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CAPÍTULO 2 – GESTÃO AMBIENTAL E APRENDIZAGEM

2.2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – SGA

2.2.2 Fatores críticos para a implementação da ISO 14001

Segundo Petroni (2001), o processo de tomada de decisão de implementar um sistema de gestão ambiental de acordo com a norma ISO 14001 é uma tarefa difícil por algumas razões. A primeira se refere aos custos e benefícios que possuem atributos intangíveis e natureza de difícil mensuração. Em seguida, esta decisão estratégica tem uma relevante dimensão política, na medida em que requer uma multidisciplinaridade e apoio de diferentes funções/departamentos dentro da organização. Em terceiro, a análise dos prós e contras é altamente específica, de acordo com a situação de cada organização e isto exige uma abordagem versátil e flexível.

A tabela 2.5 apresenta o resultado de uma pesquisa realizada com empresas do setor industrial dos Estados Unidos.

Os obstáculos e os elementos que exigem maiores esforços para a implementação da norma ISO 14001 são apresentados na mesma tabela, porém não fazem correspondência entre si.

Tabela 2.5 – Obstáculos para a certificação ISO 14001 e os elementos que exigem maiores esforços Obstáculos encontrados durante a

implementação da ISO 14001

Elementos da ISO 14001 que exigem maiores esforços

Altos custos da certificação Identificação dos aspectos ambientais

Falta de recursos disponíveis Documentos do SGA

Incertezas sobre os benefícios da implementação do padrão ISO 14001

Treinamento

Necessidade de treinamento adicional Auditoria do SGA Falta de comprometimento da alta

administração

Controle operacional

Falta de melhoramento do desempenho ambiental

Programa da gestão ambiental

Resistência dos empregados Objetivos e metas

Falta de interesse sobre assuntos ambientais Controle de documentos Fonte: Adaptado de Babakri, Bennett, Franchetti, 2003, p.751.

Para Morrow & Rondinelli (2002), alguns defensores alegam que os programas de prevenção de poluição podem resultar em melhoria da eficiência e potencial redução dos custos de energia, materiais, multas e penalidades, melhor relacionamento da organização com o público, aumento da lucratividade e que o desenvolvimento da certificação de um

sistema de gestão ambiental pode aumentar a confiança dos investidores na organização e com isso proporcionar vantagem competitiva internacional.

Muitas empresas estão adotando um sistema de gestão ambiental e exigindo dos seus fornecedores que também o façam para satisfazer as pressões dos consumidores e assegurar que eles também estão operando de maneira responsável social e ambientalmente (Morrow & Rondinelli, 2002).

Por outro lado, os opositores alegam que a certificação da norma ISO 14001 apenas resulta em mais burocracia para a empresa e menos benefícios. As empresas questionam o valor da certificação face às incertezas gerais. Em particular, o interesse principal é entender se as não-conformidades com as regulamentações, descobertas durante a auditoria da ISO 14001, podem resultar em multas exorbitantes pelas agências governamentais. Também, o receio dos custos iniciais da implementação de um SGA pode desencorajar algumas organizações, especialmente as pequenas empresas (Petroni, 2001).

Por estas razões, os instrumentos para analisar e avaliar os custos e benefícios da certificação ISO 14001 são de relevante importância (Petroni, 2001).

2.2.2.1 - Custos e benefícios de um Sistema de Gestão Ambiental

Segundo Jasch (2003), o principal problema da contabilidade da gestão ambiental é a falta de um padrão que defina os custos ambientais. Dependendo de vários interesses, eles incluem uma variedade de custos, ou seja, custos de disposição, custos de investimentos, custos externos e custos das atividades ambientais da organização. Estes custos geralmente não são observados sistematicamente e atribuídos a um processo e produto responsável, são simplesmente totalizados nas despesas gerais.

O fato dos custos ambientais não serem completamente registrados geralmente conduz a cálculos distorcidos para alternativas de melhorias e economias realizadas. Os projetos de proteção ambiental buscam prevenir fontes de emissões e resíduos utilizando melhores matérias-primas e materiais auxiliares, bem como exigindo menor uso de materiais danosos. Entretanto, as pessoas responsáveis geralmente não são conscientes que a emissão e produção de resíduos são mais caras que a sua disposição (Jasch, 2003).

De acordo com Jasch (2003), os custos de proteção ambiental incluem custos de prevenção, disposição de resíduos, tratamento de emissões, planejamento, controle,

mudança de ações e reparos de danos que podem ocorrer nas empresas, governos ou pessoas.

Para Petroni (2001), os custos e benefícios da implementação da norma ISO 14001 dependem de vários fatores, tais como: do tamanho da organização, do tipo de produtos e/ou serviços, número da linha de produtos, tamanho das instalações, número de empregados e do tipo dos serviços de consultoria exigidos.

A implementação da ISO 14001 pode facilitar o progresso e a competitividade organizacional através do aumento da lucratividade, melhor eficiência dos processos, redução dos custos e imagem de credibilidade ambiental (Petroni, 2001).

Os custos e benefícios atribuídos à implementação da norma ISO 14001 são listados na tabela 2.6.

Tabela 2.6 – Custos e benefícios da implementação da ISO 14001

Benefícios da ISO 14001 Custos da ISO 14001

Ampliação do mercado: acesso a mercados internacionais, ampliação de parte do mercado

doméstico;

Treinamento de todos os empregados;

Melhoramento da satisfação dos consumidores: aumento da qualidade dos produtos, garantia de

conformidade;

Documentação;

Melhoramento da eficiência das operações e processos: eficiência administrativa, melhoramentos

na eficiência da produção;

Custos com a modificação do processo: envolve as mudanças do processo de acordo com o procedimento

documentado; Redução dos custos: custos de gerenciamento

ambiental, através da redução da disposição de resíduos perigosos, multas e penalidades, economia de materiais, re-uso e reciclagem, economia de energia, redução dos custos de

embalagem;

Remuneração dos auditores e outras despesas com viagem e hospedagem, dependem da quantidade de auditores externos e do número de dias que envolvem a

auditoria;

Melhoramento da imagem e reputação; Manutenção da certificação: custos adicionais anualmente por instalação para continuar certificada; Melhoramento das práticas de gerenciamento de

riscos: planos de emergência, projetos de prevenção de poluição;

Adaptação organizacional: para o SGA ser efetivo, papéis e responsabilidades devem ser claramente

definidos e comunicados; Melhoramento do clima: motivação e

responsabilidade dos empregados, cooperação entre gerência e empregados;

Conseqüências legais

De acordo com Basal & Bogner (2002), um bom sistema de gestão ambiental permite duas coisas. Primeiro, que a empresa encontre meios de reduzir os impactos ambientais e os custos e aumentar a produtividade simultaneamente. Segundo, que a empresa coordene as atividades ambientais para alcançar maior eficiência e eficácia organizacional.

Segundo Ball (2002), existem muitos benefícios em se perseguir um melhor desempenho ambiental. Benefícios diretamente para o meio ambiente e para o setor financeiro da empresa. Entretanto, os benefícios financeiros são considerados os principais motivadores do “gerenciamento verde”.

Os elementos de um efetivo sistema de gestão ambiental provavelmente conduzem a redução de recursos, intensificação de processos e melhoramento do gerenciamento de resíduos, todos são diretamente relacionados à redução de custos. A redução de tais custos geralmente excede os custos de um sistema de gestão ambiental, conduzindo a uma situação de ganha-ganha para a empresa e para o ambiente (Bansal & Bogner, 2002).