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V. Execução do Projeto

5.1. Enquadramento do Projeto de Instalação de Vinha

5.1.1. Fatores Condicionantes

Tal como foi referido no ponto 4.1., o projeto a desenvolver visa projetar patamares (banquetas), para a plantação de uma vinha num terreno de encosta. A cultura da vinha neste tipo de relevo é condicionada por diversos fatores que serão descritos nos pontos seguintes. (AGUIAR, F., 1988)

5.1.1.1. Clima

Para um ótimo crescimento da videira, o tempo seco é o adequado, com temperaturas moderadas a quentes durante um bom período de tempo e com invernos

Outros fatores prejudiciais a considerar são as geadas, os ventos, as chuvas, entre outros. (AGUIAR, F., 1988)

5.1.1.2. A escolha do Local

A terra para o plantio comercial de vinhas deve atender a certas condições para que, uma vez em produção, este seja mantido de modo uniforme o máximo possível.

O ideal é escolher um local que não tinha uvas nos últimos 10 anos, e que não tenha sido utilizado com culturas suscetíveis a nematoides/doenças de raiz, como o tomate, o pimentão, a pimenta, entre outros.

Com um solo infestado com nematoides, é altamente recomendada a pulverização do buraco de plantação (3 metros quadrados), antes de fazer o investimento, a fim de reduzir o risco de problemas de raiz. (AGUIAR, F., 1988)

5.1.1.3. Disponibilidade da Água

Na área de irrigação, a disponibilidade deve ser permanente, ou dentro de uma faixa de segurança para que não antes de um período de seca possa por em perigo a plantação.

Este fator é de vital importância. Em áreas secas, a disponibilidade da água tem uma relação direta com a profundidade do solo, conteúdo de matéria orgânica, controlo do solo e localização topográfica. (AGUIAR, F., 1988)

5.1.1.4. Profundidade do Solo

A videira é uma planta de enraizamento profundo, por conseguinte, é aconselhável escolher solos profundos (maior do que 1,5 metros). Nas áreas em que a oferta deste tipo de solos, pode ser considerado um diluente do solo, desde que não tenha problemas de drenagem.

Tanto como a profundidade, a fertilidade do solo é importante, como solos profundos e férteis e a redução de culturas favorecem os custos de produção mais elevados. Também é importante ter em atenção a salinidade do solo e a alta concentração de elementos. (AGUIAR, F., 1988)

5.1.1.5. Topografia

A inclinação plana ou muito baixa produzem menos problemas para a gestão geral da vinha, no entanto, ao utilizar-se em solos íngremes (patamares), controla-se a erosão com o plantio de contorno.

Também deve ser considerado o microrrelevo do terreno, ou seja, as depressões ou montes de pequenas superfícies. A profundidade determinada, neste caso, o tipo de máquina que pode ser utilizada para nivelar ou regularizar o microrrelevo.

Se o perfil é muito estreito e por sua vez com a topografia, permitem apenas uma ligeira correção do plantio de contorno.

Em áreas de seca, a topografia ondulante não é censurável e pode ser mesmo vantajosa. A topografia do terreno também determinará os sistemas de drenagem da vinha.

A topografia do terreno dá-nos valores do declive, perfil do terreno, exposição, altitude: para definição da sistematização do terreno, forma de instalação da vinha e eventuais obras de drenagem, e dos respetivos custos quer de instalação, quer da posterior manutenção. (AGUIAR, F., 1988)

5.1.1.6. Drenagem

A maioria das plantas cultivadas não sobrevive ou são muito limitadas no seu desenvolvimento, se as suas raízes permanecerem muito tempo sem oxigênio.

No solo saturado, o ar desloca a água e os espaços entre as partículas limitam o teor de oxigénio provocando a sufocação das raízes. Por isso, é importante considerar este fator, bem como a drenagem para a videira, provocando assim um enraizamento profundo e posteriormente um bom cultivo. Por esta razão, as terras baixas, que em tempos podem ter sido vítimas de abundantes precipitações não devem ser consideradas para plantação de futuro, a menos que permitem um bom sistema de drenagem. O mesmo é verdadeiro para os campos que tenham um lençol de água de superfície. (AGUIAR, F., 1988)

5.1.1.7. A Exposição ao Sol

Quanto a esse aspeto, geralmente não há problemas em áreas quentes, mas em áreas mais frias a plantação deverá ser efetuada para Norte. (AGUIAR, F., 1988)

5.2. Instalação da Vinha

5.2.1. Análise prévia para um Projeto de Instalação de Vinha

Em qualquer projeto para instalação de uma vinha, é indispensável proceder a uma análise prévia das potencialidades vitícolas da zona e local, nomeadamente, em função dos objetivos finais de produção e perspetivas de rentabilidade do investimento.

Essa análise tem em atenção as caraterísticas do clima, a origem, a fertilidade e estado sanitário do sol, tais como o declive, a exposição e, finalmente, soluções a ponderar para a instalação da vinha, seja em terrenos mais ou menos planos, seja em terrenos de encosta (o nosso caso em particular).

De um modo geral, o clima mais favorável à cultura da vinha é do tipo mediterrânico, com Invernos frios que permitem uma completa dormência da videira, chuvas concentradas durante o período de Outono a meados da Primavera e Verões quentes e secos, proporcionando uma boa maturação. Contudo, a vinha é também cultivada noutras condições climáticas, quer de influência mais ou menos continental, quer marítima, como são exemplo as regiões de Champagne, do Reno ou de Bordéus, onde as amplitudes térmicas são mais ou menos acentuadas e a precipitação se distribui mais regularmente, ao longo do ano, exigindo por isso o recurso a sistemas de condução adequados e específicos.

Numa primeira análise, são de excluir as seguintes situações, dado serem impróprias à realização de uma viticultura de qualidade, ou minimamente rentável:

 Zonas com somatórios de temperaturas ativas durante a fase ativa do ciclo vegetativo insuficientes para se obter uma maturação completa;

 Perigo de ocorrência muito frequente de geadas tardias;

 Regiões de precipitação abundante durante o período de maturação, que geralmente acarretam graves consequências quer para a própria maturação, quer para o estado sanitário das uvas;

 Zonas de influência marítima marcada, caraterizadas por temperaturas mais frescas e ventos fortes que partam os pâmpanos (ramo novo das videiras) e transportem cloreto de sódio;

 Regiões de clima tropical, cujos valores das temperaturas são sempre superiores ao zero vegetativo da videira, impedindo assim a sua dormência, e em que as precipitações regulares, ao longo do ciclo, promovem um crescimento permanente da vegetação durante o período de maturação, com evidente prejuízo para a concentração de açucares e síntese de compostos fenólicos (antioxidantes) nos bagos.

Como conclusão, desde que o clima seja favorável, quase todo o tipo de solo é apto à cultura da vinha.

São de excluir, porém, algumas situações correspondentes quer à dificuldade técnica e/ou económica de instalação da vinha, quer a caraterística do solo que conduzam a maturações deficientes.

Relativamente à dificuldade técnica e/ou económica, há a considerar em particular, por um lado, a existência de rocha-mãe superficial que dificulta a sua penetração pelas raízes e inibe a drenagem das águas; por outro lado, as encostas de declive muito acentuado, cujos custos de sistematização do terreno e de surriba são incomportáveis. (GUEDES, N., 2009)

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