugar.

Esses dois meios de convergência contribuíram para a construção do conhecimento ou de inovações e mudanças no campo de atuação. Destaca-se que a PCA pode ser desenvolvida em diferentes âmbitos, quais sejam o âmbito gerencial, processual, técnico, teórico, emocional ou mesmo comportamental. Porém, o mais importante é o pesquisador ter comprometimento em atuar como um profissional da saúde na prática assistencial (TRENTINI; PAIM; SILVA, 2014).

A ESF selecionada para este estudo localiza-se na área urbana, sendo composta por duas equipes delimitadas no território, caracterizadas como equipe 19 e 20, abrangendo um total de aproximadamente 9.000 usuários. As equipes são formadas pelos seguintes

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trabalhadores: dois Médicos, duas Enfermeiras, uma Dentista, uma Auxiliar de saúde bucal, dois Técnicos de Enfermagem e onze Agentes Comunitários de Saúde. Os trabalhadores possuem regime de 40 horas semanais e cargo estatutário. No território desta ESF são contempladas um total de onze microáreas com cobertura de Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

A ESF existe há, aproximadamente, 10 anos, sendo que há quatro anos foi realizado o concurso público para efetivação dos trabalhadores, existindo anteriormente uma grande rotatividade de profissionais temporários, inclusive no cargo de Agente Comunitário de Saúde. Além do mais, esta ESF possui imóvel alugado pela prefeitura, não estando condizente com as normas de estrutura física de ESF pelo Ministério da Saúde.

No atual momento, a equipe é cadastrada no PMAQ- AB (Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção básica) do Ministério da Saúde, com vistas a melhorias no planejamento das ações e qualificação dos processos de trabalho. Além do mais, esta ESF conta com a equipe do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família).

3.2.2.3 Participantes do estudo

Na pesquisa convergente-assistencial, os participantes foram os que atuavam profissionalmente no local, ou seja, as pessoas envolvidas no problema. O número de participantes do método da PCA depende do tipo de projeto e não há uma delimitação prescrita, dependendo do contexto da prática e do que vai ser inovado neste campo de atuação, uma vez que valoriza a representatividade referente à profundidade e a diversidade das informações (TRENTINI; PAIM, 2004).

Neste contexto, a amostra do estudo foi efetivada de forma intencional, sendo esta amostra necessária para contribuir para maior aprofundamento das questões e busca de informações relevantes e que abrangem o fenômeno em estudo (POLIT; BECK, 2011).

Deste modo, para a efetivação da pesquisa e seleção dos participantes, se levou em consideração os critérios considerados para a inclusão no estudo, sendo esses: trabalhadores da saúde desta referida ESF e atuante há, pelo menos, seis meses no contexto do trabalho e como critérios de exclusão, definiu-se: trabalhadores que estiverem afastados do trabalho no período da produção de dados por qualquer motivo.

Portanto, foram contemplados quinze participantes do estudo que compõem a equipe de ESF, atuantes neste cenário da pesquisa. Um participante foi excluído por apresentar um período de atuação na ESF inferior há seis meses e dois participantes foram excluídos por

estar em laudo médico. Dentre esses, incluíram-se as categorias profissionais: Médico, Enfermeiro, Técnico de enfermagem, Agentes Comunitários de Saúde, Dentista e Auxiliar de saúde bucal.

Foi realizado contato prévio com a equipe para o levantamento do problema de pesquisa, posteriormente, após aprovação do núcleo de educação permanente em saúde do município, foi realizada a apresentação do projeto de pesquisa aos participantes, explicando maiores detalhes da proposta, com intuito de maiores esclarecimentos.

3.2.2.4 Produção dos dados

No método convergente-assistencial podem-se utilizar várias técnicas para coletar as informações dos participantes da pesquisa. O ideal no método de PCA é a triangulação de técnicas de produção de dados, instituindo mais de um instrumento para pesquisar determinado tema (TRENTINI; PAIM, 2004). Neste estudo, optou-se pela observação participante, entrevista semiestruturada e grupos de convergência. A coleta dos dados ocorreu entre os meses de fevereiro à agosto de 2016.

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