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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.4 Fases da previdência complementar

Conforme o inciso XXV, do artigo 5º da Resolução CNSP, nº 131/05, o prazo coberto pelo plano de previdência complementar é dividido em duas fases: capitalização e pagamento de benefício.

A fase de capitalização corresponde ao período compreendido entre a data do início do plano, em que são efetivadas as contribuições e acumulados os juros, até a data do início do pagamento de benefícios.

A fase de pagamento de benefícios é o período do recebimento da renda propriamente dita, em que o participante optará pelo recebimento de uma renda temporária ou vitalícia.

As entidades de previdência complementar podem oferecer três modalidades de planos de benefícios, previstas na Resolução do Conselho de Gestão da Previdência Complementar – CGPC n° 16/05, a qual “Normatiza os planos de benefícios de caráter previdenciário nas modalidades de Benefício Definido, Contribuição Definida e Contribuição Variável”.

Antes da Resolução CGPC n° 16, não havia definições sobre as modalidades de planos de aposentadoria. Essa resolução tornou-se importante, porque – em função da Lei n°11.053/2004, alterada pela Lei 11.196/2005, que dispõe sobre o regime de tributação dos planos de previdência – somente os participantes de planos de benefícios estruturados no regime de Contribuição Definida (CD) ou Contribuição Variável (CV) podem optar à incidência de imposto de renda na fonte com alíquota progressiva ou regressiva (esse ponto será melhor detalhado no item 2.1.6, que fala sobre imposto de renda em planos de previdência).

Segundo Pinheiro (2007), as EFPCs possuem dois tipos de planos de benefícios: Benefício Definido (BD) e Contribuição Definida (CD), que se diferenciam pelos métodos de financiamento, regras de portabilidade, na determinação dos benefícios e na tolerância ao risco. Nas EFPCs, também podem existir os planos de Contribuição Variável (CV), que são estruturados, principalmente, para as EAPCs, ou sociedades seguradoras, que atuam, exclusivamente, no ramo vida.

Os planos de benefícios são classificados da seguinte maneira.

Benefício Definido (BD): modalidade de plano segundo a qual o valor do benefício contratado é previamente estabelecido na proposta de inscrição. A entidade assume o compromisso de pagar benefícios predefinidos após a aquisição do direito pelo participante (ou beneficiário).

De acordo com a Resolução CGPC nº 16/05

Art. 2º , entende-se por plano de benefício de caráter previdenciário na modalidade de benefício definido aquele cujos benefícios programados têm seu valor ou nível previamente estabelecidos, sendo o custeio determinado atuarialmente, de forma a assegurar sua concessão e manutenção.

Parágrafo único: Não será considerado para fins da classificação de que trata o caput o benefício adicional ou acréscimo do valor de benefício decorrente de contribuições eventuais ou facultativas.

Contribuição Definida (CD): as contribuições são previamente definidas, sendo os benefícios calculados com base no total das contribuições vertidas para o plano e no resultado das aplicações desses recursos.

De acordo com a Resolução CGPC nº 16/05

Art. 3°, entende-se por plano de benefícios de caráter previdenciário na modalidade de contribuição definida aquele cujos benefícios programados têm seu valor permanentemente ajustado ao saldo de conta mantido em favor do participante, inclusive na fase de percepção de benefícios, considerando o resultado líquido de sua aplicação, os valores aportados e os benefícios pagos.

Contribuição Variável (CV): o valor e a periodicidade das contribuições são livremente determinados pelos participantes e empresas patrocinadoras. Estes poderão efetuar contribuições de quaisquer valor e tempo. E se o regulamento permitir, é facultado ao participante fazer contribuições adicionais nas mesmas condições.

De acordo com a Resolução CGPC nº 16/05

Art. 4º, entende-se por plano de benefícios de caráter previdenciário na modalidade de contribuição variável aquele cujos benefícios programados apresentem a conjugação das características das modalidades de contribuição definida e benefício definido.

Nas EFPCs, houve uma evolução dos benefícios CD e CV, enquanto ocorreu um decréscimo nos planos de benefícios BD. Essa evidência pode ser observada no Gráfico 2, com dados da estatística trimestral de junho 2012 da Previc.

Gráfico 2 – Evolução quantitativa dos planos previdenciais por modalidade de benefícios das EFPC Fonte: Previc

Nota: estatística trimestral – junho 2012

A fase de pagamento de benefícios é o período do recebimento da renda. Trata-se da série de pagamentos periódicos a que tem direito o participante, de acordo com a estrutura do plano, que poderá ser vitalício ou temporário. O participante na idade de saída (aposentadoria), logo após o período de capitalização ou diferimento, poderá escolher o tipo de renda mensal que receberá.

Para as EAPCs, os tipos de renda mensal disponíveis conforme padrão aprovado pela Susep, órgão regulador das EAPCs, são os seguintes:

• renda mensal temporária;

• renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido;

• renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado;

• renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos menores;

• pagamento único;

• renda mensal por prazo certo.

Os quadros 2, 3 e 4 mostram as características dos planos-padrão da Susep que foram sendo aprovados ao longo dos anos. O Quadro 2 mostra que, antes de 26/08/2002, estavam disponíveis somente quatro tipos de renda: renda mensal vitalícia; renda mensal temporária; renda mensal vitalícia, com prazo mínimo garantido; renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado.

