• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO IV CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO DA PESQUISA DE

4.2 Procedimentos metodológicos

4.2.5 Fases da Pesquisa

Para a realização desta pesquisa, estabeleceu-se um contato com a diretoria das instituições envolvidas. Para tanto, foi enviada ao Reitor de cada Instituto uma Carta de Anuência (APÊNDICE C), a fim de se exporem as finalidades da investigação. Vale ressaltar que os dados coletados foram mantidos em sigilo, conforme a Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, que trata de pesquisas envolvendo a coleta de dados com seres humanos. Na oportunidade, houve, também, esclarecimentos de que os resultados da pesquisa só poderiam ser divulgados em eventos ou publicações científicas, sem a identificação dos voluntários, a não ser entre os responsáveis pelo estudo.

Diante do exposto, foi solicitada autorização institucional (APÊNDICE C), para acessar os arquivos escolares, com o propósito de elaborar um banco de dados, registrou-se nome, e-mail e telefone dos egressos, para que fosse estabelecido contato com os mesmos.

Elaborado o banco de dados35, com os registros necessários para localização e identificação dos egressos, foi enviado um e-mail para informá-los quanto a: objetivos desse trabalho, procedimentos e metodologias que seriam utilizados, sigilo dos dados coletados, possíveis riscos e desconfortos que poderiam ocorrer no decorrer da pesquisa; informações quanto à sua liberdade de participação, garantia do seu direito de participar ou não da pesquisa (APÊNDICES D; E).

35

A elaboração do banco de dados com os registros escolares contou com a colaboração das pedagogas, juntamente com o pessoal da secretaria dos institutos envolvidos na pesquisa.

Conforme exposto anteriormente, o pesquisador realizou pré-testes do questionário e da entrevista semiestruturada, antes da coleta de dados propriamente dita, aplicados a uma parcela da amostra.

Na sequência, foi enviado para cada egresso um e-mail contendo um link com identificação única para responder o questionário. De posse dos dados obtidos com a aplicação do questionário eletrônico, utilizou-se um programa estatístico para a tabulação36, elaboração de tabelas, de gráficos e para as análises (descritiva ou inferencial) e interpretações dos dados.

Em relação às entrevistas semiestruturadas aos que concordassem em participar da pesquisa, foi solicitado o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICES D; E). Na sequência, foram definidos data, local e hora para a sua realização.

Os dados da entrevista foram transcritos e, posteriormente, seguiram as propostas de interpretação de Creswell (2007), de que constam: a organização, a leitura, a codificação, a descrição e o planejamento da narração qualitativa, elementos para a análise de dados interpretados em sua forma mais abrangente.

O quadro 8 a seguir, baseado em Sales (2014), mostra uma síntese de como os dados foram coletados e analisados, de acordo com cada objetivo específico proposto.

Quadro 8: Métodos de Coleta e Análise Relacionados aos Objetivos da Pesquisa

Objetivos Específicos Métodos de

Coleta

Métodos de Análise Identificar os perfis socioeconômico e acadêmico

dos egressos do Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

Questionário Análise Descritiva Comparar o perfil profissional dos egressos do

referido curso em diferentes regiões do estado

mineiro. Questionário

Testes Paramétricos Identificar a opinião do egresso sobre a relação

entre escola e mundo do trabalho. Questionário Análise Descritiva Entrevista

Semiestruturada

Análise de Conteúdo Verificar os fatores que exercem influência no

aumento salarial, após a formação tecnológica, bem como os que determinam os maiores salários para os egressos.

Questionário Regressão Logística Verificar os fatores que exercem influência sobre o

tempo até a empregabilidade. Questionário

Modelo de Regressão para dados com censura.

36

Continuação...

Objetivos Específicos Métodos de

Coleta

Métodos de Análise

Identificar a opinião do egresso sobre a valorização do tecnólogo no mundo do trabalho, em comparação com profissionais graduados em cursos superiores tradicionais.

Entrevista Semiestruturada

Análise de Conteúdo Verificar as possíveis causas que levaram os

egressos a escolherem o Curso Superior de Tecnologia.

