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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3. Fase de maturação

À medida que a reação inflamatória regride a superfície epitelial se espessa, associadas à hiperplasia do epitélio surgem numerosas projeções epiteliais, as chamadas cristas epiteliais, em direção ao tecido conjuntivo, que com o passar do tempo regridem (PEACOCK, 1984; DANCINI, 2000). A regressão da hiperplasia do epitélio começou a ocorrer no 9° dia pós-cirúrgico para os grupos Tes, Vas, Mel e Oxi, sendo classificada como moderada no grupo Tes no 15° dia pós-cirúrgico (Figura 26). Enquanto que no grupo Tco apenas começou a surgir no 15° dia pós-cirúrgico (Figura 27), concordando com PROBST (1993) quanto ao fato de que a velocidade de epitelização é mais lenta nos animais que receberam corticosteróides.

A remodelação da ferida iniciou-se no 21° dia pós-cirúrgico nos grupos Tes, Vas, Mel e Oxi (Figura 28), o que concorda com as afirmações de STADELMANN et al. (1998b) quanto ao início dessa fase. Nesse momento, o tecido de granulação que preenchia o defeito, nesses grupos, ficou mais localizado, lembrando uma faixa vertical, tal qual os achados de COUTINHO et al. (2003). Fibras de colágeno mais maduras, ou seja, com

maior espessura, mais compactas e agrupadas foram visualizadas nos grupos Tes, Mel e Oxi no 30° dia pós-cirúrgico (Figura 29), concordando com os achados de ORDMAN & GILLMAN (1966). Já no grupo Vas, o tecido de granulação que preenchia a área da ferida não tinha fibras colágenas maduras como nos grupos Tes, Mel e Oxi. Tal fato poderia sugerir um desvio na cicatrização pela formação de grande quantidade de tecido de granulação, como foi citado por ROBBINS et al. (1986) e por STASHAK (1991). Nesse mesmo período, nos grupos Cor e Tco foi constatado aumento da fibroplasia (Quadro 6 e 9).

O aspecto de frouxidão da fibroplasia no 30° dia pós-cirúrgico está relacionado ao efeito do corticosteróide (Figura 30), uma vez que ele interfere na contração da ferida inibindo-a, como foi citado por STADELMANN et al. (1998a). Além do que, como afirmou COLLINS (2000) nas feridas abertas a contração da ferida é um dos principais eventos. Portanto, em relação aos outros grupos, esses dois citados demonstraram sinais de retardo no processo de reparação das feridas.

A presença de anexos dérmicos, no 15° dia pós-cirúrgico nos grupos Tes, Vas, Mel e Oxi (Figura 31) está de acordo com as afirmações de PEACOCK (1984) que relatou a ocorrência, de pelo menos alguns anexos dérmicos, em coelhos pela diferenciação do epitélio que migrou numa fase mais tardia da cicatrização.O mesmo achado foi observado por COUTINHO et al. (2003) que relataram a ausência de folículos pilosos na área de reparo até 12 dias após a injúria, em camundongos neonatos. Portanto, a presença de anexos dérmicos nesses grupos foi diferente do que foi visualizado por LEVENSON et al. (1965) que somente após 6 meses foi possível a visualização de anexos dérmicos nos ratos avaliados.

No presente trabalho as feridas analisadas eram circulares e o achado de cicatriz linear foi observado em todos os grupos, tal como relatou STASHAK (1991). PEACOCK (1984) afirmou que tal achado deve-se ao fato de que as margens da ferida tornam-se comprimidas simultaneamente pela força de contração, ao final do processo o resultado é uma cicatriz linear. Não houve evidência da influência dos tratamentos quanto ao tamanho da cicatriz, pois de acordo com o teste de média (Tabela 5) não houve diferença significativa entre os grupos no 29° dia pós-cirúrgico.

A análise estatística para a avaliação histopatológica nos permitiu agrupar os tratamentos testados em dois grupos, o primeiro incluiu os grupos Tes, Vas, Mel e Oxi e o segundo, os grupos Cor e Tco.