Quadro 2 – Renda mensal das EAPCs – Planos-padrão aprovados pela Susep antes de 26/08/2002

RENDA CARACTERÍSTICAS

Renda mensal vitalícia

Consiste em uma renda paga vitalícia e exclusivamente ao participante a partir da data de concessão do benefício, que cessa com o falecimento do participante.

Renda mensal

temporária Consiste em uma renda paga temporária e exclusivamente ao participante. O benefício cessa com o falecimento do participante ou o fim da temporariedade contratada, o que ocorrer primeiro. Renda mensal

vitalícia com prazo mínimo garantido

Consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante a partir da data da concessão do benefício, sendo garantida aos beneficiários da seguinte forma.

• No momento da inscrição, o participante escolherá um prazo mínimo de garantia que será indicado na proposta de inscrição.

• O prazo mínimo da garantia é contado a partir da data do início do recebimento do benefício pelo participante.

• Se, durante o período de percepção do benefício, ocorrer o falecimento do participante, antes de ter completado o prazo mínimo de garantia escolhido, o benefício será pago aos beneficiários conforme os percentuais indicados na proposta de inscrição, pelo período restante do prazo mínimo de garantia,

• Em caso de falecimento do participante, após o prazo mínimo garantido escolhido, o benefício ficará automaticamente cancelado, sem que seja devida qualquer devolução, indenização ou compensação de qualquer espécie ou natureza aos beneficiários,

• Em caso de um dos beneficiários falecer antes de ter sido completado o prazo mínimo de garantia, o valor da renda será rateado entre os beneficiários remanescentes até o vencimento do prazo mínimo garantido.

• Não havendo qualquer beneficiário remanescente, a renda será paga aos sucessores legítimos do participante, pelo prazo restante da garantia.

Renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado

Consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante a partir da data de concessão do benefício escolhida. Ocorrendo o falecimento do participante, durante a percepção desta renda, o percentual do seu valor estabelecido na proposta de inscrição será revertido vitaliciamente ao beneficiário indicado. Na hipótese de falecimento do beneficiário, antes do participante e durante o período de percepção da renda, a reversibilidade do benefício estará extinta sem direito a compensações ou devoluções dos valores pagos. Em caso de o beneficiário falecer, após já ter iniciado o recebimento da renda, o benefício estará extinto.

Após 26/08/2002, além das modalidades de rendas mencionadas no Quadro 2, foi aprovado pela Susep mais um tipo de renda mensal, a renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge, com continuidade aos menores.

Quadro 3 – Renda mensal das EAPCs – Planos-padrão aprovados pela Susep após 26/08/2002

RENDA CARACTERÍSTICAS

Renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos menores

Consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante a partir da data de concessão do benefício escolhida. Ocorrendo o falecimento do participante, durante a percepção desta renda, o percentual do seu valor estabelecido na proposta de inscrição será revertido vitaliciamente ao cônjuge e, na falta deste, reversível temporariamente ao(s) menor(es) até que complete(m) a maioridade (18, 21 ou 24 anos), determinada pelo regulamento e conforme o percentual de reversão estabelecido.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em dados da Susep, 2012.

Os planos-padrão aprovados pela Susep após 02/2008 e os planos coletivos aprovados após 01/2009 puderam contratar mais dois tipos de renda: o Pagamento Único e a Renda Mensal por Prazo Certo.

Quadro 4 – Renda mensal das EAPCs – Planos-padrão aprovados pela Susep após 02/2008 e planos coletivos

aprovados após 01/2009

RENDA CARACTERÍSTICAS

Pagamento

único No primeiro dia útil seguinte à data prevista para o término do período de diferimento, será concedido ao participante benefício sob a forma de pagamento único, calculado com base no saldo de provisão matemática de benefícios a conceder, verificado ao término daquele período. Renda mensal

por prazo certo

Consiste em uma renda mensal a ser paga por um prazo preestabelecido ao participante/assistido. Na proposta de inscrição, o participante indicará o prazo máximo, em meses, contado a partir da data de concessão do benefício, em que será efetuado o pagamento da renda. Se, durante o período de pagamento do benefício, ocorrer o falecimento do participante/assistido antes da conclusão do prazo indicado, o benefício será pago ao beneficiário (ou beneficiários), na proporção de rateio estabelecida, pelo período restante do prazo determinado.

O pagamento da renda cessará com o término do prazo estabelecido.

• Na hipótese de um dos beneficiários falecer, a parte a ele destinada será paga aos sucessores legítimos, observada a legislação vigente.

• Na falta de beneficiário nomeado, a renda será paga aos sucessores legítimos do participante assistido, observada a legislação vigente.

• Não havendo beneficiário nomeado ou em caso de falecimento de beneficiário, a renda será provisionada mensalmente, durante o decorrer do restante do prazo determinado, sendo o saldo corrigido pelo índice de atualização de valores previsto no regulamento do plano contratado, até que sejam identificados os sucessores legítimos a quem deverão ser pagos o saldo provisionado e, se for o caso, os remanescentes pagamentos mensais.

Atualmente todos os planos elencados nos quadros 2, 3 e 4 estão disponíveis aos participantes dos planos de previdência aberta complementar.