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Na fase empírica são apresentados, analisados e discutidos os dados obtidos durante a investigação. “A fase empírica corresponde à colheita de dados no terreno, à sua organização e análise…” Fortin (2009, pág. 56).

3.1- Caracterização da amostra

Gráfico 1- Representação quanto ao género e anos de serviço dos profissionais

Dos 14 intervenientes, 13 (93%) são do género feminino e 1 (7%) são do género masculino. Verificou-se que 3 (21,4%) enfermeiros têm entre 5 e 10 anos experiência profissional, 4 (28,6) têm de entre 10 e 15, que 5 (35,7) têm entre 15 a 20, e que 1 (7.1%) tem mais de 25 anos de profissão e que também 1 (7.1%) dos profissionais tem menos de 5 anos de experiência profissional.

0 2 4 6 8 10 12 14

Género e anos de serviço dos profissionais

33 3.2 - Percepção sobre cuidados paliativos

Da análise efectuada emergem a categoria de cuidados paliativos e as subcategorias cuidados ao doente, cuidados à família e recursos/meios, que se apresentam no quadro seguinte.

Quadro nº1- Percepção sobre cuidados paliativos

Constatou-se que 13 respostas dão ênfase aos cuidados prestados ao doente, 8 respostas dão ênfase aos cuidados prestados á família/cuidadores e 3 das respostas dadas referem que os cuidados são prestados por uma equipa multi e transdisciplinar. Estes resultados vão de encontro com o que refere Pacheco (2004) todo o esforço é orientado para o

Categoria Subcategoria Unidade de Registo Score

Cuidados Paliativos

Cuidados ao doente

“…cuidados possíveis ao utente…”Q1 “…a máxima qualidade de vida ao

doente…”Q2

“…a qualidade de vida a doentes…”Q3 “…quer ao doente…”Q5

“Cuidados globais prestados aos doentes…”Q6

“…cuidados prestados á pessoa…”Q7 “…respeito pela dignidade da pessoa…”Q8 “Prestação de cuidados ao doente…”Q9 “Cuidados prestados a doentes…”Q10 “…conforto do utente…”Q11

“…fundamentais aos utentes…”Q12 “…conforto dos doentes…”Q13 “…bem-estar do utente…”Q14

13

Cuidados à família/cuidadores

“…e sua família…”Q1 “…e seus familiares…”Q2

“…apoio á família dos mesmos.”Q3 “…quer á família…”Q5

“…familiares em situação de sofrimento…”Q6

“Cuidados prestados á pessoa/família…”Q7 “…Conforto do utente/família…”Q11 “…promover o bem-estar do

utente/família…”Q14

8

Recursos/meios

“…prestados por uma equipa multi e transdisciplinar.”Q6

“…são uma equipa multidisciplinar…”Q12 “…prestados…por uma equipa

multidisciplinar…”Q14

34

cuidar, ou seja, dar atenção ao doente e que se baseia na comunicação e informação ao doente e família. O mesmo autor refere que devem ser resultado de um trabalho interdisciplinar no sentido de atingir um objectivo comum por uma melhor qualidade de vida do utente doente e sua família/cuidadores. Contrariamente a estes resultados Carvalho (2010) refere que prevalece nas intervenções dos enfermeiros, uma assistência marcada por aspectos técnicos, pouco estimuladora de acções que incentivam ao envolvimento do utente /família.

De salientar que nas subcategorias cuidados ao doente e cuidados à família muitas das respostas enfatizaram a melhoria do bem-estar e da qualidade de vida tanto do utente doente como da família/cuidadores, como se pode verificar na expressão: ”Dar ao utente e família todo o nosso apoio, atendendo às necessidades físicas, psicológicas e espirituais, assim como prestar ao utente o nosso apoio, carinho, conforto para que tenha uma morte digna; e com menos sofrimento possível.”Q10

3.3 - Dificuldades sentidas pelos enfermeiros

Cuidar de doentes oncológicos em fase terminal é uma tarefa considerada por muitos profissionais como sendo constrangedora, apresentando por vezes inúmeros obstáculos.

