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2. Gripe versus Constipação

3.5 Discussão de Resultados

3.5.3 Fatores da não adesão ao Tratamento

Entre os vários fatores que podem contribuir para a não adesão à terapêutica é de citar: a falta de recursos económicos, dificuldades de administração/ deglutição, esquecimento, existência de reações adversas medicamentosas, e o motivo referido pela grande maioria dos utentes o “esquecimento”.

3.6 Conclusão

Muitos estudos associam a polimedicação a um prognóstico clínico desfavorável. Sendo a polimedicação um problema bastante comum em idosos, os profissionais de saúde devem dedicar-se mais a esta problemática, de forma a perceberem melhor os riscos a ela associados.

Torna-se necessário a implementação de medidas de combate à polimedicação. Por um lado, os médicos devem rever frequentemente a terapêutica dos doentes, analisando interações entre fármacos e efeitos adversos, de forma a evitar o uso desnecessário de medicamentos. Por outro lado, os farmacêuticos devem promover o uso racional dos medicamentos, ajudando os doentes a seguirem corretamente o plano terapêutico, de forma a aumentar a eficiência e a segurança do tratamento. É fulcral melhorar a qualidade de vida da população idosa polimedicada [32,34].

Considero o estudo desenvolvido pela Farma|inove de extrema importância, uma vez que contribuirá para melhorar a saúde dos idosos polimedicados. Quanto aos inquéritos que realizei, considero que os utentes da Farmácia se mostraram muito participativos, contrariamente ao que esperava.

Concluí que a maioria dos inquiridos polimedicados toma os medicamentos de acordo com as indicações médicas, cumprindo a posologia. Contudo, uma grande parte não sabe indicar as doenças que sofre nem os nomes dos fármacos que toma; os doentes reconhecem os medicamentos através das suas embalagens exteriores e não pelos nomes comerciais/princípios ativos. A modificação da embalagem de um medicamento pode criar uma grave confusão nos idosos. O facto da maioria dos inquiridos apresentar um nível de escolaridade baixo pode justificar os problemas mencionados.

A amostra em estudo (18 inquéritos) é pequena, não sendo possível retirar conclusões representativas de toda a zona norte de Portugal. Contudo, o estudo da totalidade dos inquéritos realizados pelos estagiários da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto irão permitir tirar conclusões significativas.

4. Menopausa

4.1 Escolha do tema

Este tema surgiu da necessidade de esclarecer as inúmeras mulheres que procuram a Farmácia Serpa Pinto com dúvidas sobre a menopausa. Muitas mulheres mostram-se preocupadas com esta temática e incomodadas com os sintomas e, por isso, pedem esclarecimentos sobre os produtos/medicamentos para aliviar os sintomas da menopausa.

Como veículo de transmissão de informação escolhi os folhetos informativos (anexo 7), que coloquei à disposição dos utentes.

4.2 Introdução

A menopausa é uma fase bastante sensível na vida de uma mulher. Caracteriza- se pela perda da função folicular dos ovários que conduz a um decréscimo da produção de estrogénios, causando alterações vasomotoras, instabilidade emocional, osteoporose, alterações do sono e atrofia urogenital.

As complicações associadas à menopausa podem influenciar a qualidade de vida da mulher sendo da maior relevância o seu acompanhamento por profissionais de saúde [35,36].

4.3 Menopausa

A menopausa corresponde ao fim do ciclo reprodutivo da mulher que se verifica após ausência de fluxo menstrual durante, pelo menos, 12 meses [37,38].

O período que antecede a menopausa é denominado climatério ou perimenopausa. Durante esta fase, o fluxo menstrual tende a tornar-se irregular e menos abundante, até terminar definitivamente; contudo, algumas mulheres não sofrem este tipo de oscilações no ciclo menstrual [37,38].

A nível fisiológico, os ovários deixam de responder de igual modo aos estímulos das hormonas luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH) segregadas pela hipófise. Como consequência, os ovários diminuem progressivamente a produção de estrogénios e inibina, assim, o desenvolvimento folicular e a respetiva maturação de óvulos torna-se irregular, até cessar a ocorrência de ovulação [37-39].

A menopausa ocorre, normalmente, entre os 45 e 55 anos, variando de mulher para mulher. Assim, a menopausa pode surgir tardiamente (após os 55 anos) ou precocemente (antes dos 40 anos). A menopausa precoce pode ocorrer espontaneamente, devido a uma predisposição genética, doenças auto-imunes, entre

outros fatores. Pode ocorrer artificialmente, em caso de extração dos ovários, em caso de quimioterapia ou radioterapia pélvicas... [37,38].

4.3.1 Sintomas

Os sintomas característicos da menopausa surgem durante a perimenopausa e variam de mulher para mulher, estes podem ser suaves, moderados ou agudos.

Os principais sintomas são:

 ausência de menstruação;  insónia;

 depressão e irritabilidade;

 diminuição da memória e concentração;  secura vaginal;

 desconforto durante as relações sexuais;  suores noturnos;

 acessos de calor/afrontamentos;  diminuição da libido;

 aumento da gordura corporal;  incontinência urinária;

 infeções do trato urinário [37,38].

