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Fatores básicos da globalização, do neoliberalismo

3.1 TROCA DE RECURSOS NO CAPITALISMO DA PÓS-MODERNIDADE

3.1.1 Fatores básicos da globalização, do neoliberalismo

As grandes mudanças que vêm ocorrendo na sociedade, na política, na cultura e na natureza são efeitos de uma polarização social e de uma concentração de riqueza, onde uma minoria social privilegiada acumulou grandes riquezas em prejuízo da grande maioria da população mundial. Essa nova ordem financeira internacional, sacralizada prática e culturalmente, é nutrida pela pobreza humana e pela destruição do meio ambiente. Mas também, nesta fase, o homem se fisicaliza e a natureza se socializa como efeito da troca de recursos naturais e sociais, em uma expressão sintética e metafórica do silício e do carbono, matérias básicas das partes contraditórias e complementares. Isto é, na pós-modernidade, a natureza socializada e a cultura fisicalizada têm fins e objetivos diferentes às expressadas nas sociedades pesquisadas. Assim, elas expressam um alto grau de desenvolvimento da ciência e da tecnologia, projetadas em benefício de uma elite social privilegiada. “Ela gera o apartheid social, estimula o racismo e os conflitos étnicos, solapa os direitos das mulheres e precipita países em confrontos destrutivos entre nacionalidades” (Chossudovsky, 1999:27).

Entretanto, a socialização da natureza e a fisicalização da cultura nas sociedades coletivas, como ocorre nas sociedades altas – andinas pesquisadas, expressam um alto grau de desenvolvimento da consciência social humana, – por exemplo, o caso dos “pacos”, “yatires” das terras altas dos Andes peruanos –, cujo aperfeiçoamento transcende em beneficio da população marginalizada. Mas também, ditos câmbios radicais manifestam-se nos campos da economia, da política, da comunicação e outros. Por exemplo, temos, tanto na constituição de monopólios, na multinacionalização de bens e serviços, na desintegração de sociedades coletivas e na morte do campesinato. Além disso, as reformas macro e micro social levam a uma globalização da pobreza; esse processo que aniquila a subsistência humana, traz crise nas ideologias, nas instituições e nas crenças culturais, acentuando assim, a (re)colonização dos países do “Terceiro

Mundo”(Chossudovsky 1999; Jará 1976; Haraway 2000; Kunzru 2000; Lukács 1966).

A sociedade da pós-modernidade se desenvolve condicionada por três fenômenos sócio-econômicos: a globalização, o neoliberalismo e a economia de mercado. O primeiro deles, é uma estratégia política global do sistema capitalista que impõe novas formas de vida, de conduta, de trabalho e de comunicação social; configurando assim, um novo modelo de funcionamento social, político, cultural da sociedade humana. Tudo isto, segundo os interesses de uma elite privilegiada.

O segundo, expressa-se através de uma razão e prática social do sistema capitalista global. Em essência, dito sistema pretende controlar a reestruturação das economias nacionais através da nova “divisão triangular de autoridade”, baseada na articulação entre o FMI, o Banco mundial e a OMC para vigiar a política econômica dos países em desenvolvimento. Além disso, trata de homogeneizar a ação e o pensamento humano nos campos da economia, política, ética, moral, educação e da cultura.

O terceiro deles, expressa-se através de uma política econômica que permite ao FMI aplicar simultaneamente nos países devedores, austeridade orçamentária, desvalorização, liberalização do comercio e privatização. Estes perdem a soberania econômica e o controle sobre a política monetária e fiscal. Mas também, o “ajuste

estrutural”, imposta pelo FMI, promove instituições falsas e uma democracia parlamentar

fictícia, que, por sua vez, patrocina o processo de “reestruturação econômica”. Por estas razões, as manifestações populares são cada vez maiores. Por exemplo:

“Caracas, 1989: as manifestações de protesto contra O FMI eclodiram, em razão de um aumento de 200 % no preço do pão, homens, mulheres e crianças foram fuziladas por ordem do presidente Carlos Andrés Pérez. Tunis, janeiro de 1984: manifestações em protesto contra o aumento dos preços dos alimentos. Nigéria, 1980: manifestações estudantis contra o” programa de ajuste estrutural”. Marrocos, 1990: greve geral contra as reformas do governo, patrocinado pelo FMI. México, 1993: insurreição do Exército de Libertação Zapatista, na região de Chiapas. Federação Russa, 1993: manifestações de protesto e invasão do parlamento russo pelo povo, e assim por diante” (Chossudovsky 1999:29; ver também, Haraway 1995; Laclau 1985; Amin 1973; Douglas 1993).

Mas, o capitalismo com um alto grau de desenvolvimento e com uma individualização e globalização definidas, expressa-se na sociedade pós-moderna ou pós- industrial com uma sociabilidade de alto risco, natural e cultural; produzidos tanto pelos efeitos residuais das grandes industrias de extração, transformação, comunicação e transporte, quanto pelas grandes e incontroláveis forças naturais e sociais. Neste sentido, o conceito da pós-modernidade serve para descrever certas características distintivas dos processos de transformação que estão a ocorrer no capitalismo contemporâneo; por exemplo: “a aceleração da taxa de rotação do capital, da produção, da troca e do

consumo” (Smart, 1993:30).