Gráfico 2 - Representação das dificuldades

Dos 14 intervenientes 13 (93%) referiram sentir dificuldades na prestação de cuidados de enfermagem ao doente em fase terminal e apenas um enfermeiro (7%) refere não ter dificuldades, justificando que se deve ao facto de as experiencias repetidas ajudarem a

13 93% 1 7% 0 2 4 6 8 10 12 14 Sim Não Num er o d e p rof iss ion ais

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melhorar os cuidados prestados, pelo treino de competências. Refere no entanto, que estes cuidados provocam um desgaste psicológico “as prestações sucessivas…vão-se tornando desgastantes devido ao contacto/proximidade utente/ família”.Q10

Concluiu-se que 93% dos participantes afirmam sentir dificuldades, o que vai de encontro à afirmação de Cerqueira (2005, pág.114): “Cuidar de doentes paliativos e atender o cuidador não é, ainda hoje, muito fácil…”

Da leitura efectuada às respostas sobre a justificação às dificuldades sentidas na prestação de cuidados ao doente oncológico em fase terminal criou-se a categoria de Dificuldades e as subcategorias Cognitivas, Formativas, Medo da Morte e Recursos Humanos como se observa no quadro a seguir representado.

Quadro nº2 – Dificuldades sentidas na prestação de cuidados ao doente terminal

Categoria Subcategoria Unidade de Registo Score

Dificuldades

Cognitivas

“ Por falta de conhecimentos da situação.”Q2 “…todos os conhecimentos adquiridos não são suficientes”Q5

“…considero não ter conhecimentos suficientes”Q7 “…nem sempre os enfermeiros se sentem

preparados”Q1

4

Formativas “Por falta de formação na área.”Q3

“…é necessário ter formação…”Q6 2

Medo da morte

“Lidar com a morte, o sofrimento ou o luto não é fácil”Q6

“…não é fácil tratar destes doentes…porque sabemos que estão em fase terminal”Q12

“...não lido muito bem com a morte”Q13

“É difícil para mim lidar com utentes que se encontram em fase terminal…”Q14

4

Recursos Humanos

“…não estamos organizados…”Q14 “…cuidados a prestar uma equipa multidisciplinar…”Q8

“A nível da intervenção psicológica…”Q9 “…ter uma boa equipa…e ter uma psicóloga na equipa”Q6

“Inexistência de equipa multidisciplinar…”Q11

36

Pela análise do quadro anterior verificou-se, que a subcategoria de recursos humanos foi a resposta obtida em de 5 discursos Em igual número (4) surgiram as dificuldades cognitivas e o medo de encarar a morte. Por último encontramos as dificuldades formativas em 2 respostas, o que vem ao encontro de Marques (1991) que afirma que com o avançar da doença, o enfermeiro constata que o seu saber também é vencido, que a destreza e a técnica não são suficientes e que não se sente preparado quando mais é preciso, têm tendência a fugir, não pensar no fenómeno morte e tende ausentar-se da presença do doente.

Também Cerqueira (2005) refere que os enfermeiros devem possuir conhecimento alargado, no sentido de lhes proporcionarem cuidados globais.

3.4 - Formação em cuidados paliativos

Gráfico 3 - Representação da formação em cuidados paliativos

Dos 14 intervenientes apenas 11 (78,6%) responderam que não tinham formação sobre cuidados paliativos e 3 (21,4%) afirmaram que tinham formação nesta área temática. Pereira (2007) defende ser fundamental investir na formação dos estudantes de enfermagem sobre cuidados paliativos, de modo a assegurar que os futuros profissionais tenham conhecimentos para implementar uma boa prestação de cuidados às pessoas em fase terminal de vida e seus familiares.

3 21,4% 11 78,6% 0 2 4 6 8 10 12 Sim Não Num er o d e p rof iss ion ais

37

Segundo Canário (1998) a formação é importante para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de conhecimentos já adquiridos e também para adquirir novos conhecimentos e assim melhorar a qualidade dos cuidados de enfermagem.

A necessidade de formação em cuidados paliativos é importante para todos os profissionais de enfermagem que desempenham funções assistências, mas é de referir que essa necessidade não é igual para todos, isto depende da frequência e a intensidade de contactos anteriores que cada profissional teve com utentes com patologia do foro oncológico.