Questionário Análise Descritiva Entrevista

Semiestruturada

Análise de Conteúdo Fonte: autoria própria.

Por fim, elaborou-se a redação do trabalho, esclarecendo se os objetivos propostos foram contemplados e se as hipóteses, que giraram em torno desta pesquisa, foram corroboradas ou refutadas diante dos resultados encontrados. Esses serão apresentados no capítulo subsequente.

CAPÍTULO V RESULTADO E DISCUSSÃO

No presente capítulo, serão apresentados e discutidos os resultados da pesquisa de campo cuja investigação é de natureza mista e construída em torno dos objetivos propostos no presente trabalho.

Em relação à parte quantitativa, para se descreverem as variáveis categóricas37, foram utilizadas frequências absolutas e relativas, enquanto, para as variáveis quantitativas38, medidas descritivas centrais, de dispersão e de posição. Quando oportuno, calculou-se o intervalo de 95% de confiança para comparação das médias. O questionário foi aplicado em 193 egressos, desses, 40,4% da IFNMG – Campus Januária; 31,1% do IFTM – Campus Uberaba; e 28,5% do IFMG – Campus Bambuí.

No que se refere à parte qualitativa, a entrevista semiestruturada foi aplicada a nove egressos, desses, três de cada instituição. Seus dados foram interpretados e, em seguida, transcritos, conforme a proposta de Creswell (2007), que envolve: organização, leitura, codificação, descrição e planejamento da narração.

5.1 PERFIL SOCIAL, ECONÔMICO E ACADÊMICO DA AMOSTRA

Serão caracterizados, inicialmente, os atributos pessoais da amostra, com destaque para as distribuições percentuais relativas às variáveis: cor/raça, sexo, estado civil e número de filhos dos egressos. O conjunto da amostra obtida caracterizou 48,7% de brancos, 38,9% de pardos, seguidos de uma parcela de 8,8% de pretos.

Conforme o Censo da Educação Superior de 2013, o percentual de pretos e pardos em cursos de graduação, presencial e a distância, no Brasil, vêm crescendo na última década, chegando, entre os que informaram a sua cor/raça, a 37,06% das matrículas. Em Minas Gerais, esse valor sobe para 41,77%, ou seja, esses dados se mostram semelhantes aos do presente estudo.

Ao analisar, de forma isolada, os egressos da amostra por sexo, é possível perceber, conforme o gráfico 5, que o CST em ADS é um curso predominantemente frequentado por homens, que representam mais de 63% dos egressos que fizeram parte deste estudo.

37

Variáveis categóricas ou qualitativas não possuem valores quantitativos e são definidas por categoria. Podem ser nominais, onde não existe uma ordenação (ex: sexo, cor dos olhos etc.) ou ordinais em que exista uma ordenação (ex.: ano de nascimento).

38

Variáveis quantitativas possuem valores quantitativos (numéricos). Podem ser discretas (valores inteiros, como quantidade de animais) ou contínuas (valores que podem assumir casas decimais, como peso).

Gráfico 5: Frequências Relativas do Sexo

Fonte: dados da pesquisa.

A predominância do sexo masculino vem ao encontro com o apresentado pelo Programa de Ciências Sem Fronteiras39, que analisou, segundo os critérios do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a distribuição de bolsas de estudo em relação ao gênero, considerando quatro áreas do conhecimento como as engenharias, ciências biológicas e da saúde, ciências da computação e ciências exatas e da terra, nos cursos de graduação presenciais, em 2013.

Conforme os dados apresentados pelo referido programa, em cursos de graduação ou em cursos de pós-graduação, o sexo feminino possui uma maior representação nas áreas das ciências biológicas e da saúde, especificamente, as quais asseguram 69% das matrículas nessas duas áreas. Já na área da ciência da computação, que envolve cursos como os de computação, tecnologia da informação e a formação de tecnólogos, a presença feminina, embora manifeste uma tendência, ainda se expressa de forma bem menos significativa. Enquanto sua participação é de 22,46%, o sexo oposto responde por 77,54% das matrículas em cursos na área da informática.

