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CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO

3. Fase final

3.1 Descrição da fase final

Retomo no Quadro 7 o principal objetivo relacionado com esta fase final, bem como as estratégias delineadas.

Fase final

Objetivo: - Avaliar o impacto da intervenção pedagógica na promoção de uma

consciência intercultural e da educação para a cidadania.

Estratégias: - Questionário final da experiência, entrevista e conversas informais com os alunos.

Quadro 7 – Objetivo e estratégias da fase final

Segue-se a avaliação desta fase com base nos dados obtidos através do questionário final de avaliação da experiência e da entrevista à turma.

3.2 Avaliação da fase final

Começo por expor e interpretar os resultados obtidos através do Questionário final da experiência (cf. Anexo 8). Este questionário é composto por 7 perguntas de resposta fechada, mas tem um espaço final de “comentários” onde foi pedido aos alunos para escreverem alguns exemplos, no caso de a sua resposta ser positiva. Algumas das questões que o compõem são

bastante semelhantes às colocadas no questionário inicial, com o objetivo de permitir o cruzamento de dados e extrair conclusões mais válidas. Precisamente com o mesmo intuito, opto por colocar aqui também os resultados do questionário inicial da experiência (cf. Anexo 7b).

No Gráfico 11 podemos encontrar os dados obtidos relativamente às atitudes dos alunos respeitantes às seguintes afirmações dadas.

Gráfico 11 – Perceção da consciência intercultural e educação para a cidadania: atitudes3

Esta dimensão foi apenas analisada no questionário inicial, uma vez que houve unanimidade na turma relativamente a todas as questões, demonstrando uma atitude positiva em relação à diferença, à paz no mundo e à proteção do planeta. Isto indica que a competência geral savoir-être (cf. Byram & Zarate, 1997), aqui sob a forma de abertura e tolerância, está patente nos alunos.

A dimensão seguinte do questionário pretendia aferir os comportamentos dos alunos no que diz respeito, mais uma vez, a questões relacionadas com a diferença, com formas de paz (partilha) e com a proteção do planeta. Nos Gráficos 12 podemos ver os resultados do “antes da implementação do projeto” e do “depois da implementação do projeto”.

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Em todos os gráficos do “antes da implementação do projeto” o número total de alunos é 17, visto que uma aluna faltou na aula em que apliquei esse questionário.

Gráfico 12a – Antes da implementação do projeto Gráfico 12b – Depois da implementação do projeto

Gráficos 12 – Perceção da consciência intercultural e educação para a cidadania: comportamentos

Da leitura comparativa dos dois gráficos podemos afirmar que a evolução a nível de comportamentos foi muito satisfatória, não podendo ser considerada excelente devido aos resultados obtidos na questão da partilha, onde dois alunos afirmaram que as histórias que ouviram nas aulas e o trabalho desenvolvido não ajudou a que partilhassem mais as suas coisas com os outros. Ainda assim, o “sim” continua a ser expressivo nesta questão, tendo 11 alunos respondido afirmativamente após a implementação do projeto. No espaço reservado a comentários, onde os alunos podiam dar exemplos do que aprenderam, obtive observações como: não deitar comida fora, andar de bicicleta, reciclar sempre o lixo; emprestar os meus

brinquedos e roupas; quem não tem comida devemos dar-lhe; respeitar as pessoas de cor diferente, ajudar os que têm problemas, brincar com toda a gente ao mesmo tempo; saber respeitar toda a gente, respeitar pessoas de idade… Daqui podemos concluir que a nível de savoir-faire estes alunos apresentam bons indicadores nesse sentido e uma evolução muito

satisfatória.

A última dimensão analisada neste questionário estava relacionada com os conhecimentos dos alunos sobre as temáticas abordadas (Gráficos 13).

Gráfico 13a – Antesda implementação do projeto Gráfico 13b – Depois da implementação do projeto

Verifica-se que no questionário inicial quase todos os alunos responderam afirmativamente no que diz respeito aos conhecimentos em relação ao que podem fazer para proteger o planeta e para contribuir para a paz no mundo. No entanto, a quase totalidade admitiu também que as histórias que lemos nas aulas e o trabalho que fizemos os ajudou a saber melhor o que fazer para ajudar a proteger o planeta e para contribuir para a paz no mundo, sendo considerados muito bons indicadores do impacto da intervenção e sinónimo de que aumentaram os seus conhecimentos.

A maior evolução a nível de indicadores de conhecimentos (savoirs) registou-se, ainda assim, nos dados decorrentes da afirmação “Sei como tratar toda a gente de forma igual”, em que na fase inicial apenas 3 alunos responderam afirmativamente, tendo os restantes respondido “mais ou menos”; após a implementação do projeto houve quase uma inversão dos resultados. Apesar de um aluno ter respondido negativamente à afirmação, a maioria (14) respondeu que sim, que o trabalho desenvolvido e as histórias os ajudou a “saber melhor como tratar toda a gente de forma igual”, tendo apenas 3 respondido “mais ou menos”. O “não” da parte de um aluno possivelmente significa que agora é mais consciente face à temática e ao seu conhecimento e sabe efetivamente que não o possui.

O último procedimento utilizado para avaliar o impacto da intervenção foi uma entrevista de grupo a todos os alunos, audiogravada, realizada no dia 21 de fevereiro (ver transcrição no Anexo 13).

Por tudo o que foi referido pelos alunos na entrevista, penso que posso tirar conclusões muito positivas, de uma forma geral, das aulas lecionadas. Em primeiro lugar, refletindo sobre tudo o que foi dito e todo o resto que não foi mencionado, mas que desenvolvi ao longo de todo o meu percurso, posso afirmar que me sinto muito satisfeita com a escolha do meu projeto e com os resultados favoráveis atingidos. Penso que estes alunos demonstraram, sem dúvida, ter desenvolvido a sua consciência intercultural e educação para a cidadania, como se pode comprovar, por exemplo, nos seguintes comentários: eu penso que

as aulas que você nos deu nos fizeram aprender que nos devemos comportar melhor e tratar melhor do mundo; eu penso que nós somos iguais por dentro e por fora somos diferentes; eu penso que as suas aulas ajudaram a perceber que é melhor ajudar toda a gente para não ficar ninguém de parte.

A nível das atividades realizadas, também creio terem sido do agrado dos meus alunos, tal como foi expresso nos seguintes comentários: eu gostei muito do postal porque

acho que é uma ideia muito elaborada; daquela tabela que nós fizemos dos peacemakers e peacebreakers; eu gostei daquele trabalho que tivemos de fazer, tipo uma fotografia e desligar a luz (trabalho sobre o planeta); gostei do trabalho das diferenças; gostei de todos os livros; gostei de quando você pôs as mesas para o lado e depois contou-nos aquela história; eu gostei quando aprendemos a dizer olá em muitas línguas; e as músicas em diferentes línguas.

No que diz respeito à dificuldade das tarefas, a quase totalidade dos alunos referiu terem sido fáceis, havendo apenas a registar a dificuldade em escrever algumas palavras.

A nível das aprendizagens, a turma foi unânime em reconhecer que aprenderam muitas coisas, e relativamente à professora, os comentários referidos apontam para que tenham gostado muito, o que me deixou muito feliz. Tenho, de facto, de agradecer à minha turma de intervenção a oportunidade que me deu de evoluir, proporcionando-me momentos muito gratificantes.