Os afrontamentos são um dos sintomas que mais afetam as mulheres (60-80%) e têm uma incidência máxima nos dois primeiros anos após a menopausa. Estes caracterizam-se por um início súbito do calor corporal, que atinge principalmente a face; esta pode ficar ruborizada, quente e suada. Os afrontamentos duram entre 30 segundos a 5 minutos e podem ser acompanhados de taquicardia, calafrios e dor de cabeça [37,38,40].

A diminuição dos estrogénios pode causar alterações psicológicas na mulher, tais como: ansiedade, insónia e depressão. Os suores noturnos contribuem para a diminuição da qualidade do sono, causando irritabilidade e cansaço [37].

A diminuição dos níveis de estrogénios conduz a alterações urogenitais. A mulher pode sentir desconforto aquando as relações sexuais, uma vez que a lubrificação da vagina fica comprometida e pode também dar origem a um aumento da incidência infeções do trato urinário e incontinência urinária [37,40].

A incidência de osteoporose aumenta com a menopausa. Após a entrada na menopausa, durante os primeiros 5 anos, a mulher perde cerca de 3-5% de massa óssea

por ano; nos anos seguintes, perde entre 1- 2 % por ano. A partir da menopausa, a mulher apresenta um risco aumentado para sofrer fraturas ósseas. Os ossos mais afetados são as vértebras, o fémur e os ossos dos pulsos.

A ingestão excessiva de álcool, a toma de corticosteróides, o tabaco, a ingestão de pequenas quantidades de cálcio e um estilo de vida sedentário são fatores que aumentam o risco de osteoporose [37].

A incidência das doenças cardiovasculares também aumenta depois da menopausa. Nesta fase, a redução dos níveis de estrogénios e a diminuição do metabolismo basal contribuem para o aumento de peso que favorece o aumento do nível do colesterol e consequentemente da pressão arterial. Desta forma, a mulher tem maior probabilidade de sofrer de diabetes e hipertensão arterial [37,38].

4.3.2 Diagnóstico

De acordo com os sintomas expressos por cada mulher, o médico poderá solicitar exames complementares para confirmar o início da menopausa. Em caso de menopausa são detetados elevados níveis de FSH (>40mUI/ml) e baixos níveis de estrogénios (<20- 30 pg/ml) no sangue [39].

4.3.3 Tratamento

A mulher deve ser seguida regularmente pelo ginecologista. O acompanhamento por outros profissionais de saúde é importante, uma vez que a partir da menopausa a mulher tem maior probabilidade de sofrer de doenças cardiovasculares e osteoporose. A ajuda de um psicólogo e/ou psiquiatra pode ser útil em situações de depressão e ansiedade [38].

O tratamento adequado varia de acordo com o perfil de cada mulher e deve ser avaliado caso a caso. Deve salientar-se que nem todas as mulheres necessitam de tratamento, uma vez que os sintomas podem ser ligeiros.

A terapia hormonal de substituição é a terapêutica standard para a menopausa, contudo existem outros fármacos cuja toma pode ser útil:

 antidepressivos (fluoxetina, venlafaxina e paroxetina);  clonixina;

 clonidina;  gabapentina;  tramadol [40,41].

4.3.3.1 Terapia Hormonal de Substituição na Menopausa

A terapia hormonal de substituição na menopausa é indicada para diminuir os sintomas vasomotores intensos, instabilidade emocional, atrofia urogenital e sintomas urinários. Esta deve iniciar-se o mais precocemente possível (após início dos sintomas) e por um curto período de tempo [40,41]. Os primeiros resultados da sua eficácia surgem, geralmente, um mês após o início do tratamento [38].

Esta terapia pode ser efetuada com progestativos ou estrogénios isolados, estroprogestativos cíclicos ou contínuos, com tibolona e, raramente, com androgénios. Existem no mercado diferentes formas farmacêuticas: comprimidos, sistemas transdérmicos ou cremes [40,41].

A vantagem de um tratamento com progestativos deve-se à proteção que confere ao endométrio, sendo indispensável na mulher com útero. Contudo, são necessários mais estudos sobre os eventuais riscos deste tratamento [41].

A terapêutica com estrogénios é a mais eficaz para o tratamento de sintomas vasomotores e atrofia urogenital. A dose deve ser personalizada a cada mulher e a mínima eficaz [41].

A terapia com estrogénios isolados ou em associação com progestativos reduz substancialmente a perda de massa óssea e o risco de fraturas [41].

As mulheres que tomam estrogénios isolados têm maior probabilidade de sofrer cancro do endométrio; assim, em mulheres com útero deve recorrer-se à associação dos 2 tipos de hormonas [37,41].

A terapia de substituição hormonal combinada apresenta um risco aumentado de cancro da mama, mas só a partir dos cinco anos de tratamento. Este aumento de risco termina com a suspensão da terapêutica [26]. Enquanto a terapia à base de estrogénios está contra-indicada nas seguintes situações: doença oncológica hormonodependente (cancro da mama ou do endométrio), hemorragias genitais de causa desconhecida, doença hepática aguda ou alterações na coagulação sanguínea [40].

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