A observância das variáveis estado civil e número de filhos dos egressos revelou uma população significativa de solteiros e sem filhos como mostra o gráfico 6 e o gráfico 7.

39 UM OLHAR..., 2013. 63,2% 36,8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Masculino Feminino F re q u ê n ci a R e la ti v a Sexo

Gráfico 6: Frequência

Fonte: dados da pesqui

Gráfico 7: Frequênc

Fonte: dados da pesqui

Pode-se associar o estudo dessas va os limites que caracterizam

demonstrado anteriormente tradicionalmente, existem ci iniciam com o "término dos constituição de uma nova famí

Pelos dados relacionado constituição de uma famíli responsabilidades próprias do adiadas até mesmo por aqueles remunerado. 85,0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Nenhum F re q u ê n ci a R e la ti v a

: Frequências Relativas do Estado Civil

pesquisa.

: Frequências Relativas da Quantidade de Filho

pesquisa.

ar o estudo dessas variáveis à perspectiva segundo acterizam o processo de transição da juventude para

rmente e nos termos colocados por Pimen tem cinco limites que precedem o ingresso na vida ino dos estudos - integração na vida ativa - abandon de uma nova família - ter filhos".

relacionados anteriormente, observa-se que a vert uma família, representada pelo filho pode ser con

róprias do adulto, marcando, assim, o fim da juvent por aqueles que já possuem o ensino superior comple

,0%

9,8%

2,6% 2,1%

hum 1 Filho 2 Filhos 3 Filhos Quantidade de Filhos

undo a qual são entendidos juventude para a fase adulta. Como Pimenta (2001, p. 22), vida adulta, os quais se abandono do lar familiar -

a vertente conjugal ou a ser considerada uma das a juventude e estão sendo superior completo, trabalho fixo e

0,5%

Encontram-se, em Pimenta (2001, p. 47), duas pressuposições para que o jovem adie a aquisição de responsabilidades típicas de um adulto. Na primeira, a autora atribui o fato às mudanças econômicas e sociais que vêm ocorrendo, desde a década de 1990. Já a segunda pressuposição está relacionada aos novos estilos de vida que os próprios jovens reinventam, nos quais "associam independência e liberdade à possibilidade de adiar ou evitar a criação de famílias estruturadas".

Nesse contexto, Fernandes (2008) acrescenta que o adiamento da saída da condição juvenil para assumir a condição de adulto se deve, em parte, ao prolongamento da permanência na casa dos pais, a qual é vista pelos jovens como uma necessidade para que consigam sustentar um padrão de consumo imposto pela sociedade atual.

Na verdade, como os jovens tendem a prolongar a estadia na casa dos pais, adiam a assunção plena do estatuto de adulto [...], mesmo quando adotam comportamentos de "adultos" socialmente reconhecidos. Ou seja, mesmo conseguindo acesso ao mundo do trabalho, as condições [...] de inserção inerentes ao contexto de reestruturação produtiva atual não permitem aos jovens conquistar as condições objetivas de transição para a vida adulta na sua plenitude. (FERNANDES, 2008, p. 40).

Assim, chega-se à conclusão de que os egressos do CST em ADS adquiriram, em sua grande maioria, o estatuto de adultos por meio da independência financeira, como mostra o Gráfico 8. Essa realidade comprova a assincronia entre as etapas que tradicionalmente caracterizam a transição para a vida adulta (PIMENTA, 2001; PAIS, 2005).

Gráfico 8: Distribuição dos egressos em relação à situação financeira

Fonte: dados da pesquisa. 17,1% 82,9% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Dependente financeiramente de familiar(es) ou de outra(s) pessoa(s) Independente financeiramente F re q u ê n ci a r e la ti v a Situação Financeira

Em observância às colocações de Pimenta (2001) e Fernandes (2008), é possível pressupor que, para os 67,9% dos egressos solteiros, como mostrado no gráfico 6, que compuseram a amostra da presente pesquisa, a constituição de uma família poderia se tornar inconciliável com a aquisição de bens de consumo e de comportamentos tipicamente juvenis que a independência financeira pode proporcionar.