Como referem Fernandes e Rua (2002):

“ Cuidar do doente terminal não é fácil, existe um longo caminho a ser percorrido que se faz à cuta de muito sofrimento, sendo através das diferentes aprendizagens vividas em diversas situações que se consiga atingir uma maturidade plena,…”(cit. Carvalho, 2010, pág.9)

3.5- Intervenções de enfermagem

As intervenções de enfermagem têm tentado responder às necessidades da população, ao longo dos tempos.

“Cuidar de alguém é proporcionar formas de viver. Cuidar visa a pessoa que, temporariamente ou definitivamente, precisa de ajuda para assumir as suas necessidades vitais.” (Cerqueira, 2005, pág.113).

Após a análise de conteúdo efectuada sobre as práticas mais importantes para os enfermeiros, na prestação de cuidados ao doente oncológico em fase terminal obteve-se a categoria de Intervenções de Enfermagem, com as Subcategorias de Atender, Executar, Apoiar, Advogar pelo cliente e encorajar, como se pode observar no quadro seguinte.

38 Quadro nº 3 - Intervenções de enfermagem

As intervenções de enfermagem mais focalizadas são do tipo apoiar, como se pode verificar pela análise efectuada. O apoio à pessoa doente e aos cuidadores é um aspecto muito importante referido por 6 participantes no estudo, seguindo-se a intervenção executar, evidenciada em 5 respostas, que passa pela prestação de cuidados de higiene, posicionamentos no leito e administração de terapêutica. As intervenções Atender e Advogar, têm a mesma expressão numérica, com 4 respostas cada e a intervenção encorajar observa-se em 2 respostas. Estes resultados contrariam os resultados de

Categoria Subcategoria Unidade de Registo Score

Intervençõesde Enfermagem

Atender

“Escuta activa…”Q2

“Controlo dos sintomas…”Q3 “Escutar o doente…”Q8 “…escuta activa…”Q6 “Alívio da sintomatologia…”Q14 4 Executar “…cuidados de higiene…alimentação…”Q1 “Tratamento de feridas crónicas”Q3 “Tratamento de feridas…”Q4

“…acções como: cuidados de higiene, massagens de relaxamento, posicionamento no leito…”Q8 “…prestação de cuidados a nível curativo…”Q12

5

Apoiar

“Promover, ensinar, orientar…”Q1 “Apoio á família...apoio psicológico ao doente”Q3

“…apoio psicológico e emocional…”Q7 “…saber apoiar a nível psicológico e espiritual.”Q9

“Dar ao utente e família todo o nosso apoio…”Q10

“Todas as medidas que promovam o conforto físico e psicológico ao utente.”Q11

6

Advogar

“Controlo dos sintomas…”Q5

“Promover o bem-estar do doente...”Q6 “…um ambiente com todo o conforto e bem estar…”Q12

“Todas as práticas que promovam o bem-estar do doente e o seu conforto.”Q13

4

Encorajar

“Relação com o utente e família.”Q4 “Relação terapêutica com o doente e familiares…”Q6

39

Valente e Teixeira (2007), visto que estes autores concluíram no seu estudo que o enfermeiro se distancia do cuidado humano e se centra no cuidado técnico-científico.

40 IV- CONCLUSÃO

Como nota final deste projecto salienta-se as dificuldades sentidas pela autora em definir a amostra e o tipo de estudo a desenvolver, pelo facto de ser o primeiro trabalho no âmbito da investigação que autora desenvolveu.

A realização deste trabalho permitiu obter respostas às questões colocadas que culminaram na concretização dos objectivos previamente definidos.

Do estudo concluiu-se que os enfermeiros entendem por cuidados paliativos os cuidados de enfermagem direccionados ao doente, família/cuidadores, referem ainda os recursos e meios para os executar. Conclui-se ainda que alguns enfermeiros sentem dificuldades na prestação de cuidados de enfermagem no domicílio de doente oncológico em fase terminal e poucos obtiveram formação académica sobre esta temática, no entanto consideram importante as intervenções de enfermagem do âmbito de apoiar, executar, atender, advogar e encorajar, a implementar ao doente oncológico e familiares/cuidadores.

Como sugestões fica a possibilidade de se aplicar este trabalho de investigação noutra instituição de saúde para comparação de resultados. A autora compromete-se ainda a desenvolver uma actividade formativa na instituição onde desenvolveu a investigação.

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