No dendrograma, a escala vertical à esquerda indica o nível de similaridade e no eixo horizontal, os tratamentos (Figura 32). Quanto menor for a altura do eixo vertical mais semelhantes são os tratamentos considerados (RIBEIRO JÚNIOR, 2001). Esse agrupamento indica a interferência do corticosteróide na cicatrização das feridas.

Tabela 5. Média dos valores encontrados para o tamanho da cicatriz nos dias analisados.

Grupo Dia 19 Dia 21 Dia 23 Dia 25 Dia 27 Dia 29 Tes 0.1588 A 0.1096 B 0.2094 B 0.3850 A 0.3680 A 0.2832A Cor 0.3146 A 1.1574 A 0.9570 A 0.6144 A 0.4816 A 0.3170 A Vas 0.1954 A 0.4394 AB 0.4442AB 0.6846 A 0.8154 A 0.5900 A Mel 0.2160 A 0.5156 AB 0.5040AB 0.4840 A 0.5498 A 0.5498 A Tco 0.3312 A 0.6112 AB 0.5622 B 0.8209 A 0.3589 A 0.3589 A Oxi 0.2734 A 0.4092 AB 0.4166AB 0.4994 A 0.3500A 0.3428 A

Pares de média seguidas de letras iguais, na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância

A

Figura 26. Hiperplasia do epitélio avaliada como moderada (A) no Grupo Tes, no 15° dia pós-cirúrgico. Aumento de 20, coloração Hematoxilina e Eosina

A

Figura 27. Surgimento da hiperplasia do epitélio no Grupo Tco, no 15° dia pós-cirúrgico. Aumento de 20, coloração Hematoxilina e Eosina

A

Figura 28. Remodelação da área da ferida (A) observada no Grupo Vas, no 21° dia pós- cirúrgico. Aumento de 10, coloração Hematoxilina e Eosina

A

Figura 29. Área de remodelação da ferida (A) do Grupo Oxi, no 30° dia pós-cirúrgico. Aumento de 10, coloração Hematoxilina e Eosina

A

Figura 30. Fibroplasia avaliada como moderada (A) no Grupo Cor, no 30° dia pós- cirúrgico. Aumento de 10, coloração Hematoxilina e Eosina

A

Figura 31.Surgimento de folículo piloso (A) observado no Grupo Mel no15° dia pós- cirúrgico. Aumento de 20, coloração Hematoxilina e Eosina

100,0 +---+ 98,0 I I 96,0 I I 94,0 I I 92,0 I I 90,0 I I 88,0 I I 86,0 I I 84,0 I I 82,0 I I 80,0 I I 78,0 I I 76,0 I I 74,0 I I 72,0 I I 70,0 I I 68,0 I I 66,0 I I 64,0 I I 62,0 I I 60,0 I I 58,0 I I 56,0 I I 54,0 +---+ I 52,0 I I I 50,0 I I I 48,0 I I I 46,0 I I I 44,0 I I I 42,0 I I I 40,0 I I I 38,0 I I I 36,0 I I I 34,0 I I +---+ 32,0 I I I I 30,0 +---+ I I I 28,0 I I I I I 26,0 I I I I I 24,0 I I +---+ I I 22,0 I I I I I I 20,0 I I I I I I 18,0 I I I I I I 16,0 I I I I I I 14,0 I I I I I I 12,0 I I I I I I 10,0 I I I I I I 8,0 I I I I I I 6,0 I I I I I I 4,0 I I I I I I 2,0 I I I I I I 0,0 + + + + + +

Tes Oxi Vas Mel Cor Tco

5. CONCLUSÕES

A análise global dos resultados, submetidos a testes estatísticos, permite as seguintes conclusões:

1. O modelo experimental é seguro e confiável para estudos.

2. O corticosteróide interfere negativamente no processo de cicatrização, porém reduz a reação inflamatória inicial.

3. Os cuidados de higiene diária com as feridas limpas são suficientes para que o processo de cicatrização ocorra.

4. O efeito do mel na diminuição do edema, no surgimento de reepitelização e na contração da ferida foi observado no presente trabalho. Quando comparado ao grupo Tco o grupo Mel demonstrou melhor efeito quanto a fibroplasia e ao tamanho da ferida. Portanto, pode ser indicado como auxiliar no tratamento de feridas cutâneas.

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