Poder-se-ia dizer: a grande biotecnologia da pós-modernidade há colocado a essência do ser social em uma guerra de fronteiras ao misturar o organismo humano com a máquina cibernética. Neste enfrentamento colossal de expressão paradoxal se vêm afetados as fronteiras da produção, tanto dos meios de sustento humano quanto do homem mesmo. Embora, as formas de comunicação, através de símbolos e códigos, de metáforas e paradigmas e de charmes lingüísticos, logra sua plena realização, onde a imaginação, maravilhosa capacidade humana, se ensenhorea como uma “águia do

Ausangate”10, ficando longe dos parâmetros da lingüística, para consagrar-se na literatura como os olhos do destino incerto e duvidoso do homem.

Neste sentido, a biotecnologia considerada como um instrumento de mediação semiótica e técnica, permite uma relação entre homens e natureza, mente e corpo, animal e humano, público e privado, organismo – humano e máquina – cibernético e outros. Assim, ela facilita uma melhor percepção e um ótimo aproveitamento dos recursos naturais e sociais; mas também:

“na tradição da ciência e da política (a tradição do capitalismo racista, dominado pelos homens; a tradição do progresso; a tradição da apropriação da natureza como matéria para a produção da cultura; a tradição da reprodução do eu a partir

dos reflexos do outro), a relação entre organismo e máquina tem sido uma guerra de fronteiras. As coisas que estão em jogo nessa guerra de fronteiras são os territórios da produção, da reprodução e da imaginação” (Haraway, 2000:42). Acentuando este enfoque, dizemos: nesta era duvidosa, o “ajuste

estrutural” que se realiza em todos os países do mundo é conducente a uma forma de

“genocídio econômico”, isto, pela manipulação das forças do mercado que afetam diretamente à subsistência de mais de quatro bilhões de pessoas; todos eles sob o controle direto do FMI e do Banco mundial que atuam em nome de poderosos interesses – por exemplo, os clubes de Londres e de Paris o G-7 –, sobre este fato Chossudovsky disse:

“Essa nova forma de dominação econômica e política – de “colonialismo de mercado” – subordina o povo e os governos por meio da interação – troca de recursos – aparentemente “neutra” das forças do mercado” (1999: 29).

A pós-modernidade desenvolve-se baseada em três grandes pontos de concentração: vida, trabalho e linguagem. Então, o objetivo da presente questão é explicar a constituição, o funcionamento de tais eixos de análise e suas implicações nas outras esferas da vida social. Tudo isto, considerando às trocas de recursos como fator de mediação social. Assim, por exemplo:

O primeiro deles, é um fenômeno finito e ilimitado, continua sendo em grande parte um mistério para o conhecimento das ciências humanas. A compreensão de sua constituição, funcionamento e desenvolvimento, realizam-se através da biologia genética, mediante o estudo sistêmico do gnomo humano. Além disso, na era da pós- modernidade, os estudos da espécie humana, desenvolvem-se através de um “Projeto do

humano visível”. Isto, com a finalidade da criação de homens e mulheres visíveis,

mediante: a reciprocidade de informações entre ciência e tecnologia; a digitalização integral, que permite aos arquitetos dos sistemas digitais realizar uma topografia humana total. Mas também, a biotecnologia explica o funcionamento homeopático, bioquímico, biológico, fisiológico do corpo humano, e também analisa a política ficcional, a hibridação, a vida artificial – a consciência em uma máquina pós-humana –, a co-evolução de humano e máquina, e outros. Assim,

“no final do século XX, neste nosso tempo, um tempo mítico, somos todos quimeras, híbridos – teóricos e fabricados – de máquinas e organismo; somos em suma, ciborgues. O ciborgue é nossa ontologia; ele determina nossa política. O ciborgue é uma imagem condensada tanto da imaginação quanto da realidade material” (Haraway, 2000:41).

O segundo ponto da questão tem uma vital importância para o homem de todos os tempos, assim, o trabalho permitiu a transformação do macaco em homem; o trabalho é um elemento de intermediação semiótica e prática entre o homem e a natureza e entre os indivíduos; também,

“até certo ponto podemos dizer que o trabalho há criado ao homem” (Engels, 1976). Além disso, “o trabalho é a atividade humanizaste que faz o homem; o trabalho é uma categoria ontológica que possibilita o conhecimento do sujeito e, assim, o conhecimento da subjugação e da alienação” (Haraway, 2000:59).

Este fenômeno social desenvolve-se impulsionado pelo instinto de conservação da vida, principalmente; realiza-se mediante as interações entre homem, natureza e cultura. As conseqüências negativas deste fenômeno social, na sociedade de risco, implicam estabelecer formas de controle na produção dos meios que sustentam a vida material e cultural dos povos coletivistas e pouco desenvolvidos, restringindo a inter- relação dos fluxos sociais que melhoram o grau de sociabilidade humana. Segundo Bourdeau:

“as relações sociais que estabelecem os homens nos campos da produção e da reprodução são objetivas e subjetivas, impositivas ou espontâneas, individuais ou coletivas, reflexivas ou improvisadas, criativas ou destrutivas; também interações sociais articulam os fenômenos econômicos, políticos e culturais da realidade social” (1996).

O modelo social construído por Bourdeau faz compreender a realidade social como uma racionalidade pré-existente nas ações sociais e o pensamento humano, onde ocorrem interações específicas e gerais dos sujeitos do conhecimento.

O terceiro ponto em debate está concentrado no campo da comunicação,

“a linguagem “é, antes de tudo, um sistema simbólico ou de sinais; mas ela não é simples, nem primariamente, uma estrutura de “descrições potenciais” – ela é um meio da atividade prática social” (Giddens, 1978: 20).

Na pós-modernidade, a comunicação escrita e oral, expressam-se através da lingüística gramatical, estrutural e virtual, tanto nas ciências da comunicação quanto na informática.

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